A partir do dia 26 de abril, a vacinação para os profissionais da educação vai ser ampliada. Na UFRJ, sejam eles docentes ou técnicos- administrativos, efetivos, contratados ou terceirizados estão incluídos como trabalhadores da educação que integram um dos grupos prioritários que serão imunizados contra a Covid-19 nos meses de abril e maio, de acordo com o calendário da Secretaria Municipal de Saúde. 

Os beneficidos terão que apresentar no momento da vacinação os três últimos contracheques. A Reitoria providenciará o comprovante de atuação na UFRJ para os que não têm contracheque, desde que as respectivas listagens sejam enviadas por ofício à Administração Central pelas entidades ou unidades responsáveis pela contratação.

Orientações

A UFRJ orienta aos seus profissionais que evitem aglomerações e o uso de transporte público para se vacinar, e busquem os postos de imunização mais próximos de suas residências.

Os postos drive thru que funcionam na Cidade Universitária, Ilha do Fundão e na Praia Vermelha, em Botafogo, funcionarão pela última vez este sábado, 24 de abril. Segundo a Prefeitura da UFRJ, a Secretaria Municipal de Saúde decidiu desativar estes dois postos. 

Já na Uerj, o posto de vacinação funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 15h, em frente à Concha Acústica Marielle Franco.

Faixa etária: 45 a 59 anos

Além de idosos e profissionais de saúde, que já vinham sendo imunizados, começam a receber a primeira dose também os grupos prioritários, distribuídos por idade: além dos trabalhadores da educação, de serviços de limpeza urbana, policiais civis e militares, guardas municipais, agentes penitenciários, bombeiros, pessoas com deficiência permanente e aquelas com comorbidades (segundo o Plano Nacional de Imunização (PNI). Será atendido o público na faixa entre 59 e 45 anos, regressivamente, até 29 de maio.

A imunização no município do Rio começou para os profissionais de educação da ativa que trabalham em unidades municipais, estaduais ou instituições do governo federal, incluindo terceirizados, no dia 17 de abril. 

Confira o calendário

*Profissionais de saúde: Médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, biólogos, biomédicos, farmacêuticos, odontólogos, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, profissionais de educação física, médicos veterinários e seus respectivos técnicos e auxiliares. É necessário levar documento original com foto e comprovante dos conselhos de classe. Trabalhadores lotados em hospitais e unidade de urgência e emergência ou que trabalham diretamente na campanha de vacinação deverão receber a vacina na própria unidade.

*Profissionais da Educação: Profissionais na ativa de unidades escolares, da Secretaria Municipal de Educação, Secretaria Estadual de Educação, Faetec, Cap-UERJ ou instituições federais. Obrigatório apresentar documento oficial com foto e os dois últimos contracheques ou declaração das instituições educacionais contempladas.

Grupos prioritários: Pessoas com comorbidades (lista PNI), deficiência permanente, trabalhadores da saúde, educação, serviços de limpeza urbana e guardas municipais. Os profissionais devem estar na ativa e apresentar os três últimos contracheques, comprovando vínculo com a profissão e local de trabalho, ou declaração assinada do estabelecimento em que atuam (a declaração ficará retida na unidade de saúde). Policiais civis, policiais militares, bombeiros e agentes penitenciários serão vacinados em seus locais de trabalho.

Deficiência permanente: deficiência física; auditiva; intelectual; psicossocial (mental); visual; múltipla (associação de duas ou mais deficiências); transtorno do espectro autista.

 

 

Até à tarde de quinta-feira, 22 de abril, os sistemas e portais da UFRJ ficaram inacessíveis devido ao incêndio no segundo andar da Reitoria, ocorrido no dia 20 de abril. 

Na terça-feira, a energia elétrica do prédio teve de ser desligada por segurança e, por isso, parte dos serviços de tecnologia da informação, como sistemas e portais ficaram fora do ar. 

