MEC fará recomposição de R$ 400 milhões do orçamento das universidades, segundo ministros. Anuncio do governo é feito na véspera de uma grande manifestação nacional em defesa da educação que aqui no Rio tem concentração marcada para as 16h na Candelária na quinta-feira, dia 29

COM AGÊNCIA BRASIL

O pró-reitor de Planejamento e Finanças da UFRJ, Helios Malebranche, disse que a recomposição orçamentária das universidades e institutos federais anunciada na manhã desta terça-feira (27) não acaba com o contingenciamento, mas representa uma melhora: fica sem efeito o decreto 12.448 de 30 de abril que determinava a liberação mensal de apenas 1/18 do orçamento e é retomado a liberação de 1/12 mensalmente.

A alteração no orçamento das instituições federais de ensino foi anunciada numa reunião no Palácio do Planalto  sem a presença do presidente Lula — que foi diagnosticado com labirintite.

O anúncio da recomposição de R$ 400 milhões no orçamento de 2025 foi feito a reitores pelos ministros da Educação, Camilo Santana, e da Fazenda, Fernando Haddad. Além disso, R$ 300 milhões que estavam retidos por decreto serão liberados.

De acordo com o ministro da Educação, ao passar pelo Congresso Nacional, o orçamento dessas instituições sofreu um corte de R$ 340 milhões em relação ao que foi encaminhado pelo governo.

Além disso, segundo Santana, o congelamento de R$ 31,3 bilhões de gastos não obrigatórios do Orçamento de 2025, anunciado na semana passada, não afetará as instituições federais de ensino.

MINISTRO CAMILO SANTANA anuncia “recomposição orçamentária” para instituições federais de ensino.

 

Cinco milhões de africanos sequestrados no Brasil, o último país do continente a abolir a escravidão

“O Brasil foi o principal destino dos africanos escravizados para as Américas e o último país do continente a abolir a escravidão, em 13 de maio de 1888, dois anos depois de Cuba e mais de 20 anos depois dos vizinhos”. Com essa informação o intelectual e militante Carlos Alberto Medeiros, iniciou a sucinta retrospectiva sobre a trajetória dos negros sequestrados da África nas terras brasileiras, e transformou a rotineira reunião híbrida do GT Antirracismo da entidade, na quarta-feira, 21 de maio, em uma profícua aula de história. O palestrante falou via internet.

 

“Estimativas indicam que teriam vindo 10 milhões de escravizados para as Américas, destes, 5 milhões para o Brasil. Portanto, a escravidão é um fenômeno muito presente em todas as regiões do país, principalmente acompanhando os ciclos da economia brasileira, como do ouro, da cana de açúcar e do café. Todos esses ciclos se basearam na escravidão de africanos”, acrescentou o estudioso.

 

Carlos Alberto Medeiros é ex-aluno de graduação da Escola de Comunicação da UFRJ (ECO) e de doutorado em História Comparada no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS). É mestre pela UFF em Ciências Jurídicas e Sociais, tradutor e autor do livro “Na lei e na raça: relações sociais Brasil-Estados Unidos”. Seu campo de atuação preferencial é com os temas preconceito, discriminação e racismo no Brasil e no mundo.

“Não tive professores negros na ECO/UFRJ. Havia um na faculdade, Muniz Sodré, mas não tive aulas com ele. Na verdade, não tive professores negros no primário e no ginásio. Curiosamente, isso só ocorreu na Escola de Aeronáutica, quando fui cadete, e em plena ditadura. Na universidade, isso só viria a ocorrer no doutorado em História Comparada no IFCS, e que se tornaram meus orientadores: Wallace de Moraes e Flávio Gomes”, disse. Medeiros foi aluno da ECO de 1969 a 1972.

 Plateia

Nesse dia, além das trabalhadoras e trabalhadores, a plateia no Espaço Cultural da entidade foi composta pelos alunos da disciplina Fundamentos da Capoeira, da Escola de Educação Física e Desportos  da UFRJ, por orientação da professora e pesquisadora do Departamento de Lutas, Livia Pasqua.

O convite foi feito pela técnica-administrativa da Secretaria de Extensão do Instituto de Geociências (IGEO) e mestranda do Programa História da Ciência e das Técnicas Epistemológicas, Rosi da Cruz.

