A semana do servidor público promovido pelo Sintufrj encerrou as atividades com futebol e churrasco na tarde/noite de 26 de outubro. O campo de futebol da prefeitura da UFRJ reuniu mais de 50 trabalhadores de diversas unidades que formaram quatro times e fizeram a bola rolar. Atletas da Pelada do Coração e dos times de unidades da UFRJ abrilhantaram o evento. O objetivo maior foi o da integração e do fortalecimento da campanha em defesa da educação, da saúde, da valorização dos servidores.
“Todos serão premiados pela participação. Realizamos esse torneio relâmpago com o mote antifascista porque no esporte também é preciso consciência de classe. Ainda mais nesse momento tão crucial, a três dias da eleição. Acreditamos que na organização do torneio conseguimos fazer um bom trabalho de mobilização sobre a importância de eleger um governo que interesse aos servidores. Conseguimos virar alguns votos e cada voto vale muito”, declarou o coordenador de Esporte e Lazer do Sintufrj, Jorge Emanuel.
“Nós vamos passar o trator”, falou com entusiasmo, o também coordenador da pasta, Waldir Dias, o Lalá, numa referência a eleição. Embora ele tenha dito que os colegas do IPPMG tenham dado trabalho para poder virar voto, o esforço valeu. “De qualquer forma conseguimos fortalecer a campanha”, completou Lalá.
No colete dos jogadores suados e felizes o recado foi dado: “Resistindo em Defesa da Universidade”.
“Todo mundo que estuda aqui na UFRJ tem que entender a importância do seu voto no dia 30 de outubro”
A três dias para da eleição, a expectativa sobre o resultado que sairá das urnas é grande no país e também na UFRJ. Afinal, está em jogo o futuro da universidade ou melhor, da educação pública. Por conta disso, várias atividades políticas foram realizadas durante a semana pelas entidades de classe Sintufrj e Adufrj, e estudantil: DCE Mário Prata e APG (Associação dos Pós-Graduandos), principalmente na quarta-feira, 26, Dia L na UFRJ.
O Comitê Popular de Luta da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e Escola de Belas Artes (EBA) foi responsável pela roda de conversa “Sem medo de ser feliz: política e cotidiano universitário no Brasil da esperança”. As professoras da UFRJ Dani Balbi e Luciana Boiteaux, parlamentares eleitas do PCdoB e PSOL respectivamente, foram as palestrantes.
A atividade na Reitoria objetivou, segundo Kelbia Maia do comitê organizador, ratificar o espaço coletivo de construção política e que na história recente do país foi palco de censura das manifestações democráticas da comunidade universitária.
Dani Balbi
Danieli Christovão Balbi, mais conhecida como Dani Balbi é a primeira professora transexual da UFRJ e agora a primeira parlamentar transexual da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Ela também é roteirista e leciona literatura na rede pública. Ela chamou a atenção para a importância do momento e a urgência de eleger Lula presidente.
“O desgoverno de Bolsonaro ameaça sistemática e cotidianamente a participação popular e a organização social. Suas medidas direcionadas à educação vão no sentido de pôr um freio no movimento que nós construímos de democratização da universidade pública com os cortes de verbas”, disse a deputada.
Segundo Dani, Bolsonaro sabe que uma universidade autônoma e com aportes de recursos, pode oferecer cada vez mais vagas e garantir assistência estudantil aos mais pobres, e aumentar o ingresso na pós-graduação. “E isso ameaça o seu projeto de aprofundamento do neoliberalismo no Brasil, que tem como limite a privatização desses espaços e a entrega de nossa vida e de toda a estrutura que oferece assistência social, educação e saúde públicas à população para a gestão do mercado. Entregando a população trabalhadora e os estudantes à própria sorte, sem perspectiva de futuro”, acrescentou.
“Em nome dos estudantes que ao longo da história militaram por uma educação pública, gratuita e de qualidade, enfrentaram a ditadura militar e o autoritarismo do governo (Getúlio) Vargas, foram às ruas para garantir mais verbas, mais investimentos e mais universidades é que não podemos titubear nesses próximos dias. Nós temos um compromisso de construir o fim do fascismo e do autoritarismo. Nós sabemos da responsabilidade que pesa sobre nós e, a partir daí, disputar as contradições de um governo democrático que será o governo do presidente Lula”, concluiu.
Luciana Boiteaux
Advogada, professora de Direito Penal e Criminologia da UFRJ e, a partir de janeiro de 2023, vereadora do Rio – como primeira suplente do Psol, ela assumirá a vaga de Tarcísio Mota, eleito deputado federal, na Câmara de Vereadores do Rio –, Luciana Boiteaux afirmou: “A gente nunca se viu num momento tão desafiador. Essa história de luta colocada por Dani é uma história de muitas individualidades, mas também de uma luta coletiva. Sem dúvida algum nenhum enfrentamento foi como está sendo hoje. O Brasil não vai ser o mesmo depois de Bolsonaro. A extrema-direita veio para ficar. O bolsonarismo está colocado e está fortalecido. Com a eleição de Lula, tenho confiança, a gente tem muita coisa para desconstruir do que foi feito até esse momento. A gente vai ter muita luta para fazer na universidade.”
