Além do prejuizo milionário para o país, plano escolhido pelo governo para descotização das hidrelétricas vai impactar nas contas de luz da população. Indústrias e grandes empresas não serão prejudicadas
Nesta quinta-feira (3), dia em que a Eletrobras tenta se recuperar de mais uma queda de suas ações na Bolsa de Valores por conta da insegurança quanto a venda da empresa, os eletricitários, os primeiros a denunciarem irregularidedes na privatização da estatal, voltam as redes para lutar por uma #EletrobrasPública.
As ações da Eletrobras voltaram a despencar ontem com a publicação de uma reportagem no Valor Econômico escancarando um “erro metodológico identificado nos estudos técnicos” referentes à venda da empresa.
O que eles chamam de erro metodológico foi detalhado pelo PortalCUT em dezembro: Falta de informações sobre a precificação da Eletrobras, das bases de cálculo do valor de contratos e a falta de estudos sobre garantias físicas das hidrelétricas da estatal.
As falhas no processo do modelo econômico financeiro da privatização da Eletrobras, projetam um prejuízo ao erário de R$ 16,2 bilhões ou mais. A sociedade só saberá o valor jogado fora quando o TCU voltar a analisar o tema, até março.
No ano passado, na última sessão do TCU, em 15 de dezembro, o ministro Vital do Rego pediu vistas. Além do preço abaixo do que a empresa vale, o ministro levantou outro pronto: aos custos com energia elétrica.
O relatório do TCU aponta que o plano escolhido pelo governo para a descotização das hidrelétricas vai impactar nas tarifas de consumidores residenciais e não sobre indústrias e grandes empresas.
Vital do Rego pediu vista, após o relator do caso, ministro Aroldo Cedraz, apresentar várias ressalvas à privatização em seu voto, inclusive sobre o valor da outorga, de R$ 23,2 bilhões.
A falha identificada por Vital está relacionada à potência das usinas hidrelétricas da empresa, o que gerou uma subavaliação no valor final da outorga.
O suposto erro elevaria em bilhões de reais o preço de venda.
Policial militar apontado como dono do quiosque Biruta, onde congolês trabalhava, foi intimado a depor
Eduardo Miranda/Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) | 3 de Fevereiro de 2022
O Levante Popular da Juventude realizou um protesto no início da manhã desta quinta-feira (3) para pedir justiça por Moïse Kabagambe, de 24 anos, congolês morto no último dia 24 após ser espancado por três homens. A ação ocorreu em frente aos quiosques Biruta e Tropicália, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Com palavras de ordem contra o racismo e contra a precarização de direitos trabalhistas que atinge a população mais jovem no Brasil, cerca de 100 integrantes do movimento popular interditaram por 15 minutos a avenida da praia da Barra da Tijuca e atearam fogo em pneus.
Em entrevista ao Brasil de Fato, Maíra Marinho, da coordenação nacional do Levante no Rio, lembrou que Moïse foi espancado durante 15 minutos e morto por reivindicar o pagamento de dias trabalhados no quiosque Biruta. O congolês, que vivia no Brasil desde 2011 na condição de refugiado, trabalhava em condições precárias, sem direitos trabalhistas.
“A ação é para denunciar o que aconteceu com Moïse aqui na Barra da Tijuca, onde ele foi brutalmente assassinado por reivindicar seus direitos enquanto trabalhador com salário atrasado. Esse assassinato não é um caso isolado, ele faz parte de uma política mais ampla de extermínio da juventude negra, simbolizada na morte da Ágatha, do João Pedro, da vereadora Marielle Franco e da vida do corpo negro no Brasil”, disse Maíra.
Durante o ato, integrantes do Levante denunciaram o crime como resultado de racismo e xenofobia e disseram que atos de violência e assassinatos passaram a ser mais fomentados no governo do presidente Jair Bolsonaro. Apesar de ser congolês, Moïse era chamado de “angolano” pelos agressores. Ele deixou a República Democrática do Congo em 2011 para fugir da violência naquele país e foi acolhido pelo Brasil como refugiado.