Segundo a assessoria de imprensa da UFRJ, a energia foi restabelecida, mas os equipamentos necessários foram encontrados molhados. Com isso, “a Superintendência de Tecnologia da Informação e Comunicação (STIC) avalia a situação para traçar estratégias seguras visando ao retorno de sites e sistemas afetados”.

 

 

Na Cúpula do Clima, Bolsonaro diz que Brasil está na vanguarda ao combate do aquecimento global. Secretário do Meio Ambiente da CUT, Daniel Gaio rebate versão mentirosa do presidente

Publicado: 22/4/2021. Escrito por: Rosely Rocha/ Site CUT 

 

Num dos encontros sobre o meio ambiente mais aguardados pelo planeta dos últimos anos, o presidente Jair Bolsonaro( ex-PSL), mais uma vez nega as acusações divulgadas com inúmeras provas, de que o Brasil não está respeitando o Acordo de Paris, de 2015, onde se comprometeu a lutar pela diminuição de emissões de carbono e preservar as florestas brasileiras.

Na ‘Cúpula de Líderes sobre Clima’, que reúne 40 líderes mundiais e tem como anfitrião o presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, em fala nesta quinta-feira (22), Bolsonaro disse que o Brasil está na” vanguarda do enfrentamento do aquecimento global”; que o Brasil é um dos países que menos polui, e que seu governo fortaleceu e duplicou os recursos para os órgãos de fiscalização ambientais, entre outras inverdades.

Bolsonaro ainda prometeu até 2030 acabar com o desmatamento ilegal, e neutralizar as emissões de gás até 2050, mas ambientalistas dizem que o governo não faz nada neste sentido e que a promessa é inviável se continuar o mesmo ritmo de ações do governo.

Há inúmeras denúncias de que o governo brasileiro não está, sequer, utilizando os R$ 2,9 bilhões da verba do Fundo Amazônia, doados pela Noruega e a Alemanha. O governo brasileiro ainda quer mais R$ 1 bilhão para aplicar nas ações de preservação da Amazônia, segundo Salles, que atuou de forma explícita a favor de madeireiros investigados e multados pela Polícia Federal no mês passado. A denúncia é do ex-Superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva, demitido do cargo um dia depois de enviar uma notícia-crime contra Ricardo Salles para o Supremo Tribunal Federal (STF).

“Ele estaria atuando e favorecendo os madeireiros e isso foi feito de uma forma muito explícita. Tem vídeo dele apontando para a placa de uma empresa investigada que, segundo ele, ‘estava tudo certinho’ e que, na verdade, em relação a esta empresa, já havia até laudo pericial apontando as ilegalidades cometidas”, disse Saraiva em entrevista ao jornal O Globo.

O secretário de Meio Ambiente da CUT Nacional, Daniel Gaio, enumera cinco questões que comprometem o Brasil , a partir da fala do presidente da República na Cúpula do Clima.

1 – Brasil desmoralizado

O discurso de Bolsonaro desmoraliza ainda mais o país na política ambiental e na diplomacia, setores que sempre fomos protagonistas.

“O discurso negacionista de Bolsonaro deixa o Brasil ainda mais isolado, com o avanço do governo dos EUA assumindo uma posição mais progressista, em relação à proteção ambiental”, diz Daniel, se referindo à decisão de Joe Biden de cortar 50% das emissões de gases causadores do efeito estufa até 2030,entre outras medidas anunciadas pelo presidente norte-americano.

2- Fake news

Para Gaio, os dados apresentados por Bolsonaro são pura “fake news” e não estão de acordo com estudos de pesquisadores de órgãos públicos.

“Bolsonaro proibiu esses pesquisadores de se pronunciarem. Ele apresenta mentiras, descontrói números e dá dados falsos, além de fazer promessas não realizáveis”, diz Gaio.

O jornal Folha de São Paulo questionou o pronunciamento de Bolsonaro na Cúpula e demonstrou que o presidente mentiu, ou, no mínimo, informou erroneamente os dados sobre o meio ambiente no país.

