O atendimento do Serviço de Saúde do Trabalhador (Sesat) do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) está sendo progressivamente desmontado desde que esta principal unidade de saúde passou a ser comandada pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), há pouco mais de três meses.
Há um esvaziamento de recursos humanos, de atividades e de autonomia, define a coordenadora-geral do Sintufrj, Laura Gomes, servidora do hospital.
De acordo com a dirigente, cerca de 70 por cento dos técnicos e enfermeiros, 1 médico e a única assistente social que atendia ao Sesat foram demitidos. A estrutura do órgão, como se sabe, é estratégica para cuidar da saúde dos servidores.
Laura Gomes informou que os profissionais dispensados são extraquadro e não houve reposição dessa mão de obra. E as consequências não são poucas, observa, com prejuízos para perícias médicas, exames de servidores expostos à radiação ionizante, concessão de licenças médicas, atendimentos de urgência, atendimento de acidentes com material perfurocortante (agulhas, por exemplo – cujo manejo pode resultar em contaminação de profissionais).
“E todas essas decisões que afetam o dia a dia dos trabalhadores e, em consequência, do atendimento da população, são tomadas sem que haja formalização”, disse a dirigente do Sintufrj. Até a recepcionista e o mensageiro do Sesat foram trocados de forma abrupta.
A FASUBRA Sindical promove, nesta sexta-feira (27), o segundo dia de seu Seminário de Carreira, com início às 8h e transmissão online. O evento reúne servidores técnico-administrativos de instituições de ensino superior para discutir temas como desenvolvimento profissional, valorização do trabalho e desafios enfrentados na carreira dos TAEs.
Os recursos escassos para garantir tranquilidade aos gestores e o bem-estar diário aos integrantes da comunidade universitária da UFRJ é uma perspectiva ainda distante de ser alcançada. Na matéria publicada na página 5 da edição 1441 do Jornal do Sintufrj, o pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças, Helios Malebranche, detalha a triste realidade em que foi mergulhada a mais importante instituição federal de ensino superior do país.
De acordo com cálculos da pró-reitoria responsável em administrar as finanças da UFRJ, o total necessário para despesas anuais da universidade soma mais de R$ 551 milhões. Mas, a equipe de Helios Malebranche está tendo que se virar esse ano com apenas R$ 308 milhões, isso devido algumas suplementações, porque o Conselho Universitário aprovou um orçamento de R$ 293 milhões para 2024, com base no Projeto de Lei Orçamentária Anual.
Esforço reconhecido
Por falta de recursos ano a ano, o déficit financeiro da UFRJ cresce e os campi revelam essa dureza com suas paisagens de prédios inacabados, jardins sem flores, pinturas gastas. Mas, o pior mesmo ocorre dentro das unidades, cujas instalações elétricas e hidráulicas gritam por reparos. A falta de manutenção não é uma opção; e, sim, imposição da falta de dinheiro.
A foto que ilustra a reportagem citada no início desta matéria mostra o capim verde alto cobrindo uma parte do campus da Praia Vermelha. Olhando de longe é até bonito. O prefeito da UFRJ Marcos Maldonado, ficou chocado. E com razão. “Há três meses a Praia Vermelha se tornou nossa prioridade. Não há mais espaços como o mostrado no nosso jornal”, explicou.
Por WhatsApp ele enviou para a redação do Jornal do Sintufrj várias fotografias que mostram um outro cenário acadêmico na Praia Vermelha. Com certeza a comunidade universitária agradece o empenho do prefeito.
Nesta quarta-feira, 28, o GT Carreira Sintufrj realizou mais uma reunião de base para esclarecer dúvidas sobre as conquistas da greve de 113 dias e informar o andamento das negociações em curso em Brasília das pendências do acordo. A tarefa de ir conversar com a categoria no seu local de trabalho está sendo cumprida pelo coordenador da Fasubra, Francisco de Assis, junto com dirigentes do sindicato e colaboradores da gestão sindical.