Precarização trabalhista
A Polícia Civil intimou para depor nesta quinta-feira (3) o policial militar Alauir Mattos de Faria. Ele é apontado por dois dos agressores como dono do quiosque Biruta, onde Moïse trabalhou. Segundo Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o policial não estava no local no momento do crime. Além de Alesson, Brendon Alexander Luz da Silva e Fábio Pirineus da Silva foram presos na última segunda-feira (1º)
O procurador da comissão de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RJ), Rodrigo Mondego, que acompanha o caso, afirmou na última terça-feira (2) que existe uma tentativa de justificar a morte de Moïse por ele estar supostamente alcoolizado, segundo os agressores, mas o que deve ser destacado, segundo o advogado, é a relação trabalhista precária do quiosque com o congolês.
O Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ) informou que instaurou Inquérito Civil para analisar a relação trabalhista entre as partes. A denúncia aponta para o possível trabalho sem o reconhecimento de direitos trabalhistas, podendo configurar, inclusive, trabalho em condições análogas à de escravo, na modalidade trabalho forçado, de xenofobia e de racismo. O Inquérito Civil corre em paralelo com as investigações criminais pelos demais órgãos competentes.
Investigação
A Polícia Civil investiga se haveria mandantes por trás do crime, que foi registrado por câmeras de vigilância do quiosque Tropicália, que fica ao lado do local onde Moïse trabalhava. O congolês chegou a trabalhar no Tropicália, mas recentemente ele prestou serviço ao Biruta e foi lá o local onde ele esteve para cobrar a dívida.
A polícia informou que o dono do Tropicália não tem nenhuma relação com a morte e colaborou cedendo as imagens de vídeo à investigação.
“Você viu o que aconteceu no Rio de Janeiro? Num quiosque na beira da praia, quando mataram um jovem do Congo com um taco de basebol? Sabe, isso não é normal. Isso não é humano”, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele se referia ao assassinato de Moïse Kabagambe, espancado até a morte, na Barra da Tijuca, em 24 de janeiro.
O congolês foi atacado com crueldade após cobrar pelos serviços que havia prestado ao quiosque. O assassinato repecurtiu nas redes sociais, com a hashtag #JustiçaPorMoise. O crime está envolto em uma série de questões estruturais do país, como banalização da violência, exploração e precarização dos direitos trabalhistas; poder das milícias, racismo e xenofobia.
O país e o assassinato
Lula afirma que a morte de Moïse é um espelho do atual momento social e político do Brasil. “Isso é resultado de um país que está sendo governado por um fascista e por muitos milicianos. Uma parte da bandidagem está governando esse país”, sentenciou o ex-presidente.
De acordo com a família do congolês, que foi recebida nesta quarta-feira (2) pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), o quiosque devia R$ 200 a Moïse. O dinheiro era essencial para o jovem, que precisava pagar o aluguel de uma casa simples na zona norte da capital fluminense, onde morava com primos e irmãos.
Movimentos sociais organizam um protesto para sábado (5). O corpo do jovem foi sepultado no último domingo (30) no Cemitério do Irajá. Moïse chegou ao Brasil aos 14 anos, em 2011, com a mãe e irmãos. Eles vieram refugiados de conflitos armados na República Democrática do Congo.
Evento acontece de 9 a 13 de fevereiro nas favelas da Zona Sul de São Paulo
FONTE: Enviado para o Portal Geledés, por Kawê da Silva Veronezi/3/2/2022
O Perifericu – Festival Internacional de Cinema e Cultura da Quebrada, evento que tem como objetivo valorizar as diferentes manifestações e processos artísticos da população LGBT+ periférica, acontece presencialmente de 9 a 13 de fevereiro. O festival, que está previsto para acontecer de forma itinerante pelas favelas da Zona Sul de São Paulo, vai contar com diferentes ativações artísticas, como apresentações musicais, mostras de curta-metragens e slam. A realização do festival é da Maloka Filmes, uma produtora criativa audiovisual TLGB+ formada por jovens periféricos de São Paulo.
“Quantos festivais de cinema você já viu na favela? Quantos festivais de artes a gente conhece que exaltam a cultura periférica? E como conciliar isso com a cultura LGBTQIA+ e preta, que também são marginalizadas na nossa sociedade? Enquanto pessoas periféricas, trans, pretas e LGBs, estamos tentando mudar a estrutura de eventos de artes no Brasil: queremos transformar desde o topo, alterando as pessoas que tomam decisões, quem trabalha no evento, quais são as corporeidades, as artes e os pensamentos valorizados ou não. E a única forma de fazer isso é construindo nós por nós, a partir das nossas tecnologias e saberes favelados”, relata Rosa Caldeira, diretor e roteirista na produtora de audiovisual comunitário Maloka Filmes.