3- Brasil de pires na mão

Para conseguir financiamento internacional, Bolsonaro passa o pires para o resto do mundo, com um discurso negacionista.

“Ele recuou dizendo que o país vai combater o desmatamento, mas a verdade é que a narrativa é a mesma do ministro Salles ,que não apresenta dados concretos , de como vai utilizar esses recursos internacionais , e não se  compromete de forma real e efetiva com a proteção da floresta e de seus povos originários”, afirma o dirigente da CUT.

4 – Sem diálogo com sociedade civil

Para o secretário de Meio Ambiente da CUT, a prática deste governo em todos espaços é a completa ausência de diálogo com a sociedade civil.

“Não há diálogo  sequer com os servidores, nem com a sociedade civil, nem com os povos da Amazônia. O governo nos coloca numa posição tão difícil que é praticamente impossível trabalhar contra o desmatamento”, diz Gaio.

5 – Militarização do combate ao desmatamento

Para Gaio, o desmonte da política pública de Estado tem desacreditado os órgãos que têm capacidade de lutar contra o desmatamento. Os recursos são poucos e mal empregados e estão sendo usados para pagar diária de militar.

“O militar vai para a Amazônia e não sabe o que fazer, é uma militarização das forças de combate ao desmatamento, que conta com o apoio também do vice-presidente, o general Mourão”, critica Gaio.

As perseguições de Bolsonaro e Salles

Bolsonaro, no entanto, tenta esconder do mundo que fiscais, cientistas edelegados da Polícia Federal, que atuam na defesa do meio, vêm sendo perseguidos pelo seu governo, na figura do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, um notório defensor dos madeireiros e do agronegócio.

Bolsonaro e Salles perseguem quem se opõe à destruição do meio ambiente de maneira clara, como no caso do fiscal do Ibama, José Olímpio Augusto Morelli, que em 2012, aplicou uma multa de R$ 10 mil a Bolsonaro quando o então deputado federal pescava irregularmente na Estação Ecológica de Tamoios, entre Angra dos Reis e Paraty, no Rio de Janeiro. Em março de 2019, portanto, três meses após tomar posse na Presidência, o servidor público foi exonerado da chefia do Centro de Operações Aéreas da Diretoria de Proteção Ambiental (Dipro), uma divisão do Ibama.

Uma das perseguições que mais revoltaram os ambientalistas foi a exoneração do ex-presidente do Instituo Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão. O presidente e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, queriam que o cientista revisse os dados do Inpe, de 2019, que revelaram a destruição de 9.762 quilômetros de terra na floresta amazônica – um aumento de 30% em relação ao ano anterior.

O último levantamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgado segunda-feira (19), mostra que o desmatamento da Floresta Amazônica em março deste ano,  foi o maior registrado para o mês em 10 anos. Com 810 km² de floresta desmatados, a taxa é 216% superior à registrada em março de 2020.

Após a demissão de Galvão, a revista científica Nature, considerou o cientista brasileiro, um dos dez nomes mais importantes da ciência, por representar resistência ao atual governo do Brasil.

O que está em jogo na Cúpula do Clima

Enquanto, Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tentam fechar um acordo ambiental com o presidente norte-americano, as tratativas são permeadas de problemas sobre os impactos que esse acordo pode gerar aos biomas brasileiros, em especial, à Amazônia, dizem os integrantes do Grupo Carta de Belém, que a CUT faz parte.

Em texto publicado em seu siteo Grupo ‘Carta de Belém’, alerta que a convocação de uma Cúpula de Líderes para debater a política ambiental global, nesta data, não sinaliza apenas a renovação da credencial estadunidense nessa agenda, mas, principalmente, a consolidação de uma visão que deposita no mercado – em particular, no mercado financeiro – a solução para todas as grandes crises que se acumulam atualmente: econômico-financeira, social, sanitária, do aumento da fome e climática.

