Reitoria tentou impor a pauta da Ebserh no Conselho Universitário e votar o parecer do professor Cabral – escolhido para ser o relator do processo a favor da contratualização da empresa dentro da Comissão de Desenvolvimento (CD). Mas vários conselheiros pediram vistas do documento e o ponto foi retirado. O assunto retorna na próxima sessão marcada para 7 de dezembro, próxima quinta-feira.
Fato instigante: a sessão desse Consuni foi presidida pela vice-reitora Cassia Turce. O reitor Roberto Medronho não apareceu, mesmo com assunto relevante para o futuro da UFRJ na pauta.
Marta Batista, dirigente do Sintufrj e conselheira do colegiado, apresentou parecer contrário ao apresentado pelo professor. A dirigente sustentou que o parecer do professor é inconsistente e que reproduz o conteúdo que vem sendo apresentado na universidade pelos negociadores defensores da Ebserh.
Marta Batista fez vários alertas de problemas presentes na minuta do contrato com a empresa. O ânimo da sessão com auditório lotado na sala E 232 do Instituto de Química foi de exigir mais tempo, mais discussão, mais transparência, mais democracia.

O Grupo de Trabalho Antirracista do Sintufrj fechou o Mês da Consciência Negra na UFRJ com atividades culturais, exposição, debates e denúncias durante todo o dia desta quarta-feira, 29 de novembro, no espaço do Grêmio da Coppe. A coordenadora de Comunicação do sindicato Marli Rodrigues agradeceu a presença de todos e destacou a conquista das cotas raciais e sociais como responsáveis por atualmente termos uma universidade diversificada.

Ex- Ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e vereador  Edson Santos (PT-RJ) foi o palestrante da manhã. Ele deu uma aula sobre a política de cotas – “antes o ambiente acadêmico era das elites, filhos e netos, que definem os rumos do nosso país. Os filhos do povo ficavam distante do ambiente acadêmico”. A política de cotas surgiu na Assembleia Legislativa (Alerj) e, segundo o parlamentar, a Uerj foi o laboratório. “A reitora Nilceia Freire era contra. Havia um sentido corporativo das instituições, que encaravam a política de contas como ferindo a autonomia das universidades”, diz. (Veja na edição do Jornal do Sintufrj 1425 a fala completa do vereador).

“Representatividade: o avanço dos movimentos antirracistas na UFRJ” foi o tema do evento. E reuniu integrantes e dirigentes da Câmara de Políticas Raciais, Coletivo de Docentes Negras/Negros, DCE Mário Prata, Neabi (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro e Indígenas e a Superintendência-Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade (Sgaada). Hilem Moises, delegado sindical de base, foi o principal organizador da celebração e atuou como mestre de cerimônia.

A dirigente da Adufrj Nadir do Espirito Santo parabenizou o sintufrj pela iniciativa, “principalmente por esse viés comemorativo. Temos que unir todos os negros que atuam nessa universidade para dar visibilidade. A graduação já está matizada e precisa que haja essa inserção na pós-graduação para que tenhamos bons professores negros”, defende a professora.

Jeovana Almeida, coordenadora do DCE Mário Prata e do Movimento Zumbi, considera fundamental o crescimento desses espaços de diálogo na universidade, mas avalia que ainda há muito a ser feito pelo “nosso orgulho negro”. “Menos de 20% dos estudantes entraram nas universidades públicas pela política de cotas. Racismo é um instrumento que aprofunda as desigualdades sociais no nosso país”, observa a estudante de Direito.

 

Magia na abertura  

Embalados pela letra forte de YáYá Massemba, do poeta e músico José Carlos Capinam, cantada à capela e pontuada pelos tambores sagrados, os componentes do Pade – Africanidade-Educação, projeto referenciado em terreiros de Candomblé, encantaram os presentes.