Ocupar a periferia e produzir novas narrativas por meio de diferentes expressões artísticas quebrando estigmas consolidados nos imaginários sociais é um dos objetivos do Festival Perifericu. “A presença de corpas trans e negres nesses espaços não foi algo concedido, nós de fato rompemos as barreiras para chegar neles. Isso foi primordial pra gente conseguir enxergar o quanto esse universo dos festivais é extremamente branco, hétero, cis e elitista, ou seja, ainda que estivéssemos lá com nosso filme esses espaços não eram seguros e receptivos à nossas existência, pois na maior parte do tempo, sequer compreendiam as questões que nosso próprio filme retratava. Criar um festival é também fazer com que existam espaços seguros para celebração da nossa arte, com os nossos, gente preta, TLGB+, maloqueires. Na quebrada, que é o nosso centro”, conta Well Amorim, cineasta e um dos idealizadores do festival.
A programação do evento inclui formações, mostras de filmes, apresentações musicais, slams e debates, visando democratizar e enaltecer a cultura TLGB+ de quebrada, construindo pontes dentro das comunidades e viabilizando espaços de encontros. O evento vai acontecer de forma itinerante na Associação Bloco do Beco, Espaço Reggae e na Casa de Cultura M’Boi Mirim, esta última possui a capacidade máxima de 600 pessoas, mas por conta da Covid-19 o festival vai trabalhar com a capacidade reduzida para 150 pessoas. Além de ter como regra a apresentação da carteira de vacinação, com as duas doses da vacina e o uso obrigatório de máscara PFF2 ou N95. A presença online do festival vai acontecer por meio da plataforma Todesplay, que irá veicular os filmes on-line de 9 a 15 de fevereiro, dois dias a mais do que o período do evento.
“Nosso desafio não é só o de produzir filmes nas maiores adversidades, mas também de fomentar espaços para que as obras cheguem nas pessoas da quebrada, que elas tenham um espaço para debater e refletir sobre arte e que as outras formas de cultura de quebrada consigam existir nos espaços cinematográficos”, conta Nay Mendl, cineasta e um dos idealizadores do festival.
A iniciativa do festival é da Maloka Filmes com apoio do Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais do Município de São Paulo – VAI, Associação Bloco do Beco, SPCine, Casa de Cultura do M’Boi Mirim, Projeto Paradiso e TodesPlay.
SERVIÇO
Festival Perifericu – Festival Internacional de Cinema e Cultura da Quebrada.
Data: 9 a 13 de fevereiro
Formato: Presencial
Local: Associação Bloco do Beco, Espaço Reggae e Casa de Cultura M’Boi Mirim
Jurades: Pionner Felix Pimenta + Vita Pereira + Prince Puri Candaces
DJ Set Crash Crew: Dj Livea, DJ Alef, DJ Guxtrava + DJ Hiperativo
Categorias: Runway- APT, Joga a Raba- APT, Sex Siren- APT, Vogue Performance- APT, APT- Aberto para todes. Premiação em R$.
Sábado (12/02)
15h – Papo visão sobre fotografia + Caminhada histórico-fotográfica pelo bairro Jardim Ibirapuera
Local: Bloco do Beco + Rua
Participantes: Jennyfher Nascimento + Well Amorim e Nay Mendl – Maloka Filmes
19h – Sessão de Curtas
Local: Bloco do Beco
20h – Ensaio Bloco de Beco
Local: Bloco do Beco
Domingo (13/02)
17h – Sessão Maloka Filmes
Local: Casa de Cultura M’Boi Mirim
19h – Encerramento: Premiação com apresentação das Irmãs de Pau Local: Casa de Cultura M’Boi Mirim
20h – Show BADSISTA
Local: Casa de Cultura
21h – Show Irmãs de Pau
Local: Casa de Cultura M’Boi Mirim
21h – Exibição de fotos da caminhada fotográfica
Local: Casa de Cultura M’Boi Mirim
SOBRE O FESTIVAL
O Festival Internacional de Cinema e Cultura da Quebrada tem como objetivo valorizar as diferentes manifestações e processos artísticos da população TLGB+ periférica, que sempre existiu e segue resistindo às marginalizações e estigmas sociais.