Um histórico de revoltas (box)

Segundo Medeiros, houve muitas revoltas dos escravos país afora, especialmente nas regiões onde era mais intensivo o uso da mão de obra escravizada, surgindo os quilombos (comunidades de escravos fugitivos que se estabeleciam em áreas isoladas e criavam suas próprias sociedades), que em outros países da América Latina são chamados de palenques e marrons. O mais importante quilombo brasileiro foi o de Palmares, que durou cerca de cem anos, localizado na Serra da Barriga, atualmente estado de Alagoa, construído em 1655. Contava com o maior exército antes das guerras da independência – 5 mil a 9 mil homens –, e uma população de 20 mil pessoas. “Zumbi dos Palmares foi o grande líder e a data da sua morte, 20 de novembro, se transformou em feriado nacional: o Dia da Consciência Negra”, destacou o palestrante.

Apesar das lutas de resistência, o principal fator da abolição da escravidão chegar ao Brasil foi a Revolução Industrial, que começou na Inglaterra na metade do século XVIII, a partir da máquina a vapor. “A máquina a vapor não apenas substitui o trabalho humano, como aumenta, exponencialmente, o número de artigos colocados no mercado e em função disso a necessidade de expandir os mercados consumidores para que esses produtos não ficassem condenados a prateleiras dos estabelecimentos. Por isso a Inglaterra exerce pressão sobre o governo do Brasil para primeiro, abolir o tráfico de escravizados e depois a escravatura”, explica.

Surgimento dos movimentos

 

Foram tempos de muitas tensões e injustiças. “Pessoas que não podiam mostrar vínculo de emprego eram presas, e essa era exatamente a condição de ex-escravizados que não encontravam espaço no mercado de trabalho. A partir disso, tem início uma nova fase da luta dos negros para melhorar a sua posição na sociedade, para eliminar a discriminação. Começam a surgir os movimentos, organizações e entidades, também uma imprensa negra, e os clubes de negros, que eram associações criadas para os negros pudessem ter seus espaços de lazer, divertimento e de encontro”.

 

Na avaliação de Medeiros, a Frente Negra Brasileira, fundada em São Paulo em 1931, foi a principal organização pós-escravidão por oferecer multiplicidade de atividades. A FNB tinha e filiais em outras cidades e estados, e chegou a ter 8 mil membros. “Ali se fazia não apenas atividades político e ideológico, mas de clube de dança, grupos de teatro, jovens iam lá para se encontrar e também havia  prestação de atendimento médico-odontológico. As pessoas eram estimuladas a se inscreverem como eleitores – nessa época o voto não era obrigatório”.

 

Um partido negro

 

Em 1936, a frente vira um partido. “Nós tivemos um partido político negro no Brasil até 1937, quando houve o golpe do Estado Novo, que durou até 1945, e fechou a frente e todos os partidos políticos. Na década de 1940, foi fundada uma grande organização, o Teatro Experimental do Negro, em 1945, sob liderança do grande intelectual, militante do movimento negro no século XX, talvez um dos grandes e todos os tempos, o Abdias Nascimento. O objetivo era, ao mesmo tempo, proporcionar a atores negros a possibilidade de exercer os papéis principais, que era absolutamente impossível na época, e também contribuir para conscientizar a sociedade brasileira, particularmente a população negra, sobre a questão racial”.

 

OLHO

“Até essa época, o grande inimigo — e continuou sendo por algum tempo –, o grande obstáculo a qualquer avanço na área da questão racial no Brasil não era uma força armada, uma polícia; era uma ideologia, que depois foi denunciado como farsa da democracia racial. A ideia de que nós não tínhamos um problema racial no Brasil. Pessoas falavam que não havia preconceitos de cor, mas elas eram exceções, não representavam a alma da sociedade brasileira”.

 

 

Pesquisa da Unesco

 

Essa realidade começou a melhorar um pouquinho no início da década de 50, lembra o especialista no tema, em função de uma pesquisa da Unesco encomendada com o objetivo de mostrar a realidade racial brasileira. Trabalho que envolveu alguns dos principais sociólogos da época, como Florestan Fernandes, Otávio Ianno, Alberto Guerreiro Ramos, Darcy Ribeiro, Fernando Henrique. Segundo Medeiros, também contribuiu para o despertar de uma consciência os crimes raciais praticados na Segunda Guerra Mundial.

