Mês: novembro 2023
O Grupo de Trabalho Antirracista do Sintufrj fechou o Mês da Consciência Negra na UFRJ com atividades culturais, exposição, debates e denúncias durante todo o dia desta quarta-feira, 29 de novembro, no espaço do Grêmio da Coppe. A coordenadora de Comunicação do sindicato Marli Rodrigues agradeceu a presença de todos e destacou a conquista das cotas raciais e sociais como responsáveis por atualmente termos uma universidade diversificada.
Ex- Ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e vereador Edson Santos (PT-RJ) foi o palestrante da manhã. Ele deu uma aula sobre a política de cotas – “antes o ambiente acadêmico era das elites, filhos e netos, que definem os rumos do nosso país. Os filhos do povo ficavam distante do ambiente acadêmico”. A política de cotas surgiu na Assembleia Legislativa (Alerj) e, segundo o parlamentar, a Uerj foi o laboratório. “A reitora Nilceia Freire era contra. Havia um sentido corporativo das instituições, que encaravam a política de contas como ferindo a autonomia das universidades”, diz. (Veja na edição do Jornal do Sintufrj 1425 a fala completa do vereador).
“Representatividade: o avanço dos movimentos antirracistas na UFRJ” foi o tema do evento. E reuniu integrantes e dirigentes da Câmara de Políticas Raciais, Coletivo de Docentes Negras/Negros, DCE Mário Prata, Neabi (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro e Indígenas e a Superintendência-Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade (Sgaada). Hilem Moises, delegado sindical de base, foi o principal organizador da celebração e atuou como mestre de cerimônia.
A dirigente da Adufrj Nadir do Espirito Santo parabenizou o sintufrj pela iniciativa, “principalmente por esse viés comemorativo. Temos que unir todos os negros que atuam nessa universidade para dar visibilidade. A graduação já está matizada e precisa que haja essa inserção na pós-graduação para que tenhamos bons professores negros”, defende a professora.
Jeovana Almeida, coordenadora do DCE Mário Prata e do Movimento Zumbi, considera fundamental o crescimento desses espaços de diálogo na universidade, mas avalia que ainda há muito a ser feito pelo “nosso orgulho negro”. “Menos de 20% dos estudantes entraram nas universidades públicas pela política de cotas. Racismo é um instrumento que aprofunda as desigualdades sociais no nosso país”, observa a estudante de Direito.
Magia na abertura
Embalados pela letra forte de YáYá Massemba, do poeta e músico José Carlos Capinam, cantada à capela e pontuada pelos tambores sagrados, os componentes do Pade – Africanidade-Educação, projeto referenciado em terreiros de Candomblé, encantaram os presentes.
“Que noite mais funda calunga/No porão de um navio negreiro/Que viagem mais longa candonga/Ouvindo o batuque das ondas/Compasso de um coração de pássaro/No fundo do cativeiro/É o semba do mundo calunga/Batendo samba em meu peito/Kawo kabiecile kawo/Okê arô oke/Quem me pariu foi o ventre de um navio/Quem me ouviu foi o vento no vazio/Do ventre escuro de um porão/Vou baixar o seu terreiro/Epa raio, machado, trovão/Epa justiça de guerreiro. Dor é o lugar mais fundo/É o umbigo do mundo/No balanço das ondas/Okê aro/Me ensinou a bater seu tambor/ Eu faço a lua brilhar o esplendor e clarão/Luar de Luanda em meu coração/a umbigada yáyá/Massemba é o samba que dá/Vou aprender a ler
Pra ensinar os meus camaradas!” – resume os versos de Capinam o desespero dos negros escravizados trazidos dos países africanos em precárias condições. Muitos morriam e serviam de comida aos tubarões.
O Pode (encontro em Orubá) existe há 14 anos na Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ (EEFD). “Arte e cultura na UFRJ é uma performance que transita na pesquisa acadêmica, e está presente em dissertações de mestrado, teses de doutorado, TCCs. Cultura de terreiro é civilizatória”, resume o professor Xandy Carvalho, do Departamento de Folclore, coordenador do projeto e responsável por ensinar a disciplina dança afro, percussão e movimento. Segundo ele, não foi uma batalha fácil introduzir tambores no espaço acadêmico.
