Petista teve oscilação positiva de 1 ponto percentual na pesquisa; entre evangélicos, alta de Lula foi de 8 pontos
Paulo Motoryn | Brasil de Fato | Brasília (DF) |
O cenário da corrida eleitoral pelo Palácio do Planalto tem sinais de estabilidade, de acordo com nova pesquisa PoderData divulgada nesta quarta-feira (25). O levantamento aponta que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a corrida eleitoral no primeiro com folga.
O petista figura com 43% das intenções de voto contra 35% de Jair Bolsonaro (PL). Na sequência, aparecem Ciro Gomes (PDT), com 5%, André Janones (Avante), com 3%, e Simone Tebet (MDB), com 2%.
O ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) foi mantido no estudo porque só desistiu de concorrer na segunda-feira (23). O anúncio, porém, já foi suficiente para o tucano cair para 1% nas intenções de voto (ele pontuava de 2% a 4% em levantamentos anteriores). O efeito geral na corrida eleitoral foi pequeno.
A nova rodada da pesquisa PoderData mostra que também que Bolsonaro ainda lidera entre os evangélicos, mas viu a sua vantagem para o ex-presidente Lula diminuir para 13 pontos percentuais.
De acordo com o levantamento, o ex-capitão soma 46% das intenções de voto no segmento para o primeiro turno das eleições de 2022. Já o petista tem 33%. Na pesquisa anterior, realizada de 8 a 10 de maio, Bolsonaro aparecia com 52% entre os evangélicos.
Segundo turno: Lula lidera com folga
O levantamento aponta Lula tem uma vantagem de 11 pontos percentuais sobre Bolsonaro no segundo turno. O petista soma 50% das intenções de voto contra 39% de Bolsonaro. Na pesquisa anterior, realizada entre os dias 10 e 12 de maio, Lula aparecia com 49% e Bolsonaro, 38%.
Em levantamentos do PoderData, Lula já esteve 25 pontos à frente do atual presidente. Os índices foram registrados no final de agosto e início de setembro de 2021. A menor diferença entre os favoritos da eleição ocorreu no último mês, e foi de 9 pontos.
A pesquisa foi realizada pelo PoderData. Os dados foram coletados de 22 a 24 de maio de 2022, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 3.000 entrevistas em 301 municípios nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95%. O registro no TSE é BR-05638/2022.
Chacina resultante da ação policial foi a terceira mais letal da história recente da região metropolitana da capital fluminense
Atualizado em 25 de maio de 2022, 12:59 – BR247
O Ministério Público do Rio (MPRJ) deu um prazo de dez dias para que o Batalhão de Operações Especiais (Bope) encaminhe os dados da averiguação sumária da operação policial que resultou na chacina de ao menos 25 pessoas na Vila Cruzeiro na terça-feira (24).
De acordo com O Globo, o prazo consta do procedimento instaurado pela 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada para investigar o caso, que teve agentes da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) envolvidos na operação.
“Pelo procedimento do MP, o comando do Bope terá de ouvir todos os policiais militares envolvidos e indicar os agentes responsáveis pelas mortes, além de esclarecer se foram lícitas as ações da polícia que terminaram em mortes na favela. A Promotoria enviou ofício ao Ministério Público Federal (MPF) para que tome as medidas cabíveis em relação aos agentes federais envolvidos na operação”, diz a reportagem.
O MP também pediu informações sobre os inquéritos relacionados à ocorrência abertos pelo Departamento-Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil e recomendou à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) a apreensão e realização de perícias das armas dos policiais envolvidos na ação
Em nota, o Ministério Público Federal (MPF) informou que irá “apurar as condutas, eventuais violações a dispositivos legais, as participações e responsabilidades individualizadas de agentes policiais federais” durante a operação.
Terra Indígena foi criada para interromper massacres, mas garimpeiros voltaram com mais força sob Bolsonaro
Murilo Pajolla | Brasil de Fato | Lábrea (AM) |
Há aproximadamente três décadas, a liderança mais influente dos Yanomami, Davi Kopenawa, encontrava pela primeira vez um grupo de garimpeiros nas terras ancestralmente ocupadas por seu povo. Pintados de preto dos pés à cabeça, os guerreiros indígenas tentavam expulsá-los pacificamente. “Queremos convencê-los com nossas palavras, não com nossas flechas”, disse o jovem aos invasores. O trecho do livro “A queda do céu”, escrito por Davi e o antropólogo francês Bruce Albert, retrata o começo de uma guerra que não terminou, nem mesmo após a demarcação da Terra Indígena (TI) Yanomami ter sido homologada pelo então presidente Fernando Collor de Mello em 25 de maio de 1992.