Cerca de 20 trabalhadores do Arquivo Central/Siarq participaram da reunião, que foi organizada pelo delegado sindical de base José Carlos Xavier. Na quinta-feira, 22, foram os técnicos-administrativos da Superintendência-Geral de Comunicação Social que solicitaram a presença do GT Carreira Sintufrj. As mudanças nas progressões e o Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) têm sido os itens mais debatidos.
Esclarecimentos
Entre as conquistas da greve que começam a valer a partir de janeiro de 2025, com a aplicação do reajuste que na nova tabela varia de 14,5% a 34,4%, dependendo do nível de classificação, tempo de carreira e grau de qualificação formal do servidor técnico-administrativo, constam também as mudanças nas progressões por mérito, que passou de 18 para 12 meses, e capacitação, que aumentou para cinco anos, o RSC, que somente os docentes tinham direito são clausulas do acordo que exigem desdobramentos.
Francisco explicou nas reuniões locais que uma Comissão Paritária formada por oito representantes do governo e oito das entidades sindicais estão discutindo os regramentos dos pontos em questão. O projeto de lei que garante a aplicação em janeiro das mudanças estruturais significativas nas progressões já está pronto. Agora está sendo preparada a regra de transição. “A Fasubra quer garantir o patrimônio que a gente já tem, o acúmulo. Essa é a nossa proposta”, informou.
Sobre o RSC, o dirigente esclareceu que é uma equivalência ao incentivo à capacitação com remuneração. “O técnico-administrativo vai receber a diferença remuneratória de acordo com o seu fazer, mesmo não tendo o título. Se ele produz saberes e competência para a universidade por que não ser remunerado? O RSC tem que ser um direito para todos. Por isso também achamos que quem tem doutorado não poder ficar estagnado, deve ter direito ao RSC. Uma proposta é que receba o equivalente entre mestrado e doutorado”. Agora, como será concedido? Qual será a pontuação? Essas são discussões que fazemos às segundas-feiras, no Sintufrj, na reunião do GT Carreira”, disse.
O RSC, segundo Francisco, tem que ter projeto de lei e as regras podem ser decididas depois. A Fasubra defende que seja uma rubrica a mais no contracheque, mas sua incorporação está garantida. A orientação é para que cada um comece a preparar seu memorial e as ações não publicadas em boletim devem ser documentadas de alguma forma. Participação em congregações, conselhos, pesquisas, comissões, projetos de extensão, encontros, trabalhos de campo, publicações tudo vale. O RSC entra em vigor em abril de 2026.
O coordenador da Fasubra fez questão de frisar que o RSC não veio para desvalorizar a educação formal. “É importante que a nossa categoria continue estudando, faça sua graduação, sua pós, mestrado, doutorado”, incentivou Francisco.
Seminário
Francisco informou que no dia 18 de setembro, o Sintufrj realizará um seminário com toda a categoria para reunir propostas e sugestões sobre esses pontos do acordo para levar ao seminário nacional da Fasubra, também no próximo mês. Porque o prazo de 180 dias para encerrar as negociações com o governo está sendo contado. “Mas queremos fazer tudo com segurança para que os órgãos de controle não questionem. O conceito básico é o direito de todos e que ninguém fique de fora”, afirmou.
Essa indagação foi o centro do debate entre os participantes da mesa especial da tarde de terça-feira, 28 de agosto, no Festival do Conhecimento da UFRJ (presencial, no Salão Nobre do prédio da Avenida Rui Barbosa, transmitido pelo canal Extensão UFRJ no Youtube), com mediação da professora da Escola de Comunicação, Cristiane Costa.
O tema “Inteligência artificial e eleições”reuniu Cristiano Ferri, professor e pesquisador no Centro de Formação da Câmara dos Deputados e autor do livro “O parlamento aberto na era da internet”; Fabro Steibel, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio, que estuda o impacto e o futuro da tecnologia no Brasil e no mundo; Cristina Tardáguila, fundadora e sócia da Agência Lupa (agência que atua contra a desinformação com verificações, notícias, análises e reportagens) e Guilherme Amado, diretor de conteúdo do Redes Cordiais (que tem a missão de construir redes mais saudáveis e confiáveis).
