Até à tarde de quinta-feira, 22 de abril, os sistemas e portais da UFRJ ficaram inacessíveis devido ao incêndio no segundo andar da Reitoria, ocorrido no dia 20 de abril. 

Na terça-feira, a energia elétrica do prédio teve de ser desligada por segurança e, por isso, parte dos serviços de tecnologia da informação, como sistemas e portais ficaram fora do ar. 

Segundo a assessoria de imprensa da UFRJ, a energia foi restabelecida, mas os equipamentos necessários foram encontrados molhados. Com isso, “a Superintendência de Tecnologia da Informação e Comunicação (STIC) avalia a situação para traçar estratégias seguras visando ao retorno de sites e sistemas afetados”.

 

 

Na Cúpula do Clima, Bolsonaro diz que Brasil está na vanguarda ao combate do aquecimento global. Secretário do Meio Ambiente da CUT, Daniel Gaio rebate versão mentirosa do presidente

Publicado: 22/4/2021. Escrito por: Rosely Rocha/ Site CUT 

 

Num dos encontros sobre o meio ambiente mais aguardados pelo planeta dos últimos anos, o presidente Jair Bolsonaro( ex-PSL), mais uma vez nega as acusações divulgadas com inúmeras provas, de que o Brasil não está respeitando o Acordo de Paris, de 2015, onde se comprometeu a lutar pela diminuição de emissões de carbono e preservar as florestas brasileiras.

Na ‘Cúpula de Líderes sobre Clima’, que reúne 40 líderes mundiais e tem como anfitrião o presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, em fala nesta quinta-feira (22), Bolsonaro disse que o Brasil está na” vanguarda do enfrentamento do aquecimento global”; que o Brasil é um dos países que menos polui, e que seu governo fortaleceu e duplicou os recursos para os órgãos de fiscalização ambientais, entre outras inverdades.

Bolsonaro ainda prometeu até 2030 acabar com o desmatamento ilegal, e neutralizar as emissões de gás até 2050, mas ambientalistas dizem que o governo não faz nada neste sentido e que a promessa é inviável se continuar o mesmo ritmo de ações do governo.

Há inúmeras denúncias de que o governo brasileiro não está, sequer, utilizando os R$ 2,9 bilhões da verba do Fundo Amazônia, doados pela Noruega e a Alemanha. O governo brasileiro ainda quer mais R$ 1 bilhão para aplicar nas ações de preservação da Amazônia, segundo Salles, que atuou de forma explícita a favor de madeireiros investigados e multados pela Polícia Federal no mês passado. A denúncia é do ex-Superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva, demitido do cargo um dia depois de enviar uma notícia-crime contra Ricardo Salles para o Supremo Tribunal Federal (STF).

“Ele estaria atuando e favorecendo os madeireiros e isso foi feito de uma forma muito explícita. Tem vídeo dele apontando para a placa de uma empresa investigada que, segundo ele, ‘estava tudo certinho’ e que, na verdade, em relação a esta empresa, já havia até laudo pericial apontando as ilegalidades cometidas”, disse Saraiva em entrevista ao jornal O Globo.

O secretário de Meio Ambiente da CUT Nacional, Daniel Gaio, enumera cinco questões que comprometem o Brasil , a partir da fala do presidente da República na Cúpula do Clima.

1 – Brasil desmoralizado

O discurso de Bolsonaro desmoraliza ainda mais o país na política ambiental e na diplomacia, setores que sempre fomos protagonistas.

“O discurso negacionista de Bolsonaro deixa o Brasil ainda mais isolado, com o avanço do governo dos EUA assumindo uma posição mais progressista, em relação à proteção ambiental”, diz Daniel, se referindo à decisão de Joe Biden de cortar 50% das emissões de gases causadores do efeito estufa até 2030,entre outras medidas anunciadas pelo presidente norte-americano.

2- Fake news

Para Gaio, os dados apresentados por Bolsonaro são pura “fake news” e não estão de acordo com estudos de pesquisadores de órgãos públicos.

“Bolsonaro proibiu esses pesquisadores de se pronunciarem. Ele apresenta mentiras, descontrói números e dá dados falsos, além de fazer promessas não realizáveis”, diz Gaio.

O jornal Folha de São Paulo questionou o pronunciamento de Bolsonaro na Cúpula e demonstrou que o presidente mentiu, ou, no mínimo, informou erroneamente os dados sobre o meio ambiente no país.

3- Brasil de pires na mão

Para conseguir financiamento internacional, Bolsonaro passa o pires para o resto do mundo, com um discurso negacionista.

“Ele recuou dizendo que o país vai combater o desmatamento, mas a verdade é que a narrativa é a mesma do ministro Salles ,que não apresenta dados concretos , de como vai utilizar esses recursos internacionais , e não se  compromete de forma real e efetiva com a proteção da floresta e de seus povos originários”, afirma o dirigente da CUT.

4 – Sem diálogo com sociedade civil

Para o secretário de Meio Ambiente da CUT, a prática deste governo em todos espaços é a completa ausência de diálogo com a sociedade civil.

“Não há diálogo  sequer com os servidores, nem com a sociedade civil, nem com os povos da Amazônia. O governo nos coloca numa posição tão difícil que é praticamente impossível trabalhar contra o desmatamento”, diz Gaio.

5 – Militarização do combate ao desmatamento

Para Gaio, o desmonte da política pública de Estado tem desacreditado os órgãos que têm capacidade de lutar contra o desmatamento. Os recursos são poucos e mal empregados e estão sendo usados para pagar diária de militar.

“O militar vai para a Amazônia e não sabe o que fazer, é uma militarização das forças de combate ao desmatamento, que conta com o apoio também do vice-presidente, o general Mourão”, critica Gaio.