Com a homologação, o maior território indígena do Brasil passava para as mãos da União. A Constituição garantia aos habitantes originários o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos. Mas faltou combinar com os garimpeiros. Eles haviam sido atraídos pela própria Funai, sob a gestão de Romero Jucá (1986-88), que abriu as terras dos Yanomami à exploração da madeira e do ouro. Sucessivas operações repressivas conseguiram expulsar os invasores, mas só temporariamente.
Hoje, com Jair Bolsonaro (PL) no poder, eles voltam à TI Yanomami com força total. Desta vez, amparados pelo governo federal. “Como diz o Davi [Kopenawa], a gente está na mira da cobra grande. Nós conquistamos um espaço, o direito dos povos indígenas. E hoje a cobra grande está nascendo, cresceu e agora está tentando engolir o que nós conquistamos. Está colocando tudo na barriga dela”, diz Maurício Yekuana, diretor da Hutukara Associação Yanomami, principal organização do povo.
Assista abaixo a primeira das duas partes da reportagem em vídeo:
Políticos e empresários contra a demarcação
Evidências científicas indicam que os Yanomami vieram da Ásia, pelo estreito de Bering, há cerca de 15 mil anos. Eles decidiram morar onde os colonizadores estabeleceriam, milênios depois, a fronteira entre Brasil e Venezuela. Os primeiros contatos com não indígenas foram há mais de 200 anos, mas tudo mudou rapidamente a partir de 1940. Foi quando chegaram os missionários, os colonos, as doenças e as bebidas alcoólicas. Na década de 1980, mais massacres, dessa vez por causa do garimpo ilegal. Pressões internacionais e dos movimentos indígena e indigenista deixaram o governo sem alternativa, a não ser a proteção dos povos.
Quando foi apresentado a Collor, Davi Yanomami relata ter pedido a expulsão imediata dos mineradores ilegais. “São numerosos demais. Não tenho nem aviões nem helicópteros suficientes para tanto! Não tenho dinheiro!”, respondeu o presidente, segundo narra o líder Yanomami em “A Queda do Céu”. Davi não acreditou: “Eu trazia em mim a revolta de minha floresta destruída e de meus parentes mortos. Retruquei que com aquelas palavras tortas ele só queria nos enganar e deixar que nossa terra fosse invadida”.
O então presidente da Funai, Sydney Possuelo, relembra que no período foram demarcadas 166 novas terras indígenas. “Porém a primeira e a que mais teve custo de luta pessoal foi a Yanomami. Porque, além de pegar dois estados, Roraima e Amazonas, ela ficava na fronteira com outro país. Então já havia nisso uma certa dificuldade, pois seria a primeira terra a ser definida onde os militares diziam que era área de segurança nacional”, afirma.
Entre os não indígenas, Possuelo foi um dos principais articuladores da demarcação. Ele recorda as muitas pressões contrárias, de elites políticas locais e nacionais, além das Forças Armadas, principalmente o Exército. Enquanto isso, os Yanomami tentavam repelir o que, até então, era o maior ataque de garimpeiros já sofrido pelo povo. Os invasores, representados por políticos e empresários poderosos, eram estimados em 40 mil.
“Ainda assim havia uma situação muito clara na política contrária à demarcação. Manifestações de garimpeiros dentro de Roraima e do próprio Romero Jucá. Enfim, quase todos se mostraram contra. Tinham aliados deles no Exército e outras forças da sociedade de Roraima não queriam a demarcação”, afirma o ex-presidente da Funai.
Sob Bolsonaro, garimpo continua de onde parou
Para os Yanomami, o garimpo ainda é sinônimo de morte, fome, doenças e exploração sexual. Segundo a Hutukara Associaçao Yanomami, a praga já se espalhou por metade das comunidades. A entidade divulga frequentemente denúncias de crimes cada vez mais cruéis contra os indígenas.