Outra importante participação cultural foi a do artista plástico Fall, que ficou conhecido por ter sua obra censurada na exposição que realizou em 13 de outubro, no Mercadão de Madureira. Um dos seus quadros mostrava um policial fardado espancando um estudante negro uniformizado. Mais realista que isso impossível.
Fall, 21anos, faz parte de um movimento artístico que expressa o cotidiano das favelas – ele nasceu e mora em Senador Camará. “Crio artes digitais feitas no celular e pinturas com tinta PVA sobre MDF”, explica. No evento do Sintufrj, ele expôs 16 quadros.
. Leia matéria completa na próxima edição do Jornal do Sintufrj.
Celebração fecha com roda de conversa e companhia folclórica
O dia de atividades organizado para celebrar a Consciência Negra fechou a programação com uma roda de conversa sobre o tema do evento “Representatividade: o avanço dos movimentos antirracistas na UFRJ” e apresentação da Cia Folclórica do Rio-UFRJ com muito maracatu, coco, jongo e samba.
A roda de conversa reuniu os representantes das organizações Sgaada (Denise Góes), Câmara de Políticas Raciais (Rogério Silva), Neabi (Rachel Aguiar), Coletivo de Docentes Negras e Negros (Wallace Morais), pelo GT Antirracista (Luciene Lacerda) e militantes da UFRJ. O mediador foi Hilem Moises.
Nessa conversa os representantes e militantes falaram de suas experiências, expuseram suas opiniões, relataram os avanços e desafios na luta antirracista, trocaram ideias e fizeram propostas.
“Temos que ver como fazemos para prosseguir nessa luta e o Sintufrj tem que participar porque é uma luta cotidiana”, sublinhou Luciene.
“É uma luta política e educacional. E é de todos nós”, observou Wallace Morais.
“Sugiro que façamos em maio um grande evento da população negra da universidade que mobilize o Rio de Janeiro”, disse Noemi Andrade, integrante do GT Antirracista do Sintufrj.
A superintendente da Sgaada, Denise Góes, sugeriu reunir as propostas numa pauta unificada da negritude da UFRJ para ser levada em reunião com o reitor Roberto Medronho. A diretora do Neabi, Raquel Aguiar, por sua vez, ressaltou a necessidade de trazer mais docentes negros para a UFRJ.
O organizador Hilem Móises comemorou a iniciativa do GT. “O evento alcançou o objetivo de agregar os segmentos da universidade, as organizações antirracistas, com debates, conversas e muita cultura. Fica o desafio para ampliar esse ambiente no futuro. Além disso, GT vai se integrar ao Sgaada e outros coletivos para continuar o trabalho de avançar nossa pauta.”
Você está convocado para o Consuni extraordinário desta quinta feira (30/11), às 9h30, no Bloco E do CT – Sala E 212, que tem como ponto de pauta a “Contratualização com Ebserh”. A Reitoria , na sua pressa de aprovar a Ebserh, antecipou uma discussão que deveria ser democratizada com a comunidade universitária. E Há dois dias desse Consuni extraordinário articulou parecer favorável na Comissão de Desenvolvimento do colegiado sem reunião dos membros dessa comissão. Temos que barrar esse VALE TUDO.
Mais uma vez a categoria da UFRJ e dirigentes do Sintufrj foram protagonistas do ato no Buraco do Lume, Centro da cidade, nesta terça-feira, 28 de novembro, que marcou o dia de paralisãção nacional dos servidores públicos federais. A palavra de ordem foi: “Sou servidor. E vou lutar. Eu quero reajuste já.” A manifestação foi ação vinculada à campanha salarial e valorização dos servidores no momento no qual o funcionalismo público luta por recomposição salarial e carreira na mesa de negociação com o governo.