As perseguições de Bolsonaro e Salles

Bolsonaro, no entanto, tenta esconder do mundo que fiscais, cientistas edelegados da Polícia Federal, que atuam na defesa do meio, vêm sendo perseguidos pelo seu governo, na figura do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, um notório defensor dos madeireiros e do agronegócio.

Bolsonaro e Salles perseguem quem se opõe à destruição do meio ambiente de maneira clara, como no caso do fiscal do Ibama, José Olímpio Augusto Morelli, que em 2012, aplicou uma multa de R$ 10 mil a Bolsonaro quando o então deputado federal pescava irregularmente na Estação Ecológica de Tamoios, entre Angra dos Reis e Paraty, no Rio de Janeiro. Em março de 2019, portanto, três meses após tomar posse na Presidência, o servidor público foi exonerado da chefia do Centro de Operações Aéreas da Diretoria de Proteção Ambiental (Dipro), uma divisão do Ibama.

Uma das perseguições que mais revoltaram os ambientalistas foi a exoneração do ex-presidente do Instituo Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão. O presidente e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, queriam que o cientista revisse os dados do Inpe, de 2019, que revelaram a destruição de 9.762 quilômetros de terra na floresta amazônica – um aumento de 30% em relação ao ano anterior.

O último levantamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgado segunda-feira (19), mostra que o desmatamento da Floresta Amazônica em março deste ano,  foi o maior registrado para o mês em 10 anos. Com 810 km² de floresta desmatados, a taxa é 216% superior à registrada em março de 2020.

Após a demissão de Galvão, a revista científica Nature, considerou o cientista brasileiro, um dos dez nomes mais importantes da ciência, por representar resistência ao atual governo do Brasil.

O que está em jogo na Cúpula do Clima

Enquanto, Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tentam fechar um acordo ambiental com o presidente norte-americano, as tratativas são permeadas de problemas sobre os impactos que esse acordo pode gerar aos biomas brasileiros, em especial, à Amazônia, dizem os integrantes do Grupo Carta de Belém, que a CUT faz parte.

Em texto publicado em seu siteo Grupo ‘Carta de Belém’, alerta que a convocação de uma Cúpula de Líderes para debater a política ambiental global, nesta data, não sinaliza apenas a renovação da credencial estadunidense nessa agenda, mas, principalmente, a consolidação de uma visão que deposita no mercado – em particular, no mercado financeiro – a solução para todas as grandes crises que se acumulam atualmente: econômico-financeira, social, sanitária, do aumento da fome e climática.

Em trecho, o grupo diz que “não é novidade que as abordagens hegemônicas sobre a questão ambiental e climática vêm pavimentando o caminho para transformar a natureza em um ativo financeiro. Há pelo menos dez anos nós, do Grupo Carta de Belém, nos dedicamos a criticar este processo. Agora, no entanto, sentimos que estamos diante de um momento crucial”.

Para Daniel Gaio, o motivo da cúpula do clima é a financeirização da natureza.  “Precisamos combater, não apenas o discurso do Bolsonaro, mas a mercantilização da natureza. As negociações internacionais significam o avanço do neoliberalismo ambiental, do chamado capitalismo verde, de soluções financeirizadas do sistema capitalista sobre a natureza”, conclui Gaio.

*Edição: Marize Muniz

Pesquisadores e lideranças reagem às mentiras de Bolsonaro na Cúpula do Clima

“O projeto de morte e destruição de Bolsonaro continua o mesmo”, afirmou Sonia Guajajara, coordenadora executiva da Apib

Redação Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 22/4/2021

“Os problemas atuais do Brasil podem ser resolvidos, mas não sob o governo de Bolsonaro”, disse James Green, pesquisador de História Brasileira na Universidade de Brown, nos Estados Unidos – Carolina Antunes – Agência Brasil

Após a fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Cúpula de Líderes sobre o Clima, pesquisadores e lideranças reagiram às mentiras e inconsistências do discurso do mandatário brasileiro. Os posicionamentos foram reunidos pela equipe da comunicação do Observatório do Clima.

Em seu discurso na reunião de líderes, convocada por Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, Bolsonaro disse que o Brasil é “voz ativa” na construção da agenda ambiental e elogiou a “revolução verde”, que, através da ciência e inovação, teria tornado a agricultura brasileira sustentável.

Sonia Guajajara, coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), avalia como mentirosa a retórica do desenvolvimento sustentável da agricultura brasileira. “O projeto de morte e destruição de Bolsonaro continua o mesmo: retirada de nossos direitos, legalização de crimes socioambientais e a descontinuidade das políticas de proteção à floresta amazônica”, afirmou.

“Até agora não houve sequer um diálogo desse governo com os povos indígenas para enfrentamento às invasões de nossas terras, por isso é legítimo o nosso pedido de um canal direto com o governo norte-americano para assuntos ligados à Amazônia brasileira”, continuou Sonia. 

Para a liderança Guajajara, é fundamental que o presidente Joe Biden estabeleça um diálogo junto ao governo brasileiro com bases na garantia da preservação da vida e da biodiversidade do planeta, em contraponto ao fortalecimento de políticas anti-indígenas.

Biko Rodrigues, articulador nacional da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), concorda com Sonia e diz que Bolsonaro não respeita seu próprio povo. “Sob seu governo, o reconhecimento de comunidades quilombolas caiu ao menor patamar da história”, disse.

“Para nós, sua palavra não tem valor algum e a pandemia nos mostrou seu lado mais sombrio. Seu governo negou aos povos indígenas e comunidades quilombolas o acesso universal à água potável. Este é Bolsonaro, e qualquer acordo com ele está fadado ao fracasso”, denunciou.

Durante seu discurso, o presidente também afirmou que o Brasil está na vanguarda do combate ao aquecimento global. A realidade mostra que estamos caminhando na direção contrária: todas as operações de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia e às queimadas no Pantanal sofreram baixas desde o início do governo Bolsonaro.