Neste super ano eleitoral em todo mundo, segundo os debatedores, no Brasil eleitores de mais de 5,5 mil cidades também vão às urnas nas eleições municipais de outubro. E no dia 16 de agosto foram liberadas as propagandas dos candidatos sob o temor que a inteligência artificial seja usada como arma eleitoral.
De acordo com a Agência Brasil, diante da falta de leis sobre a tecnologia no país, o Tribunal Superior Eleitoral (STF) aprovou regras para a utilização dessa tecnologia nas propagandas eleitorais. O uso de conteúdo gerado por inteligência artificial deve sempre vir acompanhado de um alerta.
Nas peças de rádio, por exemplo, o ouvinte deve ser alertado se houver sons criados por essa tecnologia. O mesmo para imagens e vídeos. Há ainda a proibição da chamada deep fake (uso de conteúdos produzidos artificialmente para prejudicar ou favorecer candidaturas, como vídeos que alteram ou substituem voz ou imagem de outras pessoas). Caso incorram neste crime, as candidaturas podem ser cassadas.
Este ainda não é o ano da IA
Para os debatedores, não será este (ainda) o ano eleitoral da IA. E não será a IA que fará a política ficar pior. Ela chega para reduzir o trabalho humano e o custo administrativo das eleições. Fabro, por exemplo, conjectura se talvez daqui a quatro anos, seja uma eleição “da IA”. “O mais eficaz”, disse, “é fomentar políticas de Estado para investigar as redes de desinformação profissionais e de discursos de ódio”.
Portanto, a IA viria como um aspecto positivo, embora haja riscos, mas a forma de lidar com a tecnologia em questão seria com a mão do Estado e a responsabilização elas consequências. E o uso da IA para criar desinformação não é ainda um problema real. Até porque custaria caro para se chegar ao infrator; como nos filmes, pode-se seguir o rastro do dinheiro.
E isso não diria respeito a toda técnica de IA, mas a da chamada IA generativa, que trabalha com textos, imagens e sons para produzir “coisas parecidas”, como explicou Fabro, ponderando que a IA não é “inteligente”, é uma tecnologia que encontra coincidências num grande volume de dados e por isso conseguiria “sugerir alguma coisa” a partir disso.
Como ao imaginar um fundo que complemente a paisagem do quadro da Monalisa, naturalmente se baseando em outras obras europeias. Só que, ele lembra, o quadro foi pintado na sala de Leonardo da Vinci. “Já era um deep fake esse fundo”, brincou.
Cristina, da agência Lula, também trouxe alguns indicadores e exemplos de que a IA não influi tanto nas eleições quanto se presume, inclusive em outros países. Como informa a matéria sob o título: “As eleições indianas foram inundadas de deepfakes – mas a IA foi um resultado positivo para a democracia”.
Novas tragédias políticas
Na opinião da pró-reitora de Extensão, Ivana Bentes, coordenadora do evento, “ao atravessarmos a primeira transição da tecnologia digital, com o aparecimento da internet e toda a ideia de inovação democratizante, vimos as redes produzirem discurso de ódio e polarização. Chegamos em 2018, no Brasil, com um cenário terrível. E nossa utopia em relação a internet entrou pelo cano (entre aspas, disse ela, ponderando que tem milhares de usos positivos)”.
Ivana lembrou que foi uma eleição digital com a impotência da justiça de confrontar fake news. “Para mim, foi um dos momentos mais terríveis, e eu acho que nós vamos passar por isso novamente. A minha questão é quando vocês todos falam que não precisa regular agora e que não estamos na eleição da IA, nós vamos esperar que as novas tragédias políticas aconteçam para poder regular? Será que nós não aprendemos nada com a primeira transição digital para ficarmos esperando a autorregulação do mercado, das big techs, o comportamento do consumidor? Será que nós não estamos sendo ingênuos? não vamos pensar para frente?”, questionou a pró-reitora.