“A maior a lógica e a mais perversa nesse momento que a gente vive é quando o engano e a mentira são colocados numa naturalização de uma política violenta, de uma política de ódio. E ao mesmo tempo isso acaba nos impondo medos. O fato é que muita gente acredita e vota no Bolsonaro. Para além das mentiras que conta, ele representa muita gente que se identifica com ele, com essa figura da masculinidade tóxica, racista, machista, LGBT fóbica.”
“Não é à toa que Bolsonaro corta dinheiro da universidade. Não é à toa que ele procura empreender o governo que nega a educação e que demoniza a política. Na verdade, quanto menos informados, quanto menos politizados, estudantes, técnicos e professores mais fácil vai ser convencer as pessoas por meio do WhatsApp.
“Vamos acreditar na luta e no futuro. Então é não parar um minuto, disputar voto a voto, mostrar que outro mundo é possível. Mostrar que, para a educação, eleger Lula será um mundo completamente diferente. É um programa, é uma pauta, é uma realidade oposta de Bolsonaro. Então, acho que a gente que cuida da educação, a gente tem que fazer essa fala também (para os eleitores). Vida longa, educação com Lula, liberdade, educação, evolução, vote pela educação e pela UFRJ! Todo mundo que estuda aqui na UFRJ tem que entender a importância do seu voto no dia 30 de outubro.”
Em carta lida no Conselho Universitário (Consuni) pelo professor Ricardo Medronho, nesta quinta-feira, dia 27, 50 professores eméritos da UFRJ se posicionam em defesa da educação, da ciência, da cultura, do meio ambiente, da tecnologia e da democracia e contra os desmandos do atual governo — “claramente empenhado em asfixiar as universidades federais e em desmontar o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia” e “reduzindo drasticamente os auxílios à pesquisa e a concessão de bolsas para pós-graduandos, fragilizando a educação superior e a ciência como um todo”, diz o texto.
Os professores se colocam como defensores da ciência, da educação, da saúde pública e do Estado Democrático de Direito, e contra o negacionismo –, “que causou a morte evitável de centenas de milhares de pessoas durante a pandemia –”, contra o totalitarismo, o armamento da população, que serve para munir as milícias e contra o projeto de um governo que colocou o país de volta no mapa da fome da ONU.
VEJA A CARTA
“Nós, Professores Eméritos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, vimos a público manifestar nossa total indignação frente aos desmandos do atual governo, claramente empenhado em asfixiar as universidades federais e em desmontar o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, duramente construído e continuamente aperfeiçoado desde 1951, quando da criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.
O governo atinge este objetivo ao retirar verbas das universidades federais, comprometendo seriamente seu funcionamento. Da mesma forma age em relação à Capes, ao CNPq e ao FNDCT, reduzindo drasticamente os auxílios à pesquisa e a concessão de bolsas para pós-graduandos, fragilizando a educação superior e a ciência como um todo. Como consequência disto, vemos nossos mais brilhantes jovens pesquisadores emigrarem para países mais ricos, a fim de avançar com suas pesquisas, uma vez que isso se tornou impossível no Brasil, resultado desse monstruoso corte de verbas.
As universidades públicas são responsáveis por mais de 95% da pesquisa produzida no país. Assim, deixá-las à mingua, sem recursos que garantam seu pleno funcionamento e sem verbas para bolsas de pósgraduação e pesquisa, torna evidente o projeto de nação engendrado pelo atual governo para o País, ao qual caberia apenas a exportação de commodities, tais como petróleo bruto, minério de ferro e soja.
Como defensores incontestes da ciência, da educação, da saúde pública e do Estado Democrático de Direito, posicionamo-nos fortemente contra o negacionismo que causou a morte evitável de centenas de milhares de pessoas durante a pandemia; contra o totalitarismo, que ataca os meios de comunicação e espalha o ódio e o terror na sociedade, com o uso contínuo e recorrente de fake news; contra o armamento da população, que serve apenas para munir as milícias com armamentos comprados legalmente; contra o desenfreado desmatamento da Amazônia, que altera as condições climáticas do planeta; contra a invasão de terras indígenas; contra o garimpo ilegal, que provoca destruição do meio ambiente; contra o desmonte da FUNAI e do IBAMA; contra os falsos profetas que manipulam os mais pobres, incutindo-lhes o medo e o ódio; e, finalmente, contra o projeto de um governo que nos colocou de volta no mapa da fome da ONU.