 

“O resultado da pesquisa confirmou a ideia de que os negros no Brasil tinham sim problemas, não no nível do que havia nos EUA ou na África do Sul, que recentemente adotara o regime Apartheid. Na década seguinte, a gente tem o golpe de 64, que logo nas suas primeiras ações colocou o problema racial entre as questões de segurança nacional.

 

Políticas afirmativas

mudam o cenário

“Digo que o grande avanço que obtivemos quanto à questão racial foram as políticas de ação afirmativa, que não só mudaram significativamente a paisagem humana de nossas universidades públicas, mas — o que considero ainda mais importante — obrigaram a sociedade brasileira a discutir esse tema, tradicionalmente rejeitado tanto à direita quanto à esquerda do espectro político. Hoje ele está quase que diariamente presente em nossa imprensa escrita e televisada, com reflexos que incluem desde a agora frequente punição aos perpetradores de atos racistas até o aumento do número de repórteres e âncoras negros, e da presença de personagens negros como protagonistas na publicidade e nas novelas”, conclui Medeiros.

. Veja no Youtube do Sintufrj a palestra completa do especialista

IMAGEM DO CAIS DO VALONGO, onde escravizados desembarcavam

 

 

Em abril de 1997, há 28 anos, Sebastião Salgado – que morreu nesta sexta-feira (23) – foi personagem central de um evento inédito organizado pelo Sintufrj no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS): durante 7 dias, a exposição Terra/Sebastião Salgado/MST reuniu além do grande fotógrafo, personalidades como o escritor José Saramago, Celso Furtado, Herbert de Souza (o Betinho), Plínio de Arruda Sampaio e Gilmar Mauro, dirigente nacional do Movimento dos Sem Terra. O evento foi abrigado no IFCS: exposição no pátio interno, debates nas escadarias em frente ao Largo de São Francisco.

Além das imagens expostas, Sebastião Salgado lançou seu livro-catálogo, com texto de apresentação de Saramago. O livro foi descrito como “uma crônica visual do MST”. Foi um outono diferente para o Sintufrj num evento que teve a marca da adesão do sindicato ao projeto de solidariedade ao MST subscrito por Salgado, Saramago e Chico Buarque de Holanda na luta pela reforma agrária: terra para todos: plantar, viver e colher. Reforma Agrária que até hoje não chegou. Essa atmosfera de busca por justiça envolveu centenas de pessoas atraídas pela exposição e pelos debates.

“JÁ FOTOGRAFEI MAIS DE 100 PAÍSES. E DIGO A VOCÊS QUE CERTOS CAMPOS DE REFUGIADOS SÃO MAIS CONFORTÁVEIS DO QUE VÁRIOS ACAMPAMENTOS DOS SEM-TERRA QUE CONHECI NO BRASIL”, Sebastião Salgado.

SEBASTIÃO SALGADO, HERBERT DE SOUZA E JOSÉ SARAMAGO no debate organizado pelo Sintufrj. Imagem da Revista Projeto Memória, de 2014, que registra a exposição

Instituto Terra anunciou morte do fotógrafo em Paris

Fotos: Agência Brasil e Sintufrj

   

“Com imenso pesar, comunicamos o falecimento de Sebastião Salgado (aos 81 anos), nosso fundador, mestre e eterno inspirador”, informo nesta sexta-feira, 23, o Instituto Terra, fundado por ele e sua esposa. Salgado foi, como lembra a nota do instituto, “muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora”.

Segundo o site Brasil de Fato (BdF) o fotógrafo, que morava em Paris, na França, deixa dois filhos, Juliano e Rodrigo, e dois netos, Flávio e Nara e enfrentava complicações de saúde decorrentes de uma malária contraída nos anos 1990.O fotógrafo iniciou sua carreira em 1973 e desenvolveu projetos em mais de 100 países. Uma de suas obras mais conhecidas e importantes foi uma série de imagens em preto e branco de Serra Pelada, local de mineração de ouro na Amazônia, na década de 1980.

“Ao longo da carreira, Salgado demarcou posição ao lado da luta por dignidade das trabalhadoras e trabalhadores. Com sua câmera consagrada, documentou a luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em diversos momentos diferentes, como na ocupação da fazenda Giacomet-Marodin, no Paraná, e no triste episódio do massacre de Eldorado de Carajás, no Pará. Em diferentes oportunidades, manifestou seu apoio e solidariedade ao movimento”, registrou o BdF, .