SOBRE NAY MENDL
Nay Mendl (@naymendl) é cineasta periférico, transmasculino, graduado em Cinema pela UNILA com intercâmbio pela Universidad Nacional de Colombia, e co-fundador do coletivo Maloka Filmes. É diretor, diretor de fotografia e montador, com seus estudos voltados para as representações de corpos dissidentes e periféricos no cinema contemporâneo e busca com seu trabalho descolonizar narrativas, no corre pelo cinema favelado transvestigenere latino-americano.
SOBRE WELL AMORIM
É produtor, diretor, diretor de fotografia, apresentador, filmmaker, pesquisador e servirologista na arte de comunicar. Em 2018 apresentou três episódios da série “Explorer Investigation” da National Geographic disponível no youtube. Em 2019 fez a produção executiva e a direção de fotografia do curta-metragem premiado “Perifericu” e assinou a direção de fotografia do curta documental “Dub-Magneficente”. Também produziu e dirigiu seu primeiro longa-metragem documental, “Raízes”, que estreou na Mostra de Cinema de Tiradentes de 2020. Em 2021 foi pesquisador e assistente de direção no documentário “Tecnologias da Esperança” do GNT e assistente de direção do documentário “Motriz – Roda de afeto” da Preta Portê Filmes. Faz parte do coletivo criativo Maloka Filmes e está na produção da primeira edição do “Perifericu – Festival de Cinema e Cultura de Quebrada” com foco na valorização de pessoas TLGBs das periferias.
SOBRE ROSA CALDEIRA
Rosa Caldeira (@orosacaldeira) é diretor e roteirista na produtora de audiovisual comunitário Maloka Filmes. Cineasta trans e militante, sempre juntando ideias para atuar com cultura TLGB e periferia. Seu último curta-metragem, Perifericu (@perifericu), recebeu mais de 30 prêmios, incluindo Festival de Tirandestes e Curta-Kinoforum. É formado em sociologia e especializado pela Escuela Internacional de Cine y TV en Cuba. Busca junto aos seus um reolhar sobre a imagem de experiências transviadas faveladas em primeira pessoa.
Presidentes de dez centrais brasileiras divulgam nota criticando o governo por simular enfrentamento ao desemprego incentivando as contratações precarizadas e com baixa remuneração pelas Prefeituras
Os presidentes da CUT e outras nove centrais sindicais do país divulgaram nota, nesta quarta-feira (2), criticando o governo de Jair Bolsonaro (PL) por simular o enfrentamento ao desemprego incentivando as contratações precarizadas e com baixa remuneração pelas Prefeituras, como está previsto na Medida Provisória (MP) nº 1099.
A MP cria o “Programa Nacional de Prestação de Serviço Civil Voluntário e o Prêmio Portas Abertas” que, para os presidentes das centrais “não passa de nova manobra do governo Bolsonaro para retirar ainda mais direitos”.
“Propomos que o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, realize a imediata devolução desta nova medida precarizante. Refutaremos toda e qualquer tentativa do governo”, diz trecho final da nota.
Confira a íntegra da nota:
Contra a precarização do serviço voluntário propomos imediata devolução da MP 1099
A Medida Provisória 1099, publicada em 28/01/2022, que institui o “Programa Nacional de Prestação de Serviço Civil Voluntário e o Prêmio Portas Abertas” não passa de nova manobra do governo Bolsonaro para retirar ainda mais direitos.
Através da MP o governo simula enfrentar o desemprego incentivando as contratações precarizadas e com baixa remuneração pelas Prefeituras. Mais um golpe contra a classe trabalhadora.
O desemprego, o desalento, a inatividade e a subocupação já atingem a marca de 29 milhões de brasileiros. A taxa de informalidade passa de 43%, segundo a última publicação do IBGE. E a MP 1099, ao invés de criar empregos decentes, fomentar o desenvolvimento pleno e soberano, investir em infraestrutura e serviços de qualidade, aponta para o aprofundamento deste cenário.
No fim dos seus quatro anos, depois de todo mal que fez ao Brasil, o governo Bolsonaro tenta camuflar a miséria crescente com a criação de trabalhos precários, sem direitos e perspectivas, como se desse uma esmola para o povo a fim de ganhar os votos que precisa para se manter no poder e continuar seus males feitos.
A proposta deverá passar por cuidadoso debate no legislativo, análise, inclusive, já realizada e derrotada no mérito quando do tratamento da MP 1045 que continha conteúdo semelhante.
Propomos que o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, realize a imediata devolução desta nova medida precarizante. Refutaremos toda e qualquer tentativa do governo. Bolsonaro de prejudicar os trabalhadores, que já sofreram tanto nesta gestão.
