‘Essa é a definição do pró-reitor de Planejamento e Finanças da UFRJ, Eduardo Raupp, para os novos cortes que atingem as universidades e para o impacto que esse confisco de verbas representa para a UFRJ: “Faz com que praticamente tenhamos que parar a universidade”, porque o valor bloqueado, R$ 18 milhões, “era tudo que nós tínhamos para funcionar até o final do ano”.

A UFRJ, explica ele, vinha trabalhando para chegar ao fim do ano: “Nós trabalhamos nesse sentido. Fizemos acordos com a Light, Águas do Rio, uma moratória preventiva para não precisar pagar, nesse final de ano, as mensalidades. Estávamos negociando com fornecedores. Mas agora fica insustentável”.

Raupp lembra que os hospitais da UFRJ, que prestam importante serviço à sociedade, também estão neste “pacote do bloqueio”.

Contas não fecham

“Nós estamos tentando fechar as contas de setembro. Não há como fechar as contas de outubro, novembro e dezembro”, disse ele. E, mesmo que os valores sejam desbloqueados em dezembro, como disse o Ministério da Educação, a questão é como as instituições vão se sustentar em setembro, outubro e novembro: “Não tem como aguardar até dezembro, depois do corte que já tinha havido, com mais esse, não há como”.

“É como se vivêssemos respirando por aparelhos e o governo deligasse os aparelhos e dissesse: em dezembro eu vou ligar. Vai ser tarde demais”, compara.

 

Na foto, professor Eduardo Raupp

Com novo bloqueio na véspera da eleição, o governo Bolsonaro diminui ainda mais o orçamento das universidades federais. UFRJ pode interromper serviços e Reitoria aponta para cenário dramático.

No final da noite de ontem, dia 5, a Reitoria da UFRJ divulgou matéria em seu site denunciando as consequências do corte promovido pelo governo na sexta-feira, 30/9, véspera das eleições, houve novo bloqueio orçamentário nas universidades federais.

O Decreto nº 11.216 bloqueou cerca de R$ 147 milhões para os colégios federais e R$ 328 milhões para as universidades. Só a UFRJ teve cerca de R$ 18 milhões bloqueados e corre risco de interrupção de serviços.

“Se o bloqueio não for revertido, provavelmente não teremos como continuar funcionando este ano”, declara o pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças, Eduardo Raupp na nota, segundo a qual a UFRJ, que já vive um momento crítico com seu orçamento, sofreu um bloqueio no valor de R$ 17.819.264,20, o que corresponde a 5,84% da dotação orçamentária discricionária.

Orçamento discricionário para contas fundamentais para o funcionamento das instituições como água, luz e limpeza.

Histórico

A UFRJ abriu o ano com o orçamento inferior às suas necessidades de R$ 329 milhões, mas teve R$ 23 milhões cortados, caindo para R$ 308 milhões. Agora outros cerca de R$ 18 milhões foram bloqueados, causando o menor orçamento discricionário dos últimos dez anos, apesar da inflação e do aumento do número de estudantes nos mais de 170 cursos de graduação e do Complexo Hospitalar, que conta com nove unidades de saúde e mais de 1.400 laboratórios. É uma das instituições que mais produzem ciência no Brasil.

Para Raupp, o cenário é dramático: “Nós tínhamos um orçamento que permitiria empenhar as despesas de setembro e parte de outubro. Além disso, seria possível planejar esses últimos meses e tentar pactuar com nossos fornecedores o funcionamento da UFRJ. Com esse último contingenciamento, não vai ser possível empenhar as despesas de setembro, nem parte das de outubro, o que antecipa os riscos de interrupção de serviços. Essa é a nossa grande preocupação neste momento. Se o bloqueio não for revertido, não teremos como continuar funcionando neste ano”.