“O MST é um movimento de ocupação desse espaço vazio, para dar vida e sentido a essa terra. Eu o vejo como um elemento necessário tanto para a ecologia como para o lado social, da redistribuição de renda”, afirmou, à época do lançamento de seu livro Terra, que retrata a luta pela reforma agrária no Brasil nos anos 1990.

Sintufrj organiza, em 1997 Exposição Terra, no IFCS

 

Essa foi uma das fotos cedidas por Saramago para a exposição do Sintufrj. Ao lado dela, imagem da Revista Projeto Memória, de 2014, que regista a exposição organizada pelo Sindicato no IFCS em 1997.

“Terra”, livro com fotos de Sebastião Salgado, prefácio do escritor português José Saramago e o CD com músicas de Chico Buarque de Holanda foi lançado em 1997.  Houve exposições de fotos em todos os estados do Brasil e em mais de 40 países. As fotos, o livro e o CD tiveram seus direitos autorais doados para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). No Rio, o Sintufrj organizou o lançamento que foi no IFCS.
Lula exalta inconformismo do ativista

Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte do fotógrafo e disse se sentir profundamente triste. “Seu inconformismo com o fato de o mundo ser tão desigual e seu talento obstinado em retratar a realidade dos oprimidos serviu, sempre, como um alerta para a consciência de toda a humanidade”, afirmou, conforme registrou a Agência Brasil. “Sua obra continuará sendo um clamor pela solidariedade. E o lembrete de que somos todos iguais em nossa diversidade”, completou Lula.

 

 

O governo respondeu um NÃO para todas as pautas colocadas relacionadas ao cumprimento do Acordo de Greve na reunião de agora há pouco em Brasília. Dirigentes da Fasubra deixaram o MGI indignados e fizeram o relato para a massa de servidores que está em Brasília para justamente pressionar o governo. O único ponto que o MGI aceitou, de acordo com a Fasubra, foram as regras de transição, um ganho da categoria que pressionou os reitores. Trabalhadores da UFRJ estão em Brasília integrando a caravana organizada pelo Sintufrj. Esses companheiros estão na capital federal com trabalhadores de outros estados para mostrar a disposição de luta dos técnicos-administrativos em defender o Acordo de Greve.

INFORMAÇÕES COM MAIS DETALHES AO LONGO DO DIA

 

MANIFESTAÇÃO DIANTE DO MGI, EM BRASÍLIA. Trabalhadores da UFRJ presente

Técnicos, professores, estudantes e pacientes participaram de manifestação na defesa do Instituto de Psiquiatria da UFRJ na manhã desta quinta-feira (22), no campus da Praia Vermelha. O instituto pede socorro diante da asfixia financeira que dificulta até a aquisição de medicamentos. Até que a situação seja resolvida, todas as quintas-feiras (como na próxima, dia 29), eles vão ocupar um trecho da Avenida Venceslau Brás em frente ao campus da Praia Vermelha, para dialogar com a sociedade e denunciar a situação do instituto.

O Sintufrj está em apoio direto ao movimento da comunidade e na manifestação de hoje foi representado pelo coordenador-geral Francisco de Assis

 

 

 

 

Na segunda-feira, 26 de maio, às 9h, na Sede do Sintufrj, a Comissão Interna de Supervisão (CIS) da UFRJ realiza sua primeira reunião. Os 14 titulares e sete suplentes foram eleitos em março em processo institucional tendo o apoio logístico e a fiscalização do Sintufrj (Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Nesta reunião ocorrerá a apresentação dos integrantes eleitos tendo os companheiros como primeira tarefa a construção de uma agenda de atividades.

A CIS na UFRJ tornou-se uma realidade após 17 anos de espera graças ao empenho do sindicato em fazer valer sua efetividade diante do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação (PCCTAE). Essa comissão acompanha e fiscaliza a aplicação do PCCTAE na instituição. Assim, a repercussão dos avanços conquistados para a carreira nos contracheques e no dia a dia do nosso trabalho na UFRJ, dependem da atuação precisa dos eleitos para a CIS.

Conquista

A CIS nas Ifes é uma conquista de 2005. Foi criada para garantir a implantação correta do PCCTAE e seus avanços, como, por exemplo, as conquistas contidas no atual acordo de greve em vigor desde 10 de janeiro de 2025 e as futuras. Ela faz parte da estrutura  Comissão Nacional de Supervisão da Carreira (CNSC).

