Markos Klemz Guerrero, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) e segundo secretário regional do Andes-SN, informou que o procurador do Ministério Público Federal solicitará ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) que haja uma decisão rápida sobre o embargo declaratório e o pedido de esclarecimento pela concessão de liminar que determinou o retorno das atividades presenciais na UFRJ e nas demais instituições federais de ensino a partir do dia 22 de novembro.
De acordo ainda com o dirigente sindical, o juiz do TRF2 deu por concluso o processo, ou seja, considera que há elementos para responder ao embargo declaratório e ao recurso da Procuradoria Regional Federal da 2ª Região apresentado no dia 9 pelas instituições federais de ensino contra a decisão de retorno imediato, o que reforça a expectativa por uma decisão nos próximos dias. “Mas é preciso aguardar, não há nenhuma previsão”, explica Markos.
Na sexta-feira, 12, as entidades sindicais e estudantis protocolaram pedido formal de reunião com a Advocacia-Geral da União (AGU). Os dirigentes concluíram que o recurso à TRF2 está aquém das possibilidades recursais, e por isso solicitarão à AGU que desempenhe seu papel de defender as instituições públicas de educação.
O coletivo Quilombo do IFCS, formado por corpos negros dos três segmentos: professores, técnicos-administrativos e discentes, com apoio de aliados antirracistas, vem por meio desta apresentar uma pauta de reivindicações à direção do IFCS.
O movimento nasce a partir de duas constatações: 1) em pesquisa empírica realizada no IFCS, os alunos indicaram que a discriminação racial constitui o principal problema do Instituto. 2) O coletivo se formou depois da exclusão do prof. Wallace de Moraes da participação de uma banca de concurso para provimento de vaga para prof. adjunto no Dpto. de Ciência Política, sendo uma das justificativas para tal veto proferida por um prof. na reunião do DCP de que “ele se vitimizava por questões raciais e que tudo para ele é racismo”.
Cabe ressaltar que o prof. Wallace é o único negro no DCP e dentre os 78 professores do IFCS apenas dois são negros. Dentre 60 técnicos administrativos, 10 são negros. Simultaneamente, a população brasileira é composta por 54,6% de negros. Os dados supracitados mostram que a existência do racismo no Brasil e as suas diferentes práticas ainda não estão evidentes para o corpo social do IFCS. Por conseguinte, discentes, técnicos-administrativos, professores, bem como trabalhadores terceirizados, continuam sendo alvos de ataques racistas na instituição. Percebemos, assim, que é mais do que necessária a implementação de políticas antirracistas e protetivas dos corpos negros/indígenas. Esse é o papel do nosso quilombo!
Nesta quinta teremos um evento de fundação do Quilombo do IFCS com as participação de vários coletivos antirracistas. PARTICIPE!
No dia 20 de novembro, entidades sindicais e movimentos populares estarão mais uma vez nas ruas contra a política genocida do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em defesa da igualdade racial, da vida, da democracia e do emprego.
Com o mote #ForaBolsonaroRacista, o Dia da Consciência Negra tem atos convocados em todo o país pela Convergência Negra, Coalizão Negra por Direitos e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, articulado com diversas organizações dos movimentos sociais negros.
Em nota publicada nas redes sociais, a Campanha Nacional Fora Bolsonaro destaca que a data é um momento em que se rememora “os feitos de Zumbi dos Palmares e a luta do povo negro contra a escravidão, o racismo e a marginalização social, econômica e política”.
A publicação aponta ainda motivos para que a população ocupe as ruas no próximo sábado, dentre eles, registra que Bolsonaro é responsável pelo retorno da fome no Brasil, fator que atinge em cheio a população negra, pobre e periférica do país.
Para o secretário de Combate ao Racismo do Partido dos Trabalhadores do Distrito Federal (PT-DF), Daniel Kubuku, o “dia 20 de novembro é uma conquista do movimento social negro”. Nesse sentido, unificar as pautas pela saída “desse governo genocida” e a luta antirracista é fundamental para visibilizar e “darmos mais ênfase à pauta pela igualdade racial”, aponta. Em Brasília, o ato será realizado no Museu da República, a partir das 15h.
Kubuku destaca que “Bolsonaro não inventou o racismo, mas seu desgoverno aprofundou as desigualdades em nossa sociedade que já é racializada”, diz. Para ele, as falas, ações e omissões de Bolsonaro concorrem para o aprofundamento do genocídio da população negra.
“Desde a sua retórica militarizada, passando pela naturalização e incentivo ao genocídio da população negra, até chegar à destruição das políticas sociais e promoção da igualdade racial. Estamos falando de um governo corrupto e genocida, que mata pela doença, pela fome, e pelo extermínio físico e simbólico de tudo que remete a nossa ancestralidade africana. Portanto, ir as ruas pra dizer Fora Bolsonaro é uma tarefa urgente de todo movimento social negro nesse dia 20 de novembro”, ressalta Kubuku.
Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Flávia Quirino