São Paulo, 02 de fevereiro de 2022
Sérgio Nobre, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores
Miguel Torres, presidente da Força Sindical
Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)
Adilson Araújo, presidente da CTB (Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Oswaldo Augusto de Barros, presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)
Antonio Neto, presidente da CSB (Central de Sindicatos do Brasil)
Atnágoras Lopes, secretário nacional da CSP CONLUTAS
Edson Carneiro Índio, secretário geral da Intersindical Central da Classe Trabalhadora
José Gozze, presidente da Pública, Central do Servidor
Emanuel Melato, coordenação da Intersindical Instrumento de Luta
Manifestações nas capitais do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais pedirão por justiça pelo jovem
Redação/Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 2 de Fevereiro de 2022
No Rio de Janeiro, o protesto será no sábado, às 10h, em frente ao quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca (Posto 8), onde o congolês foi espancado, na madrugada do dia 24 de janeiro, por três homens até a morte após cobrar o salário atrasado de dois dias, referente a R$ 200, ao dono do estabelecimento. No último sábado (29), um protesto já foi realizado no local.
Também no sábado, uma manifestação será realizada em frente ao Museu de arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), na Avenida Paulista, na região central da capital paulista. Em Belo Horizonte, em Minas Gerais, o ato será na quinta-feira (3), às 17h, na Praça Sete.
“Eles quebraram as costas do meu filho, quebraram o pescoço. Eu fugi do Congo para que eles não nos matassem. No entanto, eles mataram o meu filho aqui como matam em meu país. Mataram o meu filho a socos, pontapés. Mataram ele como um bicho”, afirmou Ivana Lay, mãe de Moïse, ao jornal O GLOBO. O jovem chegou ao Brasil em 15 de fevereiro de 2011, com 11 anos.
“Eu vi na televisão que, aqui no Brasil, se um cachorro morrer, há várias manifestações. Então, eu quero que todo mundo me ajude com justiça. Eu não sei mais como será a minha vida. Por favor, me ajudem”, afirma.
Repercussão
Nesta terça-feira (1º), a Prefeitura do Rio informou que vai suspender o alvará de funcionamento do quiosque Tropicália, na zona oeste da capital fluminense. Administradora de diversos quiosques da cidade, a concessionária Orla Rio vai suspender a operação do estabelecimento até a conclusão das investigações.
Mais cedo também, a presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio, deputada Dani Monteiro (PSOL), e a área de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no estado (OAB-RJ) se reuniram com familiares do refugiado.
Em nota conjunta, Cáritas RJ, ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) e a OIM (Organização Internacional para as Migrações) lembraram que Moïse chegou ao Brasil ainda criança, acompanhado de seus irmãos. No país, ele e sua família foram reconhecidos como refugiados pelo governo brasileiro.
“Ele era uma pessoa muito querida por toda a equipe do PARES Caritas RJ, que o viu crescer e se integrar. Neste momento, as organizações apresentam suas sinceras condolências e solidariedade à família de Moïse e à comunidade congolesa residente no Brasil”, afirma trecho do comunicado.
A Embaixada da República Democrática do Congo informou que está em contato com a família de Moïse, que está cobrando um pronunciamento por parte do Ministério das Relações Exteriores. A embaixada também cobrará do governo brasileiro respostas sobre investigações de outros congoleses mortos no país.
À época o ministro apresentou uma licença provisória de pesca amadora, vencida havia quase um ano e que, portanto, não tinha validade
1 de fevereiro de 2022 – Brasil 247
O Ministro da Educação, Milton Ribeiro —denunciado nesta segunda-feira (31) pela Procuradoria Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF), por dar declarações homofóbicas em setembro de 2020– foi processado e condenado na Justiça Federal por praticar pesca ilegal dentro da Estação Ecológica Tupinambás, no estado de São Paulo, em 2012, informa a CNN.
De acordo com a reportagem, Ribeiro tentou fugir quando uma equipe de fiscais da Unidade de Conservação Federal fazia uma ronda na área da estação ecológica, quando flagrou três embarcações pescando na área, uma delas com o ministro. A fiscalização aconteceu no dia 26 de maio de 2011.
À época Ribeiro apresentou uma licença provisória de pesca amadora, vencida havia quase um ano e que, portanto, não tinha validade.
Milton Ribeiro e outros dois pescadores foram autuados pela equipe de fiscalização e a embarcação foi apreendida, bem como os equipamentos do grupo e o pescado.