Em trecho, o grupo diz que “não é novidade que as abordagens hegemônicas sobre a questão ambiental e climática vêm pavimentando o caminho para transformar a natureza em um ativo financeiro. Há pelo menos dez anos nós, do Grupo Carta de Belém, nos dedicamos a criticar este processo. Agora, no entanto, sentimos que estamos diante de um momento crucial”.

Para Daniel Gaio, o motivo da cúpula do clima é a financeirização da natureza.  “Precisamos combater, não apenas o discurso do Bolsonaro, mas a mercantilização da natureza. As negociações internacionais significam o avanço do neoliberalismo ambiental, do chamado capitalismo verde, de soluções financeirizadas do sistema capitalista sobre a natureza”, conclui Gaio.

*Edição: Marize Muniz

Pesquisadores e lideranças reagem às mentiras de Bolsonaro na Cúpula do Clima

“O projeto de morte e destruição de Bolsonaro continua o mesmo”, afirmou Sonia Guajajara, coordenadora executiva da Apib

Redação Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 22/4/2021

“Os problemas atuais do Brasil podem ser resolvidos, mas não sob o governo de Bolsonaro”, disse James Green, pesquisador de História Brasileira na Universidade de Brown, nos Estados Unidos – Carolina Antunes – Agência Brasil

Após a fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Cúpula de Líderes sobre o Clima, pesquisadores e lideranças reagiram às mentiras e inconsistências do discurso do mandatário brasileiro. Os posicionamentos foram reunidos pela equipe da comunicação do Observatório do Clima.

Em seu discurso na reunião de líderes, convocada por Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, Bolsonaro disse que o Brasil é “voz ativa” na construção da agenda ambiental e elogiou a “revolução verde”, que, através da ciência e inovação, teria tornado a agricultura brasileira sustentável.

Sonia Guajajara, coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), avalia como mentirosa a retórica do desenvolvimento sustentável da agricultura brasileira. “O projeto de morte e destruição de Bolsonaro continua o mesmo: retirada de nossos direitos, legalização de crimes socioambientais e a descontinuidade das políticas de proteção à floresta amazônica”, afirmou.

“Até agora não houve sequer um diálogo desse governo com os povos indígenas para enfrentamento às invasões de nossas terras, por isso é legítimo o nosso pedido de um canal direto com o governo norte-americano para assuntos ligados à Amazônia brasileira”, continuou Sonia. 

Para a liderança Guajajara, é fundamental que o presidente Joe Biden estabeleça um diálogo junto ao governo brasileiro com bases na garantia da preservação da vida e da biodiversidade do planeta, em contraponto ao fortalecimento de políticas anti-indígenas.

Biko Rodrigues, articulador nacional da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), concorda com Sonia e diz que Bolsonaro não respeita seu próprio povo. “Sob seu governo, o reconhecimento de comunidades quilombolas caiu ao menor patamar da história”, disse.

“Para nós, sua palavra não tem valor algum e a pandemia nos mostrou seu lado mais sombrio. Seu governo negou aos povos indígenas e comunidades quilombolas o acesso universal à água potável. Este é Bolsonaro, e qualquer acordo com ele está fadado ao fracasso”, denunciou.

Durante seu discurso, o presidente também afirmou que o Brasil está na vanguarda do combate ao aquecimento global. A realidade mostra que estamos caminhando na direção contrária: todas as operações de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia e às queimadas no Pantanal sofreram baixas desde o início do governo Bolsonaro.

De acordo com Joaquim Belo, presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas, “é preciso que os grandes chefes de Estado entendam que a Amazônia é a casa de milhares de povos e comunidades tradicionais”. 

“Somente é possível cuidar da floresta reconhecendo e valorizando seus verdadeiros guardiões. A grande ignorância, por parte do governo Bolsonaro, é não reconhecer que a gestão da Floresta Amazônica não cabe somente ao governo, mas a todos os cidadãos e, principalmente, aos povos e comunidades tradicionais, que são partes dessa floresta e a mantêm viva e pulsante”, completou.