De acordo com Joaquim Belo, presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas, “é preciso que os grandes chefes de Estado entendam que a Amazônia é a casa de milhares de povos e comunidades tradicionais”. 

“Somente é possível cuidar da floresta reconhecendo e valorizando seus verdadeiros guardiões. A grande ignorância, por parte do governo Bolsonaro, é não reconhecer que a gestão da Floresta Amazônica não cabe somente ao governo, mas a todos os cidadãos e, principalmente, aos povos e comunidades tradicionais, que são partes dessa floresta e a mantêm viva e pulsante”, completou.

Bolsonaro ficou distante na fila dos discursos dos líderes das maiores economias do mundo durante a Cúpula e, segundo Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, também ficou atrás em seu discurso.

“O Brasil sai da cúpula dos líderes como entrou: desacreditado. Bolsonaro passou metade de sua fala pedindo ao mundo dinheiro por conquistas ambientais anteriores, que seu governo tenta destruir desde o dia da posse”, afirmou o pesquisador.

De acordo com James N. Green, professor de História Brasileira da Universidade Brown, nos Estados Unidos, e um dos coordenadores da Rede Estadunidense para a Democracia no Brasil (US Network for Democracy in Brazil, em inglês), Bolsonaro contribui para a destruição da natureza brasileira.

“O desmantelamento dos órgãos de fiscalização ambiental – que tinham se desenvolvido durante o processo de redemocratização –, aliado ao desrespeito às leis ambientais, representam uma brecha democrática hoje no Brasil”, avaliou o estudioso. 

“O país reduziu o desmatamento em 80% de 2004 a 2012 devido a políticas de liderança governamental, fortalecimento do Ibama e ICMBio, respeito às leis ambientais e implementação de ações ousadas. Os problemas atuais do Brasil podem ser resolvidos, mas não sob o governo de Bolsonaro”.

Edição: Poliana Dallabrida

 

 

Fonte: Por Pâmela Dias, de O Globo/ Site Geledés

A falta de dados estatísticos e de políticas públicas efetivas dentro da Lei Maria da Penha são fatores que favorecem a invisibilização dos casos de violência doméstica contra mulheres indígenas. Sem a atuação expressiva das autoridades governamentais, movimentos independentes lutam contra o feminicídio e pelos direitos básicos das indígenas. A professora e ativista Kunha Poty Rendy, que atua no movimento das mulheres Guarani Kaiowá kunhangue Aty, do Mato Grosso do Sul, é uma das responsáveis por mapear e promover rodas de conversas sobre o assunto em 15 aldeias do estado.

Integrante do movimento desde 2006, ela não imaginava que o aprendizado sobre como buscar ajuda em casos de violência poderia, um dia, valer tanto para si. Há exatos oito anos, Kunha Poty Rendy sofreu as primeiras agressões físicas e psicológicas, que culminaram na tentativa de feminicídio pelo seu ex-companheiro, com quem tem um filho de 9 anos.

Hoje, ainda sob constantes perseguições e processos de retirada da tutela da criança, a professora luta, mesmo desempregada, para pagar advogados que a ajudem a conseguir a guarda definitiva do filho. Devido à situação de vulnerabilidade, Kunha Poty Rendy depende de doações para manter suas necessidades básicas e as de seu filho. Para ajudar a família, basta entrar em contato através do telefone (67) 9634-2972.

Em entrevista a CELINA, a ativista fala sobre sua trajetória no movimento das mulheres Guarani Kaiowá kunhangue Aty e sobre os principais desafios durante as ações de conscientização, denúncia e proteção de mulheres indígenas vítimas de violência intrafamiliar.

CELINA: Por que você decidiu integrar o Movimento das Mulheres Guarani Kaiowá kunhangue Aty?

Kunha Poty Rendy: Na ditadura militar, todos os Guarani Kaiowá foram expulsos de suas terras tradicionais, que passaram a ser posse dos fazendeiros. O governo criou apenas oito reservas indígenas, onde nos colocou junto a outros povos. Nos anos 1980, o lugar já estava cheio, então decidimos voltar para as nossas terras. Fomos os primeiros a reconquistá-las.

Essa história de resistência se repetiu em 2005, quando, com 10 anos, eu entrei no movimento para lutar por território, saúde e educação. No ano seguinte, a partir dessa ação, surgiu o Movimento das Mulheres Guarani Kaiowá kunhangue, do qual faço parte até hoje, para que nós, mulheres da nova geração, começássemos a lutar por nossos direitos.

Quais as atividades que o Movimento das Mulheres Guarani Kaiowá kunhangue Aty desenvolve?

A nossa principal função é ajudar mulheres indígenas que sofrem dos mais diversos tipos de agressões: espancamento, tortura psicológica, moral e patrimonial, que são motivos de mortes de muitas companheiras. No movimento, eu sou responsável por fazer o mapeamento das violências em 15 aldeias do estado do Mato Grosso do Sul. Fazemos rodas de conversa, nas quais muitas mulheres trazem as vivências horríveis que têm dentro de casa.

A violência aumentou muito durante a pandemia, mas todo mundo ficou preocupado com o vírus e esqueceram da proteção às mulheres nas aldeias. Agora, o mapeamento tem acontecido pelo WhatsApp, mas em julho queremos retornar presencialmente para ajudar melhor a essas mulheres. Para isso, precisamos de doações para custear combustível e comida.

Como o movimento te ajudou a entender a situação de violência que viveu?

Eu sofri muita violência do meu ex-marido, da física até a tentativa de feminicídio. Faz oito anos que me separei dele, mas a perseguição continua. Agora, ele quer tirar meu filho de mim. Muito dessa violência vinha de ele não gostar que eu fizesse meu trabalho no movimento, dizia que lugar de mulher era dentro de casa. Mas foi no movimento que eu percebi o que vivia com ele.