Que noite mais funda calunga/No porão de um navio negreiro/Que viagem mais longa candonga/Ouvindo o batuque das ondas/Compasso de um coração de pássaro/No fundo do cativeiro/É o semba do mundo calunga/Batendo samba em meu peito/Kawo kabiecile kawo/Okê arô oke/Quem me pariu foi o ventre de um navio/Quem me ouviu foi o vento no vazio/Do ventre escuro de um porão/Vou baixar o seu terreiro/Epa raio, machado, trovão/Epa justiça de guerreiro. Dor é o lugar mais fundo/É o umbigo do mundo/No balanço das ondas/Okê aro/Me ensinou a bater seu tambor/ Eu faço a lua brilhar o esplendor e clarão/Luar de Luanda em meu coração/a umbigada yáyá/Massemba é o samba que dá/Vou aprender a ler
Pra ensinar os meus camaradas!” – resume os versos de Capinam o desespero dos negros escravizados trazidos dos países africanos em precárias condições. Muitos morriam e serviam de comida aos tubarões.

O Pode (encontro em Orubá) existe há 14 anos na Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ (EEFD). “Arte e cultura na UFRJ é uma performance que transita na pesquisa acadêmica, e está presente em dissertações de mestrado, teses de doutorado, TCCs. Cultura de terreiro é civilizatória”, resume o professor Xandy Carvalho, do Departamento de Folclore, coordenador do projeto e responsável por ensinar a disciplina dança afro, percussão e movimento. Segundo ele, não foi uma batalha fácil introduzir tambores no espaço acadêmico.

Outra importante participação cultural foi a do artista plástico Fall, que ficou conhecido por ter sua obra censurada na exposição que realizou em 13 de outubro, no Mercadão de Madureira. Um dos seus quadros mostrava um policial fardado espancando um estudante negro uniformizado. Mais realista que isso impossível.

Fall, 21anos, faz parte de um movimento artístico que expressa o cotidiano das favelas – ele nasceu e mora em Senador Camará. “Crio artes digitais feitas no celular e pinturas com tinta PVA sobre MDF”, explica. No evento do Sintufrj, ele expôs 16 quadros.

. Leia matéria completa na próxima edição do Jornal do Sintufrj.

Celebração fecha com roda de conversa e companhia folclórica

O dia de atividades organizado para celebrar a Consciência Negra fechou a programação com uma roda de conversa sobre o tema do evento “Representatividade: o avanço dos movimentos antirracistas na UFRJ” e apresentação da Cia Folclórica do Rio-UFRJ com muito maracatu, coco, jongo e samba.

A roda de conversa reuniu os representantes das organizações Sgaada (Denise Góes), Câmara de Políticas Raciais (Rogério Silva), Neabi (Rachel Aguiar), Coletivo de Docentes Negras e Negros (Wallace Morais), pelo GT Antirracista (Luciene Lacerda) e militantes da UFRJ. O mediador foi Hilem Moises.

Nessa conversa os representantes e militantes falaram de suas experiências, expuseram suas opiniões, relataram os avanços e desafios na luta antirracista, trocaram ideias e fizeram propostas.

“Temos que ver como fazemos para prosseguir nessa luta e o Sintufrj tem que participar porque é uma luta cotidiana”, sublinhou Luciene.

“É uma luta política e educacional. E é de todos nós”, observou Wallace Morais.

“Sugiro que façamos em maio um grande evento da população negra da universidade que mobilize o Rio de Janeiro”, disse Noemi Andrade, integrante do GT Antirracista do Sintufrj.

A superintendente da Sgaada, Denise Góes, sugeriu reunir as propostas numa pauta unificada da negritude da UFRJ para ser levada em reunião com o reitor Roberto Medronho. A diretora do Neabi, Raquel Aguiar, por sua vez, ressaltou a necessidade de trazer mais docentes negros para a UFRJ.

O organizador Hilem Móises comemorou a iniciativa do GT. “O evento alcançou o objetivo de agregar os segmentos da universidade, as organizações antirracistas, com debates, conversas e muita cultura. Fica o desafio para ampliar esse ambiente no futuro. Além disso, GT vai se integrar ao Sgaada e outros coletivos para continuar o trabalho de avançar nossa pauta.”