Bolsonaro ficou distante na fila dos discursos dos líderes das maiores economias do mundo durante a Cúpula e, segundo Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, também ficou atrás em seu discurso.

“O Brasil sai da cúpula dos líderes como entrou: desacreditado. Bolsonaro passou metade de sua fala pedindo ao mundo dinheiro por conquistas ambientais anteriores, que seu governo tenta destruir desde o dia da posse”, afirmou o pesquisador.

De acordo com James N. Green, professor de História Brasileira da Universidade Brown, nos Estados Unidos, e um dos coordenadores da Rede Estadunidense para a Democracia no Brasil (US Network for Democracy in Brazil, em inglês), Bolsonaro contribui para a destruição da natureza brasileira.

“O desmantelamento dos órgãos de fiscalização ambiental – que tinham se desenvolvido durante o processo de redemocratização –, aliado ao desrespeito às leis ambientais, representam uma brecha democrática hoje no Brasil”, avaliou o estudioso. 

“O país reduziu o desmatamento em 80% de 2004 a 2012 devido a políticas de liderança governamental, fortalecimento do Ibama e ICMBio, respeito às leis ambientais e implementação de ações ousadas. Os problemas atuais do Brasil podem ser resolvidos, mas não sob o governo de Bolsonaro”.

Edição: Poliana Dallabrida

 

 

Fonte: Por Pâmela Dias, de O Globo/ Site Geledés

A falta de dados estatísticos e de políticas públicas efetivas dentro da Lei Maria da Penha são fatores que favorecem a invisibilização dos casos de violência doméstica contra mulheres indígenas. Sem a atuação expressiva das autoridades governamentais, movimentos independentes lutam contra o feminicídio e pelos direitos básicos das indígenas. A professora e ativista Kunha Poty Rendy, que atua no movimento das mulheres Guarani Kaiowá kunhangue Aty, do Mato Grosso do Sul, é uma das responsáveis por mapear e promover rodas de conversas sobre o assunto em 15 aldeias do estado.

Integrante do movimento desde 2006, ela não imaginava que o aprendizado sobre como buscar ajuda em casos de violência poderia, um dia, valer tanto para si. Há exatos oito anos, Kunha Poty Rendy sofreu as primeiras agressões físicas e psicológicas, que culminaram na tentativa de feminicídio pelo seu ex-companheiro, com quem tem um filho de 9 anos.

Hoje, ainda sob constantes perseguições e processos de retirada da tutela da criança, a professora luta, mesmo desempregada, para pagar advogados que a ajudem a conseguir a guarda definitiva do filho. Devido à situação de vulnerabilidade, Kunha Poty Rendy depende de doações para manter suas necessidades básicas e as de seu filho. Para ajudar a família, basta entrar em contato através do telefone (67) 9634-2972.

Em entrevista a CELINA, a ativista fala sobre sua trajetória no movimento das mulheres Guarani Kaiowá kunhangue Aty e sobre os principais desafios durante as ações de conscientização, denúncia e proteção de mulheres indígenas vítimas de violência intrafamiliar.

CELINA: Por que você decidiu integrar o Movimento das Mulheres Guarani Kaiowá kunhangue Aty?

Kunha Poty Rendy: Na ditadura militar, todos os Guarani Kaiowá foram expulsos de suas terras tradicionais, que passaram a ser posse dos fazendeiros. O governo criou apenas oito reservas indígenas, onde nos colocou junto a outros povos. Nos anos 1980, o lugar já estava cheio, então decidimos voltar para as nossas terras. Fomos os primeiros a reconquistá-las.

Essa história de resistência se repetiu em 2005, quando, com 10 anos, eu entrei no movimento para lutar por território, saúde e educação. No ano seguinte, a partir dessa ação, surgiu o Movimento das Mulheres Guarani Kaiowá kunhangue, do qual faço parte até hoje, para que nós, mulheres da nova geração, começássemos a lutar por nossos direitos.