Não consegui denunciar porque, na época, policiais falavam que eu estava fazendo a cabeça dos indígenas para recuperar as terras; falavam também que eu não era indígena,porque meu pai é negro e minha mãe é Kaiwá. Isso, inclusive, também foi um fator de agressão do meu ex-marido, que me dizia coisas ruins por eu também ter a cultura quilombola. Foi o Movimento das Mulheres Guarani Kaiowá kunhangue Aty que me ajudou a sair do ciclo de violência. Agora, eu ajudo outras mulheres.

Quais as dificuldades que uma mulher indígena enfrenta na hora de denunciar as agressões?

A chegada na delegacia é muito difícil. Muitas mulheres têm medo porque, a partir do momento que sofrem a violência, o agressor ameaça, falando que vai matá-la, ou a deixa acuada para que ela não diga nada. Há ainda a dificuldade do entendimento da língua e de locomoção até a delegacia. Antigamente, em algumas localidades, o Disque 180 funcionava, mas as medidas protetivas não funcionam. Por isso, nós já perdemos muitas mulheres. O que nós do movimento também buscamos é achar uma solução para isso, como casas de apoio ou abrigos, para que essas mulheres possam sair do lugar onde o agressor está. A maioria dos homens não cumpre as medidas e ameaça as vítimas.

Atualmente, por quais adversidades o movimento de mulheres indígenas passa?

O principal são as perseguições às mulheres indígenas. Aliados do governo Bolsonaro, além de disseminar atos machistas, impedem com frequência que falemos e lutemos pelos nossos direitos. A pandemia tem afetado ainda mais a violência contra mulheres nos territórios indígenas, porque o acesso à saúde e à proteção ficaram mais difíceis. Outro fator é a fome. As pequenas agriculturas familiares estão sendo ameaçadas e muitas indígenas passam necessidade. Algumas não recebem auxílio porque isso é feito em aplicativos, e elas não têm acesso à internet. Nós do movimento das mulheres indígenas tentamos lutar contra tudo isso, mas é muito difícil reverter essa situação.

Mulheres indígenas do Movimento das Mulheres Guarani Kaiowá kunhangue Aty em manifestação contra a violência (Foto: Imagem retirada do site O Globo)

 

 

 

 

Na terça-feira, 20 de abril, Dia Nacional de Luta e Conscientização por mais vacinas para a população e comida para quem tem fome, o país passou de 14 milhões de casos da Covid-19 e se aproximou da marca de 380 mil vidas perdidas, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Este dia foi marcado por protestos realizados pela CUT e demais centrais sindicais, sindicatos, movimentos populares e sociais, partidos de esquerda, e uma militância aguerrida. Nas redes sociais houve manifestações virtuais e tuitaço com a hashtag #VacinanoBraçoeComidanoPrato

Os termos “vacinação” e “impeachment” também estiveram entre os 10 mais citados no Twitter desde muito cedo, na terça-feira. Mutirões para colagem de cartazes, faixas abertas em passarelas, lambe-lambes espalhados pelas cidades brasileiras e projeções em prédios deram a tônica da mobilização em favor da vida e da democracia.  

A mobilização em todo o país foi para intensificar a pressão que os movimentos estão fazendo desde o início do ano por um auxílio emergencial satisfatório e que ajude no isolamento social, minimize a insegurança alimentar pela qual estão passando 125 milhões de brasileiros, e viabilize o controle da pandemia com a aceleração da imunização para toda a população.

A campanha reivindica

1 – Vacinas contra à Covid-19 para todos e todas e rapidez na vacinação;

2 – Distanciamento social e lockdown unificado e organizado em todo o país;

3 – Auxílio-emergencial de R$ 600 mensais para quem precisa, até o fim da pandemia;

4 – Programa de proteção e manutenção do emprego e da renda;

5 – Apoio financeiro às pequenas e médias empresas que geram emprego;

6 – Solidariedade às populações socialmente mais vulneráveis e combate à fome.

 

 

Parte do segundo andar do prédio da Reitoria da UFRJ foi destruído pelo fogo na manhã da terça-feira, 20. Tudo indica que o incêndio começou nas instalações da Procuradoria Federal da instituição. O acervo documental da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) está entre as perdas. 

“Ainda não temos a dimensão de todo o estrago porque a área foi interditada, e também não sabemos se houve abalo estrutural, pois temos de esperar a avaliação da Defesa Civil”, explicou o prefeito da UFRJ, Marcos Maldonado que aguarda laudo sobre as condições do prédio. A causa do sinistro pode ter sido provocada por defeito em um aparelho de ar condicionado.

Combate rápido 

O fogo na Reitoria foi comunicado durante a sessão virtual do Conselho Universitário. Imediatamente o prefeito Marcos Maldonado acionou o Destacamento do Corpo de Bombeiros da  Cidade Universitária. Com o apoio da Prefeitura da UFRJ, que pôs seu caminhão a serviço dos bombeiros, as chamas foram logo debeladas. 

“Nosso caminhão foi excelente na ajuda ao acesso ao segundo andar para combater o fogo. Do solo, o jato das mangueiras não alcançavam as chamas”, contou o prefeito. 

Outro fator que colaborou para o rápido combate ao fogo foi o pleno funcionamento dos hidrantes, segundo Maldonado, devido à manutenção periódica deles pela Prefeitura Universitária.  

A energia elétrica do prédio foi desligada por segurança e parte dos serviços relacionados à tecnologia da informação, como sistemas e portais, ficou fora do ar. 

Em nota, a assessoria de imprensa da UFRJ informou que a Reitoria abrirá imediata sindicância para apurar o incidente e um projeto básico para prevenção e combate a incêndios, elaborado pelo Escritório Técnico da Universidade (ETU), aguarda orçamento do governo federal para aplicação.

Segundo sinistro — Em 2016, o oitavo andar do prédio da Reitoria foi quase que totalmente destruído por um incêndio, que atingiu a Escola de Belas Artes (EBA), Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e outros setores. Parte considerável da estrutura do andar ficou comprometida e encontra-se isolada até hoje.