PGR denuncia ministro da Educação, Milton Ribeiro, por crime de homofobia
Obscurantista Milton Ribeiro foi denunciado ao STF depois dizer que “homossexuais vêm de famílias desajustadas”
Metrópoles – A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (31/1), o ministro da Educação, Milton Ribeiro, pelo crime de homofobia.
A denúncia ocorre do âmbito de uma investigação sobre uma entrevista do ministro ao jornal O Estado de S.Paulo, em setembro de 2020.
Na ocasião, Ribeiro disse que adolescentes “optam” pelo “homossexualismo” por fazerem parte do que chamou de “famílias desajustadas”.
À CNN Rádio, Agnes Arruda explicou que a gordofobia causa segregação em toda forma de socialização, como familiar e escolar
FONTE: Por Amanda Garcia, Letícia Vidica e Letícia Britoda, da CNN | 24/01/2022
A gordofobia é um termo relativamente novo, mas que sempre esteve presente na vida da pesquisadora, ativista e jornalista Agnes Arruda.
Em entrevista à CNN Rádio, no quadro CNN No Plural, ela relatou que sofreu com o preconceito, mas demorou a entender que o pré-julgamento contra pessoas gordas estava enraizado na sociedade.
“A gordofobia é um preconceito contra pessoas gordas geralmente associado à questão estética, mas é mais profundo do que isso. Ela retroage em vários ambientes, segregando do convívio social, familiar, mercado de trabalho, limitando a vida da pessoa.”
Segundo ela, a sociedade impõe o “apagamento e silenciamento dessas pessoas, que é muito violento e causa dor e sofrimento.”
Agnes reforçou que a gordofobia “não é mimimi”, não é um caso de pessoas que “são preguiçosas e não fazem dieta”: “conforme vivemos em sociedade, percebemos que há mecanismos que reforçam o preconceito, como a linguagem.”
O PRECONCEITO É INSTITUCIONALIZADO, FAZ PARTE DA SOCIALIZAÇÃO, NA FAMÍLIA, ESCOLA, IGREJA, ESTADO E ATÉ A MÍDIA.
Agnes Arruda
A pesquisadora destaca que tratar o termo “gordo” como pejorativo é um problema. “Isso é uma característica física, negá-la usando palavras como ‘forte’, ‘fofinho’, ‘cheio’, ‘cheinho’, carrega estereótipos.”
Agnes também acredita que informação sobre o tema é importante. “Tem pessoas que nunca se deram conta de que algo como isso existe e acontece, é muito importante saber que existe outra perspectiva, inclusive no que diz respeito à saúde, uma pessoa gorda pode ser atlética.”
“Mulheres são mais afetadas por esse preconceito, e se cada vez mais cedo as meninas tiverem contato de forma educativa sobre o tema, elas vão pensar mais antes de cometer uma violência, isso vai ajudar na formação.”
Nós, técnicos administrativos em Educação da UFRJ, reunidos em assembleia extraordinária do Sintufrj em 01/02/2022, repudiamos veementemente o brutal assassinato do trabalhador congolês, Moise Kabamgabe, na Barra da Tijuca no dia 24/01/2022.
Moise trabalhava por diárias no quiosque Tropicália e, de acordo com a família, quando foi cobrar dois dias de pagamento atrasado, foi agredido pelo gerente do estabelecimento e outros cinco homens a socos, pontapés, golpes com pedaço de madeira, teve os pés e mãos amarrados com um fio e foi espancado com um taco de baseball. Foi encontrado por policiais amarrado, deitado ao chão, morto.
O caso é um exemplo gravíssimo do RACISMO e XENOFOBIA de nosso país. A violência dos que atacaram, amarraram e mataram Moïse Kabamgabe é própria dos que tratam aos trabalhadores como pessoas sem direitos, de racistas que se portam como senhores de escravos e capitães do mato, de uma cultura de ódio contra imigrantes.
Exigimos a apuração imediata do crime e a punição de todos os responsáveis. É inadmissível que o Quiosque Tropicália siga funcionando como se nada tivesse acontecido.
Todos e todas ao ato no próximo sábado, 5 de fevereiro, às 10h, em frente ao Quiosque Tropicália (próximo ao posto 8 da Praia da Barra).
Justiça para Moise Kabamgabe!
Chega de RACISMO e XENOFOBIA!
Apuração e punição dos responsáveis!