Dominadas pela lógica mercantil do garimpo, as comunidades deixam de cultivar os próprios roçados, e passam a viver do pouco recurso obtido com a atividade ilegal. Com isso, alienam-se da sua própria cultura para ocupar uma posição subalterna no universo do garimpo. Em 2021, mais de 100 indígenas morreram direta ou indiretamente por causa da mineração ilegal, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT). O relatório “Yanomami sob ataque“, da Hutukara, aponta a maior invasão garimpeira da história do território.
Assista abaixo a parte final da reportagem em vídeo:
“Nos anos 80 e início de 90 teve aquela corrida do ouro na terra Yanomami. E nós estamos voltando para esse tempo. Por quê? Está tendo aumento na quantidade de garimpeiros. Está tendo interesse dos empresários, que vendem maquinário na cidade. Empresários que lucram muito com isso. Políticos partidários crescendo o olho e que financiam muito o garimpo”, constata Maurício Yakuana, da Hutukara.
O garimpo que hoje ameaça o território Yanomami, no entanto, não é o mesmo da época da demarcação. O potencial destrutivo da atividade aumentou. Mais moderno, o maquinário eleva a produtividade da devastação. Pontos de internet facilitam a comunicação entre os invasores. Segundo Yakuana, eles conseguem saber com antecedência sobre operações da Polícia Federal e do Ibama. Difícil de combater, por causa da lucratividade estratosférica, o garimpo está continuando de onde parou na década de 80.
“Na época os garimpeiros enterraram muitos maquinários pesados, coberto pela lona. E eles estão recuperando isso, quer dizer, levam as peças pequenas e restauram [as máquinas desenterradas]. Muitos pilotos aposentados foram atraídos para ganhar muito dinheiro Eles têm muita experiência de pousar onde tem uma pista pequena e levar muita carga. Dizem que a oferta para o piloto é de R$ 150 mil por mês”, revela Maurício Yekuana.
Possuelo não hesita em dizer que a situação atual é “pior do que anteriormente”. “O que acontece hoje é a mesma coisa de antes, só que mais vultosa. Naquela época, a presidência da república, o governo e todos nós estávamos empenhados em acabar com o garimpo. Vamos delimitar, demarcar e tirar esses garimpeiros. Hoje é exatamente ao contrário. A invasão nasce de uma ação do governo federal e encontra respaldo na sociedade local, nas prefeituras e nos estados”, atesta o indigenista.
Culturas ancestrais resistem
Mesmo sob intenso ataque, as ricas e diversas práticas ancestrais florescem na TI Yanomami. Onde não há garimpo, os indígenas mantêm danças tradicionais, cerimônias da roça e de inauguração das casas. Permanece a prática de caçar, pescar e coletar frutos. Ritos que passam despercebidos em meio ao noticiário que anuncia o fim desses modos de vida.
Além dos Yanomami, o território é habitado pelos Yekuana, um povo especialista na construção de canoas. Eles fazem diálogos cerimoniais e ouvem a experiência dos mais velhos. É assim que Maurício, a jovem liderança Yekuana, quer ver seus parentes nos próximos 30 anos.
“Que a vida do nosso povo seja mais tranquila, os projetos bem executados, a saúde melhore. Que sejam feitas infraestruturas de postos de saúde. E que não tenha mais contaminações dos rios. Que a natureza também se recupere e que nós tenhamos um projeto de recuperar as áreas degradadas. Espero que a nossa terra continue nos próximos 30 anos”, projeta Maurício Yekuana.
Nada do Flamengo, tudo pelo Flamengo: memórias da Torcida Jovem do Flamengo (anos 1960-1990). É a partir desse título apaixonado, inspirado em faixa que a torcida levava para o Maracanã em dias de jogo, que os pesquisadores Bernardo Buarque de Hollanda e Rosana da Câmara Teixeira narram a história de mais de três décadas de vivência da torcida. A Editora UFRJ fará o lançamento no dia 26 de maio, às 18h, na sede Gávea do Flamengo.
Ao longo do livro, os autores mostram como as rivalidades e as alianças têm dinâmicas próprias, que devem ser compreendidas com base nos desejos, anseios e representações sociais dos sujeitos que compõem a torcida, e não pelo viés pejorativo, presente muitas vezes nas narrativas da grande imprensa.