Nesta quinta-feira (29) acontece o segundo dia do Sipat, e evento organizado pela Decania do Centro de Tecnologia acerca da segurança do trabalho. Ontem, na abertura no Salão Nobre do CT, representantes da instituição UFRJ e do movimento organizado que atua na universidade estiveram presentes. O Sintufrj foi representado pelo coordenador-geral Esteban Crescente. O responsável pela organização é o técnico-administratico Huasca da Costa Filho que é coordenador do programa de Saúde e Segurança do Trabalho do CT
A coordenadora-geral do Sintufrj Marta Batista, que também é da bancada técnica-administrativa no Conselho Universitário, cobrou, na sessão desta quinta-feira, dia 23, posicionamento público da Reitoria sobre a gravidade da situação orçamentária da UFRJ que tem levado, não apenas a problemas sérios de infraestrutura, como a falta de pagamento dos servidores que trabalharam em concursos recentes (Editais 490 e 491).
“Há servidores, membros da comunidade universitária, que trabalharam nesse concurso, e estão endividados, precisam, mas até agora não tem perspectiva de pagamento. A gente sabe que tem a questão da recomposição orçamentária. Mas por que a gente não está vendo a Reitoria indo a público, na mídia, denunciar isso, apontando diversos problemas de infraestrutura?”, disse, questionando ainda por que a Reitoria tem uma postura militante para poder aprovar a Ebserh, mas não vai a público questionar a falta de recomposição orçamentária.
O reitor Roberto Medronho comentou a dimensão da crise orçamentaria e, atendendo ao questionamento da coordenadora-geral, sobre os que trabalharam nos concursos, respondeu que “será pago tão logo tenhamos recursos”. Vindo a suplementação este ano, informou, há “um desafogo. Não vindo pagaremos só ano que vem”.
O Consuni extraordinário desta quinta feira (30/11), às 9h30, no Bloco E CT, tem como ponto de pauta a “Contratualização com Ebserh”.
Na terça-feira (ontem) o reitor articulou parecer favorável do presidente da Comissão de Desenvolvimento do Conselho Universitário, sem reunião de seus membros!
Um verdadeiro golpe no debate democrático! Temos que lotar o Conselho nesta quinta e repudiar este absurdo!
É a autonomia acadêmica e administrativa da universidade em risco.
É o regime jurídico único e carreira dos TAEs em risco!
Vamos agir agora para evitar o pior para a UFRJ, os seus trabalhadores e a sociedade!
GT ANTIRRACISTA DO SINTUFRJ
Representatividade: o avanço dos
movimentos antirracistas na UFRJ
DIA 29 DE NOVEMBRO, 10h ÀS 16h
Convidados:
NEABI
Câmara de Políticas Raciais
Coletivo de Docentes Negros/Negras
DCE
SGAADA
Debates, palestras, rodas de conversa,
apresentação dos movimentos e atividades culturais
NO Grêmio da COPPE
VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA
Programação
10hs Abertura – saudação pelos 3 segmentos
10:15hs Apresentação de dança afro – PADE
10:30hs Palestra – Edson Santos: “Lei de cotas: de onde partimos, onde estamos e aonde queremos chegar”.
11:30hs mesa sobre cultura negra (participantes do dia – Fael, Pade, Cia de Danca).
12:30hs – Fala dos grupos UFRJ e debate sobre o tema “Representatividade: o avanço dos movimentos antirracistas na UFRJ”
14:30hs – Apresentação de encerramento – Cia de Dança Folclórica
15hs – Confraternização – DJ Alex
Representantes dos grupos no debate de 14-30hs
GT Antirracista – Luciane Lacerda
SGAADA – Denise Góes
Câmara de Políticas Raciais – Rogério Silva
NEABI – Rachel Aguiar
Coletivo de Docentes Negras e Negros – Wallace Morais
DCE – Giovanna Almeida
Mobilização contra entrega do patrimônio e do pessoal dos hospitais se intensifica
O Conselho Universitário está na iminência de deliberar sobre uma profunda mudança de paradigma na vida institucional. Tanto do ponto de vista estatutário, da sua estrutura, na cessão dos hospitais, na autonomia acadêmica, na terceirização da gestão, na relação com seus servidores de saúde e em tantos outros aspectos. No entanto, ninguém conhece o contrato sobre o qual terá que deliberar em poucos dias.