Guilherme Amado afirmou ser a favor da regulação, mas que o ideal pela ordem das coisas, era se conseguir regular as redes sociais antes de regular a IA. “Hoje isso é irreal, porque o PL 2630, chamado PL das fake News, voltou para a estaca zero na Câmara e o PL da IA, que está no Senado, pode ser votado nesse semestre. Certamente está com mais chances do que o PL das fake news. Mas acho que às vezes se está priorizando mais a discussão da regulação do que a discussão do incentivo a termos tecnologias, a partir da IA no país, do que incentivo à pesquisa, incentivo à criação, tanto na iniciativa privad quanto nas instituições públicas”, concluiu.
Segundo Cristiano Ferri, o projeto que está no Senado é muito insipiente e não está madura a discussão para avançar no Congresso Nacional. “Mas a impressão que eu tenho é que os deputados e senadores ainda estão estudando, conhecendo o assunto. Existem basicamente duas forças que estão aí gravitando em torno da questão: o pessoal que quer regular seguindo o modelo europeu, e o pessoal dizendo vamos regular pouco, vamos deixar as startups desenvolverem a IA, não vamos sufocar o desenvolvimento dessas inovações. Há uma tensão entre essas duas forças e há um impasse, na verdade. Eu acho que quando acontece isso, isso significa que a matéria não está madura para avançar”.
Para Fabio é preciso cuidado na regulação para não retirar o acesso das pessoas a direitos. E pergunta: “A gente está pensando em rede social ou está pensando em eleição?”. E chega a conclusão que “a gente precisa de mais discussão. Não é porque é a autorregulação que funciona. A gente precisa de mais discussão porque os impactos são muito grandes. E tem uma coisa que ninguém fala, mas que é muito necessário, como é que você regula um candidato que ganha uma eleição e faz desinformação? Porque o problema não está fora da política, o problema está na política. Qual é a regra que você faz para responsabilizar quem ganha uma eleição, quem promove uma eleição com ódio e desinformação? Isso daí não é o PL de IA que vai fazer. Esse daí é o PL fake news que a gente precisa, urgentemente, voltar a discutir”.
Cristina não acha que se possa pensar ainda em regulação. “A gente não sabe nem a dimensão do problema direito. A gente quer escrever um texto e fazer uma lei e resolver um problema através de uma legislação sobre algo que a gente não entende de todo e que a gente sequer consegue definir por escrito. E isso dá um certo pânico. Esse Congresso ultra mega polarizado que vai decidir o que pode e o que não pode guiar (a IA)? A gente realmente acredita que aqueles que estão lá não querem usar as leis que eles mesmos estão fazendo para os próprios proveitos ou para as próprias defesas?”, perguntou.
“Inteligência Artificial na educação e no mundo do trabalho” foi o tema da Mesa Especial 2 do Festival do Conhecimento da UFRJ, na terça-feira, 27 de agosto. O ex-reitor e diretor do Instituto de Economia, Carlos Frederico Leão Rocha, mediador do debate, expôs sua preocupação em relação ao impacto que a tecnologia pode ter nos empregos e salários. Ele comparou o momento atual ao movimento dos operários que quebraram as máquinas que o substituíram, no século XVIII/XIX (o movimento ludista), ao surgimento da IA no século XXI.
Segundo Leão Rocha, o momento atual apresenta uma característica que se assemelha ao surgimento do movimento ludista. “Você tem elevados ganhos de produtividade e salários estagnados. Ou seja, você está aumentando a produtividade mundial, mas essa produtividade não está sendo repassada aos salários. O que aumente a desigualdade de renda. Isso pode criar muita revolta. Mas o que marca o movimento ludista e o que marca agora é a destruição de muitos postos de trabalho. E também temos um rebote na educação”.
O mediador provocou os debatedores Gil Santos, Lucas Maia e Pedro Burgos com perguntas diretas em relação ao tema.
Educação
“Será que a maneira como organizamos a universidade hoje é adequada para dar resposta às novas tecnologias?”. Pergunta voltada para a educadora Gil Santos.