O livro está estruturado em três partes: a primeira traz entrevistas feitas com cinco líderes da Torcida Jovem, que contam causos, falam de relações com outras torcidas e lembram de figuras importantes da história da Torcida Jovem. Na segunda os autores revisitam e ampliam suas pesquisas acadêmicas para reconstituírem, à luz de seus trabalhos originais, a trajetória da torcida. A terceira e última parte do livro constrói uma Linha do Tempo em que os autores relacionam um conjunto de informações sobre a torcida, a começar por uma “Cronologia histórica”, que vai de 1967 a 2000. O livro se encerra om a “Galeria de líderes e presidentes” da Torcida Jovem ao longo de mais de cinquenta anos.
Bernardo Buarque de Hollanda é historiador, com mestrado e doutorado na PUC-Rio, professor da Escola de Ciências Sociais, da Fundação Getulio Vargas (FGV-CPDOC), e coordenador de projetos de história oral sobre a memória das torcidas organizadas no Brasil. É autor do livro O clube como vontade e re- presentação: o jornalismo esportivo e a formação das torcidas organizadas de futebol do Rio de Janeiro.
Rosana da Câmara Teixeira é antropóloga, com mestrado e doutorado na UFRJ, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (FEUFF) e autora do premiado livro Os perigos da paixão: visitando jovens torcidas cariocas e organizadora de A voz da arquibancada: narrativas de lideranças da FTORJ.
Nada do Flamengo, tudo pelo Flamengo : memórias da Torcida Jovem do Flamengo (anos 1960-1990)
Bernardo Buarque de Hollanda e Rosana da Câmara Teixeira
Editora UFRJ
290 p. 14 x 21 cm; R$ 50,00
ISBN 978-65-88388-27-3
2022
Lançamento: 26/5/2022, 18h, Sede Gávea, Av. Borges de Medeiros, 997, Lagoa, 1o andar – Hall do Museu
Detalhes do evento:
Dia(s): 26 maio Horário: 18h00 – 20h00
Local: Av. Borges de Medeiros, 997, Lagoa, 1o andar – Hall do Museu , Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 22290-160
A confirmação da inscrição é de responsabilidade do organizador do evento.
Valor: Gratuito Período de inscrição: Não é necessária inscrição Site: www.editora.ufrj.br Instituição responsável: Editora UFRJ Email do organizador: maria@editora.ufrj.br Telefone de contato: (21) 99296-6806
O Sintufrj tem nova direção a partir desta quarta-feira, 25 de maio, cujo mandato vai se estender até 2025. Os novos diretores disputaram a eleição pela Chapa 20 Sintufrj de Luta Pra Categoria superando ainda no primeiro turno as duas outras chapas em disputa
A Chapa 20 reuniu uma frente de forças que atuam no movimento da UFRJ obtendo 52% dos votos superando a Chapa 85 Ressignificar com 38% dos votos e a Chapa 10 Alternativa de Combate que obteve 9% dos votos.
O pleito, atípico, por causa da pandemia, ocorreu nos dias 18, 19 e 20 de abril, e pela primeira vez o Sintufrj usou urnas eletrônicas cedidas pelo Tribunal Regional Federal (TRE) que foram instaladas em 54 seções espalhadas pelos campi da universidade. Três mil sindicalizados foram as urnas expressar o seu voto.
A festa da posse está marcada para 14 de junho, terça-feira, no auditório do CT.
Enquanto o povo tenta se virar como pode com o aumento do custo de vida aliado ao desemprego, a tropa de choque do governo Bolsonaro empurra goela abaixo da sociedade mais uma bomba: o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 206/2019, que institui a cobrança de mensalidade nas universidades públicas.
De autoria do deputado bolsonarista general Peternelli (União-SP), a PEC estava marcada para ser apreciada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados nesta terça-feira, 24, mas foi retirada de pauta devido a licença médica do relator deputado Kim Kataguiri (União-SP), atual presidente da Comissão de Educação da Câmara.
Reação
Entidades estudantis como a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG) e a União Nacional dos Estudantes (UNE), se manifestaram contra a proposta. Deputados de diferentes partidos da oposição também protestaram nas redes sociais, e os partidos emitiram nota contrária a PEC.
A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) sugeriu que a CCJC promova audiência pública para discutir o tema, antes que o parecer seja votado. Aos gritos de “Educação não é mercadoria”, ela foi apoiada por opositores à proposta e por integrantes de movimentos estudantis que esperavam a votação da PEC no plenário do colegiado.