Quais as atividades que o Movimento das Mulheres Guarani Kaiowá kunhangue Aty desenvolve?

A nossa principal função é ajudar mulheres indígenas que sofrem dos mais diversos tipos de agressões: espancamento, tortura psicológica, moral e patrimonial, que são motivos de mortes de muitas companheiras. No movimento, eu sou responsável por fazer o mapeamento das violências em 15 aldeias do estado do Mato Grosso do Sul. Fazemos rodas de conversa, nas quais muitas mulheres trazem as vivências horríveis que têm dentro de casa.

A violência aumentou muito durante a pandemia, mas todo mundo ficou preocupado com o vírus e esqueceram da proteção às mulheres nas aldeias. Agora, o mapeamento tem acontecido pelo WhatsApp, mas em julho queremos retornar presencialmente para ajudar melhor a essas mulheres. Para isso, precisamos de doações para custear combustível e comida.

Como o movimento te ajudou a entender a situação de violência que viveu?

Eu sofri muita violência do meu ex-marido, da física até a tentativa de feminicídio. Faz oito anos que me separei dele, mas a perseguição continua. Agora, ele quer tirar meu filho de mim. Muito dessa violência vinha de ele não gostar que eu fizesse meu trabalho no movimento, dizia que lugar de mulher era dentro de casa. Mas foi no movimento que eu percebi o que vivia com ele.

Não consegui denunciar porque, na época, policiais falavam que eu estava fazendo a cabeça dos indígenas para recuperar as terras; falavam também que eu não era indígena,porque meu pai é negro e minha mãe é Kaiwá. Isso, inclusive, também foi um fator de agressão do meu ex-marido, que me dizia coisas ruins por eu também ter a cultura quilombola. Foi o Movimento das Mulheres Guarani Kaiowá kunhangue Aty que me ajudou a sair do ciclo de violência. Agora, eu ajudo outras mulheres.

Quais as dificuldades que uma mulher indígena enfrenta na hora de denunciar as agressões?

A chegada na delegacia é muito difícil. Muitas mulheres têm medo porque, a partir do momento que sofrem a violência, o agressor ameaça, falando que vai matá-la, ou a deixa acuada para que ela não diga nada. Há ainda a dificuldade do entendimento da língua e de locomoção até a delegacia. Antigamente, em algumas localidades, o Disque 180 funcionava, mas as medidas protetivas não funcionam. Por isso, nós já perdemos muitas mulheres. O que nós do movimento também buscamos é achar uma solução para isso, como casas de apoio ou abrigos, para que essas mulheres possam sair do lugar onde o agressor está. A maioria dos homens não cumpre as medidas e ameaça as vítimas.

Atualmente, por quais adversidades o movimento de mulheres indígenas passa?

O principal são as perseguições às mulheres indígenas. Aliados do governo Bolsonaro, além de disseminar atos machistas, impedem com frequência que falemos e lutemos pelos nossos direitos. A pandemia tem afetado ainda mais a violência contra mulheres nos territórios indígenas, porque o acesso à saúde e à proteção ficaram mais difíceis. Outro fator é a fome. As pequenas agriculturas familiares estão sendo ameaçadas e muitas indígenas passam necessidade. Algumas não recebem auxílio porque isso é feito em aplicativos, e elas não têm acesso à internet. Nós do movimento das mulheres indígenas tentamos lutar contra tudo isso, mas é muito difícil reverter essa situação.

Mulheres indígenas do Movimento das Mulheres Guarani Kaiowá kunhangue Aty em manifestação contra a violência (Foto: Imagem retirada do site O Globo)

 

 

 

 

O ator Bruno Garcia é direto. Diante da calamidade vivida neste país desgovernado, “vacina no braço, comida no prato e fora Bolsonaro”.

 

Guitarrista do Nação Zumbi diz que precisamos de três coisas: “vacina no braço, comida no prato e fora Bolsonaro”.