 

Como a UFRJ se apresentará para a sociedade nos próximos quatro anos? A resposta a essa pergunta está contida no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) aprovado na terça-feira, 20 de abril, pelo Conselho Universitário (Consuni), que é o colegiado máximo de deliberações da instituição. 

Além de estruturar a vida da universidade, evidenciando sua dimensão e estabelecendo metas, o plano também atende a exigências legais do MEC. Sem o PDI 2020/2024, a UFRJ ficaria fora das avaliações institucionais de seus cursos e programas. Mas o PDI é dinâmico e passará por revisão periódica. Afinal, mudanças sócio-econômica e culturais ocorrem constantemente, 

Construção coletiva 

Até a formatação da proposta de PDI pela Reitoria levada à sessão extraordinária do Consuni na terça-feira, foi percorrido um longo caminho que teve início em 2019 e culminou com consulta pública virtual em 2020 à comunidade interna e externa. 

As centenas de sugestões foram enviadas à Superintendência de Desenvolvimento Institucional da Pró-Reitoria de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças (PR-3), que coordenou as tarefas relacionadas ao PDI. Muitas sugestões e propostas encaminhadas e que ficaram de fora do plano poderão ser incorporadas mais adiante.. 

Reivindicação da categoria incluída

O Sintufrj encaminhou contribuições, com destaque para a criação do Conselho Superior de Administração e Gestão de Pessoal – reivindicação antiga do movimento organizado da categoria, entre outras propostas. A criação desse colegiado está entre as metas apontadas no PDI aprovado. 

Conheça todas as propostas do Sintufrj acessando o link: https://sintufrj.org.br/wp-content/uploads/2020/12/PDI-Sintufrj-2020-Revisado.pdf

“Vamos acompanhar”

“A aprovação do PDI foi importante, embora haja aspectos que  precisará de um tratamento à parte para que metas estabelecidas sejam de fato alcançadas”, observou a coordenadora do Sintufrj e representante técnico-administrativa no Consuni, Joana de Angelis. Como exemplo ela citou o Conselho Superior de Administração e Gestão de Pessoal proposto pelo Sindicato da categoria: “Esse colegiado vai precisar de um tratamento para que realmente se concretize dentro das metas para 2021”.

De acordo com a conselheira e dirigente sindical, “é importante a gente ter um documento, que é o PDI, que apresente as metas e proposições da universidade. Agora é um documento em permanente avaliação e construção e a gente precisa seguir nessa linha”, disse.  

Mais de 500 páginas

O PDI tem 521 páginas com 14 tópicos: perfil institucional, projeto pedagógico, gestão e organização administrativa e perfil do corpo técnico-administrativo, política de atendimento à docentes, serviços terceirizados, infraestrutura e instalações acadêmicas, avaliação e acompanhamento do desenvolvimento institucional, aspectos financeiros e orçamentários. Além disso, prevê processos para seu próprio acompanhamento e revisão. 

O colegiado conheceu aspectos da extensa proposta através do parecer da Comissão de Desenvolvimento do Consuni, cujo resumo foi apresentado pelo relator Flávio Martins. Ele destaca no texto que o PDI não serve apenas para deliberar-se sobre o que se quer para a UFRJ, mas também para que se conheça o que é hoje. 

Segundo Martins, “atualmente a UFRJ oferta à sociedade 176 cursos de graduação, 132 programas de pós-graduação (stricto sensu) e mais de 500 cursos de extensão, respondendo por uma comunidade acadêmica de cerca de 80 mil pessoas: estudantes, professores, técnico-administrativos, além de terceirizados. Números que a tornam uma cidade de médio porte”.

Propostas de mudanças no texto

Houve propostas de mudanças no texto do PDI aprovado pelo Consuni por unanimidade (40 votos). O próprio relator apresentou sugestões. Entre as quais, revisão na parte que se refere à Política de Qualificação, que diz: “A nova Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoas, instituída pelo Decreto nº 9.991, de 28 de agosto de 2019 pelo Presidente da República, tem o objetivo de promover o desenvolvimento dos servidores públicos nas competências necessárias à condução da excelência na atuação dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional”. 

Na opinião de Martins, como está escrito pode fazer crer que a UFRJ corrobora com a política do atual governo federal para a qualificação dos servidores técnico-administrativo e docente. “Porque nós sabemos que a política de desenvolvimento, qualificação e capacitação do nosso corpo de servidores, sejam docentes ou técnicos-administrativos, está muito aquém daquela que seria o mínimo necessário e de reconhecimento do trabalho de técnicos em educação e dos docentes da universidade”, justificou ele.

Cotas na pós — O representante dos pós-graduandos reivindicou a inclusão da proposta de ampliação da reserva de vagas de ações afirmativas para pessoas pretas, pardas e indígenas, pessoas com deficiência e pessoas trans no acesso aos programas de pós-graduação stricto sensu da UFRJ, com a meta dessa política atingir 100% dos cursos já em 2022. 

Para pôr fim à polêmica criada pela proposta, por alguns conselheiros considerarem que ela “passar por cima” da autonomia dos programas, foi proposto e aprovado uma de consenso. Veja: 

A discussão sobre o tema será feita no âmbito do CEPG e também serão ouvidos os Programas de Pós-graduação sobre suas experiências acumuladas, desde o início da implantação da política de cotas na pós-graduação, e também que o debate deve ter como horizonte ampliar a reserva de vagas de ações afirmativas para pessoas pretas, pardas e indígenas, pessoas com deficiência e pessoas trans no acesso aos programas de pós-graduação stricto sensu da UFRJ. 

As modificações no texto do PDI aprovado foram aceitas, conforme registrou o pró-reitor Eduardo Raupp (PR-3).