A sugestão de Maria do Rosário foi acatada pelo presidente da CCJC, Arthur Oliveira Maia (União-BA), e apoiada por demais membros da comissão, que agora realizará uma audiência para discutir o tema, antes de votar o parecer.
A PEC
Esta PEC prevê alterar um trecho da Constituição para estabelecer que as universidades públicas passem a cobrar mensalidades, mas garanta a gratuidade para estudantes que não tiverem recursos suficientes. O corte de renda será definido pelo Poder Executivo e caberá a uma comissão da própria universidade a análise das gratuidades, respeitando os valores estabelecidos. A PEC não detalha como este controle será feito. A proposta obteve o número de assinaturas de apoiamento necessário.
Inaceitável
A UNE, que sempre foi contra qualquer cobrança de mensalidade em universidade pública, criticou no Instagram a forma sorrateira como o projeto foi colocado para votação na CCJ e denunciou o retrocesso.
“Nós lutamos há décadas para que a universidade tivesse a cara do povo, e como retrocesso primeiro atacaram as escolas com o ensino domiciliar, agora querem atacar as universidades. Ao invés de investir na educação, o governo Bolsonaro propõe acabar com ela.”
Riscos
O PSB alerta para o risco de redução de investimento público nas universidades federais, além da falta de critérios específicos que determinem o público-alvo da cobrança e como ela seria feita.
“A Constituição Federal tem por princípio a gratuidade do ensino público como instrumento de promoção social, de desenvolvimento humano e científico do país. Criar subgrupos nas universidades, dos alunos que podem pagar e dos alunos que não podem pagar, irá criar ‘castas’ nas universidades, enfraquecendo os estudantes quando da busca por melhores condições de ensino, por exemplo”, defende o partido em nota.
O PSOL afirma que a PEC 206 pode dificultar o acesso de estudantes com menos poder aquisitivo ao ensino superior público, bem como reforça a ideia de que os gastos com educação superior pública são supérfluos.
“O projeto ignora a ampliação de cotas sociais e raciais para o ensino superior, ignora a discussão de políticas públicas a fim de viabilizar a matrícula e permanência de estudantes provenientes das classes sociais mais vulneráveis, buscando apenas criar embaraços para o regular funcionamento das instituições de ensino públicas como, justamente, órgãos públicos”, diz.
IPCA-15 desacelerou em maio, após registrar 1,73% em abril, mas é o maior índice dos últimos seis anos e a alta acumulada em 12 meses atinge 12,20%, a maior desde novembro de 2003
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor – Amplo 15 (IPCA-15), considerado uma prévia da inflação oficial, desacelerou para 0,59% em maio, após registrar 1,73% em abril, mas é a maior variação para um mês de maio desde 2016, quando o índice foi de 0,86%, segundo dados divulgados, nesta terça-feira (24), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Confira abaixo osvilões da inflação de maio e os itens que mais subiram.
O IPCA-15 acumula alta de 4,93% no ano. A alta acumulada de maio do ano passado a maio deste ano, ou seja, em 12 meses é de 12,20% e éa maior inflação anual no país desde novembro de 2003, quando ficou em 12,69%.
De acordo com o IBGE, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados oito registraram alta nos preços, a exceção foi a energia elétrica, que registrou queda de 14,09%, influenciando a leve desaceleração do índice em maio.
O motivo da queda na energia elétrica é que, em 16 de abril, passou a vigorar a bandeira verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz, após seis meses de bandeira “Escassez Hídrica”, com acréscimo de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos, em vigor desde setembro do ano passado.
Grupos que registraram alta em maio
Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram alta em maio, exceto Habitação (-3,85%) por causa da redução na energia elétrica.
Confira a inflação de maio para cada um dos grupos
. Alimentação e bebidas: 1,52%;
. Habitação: -3,85%;
. Artigos de residência: 0,98%;
. Vestuário: 1,86%;
. Transportes: 1,80%;
. Saúde e cuidados pessoais: 2,19%;
. Despesas pessoais: 0,74%;
. Educação: 0,06%;
. Comunicação: 0,50%;
Quem foram os vilões da inflação de maio
Dentre os itens e subitens de maior impacto na prévia da inflação de maio, os destaque foram para as seguintes altas:
. Remédios (5,24%);*
. Produtos de higiene pessoal (3,03%);
. Passagem aérea (18,40%);
. Gasolina (1,24%); e,
. Etanol (7,79%).