Ela respondeu que em relação á formação “falta uma aproximação popular e uma descomplicação do que é educar, do que é falar sobre novas tecnologias”. Gil Santos afirmou que é preciso desglamourizar o IA, facilitar essa educação. “Até para dizer se não nos serve, a gente tem que saber o que está acontecendo. O primeiro passo ou maneia de chegar lá como academia, como escola, como centros de aprendizagem, como educação popular é trazer esse diálogo para a mesa. Mesas diferentes, de casa, do bar, e falarmos de forma direta e simples sobre os acontecimentos do mundo.”
Informação
“Qual o impacto que você vê sobre o mercado de trabalho do jornalista e a inteligência artificial?” A pergunta foi direcionada a Lucas Maia, diretor de Tecnologia da Agência Tatu de Jornalismo de Dados.
Na avaliação do jornalista o impacto que ele percebe no mercado de jornalismo não é o jornalista estar perdendo o emprego para a IA, mas a super exploração. “A IA tem forçado os jornalistas a trabalharem cada vez mais, afinal ele tem ali o ChatGPT que vai ajudá-lo a produzir muito mais rápido. Só que sem treinamento adequado, as pessoas acabam transformando o que pode ser uma ferramenta de auxílio em uma tecnologia que pode produzir uma história falsa, por desconhecimento do que esse tipo de tecnologia é capaz de apurar”.
Lucas disse que mais do que o impacto no mercado de trabalho jornalístico é como a sociedade tem acesso a informação de qualidade. “Se eu não tenho mais o profissional de jornalismo que é o que media a informação, apura, verifica sua veracidade, essa informação pode sofrer pelas próprias falhas concernentes a uma inteligência artificial”. O perigo para o jornalista é a IA fazer de uma mentira a mais pura verdade. “Uma mentira que parece muito verdade. A IA é boa em imitar o jeito que a gente escreve”, alertou.
Trabalho
“Será que o ritmo que nós vamos perder emprego vai ser maior ou menor do que o ritmo de criação de novos empregos pelas tecnologias emergentes?” O questionamento foi a Pedro Burgos, colunista de IA no Investnews.
O especialista, que levantou dúvidas sobre essa dualidade, fez uma comparação com o número de cavalos que tinha em Nova Iorque na virada do século XX e toda a indústria que girava em torno deles — carruagens, cuidadores, fábricas, ferragens, etc., que desapareceu com a chegada dos carros.
“Tinha 150 mil cavalos em Nova Iorque na virada do século XX e tinha toda uma indústria: dos criadores, das pessoas que limpavam as ruas, cuidavam dos bichos, ferragens, etc., mas quando chegaram os carros essa indústria desapareceu. Essas pessoas foram recolocadas na indústria dos carros, viraram taxistas, mecânicos. A nova tecnologia permitiu essa transição. Atualmente existem 80 cavalos m carruagens em Nova Iorque. A dúvida é se nessa analogia nós somos aqui os trabalhadores da indústria de cavalos que foi para a indústria de carros ou se nós somos os cavalos que deixaram de ter a utilidade”, propôs como reflexão.
“Vários dos empregos que foram criados pela internet já desapareceram. Eu tenho muitas dúvidas se essa revolução vai trazer muitos empregos para pessoas que são treinadas com o IA. Acho pouco provável que essas tecnologias tragam mais gente para trabalhar, porque vai ter um número pequeno de cientistas trabalhando em grandes empresas que vão fornecer tecnologia que todo mundo vai usar. Para mim, a IA dará na verdade valor a outros tipos de trabalho, como os ligados ao meio ambiente. São revoluções concomitantes”, acrescentou.
IA no mundo
O avanço da Inteligência Artificial prevê impactar 40% dos empregos em todo o mundo, conforme indicado por um relatório recente do Fundo Monetário Internacional (FMI). A pesquisa revela que, nas economias avançadas, aproximadamente 60% dos empregos podem sofrer influência da IA. Em mercados emergentes e países de baixa renda, as proporções são de 40% e 26%, respectivamente.