A campanha salarial de 2025 já começou, e a implantação integral do acordo está sendo cobrada pela Fasubra. Os sindicatos de base, através da CIS, acompanham as pendências ainda em discussão com o governo e estão cobrando das reitorias o que administrativamente já pode ser feito.

Os membros eleitos para a CIS têm que atuar conforme o disposto no art. 22 da Lei nº 11.091/2005, garantindo a transparência e a efetividade das ações previstas no plano de carreira, cujos objetivos são contribuir para o desenvolvimento institucional e para o aprimoramento dos servidores técnico-administrativos em educação.

 

 

 

Num ambiente de resistência que alcança a UFRJ diante da asfixia de recursos, dirigentes do Sintufrj participaram nesta quinta-feira (22) de reunião plenária da comunidade universitária do Instituto de Ginecologia que passa por crise financeira grave. Ficou acertado ato de protesto para a próxima quarta-feira (28) como forma de fazer frente a esta situação.

Na reunião do IG, Esteban Crescente e Marli Silva, coordenadores do sindicato, traçaram um diagnóstico das dificuldades das unidades de saúde da UFRJ, especialmente as que estão fora da Ebserh que ficaram numa espécie de limbo, sem matriz de financiamento. Os dois dirigentes mostraram como a crise atinge os hospitais da rede da universidade.

A situação do Instituto de Psiquiatria e da Neurologia e até de hospitais que estão administrados pela empresa, como o principal deles, o HUCFF, no qual faltam insumos, foram expostas. O caminho, destacou Esteban, é a mobilização. O Sintufrj defendeu a realização de uma reunião emergencial com a reitoria para buscar uma solução para o quadro sem precedentes de problemas que afeta os hospitais.

Esteban Crescente observou a necessidade de pressão sobre o governo que acaba de baixar uma portaria que vai reduzir em 60% o orçamento das universidades federais até novembro. E informou na plenária da Ginecologia que a mobilização inclui manifestação nacional dos estudantes na próxima semana para denunciar ao país o corte de verbas que compromete o funcionamento das instituições federais de ensino e seus hospitais.

 

 

 

 

Depois da manifestação na sessão do Conselho Universitário desta quinta-feira, dia 22, estudantes realizaram ato no bloco A do Centro de Tecnologia, conversando com estudantes que estavam na fila do Bandejão.

Depois, seguiram em passeata até o sinal em frente a Faculdade de Letras, na pista em direção a Ponte do Saber, paralisando o transito e deixando apenas uma das pistas livre.

Com palavras de ordem, uma grande faixa e muitos cartazes, eles protestavam contra a gravidade da crise orçamentária que já vem deixando estudantes sem aulas em diversos cursos. 

Luciana Borges, representante técnica-administrativa no Conselho Universitário (Consuni), recém eleita coordenadora de Comunicação do Sintufrj, foi uma das primeiras a denunciar os efeitos da grave crise que atinge a UFRJ na sessão desta quinta-feira, dia 22, cujo expediente foi permeado de depoimentos que, além de denúncias, reivindicavam ação contundente por parte da Reitoria.

Luciana, enfermeira do IPPMG, saudou os companheiros da PR-4 que se comprometeram diligentemente com a implantação da aceleração da progressão por capacitação dos servidores e apresentou sérias demandas de companheiros de unidades de saúde. Citou o Instituto Ginecologia, do Hospital Universitário e o Instituto de Psiquiatria (Ipub). “Nós chegamos à suspensão, dia 16 de maio, da internação dos pacientes, tanto clínicos como cirúrgicos, do Instituto de Ginecologia, por conta da interrupção do fornecimento da alimentação pela empresa do Nutrinorte. Tivemos também denúncias dos profissionais do Ipub de que os pacientes ambulatoriais tiveram suspensas todas as medicações, comprometendo a saúde desses pacientes. Temos também a demissão dos últimos extraquadros do Ipub, no final de abril, sem reposição de quadros. A gente verifica o comprometimento da saúde devido a esse déficit orçamentário, impactando diretamente na saúde da nossa população”, disse ela.

A conselheira contou que estavam ali pacientes do Hospital Universitário que informaram que o aparelho usado na radioterapia está quebrado há mais de 15 dias, sem previsão de reparo. Ela lembrou que muitos pacientes vêm de outros municípios, mesmo sem tratamento são obrigados a ficar na cidade o dia inteiro esperando o transporte e nem são avisados de que o tratamento está suspenso. “Precisamos de uma intervenção imediata sobre esses cortes. Não dá mais para aguardar”, pontuou a representante.