* A alta dos medicamentos é explicada pelo reajuste de até 10,89% autorizado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), por meio da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), a partir de 1º de abril.
Veja os itens que mais subiram:
. Leite longa vida (7,99%);
. Batata-inglesa (16,78%);
. Cebola (14,87%); e,
. Pão francês (3,84%).
Fortaleza é a campeã em preços altos
Todas as áreas pesquisadas tiveram alta em maio, mas a maior variação ocorreu em Fortaleza (1,29%).
Curitiba é onde foram registrados os menores reajustes
O menor resultado foi verificado pelo IPCA 15 foi em Curitiba (0,12%), onde, além do recuo de quase 18% da energia elétrica (-17,62%), houve também queda nos preços de alimentos como a cenoura (-19,88%) e o tomate (-13,72%).
Documento de militares, entregue ao vice-presidente, vaza, internautas se revoltam com proposta de acabar com a gratuidade do SUS e sobem a hashtag #Calaabocamilico
Um documento elaborado por militares com propostas até 2035, que prevê o fim da gratuidade no atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e do ensino superior, entre outras perversidades, revoltou os brasileiros e a hashtag #CalaABocaMilico foi parar entre os assuntos mais comentados do Brasil no Twitter.
Em evento realizado na quinta-feira (19) da semana passada, os institutos Villas Bôas, Sagres e Federalista apresentaram o chamado ‘Projeto de Nação, O Brasil em 2035’, um documento de 93 páginas que trata de 37 temas considerados estratégicos pelos militares. O primeiro a receber o documento foi o vice-presidente, general Hamilton Mourão.
A ideia dos militares é que, em um eventual segundo mandato de Jair Bolsonaro (PL) na presidência da República – ou a eleição de outro político de extrema direita -, a partir de 2025, o governo passe a cobrar pelo atendimento no SUS e que a classe média passe a pagar mensalidades nas universidades públicas.
Quando falamos que as eleições deste ano definirão o futuro do país, que serão as eleições das nossas vidas, é a esse tipo de proposta perversa e contrária aos interesses dos trabalhadores e trabalhadoras e da grande maioria da sociedade que estamos nos referindo, diz o secretário de Administração e Finanças da CUT, Ariovaldo Camargo.
“O que está em jogo não é só a questão de quem vai governar o Brasil e, sim, qual o Brasil que vem aí se não derrotarmos Bolsonaro nas eleições de 2 de outubro”, diz o dirigente.
“Esse governo representa o Brasil que vai cobrar por serviços de saúde e por universidade pública, como propõem os militares”, acrescenta Ariovaldo, que destaca: “A proposta não é cobrar dos ricos, e sim, da classe média que vem tendo seus rendimentos achatados, devorados pela inflação, e empobrece cada vez mais desde o golpe de 2016”.
Como disse o Sérgio Nobre [presidente nacional da CUT] no ato de 1º de Maio, “derrobar Bolsonaro nas eleições de outubro deste ano é fundamental para ressuscitar o Brasil”, recorda Ariovaldo Camargo.
O documento dos militares por um país para eles
O argumento do documento elaborado pelos militares é, segundo eles, o de “entregar um Brasil melhor aos nossos filhos e netos”. O projeto foi coordenado pelo general Luiz Eduardo Rocha Paiva, ex-presidente do grupo Terrorismo Nunca Mais (Ternuma), a ONG do coronel e torturador condenado por crimes na ditadura militar Carlos Alberto Brilhante Ustra, que afirma que o texto é “apartidário, aberto e flexível”, segundo o repórter Marcelo Godoy, do Estadão, que divulgou o conteúdo.
Além de cobrar pelo atendimento no SUS e pela unversidade pública, o texto dos militares sugere que, a partir de 2025, “o Poder Público passe a cobrar indenizações pelos serviços prestados, exclusivamente das pessoas cuja renda familiar for maior do que três salários mínimos”. O mínimo hoje é de R$ 1.212, se a medida estivesse em vigor, quem ganha um pouco a mais de R$ 3.636 já pagaria as tais indenizações propostas pelos militares
O texto também critica o dominio de esquerdidas nas salas de aula e promete resolver tudo até 2035, quando os debates políticos e ideológicos serão equilibrados, com abertura para diferentes correntes de pensamento.
Quem é Villas Bôas?