Segundo a pesquisa, dos quase 40% dos empregos globais suscetíveis à IA, metade deverá se beneficiar com o uso dessa tecnologia resultando em aumento de produtividade. Já para a outra metade, as ferramentas de inteligência artificial assumirão tarefas atualmente desempenhadas por seres humanos, potencialmente reduzindo a demanda por trabalho e levando a salários mais baixos, além de menos contratações. Em situações mais extremas, alguns desses empregos podem até mesmo desaparecer.
• Os recorrentes problemas de comunicação que têm dificultado as ligações telefônicas para o Sintufrj são provocados por fatores externos – de responsabilidade da operadora que nos presta o serviço.
• Lamentamos os transtornos, agradecemos a compreensão e informamos que estamos pressionando para que a adversidade seja sanada o mais rápido possível.
A saudação do coordenador-geral do Sintufrj Esteban Crescente ao Festival do Conhecimento da UFRJ, que começou nesta terça, 27, e segue até dia 30 de agosto, fez parte da programação de abertura do evento. Outras manifestações institucionais em vídeo destacando a importância do tema: “Inteligência Artificial para o Sul Global”, também foram exibidos.
Esta é a quarta edição do Festival do Conhecimento e acontece no histórico prédio da UFRJna Avenida Rui Barbosa 762, no Flamengo, onde funcionou a Casa do Estudante e atualmente abriga o Fórum de Ciência e Cultura. A programação está sendo transmitidas ao vivo pelo canal Extensão UFRJ no Youtube, como as lives propostas por estudantes, técnicos-administrativos e estudantes.
A programação consta de mesas temáticas, oficinas, uma feira de tecnologia e inovação e de gastronomia. O festival é organizado pela Pró-Reitoria de Extensão da UFRJ (PR-5), tendo à frente mais de 20 técnicos-administrativos em educação. A escolha do tema teve por objetivo esquentar o debate na comunidade universitária sobre a produção do conhecimento versus a inteligência artificial, cujo resultado esperado ao final do evento é que se tenha mais conteúdo para uma análise crítica sobre a IA.
Participação da categoria
Na sua saudação em vídeo, o coordenador do Sintufrj chamou a atenção para a importância dos técnicos-administrativos na realização do festival desde o seu início. Sobre o tema, afirmou: “Tomando emprestado a crítica do neurocientista Miguel Nicolelis, inteligência artificial por si só é um termo que pode ser usado para submeter e subjugar trabalhadores e trabalhadoras à condição de trabalho de maior exploração, o que vem ocorrendo mundo afora”. Na visão do Sintufrj expressa por Esteban Crescente, o grande desafio colocado para a sociedade é como usar ferramentas de avanço tecnológico para melhorar a condição de vida e de trabalho das cidadãs e cidadãos do mundo.
Com a crítica ao ambiente onde os algoritmos ditam as regras ou onde o perfil de cada pessoa pode ser controlado pelos interesses de grandes grupos econômicos, Esteban ressaltou que é preciso um conteúdo que seja a favor da classe trabalhadora.
Consenso nas análises críticas
O Festival do Conhecimento da UFRJ foi prestigiado pelos três segmentos que compõem a comunidade universitária e por personalidades acadêmicas de outras instituições. O reitor Roberto Medronho saudou a iniciativa da PR-5 e reafirmou a importância do papel da universidade para as transformações necessárias no país. Ele aproveitou o tema em debate para anunciar a criação de um Grupo de Trabalhosobre inteligência artificial, com grandes nomes de pesquisadores de diversas áreas da UFRJ. A primeira reunião do GT já tem data: 2 de setembro.
“Nós precisamos estar atentos aos usos e aos abusos da inteligência artificial, que tem que vir para ajudar a mudar esta nossa realidade. O presidente Lula, na quinta conferência nacional de ciência e tecnologia, foi muito claro ao dizer o seguinte: se a inteligência artificial trouxer o desemprego, ela não é inteligente, ela é burra, e foi amplamente aplaudido”, disse o reitor.