“Cadê o contrato?”, cobraram coordenadores do Sintufrj e servidores presentes em mais uma reunião organizada pelo Sintufrj, no dia 28, nos pilotis do Hospital Universitário Clementino Fraga filho, para apresentação, pelos técnicos-administrativos Gerly Miceli e Roberto Gambine, dos resultados do estudo da comissão paritária que apurou o desempenho de 41 hospitais em 10 anos de adesão à Ebserh.
A comissão instituída pelo reitor, por decisão unilateral dos docentes, embora fosse paritária, foi desfeita. Mas os representantes técnicos-administrativos continuam fazendo o seu papel, que todos deveriam fazer, de difundir as informações.
E o relatório está aí: as informações levantadas mostram que a Ebserh, ao contrário do que propagam seus defensores, não resolveu, ao longo de mais de uma década, os problemas dos hospitais. Os leitos de médica complexidade diminuíram, apesar do aumento de celetistas; o pessoal RJU diminuiu; equipamentos não se renovaram; há queixas generalizadas quanto à assistência.
Gerly lembrou que em muitos lugares a adesão foi imposta pela Reitoria, contra a vontade da comunidade e levantou um questionamento quanto ao açodamento que vem sendo importo pelo reitor, pedindo que se analisasse se tem fundamento o argumento de que, para que os efeitos financeiros possam constar no orçamento do próximo ano, a adesão tenha que ser feita até dezembro.
“Cadê o contrato? A gente tem 15 dias para decidir. Mas o contrato é sigiloso”, alerta um servidor apontando para o fato de que essa decisão vai mudar a UFRJ e pedindo uma análise jurídica da cessão de servidores RJU à empresa diante do fato de que o Ministério Público cassou a cessão na Paraíba.
“O reitor está dizendo que quer votar a Ebserh até dezembro. Mas cadê o contrato? Precisamos conversar com a categoria, com os extraquadros, com lideranças, com os trabalhadores que vão perder direitos”, anunciou o coordenador da Fasubra Francisco de Assis, alertando: É uma mudança radical de gestão na universidade”.
“O Contrato não pode ser disponibilizado (conforme disse o reitor, porque agora está em um processo no Sistema Eletrônico de Informação). Mas poderiam, antes de enviar, ter sido discutido”, ponderou Laura Gomes, coordenadora-geral do Sintufrj.
Os coordenadores cobram também a consulta pública prometida pelo reitor e suspensa porque este quer aprovar a toque de caixa: “O que a comunidade quer? É fundamental sabermos”, disseram.
Encaminhamentos
A reunião foi mais um esforço de mobilização da direção do Sintufrj e faz parte do calendário de lutas aprovado na última assembleia-geral (dia 22), que definiu, inclusive paralisação nesta terça-feira, 28.
Este foi dia nacional de luta por valorização dos servidores e das Carreiras, recomposição salarial e investimentos nas áreas sociais e contra a reforma administrativa, com ato público dos Servidores Públicos Federais, à tarde no Centro do Rio.
A programação segue com novas ações, como a organização de mobilização no Consuni; novas reuniões para divulgação dos dados do relatório (que desmistificam o canto da sereia da Ebserh) e debates (como a live do dia 29).
Quarta-feira, 29 de novembro:
19h – Live do Sintufrj com ex-diretores de hospitais sobre a Ebserh
Quinta-feira, 30 de novembro
9h30 – Sessão extraordinária híbrida do Consuni no Anfiteatro da Escola de Química, no bloco E do CT (sala E 212).
14h – Debate sobre a Ebserh promovido pelo Complexo Hospitalar e Reitoria no mesmo auditório.
Terça-feira, 5 de dezembro
7h – Ato contra a Ebserh no HUCFF; Em seguida, reunião no IPPMG para apresentação do relatório da Comissão Paritária sobre a Ebserh.