Hospitais morrendo por asfixia

Também representante técnica administrativa, Gerly Miceli denunciou a situação crítica dos hospitais da UFRJ, Os que não ingressaram na Ebserh estão sendo asfixiados, morrendo aos poucos, por falta de recursos (o programa Rehuf foi substituído por outro em 2023, mas não chegaram mais recursos). Ela sugeriu que, pelo menos para sanar a falta de pessoal, aqueles servidores que hoje estão nos hospitais sob gestão a Ebserh e que quisessem, pudessem ser transferidos para os demais.

Mas ela também destacou os graves problemas daqueles que aderiram à empresa, “A Emergência do IPPMG,  está vivendo um caos por falta de leito, que era o que a Ebserh prometia. Com um ano de Ebserh, a Emergência está na hoje  com três crianças em respirador por conta de que não tem nem no CTI, nem nas infernarias leitos apropriados para recebe-las”, disse ela, acrescentando que no HU falta medicamentos e há até casos em que precisam ser comprados por familiares. “Porque se a adesão seria para aumentar os serviços aos usuários, aconteceu o contrário”, alertou, informando ainda que  as cirurgias cardíacas no Hospital foram drasticamente reduzidas desde outubro por falta de material como fios, grampos e cateteres , “isso é um absurdo. O HU está penando, como o IPPMG, o IPUB e a Ginecologia que também estão morrendo por asfixia”, concluiu

Logo em seguida, o auditório do bloco E do CT foi tomado por protesto dos estudantes. Com uma grande faixa e muitos cartazes, denunciavam os problemas que os cursos vêm enfrentando. Depois, realizaram ato no CT e seguiram em passeata até o sinal da Faculdade de Letras para mais um protesto.

Veja em https://sintufrj.org.br/wp-admin/post.php?post=47394&action=edit

Coordenadores e companheiros da área de saúde também presentes no Consuni distribuíram panfleto que denunciava o risco de interrupção das atividades do IPUB. Nos cartazes, estudantes denunciavam a precariedade das instalações da UFRJ com o risco de interdição de prédios.

O pró-reitor de Orçamento e Finanças, Hélios Malebranche, ilustrou com números, a gravidade da falta de orçamento que deve seguir até setembro. O pró-reitor João Torres, que presidiu a sessão, anunciou reunião dos reitores com o governo esta semana que pode gerar boas notícias.

 

 

 

A representante discente Isadora Camargo chamou a unidade da comunidade acadêmica para a construção de um dia de mobilização (no início de junho) para a realização de uma audiência pública ou assembleia comunitária para que todos possam debater a crise orçamentária e tirar ações práticas. Ela solicitou que a UFRJ apoie a convocação com a paralisação de atividades, para que todos, estudantes e servidores possam participar numa ação unitária

“É um apelo do movimento estudantil, do Sindicato. Para tomar alguma ação de mobilização geral da universidade que dê o tom de fato da crise e que a reitoria se some para de fato ter uma mudança e esta recomposição do orçamento tão necessária”.

O decano do Centro de Ciências da Saúde sugeriu também a realização de uma audiência pública com o convite a parlamentares do rio de janeiro que conhecem a importância da UFRJ  para que a sociedade possa ver de perto a situação.

Luciana Borges  apontou a urgência nas medidas que precisam ser tomadas diante da situação limite que vivem as unidades de saúde, por exemplo e que a situação precisa ser exposta para a sociedade. Ela citou reportagem sobre unidade da UFRJ em situação precária (IGEO) em que o MEC disse não ter conhecimento do que estava acontecendo. “Como não sabe o que está acontecendo com a nossa universidade? A gente precisa ser mais combativo, convocar uma assembleia da comunidade. Não adianta ficar discutindo (a pauta era sobre a divisão do orçamento participativo). Tem contas básicas que precisam ser pagas. Não vejo outro caminho se não pedir uma audiência pública para essas questões”, reiterou.

O conselheiro Milton Madeira, também representante técnico-administrativo, posicionou-se no debate sobre o Plano de Desenvolvimento Institucional da UFRJ. Servidor do campus de Macaé, Milton apontou problemas locais mas também abordou a situação dos hospitais com a Ebserh (que a universidade colocasse os instrumentos de controle abertos para a colaboração da comunidade) e que se possa avançar, “entendendo que a luta política é conjunta”.

Veja a seguir: