O #29M no Rio de Janeiro – Dia Nacional de Luta em Defesa do Orçamento para a Educação Pública Federal – uniu o vigor do movimento estudantil e a experiência dos trabalhadores da educação em prol de bandeiras comuns e específicas em manifestação no centro da cidade. A recomposição e a ampliação orçamentária das instituições de ensino estão na ordem do dia.
Aula Pública no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ, Ato na Igreja da Candelária com Passeata até o Buraco do Lume marcou a mobilização em que se denunciou também a pauperização das universidades e institutos, fruto do desfinanciamento gradativo das instituições de ensino e da política de arcabouço fiscal do governo.
O Sintufrj, dirigentes e companheiros de base, mais uma vez fortaleceram a manifestação levando o exemplo de que a luta leva a vitória e mesmo com as conquistas de sua greve de mais de 100 dias de paralisação, se faz necessário novamente protestar e pressionar para defender a universidade e o cumprimento integral do acordo de greve por parte do governo federal. Devido a mobilização de trabalhadores, estudantes e reitores o governo voltou atrás no contingenciamento às universidades e anunciou recomposição parcial, mas não é suficiente.
“O recuo do governo nos cortes não muda a situação dramática que nós tínhamos desde que esse orçamento foi aprovado, com redução dos valores necessários ao funcionamento das instituições de ensino, das instituições federais, das universidades, dos institutos. O orçamento da UFRJ, por exemplo, é metade do que era em 2012. São muitos salários atrasados de trabalhadores terceirizados, muitos são demitidos por falta desses recursos e a universidade vive a penúria com teto desabando em faculdades como a de Educação Física ou então com estruturas precárias como no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. Nós aqui do sindicato precisamos falar uma coisa que nunca é demais reforçar. O caminho é a luta nas ruas. Ano passado nós fizemos uma greve de 113 dias e nós conquistamos parte da nossa recomposição salarial. E teve mais orçamento para as universidades no ano passado porque teve greve. Então a luta é o caminho. É mobilização pelo fim do pagamento dos juros da dívida pública, da taxação das fortunas, pelo fim da escala 6x1por um, e é com luta na rua”, declarou o coordenador-geral do Sintufrj, Esteban Crescente.
Na aula pública no IFCS, promovida pelo DCE Mário Prata, e realizada antes do Ato na Candelária, Esteban Crescente, a dirigente do DCE Giovanna Almeida e a vereadora Maira do MST, trataram do orçamento da UFRJ e a política econômica do governo. Já no Ato na Candelária, estudantes, professores e dirigentes de sindicatos expuseram as mazelas e a realidade que enfrentam nas instituições de ensino defendendo a ampliação dos recursos.
“Prédios fechados, desabando e caindo. Essa situação se repete e se perpetua por todas as universidades. Tais dificuldades vêm dos constantes cortes orçamentários que a educação sofre. Há quem diga que estudante é vagabundo, mas desde que eu entrei na universidade o que ouço é um grito ecoar: queremos estrutura, estudar com dignidade. Até por que não existe um mundo sem educação. Lutamos para poder produzir uma ciência socialmente referenciada, que pode transformar a vida da classe trabalhadora. Para nossas universidades se recuperarem queremos 10% do PIB e a taxação das grandes fortunas para investir na educação”, anunciou uma representante da UNE.
“Por isso que mais uma vez estamos aqui nas ruas, professores, estudantes, organizados. Para reivindicar aquilo que produzimos nesse país. Nós queremos defender o orçamento, a ampliação real do orçamento das universidades públicas para que a gente possa ter expansão da pós-graduação, expansão da graduação, expansão dos serviços de qualidade para serem oferecidos à população do Rio de Janeiro e de todo o Brasil”, disse a dirigente do Andes, Cláudia Piccinini.
“Precisamos exigir o fim do arcabouço fiscal, que é o dinheiro destinado ao pagamento dos juros e da dívida pública desse país. Mas ainda companheiros, é preciso movimentar as nossas entidades nacionais por uma jornada de lutas e incorporar toda a educação pública por mais recursos para a saúde e educação, para nossas universidades e institutos federais. Por fim, é manter a nossa luta de defesa de 10% do PIB para a educação. Não podemos sair da rua enquanto o governo ataca nossas universidades e nossos institutos. Vamos à luta pessoal. A luta continua”, afirmou o coordenador do Sintuff, Wagner Peres.