 

 

Importantes fatos na história da universidade marcaram a sessão extraordinária na terça-feira, dia 20, do seu colegiado máximo, o Conselho Universitário (Consuni). Um dos mais importantes foi a revogação do título de Doutor Honoris Causa concedido, em 1973, ao ex-ministro da Educação Jarbas Passarinho. Ele foi um dos articuladores do golpe de 1964 e de atos de subtração de direitos civis e de repressão aos movimentos sociais. 

Manifesto conjunto 

A revogação da concessão do título a Jarbas Passarinho já estava em discussão no colegiado há duas sessões. Ele participou do regime responsável pela morte e pelo desaparecimento de centenas de pessoas, incluindo 27 estudantes da UFRJ, entre os quais, Mário Prata, que na época presidia o Diretório Central dos Estudantes (DCE). Foi também um dos subscritores do Ato institucional nº 5, que suspendeu garantias constitucionais, intensificou a censura e legitimou a repressão e a perseguição política, como lembrou o parecer apresentado pela representante discente no Consuni, Julia Vilhena. 

O representante discente Igor Alves leu o manifesto ao Consuni assinado em conjunto pelo Sintufrj, DCE Mário Prata e a Associação dos Pós-Graduandos (APG) que reivindicava a revogação do título “do ditador Passarinho” concedido pela UFRJ —  “um dos articuladores do golpe que submeteu toda uma nação a um período de obscurantismo político, social e econômico por mais de duas décadas”.

“É inaceitável que a UFRJ siga titulando aquele que é também responsável pela perda irreparável de vidas e da democracia brasileira. Mais do que nunca é necessária coragem para responder à altura àqueles que insistem em defender o indefensável, garantindo a reparação moral aos estudantes e professores da UFRJ torturados, mortos e desaparecidos e como resgate da dignidade acadêmica do Conselho Universitário”, conclui o texto do manifesto das entidades.

Contra o negacionismo histórico

A revogação do título a Passarinho aprovada por 34 votos favoráveis, dois contrários e oito abstenções, foi precedida de uma profunda discussão sobre o papel da universidade na luta contra o negacionismo, não apenas na biologia e na saúde, como também na história.

Como lembrou a representante discente Dahra Vasconcelos, “a UFRJ tem sido ponta de lança na defesa da ciência, da vacina, do uso de máscara, contra o negacionismo que diz que se pode usar cloroquina (contra a Covi-19)”. E acrescentou: “Não se trata de afronta ou provocação, mas lutar contra o negacionismo que diz que a ditadura não existiu é também defender a ciência. A gente precisa se posicionar e mais uma vez ser ponta de lança do negacionismo”.

Repercussão

Para a conselheira técnico-administrativa e coordenadora do Sintufrj, Joana de Angelis, o Consuni tem a obrigação de se posicionar sobre fatos da ditadura quando um governo “vive tentando nos colocar de novo nas mesmas condições que tanto repudiamos”.  

“Nesta sessão foi fundamental que a UFRJ – uma instituição centenária — se posicionasse a favor da democracia. Num momento como o atual de ataques e negacionismos, a universidade não poderia deixar de fazer essa reparação histórica e necessária, que a coloca no rol das instituições em defesa da vida e da democracia, e contra qualquer forma de negacionismo da história, conforme destacou em sua manifestação a  conselheira Dahra”, disse Joana.  

 

 

Por causa dessa campanha, a atual vice-presidente da Aduferpe, professora Erika Suruagy, foi alvo de um inquérito aberto pela PF por, supostamente, atentar contra a honra de Bolsonaro

Publicado: 20 Abril, 2021.Escrito por: Kaline Medeiros, da Aduferpe

 

A campanha de outdoors ‘Senhor da Morte Chefiando o País’ está de volta às ruas do Grande Recife. São 30 cartazes, reproduzindo as mesmas peças lançadas em agosto do ano passado, quando o país ainda contabilizava 120 mil mortes pela pandemia do novo coronavírus. Hoje, são mais de 375 mil vidas perdidas para a Covid-19.

Por causa dessa campanha, a atual vice-presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (Aduferpe), professora Erika Suruagy, foi alvo de um inquérito aberto pela Polícia Federal por, supostamente, atentar contra a honra do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL).

Assim como o caso da professora Erika, que na época era presidente da Aduferpe, vários professores, artistas, intelectuais estão vivendo uma forte onda de perseguição, inclusive sendo enquadrados na Lei de Segurança Nacional (LSN), como foi o caso do youtuber Felipe Neto. O caso de Erika agora se encontra no Ministério Público aguardando decisão. Até o momento, o Ministério da Justiça não se manifestou sobre o assunto.

Com grande repercussão em todo país, o caso de Pernambuco motivou outras entidades a instalarem outdoors, como a UNE, que está em campanha arrecadando contribuições e instalado novas peças em várias capitais e municípios do país.

Além da Aduferpe, assinam o outdoor dessa nova campanha no Recife: CUT, UNE, CSP-Conlutas, Andes, CNTE, entre outras. Erika Suruagy recebeu mais de 120 manifestações de solidariedade, vindas de todo país e até do exterior.

A atual presidente da Aduferpe, professora Nicole Pontes, considera essencial reforçar e replicar a campanha: ‘O aumento diário do número de mortos, em todo o Brasil, é resultado direto da inépcia desse governo. Não calarão as nossas vozes – vamos continuar denunciando essa tragédia’, afirma.

Outodoor na Avenida Barão de Souza Leão, na capital pernambucana

 

 

 

 

Mais de 370 mil brasileiros morreram de Covid-19. Milhões estão passando fome. Nesta terça-feira, 20 de abril, é dia de alertar a sociedade sobre a volta da fome ao Brasil e sobre a necessidade de exigir a imunização e a aceleração da vacinação de toda a população.

“Queremos vacina no braço e comida no prato!” é o slogan deste dia de luta nacional promovido pela CUT, demais centrais sindicais e os movimentos populares ligados às Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, e que vai agitar as redes sociais e as ruas de todas as formas.

“Vacina no braço, Comida no prato: Fora Bolsonaro” foi o mote da campanha do Sintufrj lançada no dia 9 de abril, e que os movimentos sindical e popular aderiram para este Dia Nacional de Luta. 

Vacinação em massa e auxílio emergencial de 600 reais 

O objetivo é sensibilizar a população para também pressionar o Congresso Nacional a votar com urgência o valor do auxílio emergencial de R$ 600 (como foi aprovado pelo Congresso Nacional no ano passado), junto com medidas para acelerar o processo de vacinação por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) para todos.

“O Brasil ainda atravessa momentos terríveis de crises econômica e sanitária, caminhando a passos largos para a marca de meio milhão de mortos por Covid-19”, destacam os movimentos à frente da mobilização nacional.  

O parlamentares em Brasília são chamados à responsabilidade: “Conclamamos o Congresso Nacional para que tenha sensibilidade social e humanitária, colocando em votação e aprovando o auxílio emergencial de R$ 600 mensais, até o fim da pandemia”.

Esse dia de luta terá mutirão nacional de colagem de cartazes e lambe lambes, projeções em muros e fachadas de prédios, twitaços etc., mas respeitando-se as medidas de isolamento social para conter o avanço da pandemia.

Reivindicações

1 – Vacinas conta a Covid-19 para todos e todas e rapidez na vacinação;

2 – Distanciamento social e lockdown unificado e organizado em todo o país;

3 – Auxílio-emergencial de R$ 600 mensais para quem precisa, até o fim da pandemia;

4 – Programa de proteção e manutenção do emprego e da renda;

5 – Apoio financeiro às pequenas e médias empresas que geram emprego;

6 – Solidariedade às populações socialmente mais vulneráveis e combate à fome.

Mortes

O Brasil ultrapassou os Estados Unidos, México e Peru e se tornou o país com mais mortes causadas pela Covid-19 por milhão de habitantes no continente americano. Os dados são do site “Our World in Data”. 

No ranking, o Brasil tem atualmente 1.756 óbitos por milhão de habitantes e ultrapassou o México no dia 7 de abril, o Peru no dia 13 e os EUA no dia 14. 

No país, a tragédia provocada pela Covid-19 já beira a 375 mil mortos e quase 14 milhões de casos neste início de semana. A média móvel de mortes encontra-se a mais de um mês acima de 2mil vítimas por dia. 

O culpado por esse genocídio? Jair Bolsonaro. É o que denuncia a campanha. 

Fato atestado por especialistas. 

Segundo artigo assinado por dez cientistas do Brasil e dos EUA, liderado pela demógrafa Márcia Castro, professora da Universidade Harvard, publicado na revista Science, uma das mais importantes da ciência no mundo, o presidente do Brasil é um grande culpado pelo fracasso do país no combate à pandemia.

Os cientistas criticam a conduta de Bolsonaro, que tem um peso proporcionalmente muito maior no cenário de caos gerado pela pandemia – com uma ação marcada não só por omissões, mas por atos irregulares como a promoção de curas ineficazes.

“No Brasil, a resposta federal tem sido uma combinação perigosa de inação e irregularidades, incluindo a promoção da cloroquina como tratamento, apesar da falta de evidências”, diz o estudo. 

Fome

Paralelamente a esse genocídio, o governo Bolsonaro propôs novo auxílio emergencial que atende menos pessoas, por menos tempo e com um valor que não compra nem meia cesta básica. O valor atual varia de R$ 150,00 a R$ 375,00.

Desde o início de seu governo a fome voltou a ser uma realidade para o povo brasileiro. Só nos últimos meses do ano passado 19 milhões de pessoas não tiveram o que comer, segundo pesquisa da Rede Penssan (Rede Brasileira em Soberania e Segurança Alimentar). 

Outra pesquisa mostra que 59,3% dos brasileiros – 125, 6 milhões – vivem em insegurança alimentar desde a chegada do coronavírus, segundo dados do estudo “Efeitos da pandemia na alimentação e na situação da segurança alimentar no Brasil”, coordenada pelo do Grupo de Pesquisa Alimento para Justiça: Poder, Política e Desigualdades Alimentares na Bioeconomia, com sede na Universidade Livre de Berlim.

Com informações da CUT Nacional e Sites de Notícias

 

 

 

“Não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministro da Saúde. Tome vacina. Tome vacina porque a vacina é uma das coisas que pode livrar você da Covid. Mas não ache que, porque tomou a vacina pode tirar a caminha e ir pro boteco pedir uma gelada e ficar conversando. não! Você precisa continuar fazendo o isolamento, continuar utilizando máscara e utilizando álcool em gel. Pelo amor de Deus”, recomendou o ex-presidente Lula no seu discurso logo após o STF anular suas condenações pela Lava Jato do falso juiz Sergio Moro.

Lula tem razão? Será que quem estiver vacinado pode ser contaminado pelo coronavíruis?  

Quem esclarece essa e outras dúvidas que você tiver é o infectologista e professor da Faculdade de Medicina da UFRJ Roberto Medronho. Ele também faz parte da equipe de pesquisadores que coordena o Grupo de Trabalho (GT) Coronavírus da instituição. Confira: 

Como as pessoas devem se comportar depois de tomar a vacina contra a Covid-19?

Roberto Medronho: Da mesa forma que antes da vacina, ou sjea, com distanciamento social, uso de máscara e higienização frequente das mãos. A vacina tem a função de se a pessoa pegar Covid não adoecer de forma grave. Por isso a gente recomenda a  quem estiver vacinado manter as mesmas regras de antes da vacina.

Com a vacina a pessoa pode se infectar, mas, se adoecer, vai ser de forma branda. No entanto, ela pode transmitir a doença para quem ainda não se vacinou, e esta pessoa, sim, pôde adoecer de forma grave. Portanto, enquanto todos não estiverem vacinados as medidas de prevenção da transmissão da Covid são as mesmas.

Quem toma as duas doses da vacina fica livre da Covid-19?  

Roberto Medronho: Não está livre, não. Mas a probabilidade é bem maior de, caso adquira a doença, ter a forma branda.

Nesse caso (já tendo tomado as duas doses), a pessoa ainda transmite a doença?  

Roberto Medronho: Mesmo vacinado, se a pessoa pegar a Covid ela pôde transmitir. E se o conato se der com outra pessoa não vacinada, a doença nela pode evoluir de forma mais grave. 

Mesmo a pessoa estando vacinado ela pôde ser infectada? 

Roberto Medronho: Ela não está livre disso, mas a  probabilidade é bem maior de, em sendo infectada a doença evoluir de forma branda. Há gente que, mesmo vacinada, evolui de forma mais grave. Mas é um percentual muito, muito pequeno, graças a Deus.

Está reduzindo os casos de internação por Covid-19 na faixa etária que é alvo da vacinação?

Roberto Medronho: Felizmente temos números de internações nas idades mais avançadas menores que antes. Não é que não tenha a ver com o aumento de casos em jovens, e tem a ver com uma cepa muito contagiosa, a P1, e o comportamento daqueles que não estão seguindo as medidas de mitigação preconizadas, como o distanciamento social e ouso de máscaras. Estão aglomerando e como essa cepa é mais infectante, está tendo muitos casos de evolução para formas mais graves. 

Muita gente não está voltando aos postos para tomar a segunda dose da vacina. Quais são as consequências para a pessoa que está agindo assim?  

Roberto Medronho: Infelizmente este é um comportamento muito frequente em vacinas com mais de uma dose mesmo para outras doenças. Quem não tomar a segunda dose não terá a proteção adequada. Portanto, não será considerado vacinado.

Qual a diferença de eficácia entre a vacina da Astrazêneca e a Coronavac?

Roberto Medronho: A diferença é pequena. Alguns estudos falam que está em torno de 70% e 72%, no caso da AstraZeneca, 50% no caso da Coronavac. Mas há um estudo do Chile que diz que a eficácia da Coronavac é em torno de 70%. O que temos visto é que a Astrazeneca está tendo um pouco mais de reações do que o esperado. Mas são reações na maioria dos casos leves, no máximo moderada. A repercussão maior é para a saúde do indivíduo. Mas, como ocorre com toda vacina, há sempre o risco, embora muito raramente, de haver uma reação um pouco mais intensa.

Porque entre as duas vacinas há a diferença de prazo para a aplicação da segunda dose? 

Roberto Medronho: Estudos apontaram que quatro semanas de prazo para a segunda dose, no caso da Coronavac, e três meses, no caso da AstraZeneca, como sendo o momento ótimo para que a proteção seja maior. Os estudos feitos concluíram que os prazos adotados são os melhores. 

As reações são diferentes entre a Coronavac e a Astrazeneca? Por quê? 

Roberto Medronho: São dois tipos de formulação e (as reações) podem ter a ver com isso. Mas o mais importante é que as duas vacinas protegem bem contra a Covid-19 e as reações são, na maioria das vezes, leves e algumas um pouco moderadas, como febre, mal-estar, mas que cedem com o uso de analgésicos e antitérmicos normalmente em 24 horas. Muitas vezes (com esses medicamentos) cedem na hora.

Desde que surgiram notícias sobre efeito colateral raro da AstraZeneca, como formação de coágulos, algumas pessoas estão hesitantes em tomar qualquer uma das vacinas. Isso se justifica?

Roberto Medronho: Se não tomar, não vai ter reação à vacina, mas pode ter uma forma grave da doença e morrer. O risco de tomar a vacina e ter alguma reação grave é infinitamente menor do que não tomar a vacina e ter a Covid. E é por isso que a gente preconiza que todos se vacinem. Como vacinas alcançam milhões de pessoas, sempre tem um ou outro caso que apresenta reação, mas se considerarmos a quantidade de doses aplicadas o número (de reações) é insignificante.

As redes sociais têm prestado um desserviço ao repercutir fake News do movimento antivacina mostrando com exagero uma reação à vacina. O risco é ínfimo. Há mais risco de não tomar a vacina e ter doença grave. 

“Eu tomei as duas doses, mas o resto da minha família está contaminada. Como eu devo me comportar em casa? Devo usar máscara, me isolar?”, pergunta um sindicalizado do Sintufrj.

Roberto Medronho: A vacina não é passaporte para a imunidade. Quem tomou deve manter distanciamento social, uso de máscara e higienização das mãos até que todo mundo esteja vacinado. Quem tomou a vacina pode se infectar e adoecer de forma branda, mas pode contagiar alguém que ainda não está vacina e pode ter a forma grave. 

“A minha mulher teve alta nesta segunda (19) de Covid do HU. Quando ela chegar em casa precisa ficar isolada?”, quis saber outro sindicalizado da entidade.

Roberto Medronho: Depende de quanto tempo ela ficou internada. Se não tem mais nenhum sintoma e foi dada alta, se já passou o período infectante que vai até 14 dias do início dos sintomas, já não é mais transmissível (desde que esteja assintomática) e não precisa ficar mais isolada (dos demais) na casa.

Quando, em meio à vacinação para a Covid-19, deve-se tomar a vacina da gripe?

Roberto Medronho: Isso é um grande nó que estamos vivendo. A recomendação é para que na época do grupo indicado para  tomar a vacina da Covid, que é a doença que está circulando, internando e é a mais grave, a prioridade seja para essa vacina. Mas quem ainda não está no grupo indicado para se imunizar contra a Covid-19, deve tomar a vacina da gripe.