O hoje general da reserva Eduardo Villas Bôas, que está na cadeira de rodas na foto que ilustra este texto, comandou o Exército de 2014 a 2019 e trabalhou muito para eleger Bolsonaro, inclusive pressionando para manter o ex-presidente Lula, que liderava as pesquisas de intenções de voto em 2018, preso.
Corte decidiu que segurados que receberam benefícios por meio de tutela antecipada e perderam ação contra o INSS na Justiça terão de devolver o dinheiro. Especialista em previdência diz que decisão é ‘cruel’
Trabalhadores e trabalhadoras que acionaram o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) na Justiça para ter direito a benefícios e perderam as ações, terão de devolver os valores recebidos antecipadamente. A decisão, tomada pelo Superior Tribunal de Justiça (STF) no dia 11 de maio, é injusta e cruel, diz especialista em previdência.
A devolução dos recursos recebidos no período da chamada tutela antecipada vale para processos de trabalhadores que reclamam na Justiça o direito a benefícios previdenciários por incapacidade e assistenciais negados pelo INSS, e que conseguiram, por meio de liminares, o direito de receber os benefícios até a decisão final da Justiça.
Tutela antecipada é uma decisão intermediária da Justiça dada por um Juiz, que entende que há necessidade de sobrevivência, manutenção de tratamento médico, além de despesas familiares em momentos críticos em que o trabalhador perde o emprego e a renda por estar incapacitado ou inapto ao trabalho.
Ao conceder a tutela, os juízes levam em consideração a possiblidade de a decisão do INSS, de negar o benefício ao trabalhador que precisa daquele dinheiro para sobreviver, ser revertida.
“O segurado pede o benefício porque precisa. Se o Juiz concedeu essa tutela foi em função de necessidades inadiáveis. Portanto, uma decisão de outra instância coloca em risco a sobrevivência desse segurado”, afirma o pesquisador da Universidade de Brasília (Unb), Remígio Todeschini, que é especialista em Previdência.
Para o pesquisador, a decisão é um contrassenso já que o gasto desse segurado se deu para que pudesse se manter. “É também contrária à proteção social constitucional dada pelo combate persistente da pobreza no Brasil”, diz.
A obrigatoriedade da devolução, imposta pelo STJ, é injusta e cruel. Esse entendimento do STJ mostra que o Tribunal não está em sintonia com os princípios constitucionais que fortalecem o Estado Democrático de Direito e se alinha às maldades do neoliberalismo e contrária à distribuição de renda
É preciso considerar que os benefícios, entre aposentadorias e auxílios, pagos pelo INSS a mais de 30 milhões de brasileiros têm acima de tudo o propósito da proteção social e redução da pobreza no pais, diz Remígio. Segundo ele, a maior parte desses benefícios é pago em pequenos municípios, onde, habitualmente, a renda per capita é menor do que em grandes centros.
Julgamento
O STJ vinha analisando a proposta de revisão do “Tema 692”, que se refere à obrigação do autor da ação a devolver os benefícios previdenciários no caso de perda dessa ação na Justiça. O tema foi julgado em 2014, mas uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em um outro tema, o 709, entendia que valores recebidos não precisavam ser devolvidos.
Desta forma houve uma jurisprudência e cortes de todo o país seguiram o entendimento de que a devolução, caso o segurado perdesse a ação, não era cabível. No entanto, houve recursos do INSS na Justiça e o caso foi parar no STJ novamente. Contrariando o STF, o STJ decidiu pela devolução.
Insegurança
Ainda que a devolução seja limitada a 30% do benefício, milhares de segurados deverão ser penalizados já que recebem apenas um salário mínimo – hoje de apenas R$ 1.212 – e muitos já têm o orçamento comprometido até mesmo na fonte, com os empréstimos consignados, limitados a descontos de 35% do valor do benefício.
Em entrevista à Folha de SP, o advogado Fernando Gonçalves Dias, que defendeu os segurados no julgamento do ‘Tema 692’, afirmou que somadas as duas porcentagens, ‘centenas de milhares de pessoas passarão a receber em torno de R$ 460 por mês.
O advogado afirmou ainda que cabe recurso e a defesa irá recorrer da decisão do STJ.
A orientação da CUT para trabalhadores que pretendem entrar com ações contra o INSS é procurar um advogado especialista em Previdência e orientação dos sindicatos para que possa ter segurança jurídica tanto quanto ao direito ao benefício como nos casos de pedidos de tutela antecipada.