Segundo Roberto Medronho, o tema é uma das questões cruciais e adiantou sobre a criação de um curso de bacharelado, que vai começar o mais breve possível, integrando várias áreas do conhecimento, como de ciência e tecnologia, humanidades e cultura, ligado à transformação digital.
e a vice-reitora, Cássia Turci, a pró-reitora de Extensãoe , coordenadora do Festival do Conhecimento Ivana Bentes, e outros pró-reitores e superintendentes, Christine Ruta, coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura e a representante do ministério de Ciência Tecnologia e Inovação )MCTI), Eliane Azambuja, compuseram a mesa de abertura que já antecipou aspectos do debate.
A superintendente adjunta da Superintendência Geral de Ações Afirmativas,Cecília Izodoro, apontou aspectos críticos e positivos da tecnologia, que invadiu a vida de todos e permitiu se verificar o quanto de erro pode produzir. Ela concluiu afirmando que o momento é também de celebrar a potência das IAs ou máquinas de aprendizagem, como prefere se referir lembrando a nova tecnologia.
“Black Mirror”
A pró-reitora de Extensão e coordenadora do Festival do Conhecimento, Ivana Bentes,classificou a inteligência ancestral como ainda sendo uma caixa preta para sociedade, “uma bolha em crescimento”. Segundo ela, do apoio entusiasmado que demos á culturadigital, temos agora a oportunidade de sermos mais críticos e cuidadosos em relação a inteligência artificial, pelos riscos já anunciados. E citou como exemplo a possibilidade de uma ferramenta de pesquisa criar uma resposta sem muita precisão, ou obras plausíveis mas nem sempre verdadeiras.
O “Black Mirror” chegou ao nosso cotidiano”, alertou Bentes, referindo-se a uma série de ficção científica que faz referência às telas de smartphones e computadores, e que chama a atenção para como os recursos tecnológicos podem afetar a vida das pessoas.
A pró-reitora fez questão de registrar que o Brasil voltou a ser vanguarda na discussão do marco regulatório — tema que, aliás, será abordado numa das mesas do festival pela representante do MCTI Eliana Azambuja –, depois do atraso imposto pelo governo passado de discursos de ódio e fake news.
Também compôs a mesa de abertura do festival a vice-reitora, Cássia Turci, Christine Ruta, coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura, pró-reitores e superintendentes e a representante do ministério de Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI), Eliane Azambuja.
A pauta da reunião do GT Mulher Sintufrj nesta quinta-feira, 22, mobilizou cerca de 20 companheiras. Por mais de três horas, em uma roda de conversa no Espaço Cultural da entidade, elas trataram de temas que fazem parte da realidade feminina numa sociedade onde o machismo prevalece nas relações entre os casais e no trabalho, e a violência doméstica, o abuso sexual de crianças e adolescentes e o feminicídio cresce em proporções inimagináveis.
Todo tempo dedicado ao debate teve por objetivo levantar questões para o documento que será entregue às candidatas da UFRJ a um cargo eletivo nas eleições de outubro, em uma reunião do GT, em setembro. “O que a gente espera das mulheres na política?” Essa foi a pergunta que norteou a roda de conversa e abriu espaços para trocas de informações e experiências, na formulação de propostas. Por meio do grupo no whatsapp, as servidoras finalizarão o texto.
Propostas
De acordo com as sugestões discutidas na roda de conversa, entre as propostas às futuras parlamentares deverão constar: “O que elas (as eleitas) podem fazer para aperfeiçoar a Lei Maria da Penha, garantir a segurança das denunciantes e que as Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (Deams) sejam comandadas por delegadas?”
E mais: que as clínicas de família tenham especialistas no atendimento às mulheres, como também devem atuar para acabar com a violência obstétrica, cujas principais vítimas são mulheres negras e mulheres pobres; garantir atendimento continuado para adolescentes e jovens com deficiências após término da fase de habilitação ou reabilitação; garantir a saúde das trabalhadoras no serviço público e educação sexual nas escolas.
Um ponto que o GT Mulher também quer discutir para propor no documento às candidatas, é em relação as punições dadas aos homens que praticam violência contra as mulheres.