Pesquisa da Fiocruz mostra que 44,3% dos trabalhadores têm abusado de bebidas alcoólicas

Escrito por Ana Paula Evangelista-6 de Novembro de 2020 – site Brasil de Fato

O estudo também trouxe o aspecto das grandes mudanças de estilo de vida que pioraram a saúde mental – Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O estilo de vida das pessoas foi substancialmente afetado

Cerca de 47,3% dos trabalhadores de serviços essenciais foram afetados por sintomas de ansiedade e depressão, durante a pandemia de covid-19, no Brasil e na Espanha.

Do total, 44,3% têm abusado de bebidas alcoólicas e 42,9% tiveram mudanças nos hábitos de sono, de acordo com a pesquisa Depressão e Ansiedade Entre Trabalhadores Essenciais do Brasil e da Espanha Durante a Pandemia de Covid-19, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Universidade de Valência (Espanha).

Entre os dois países, o Brasil é que apresenta dados mais elevados. Dos trabalhadores de serviços essenciais que tiveram sintomas de depressão e ansiedade, 55% deles são brasileiros e 23% são espanhóis. 

“Apesar de a pesquisa na Espanha ter sido feita durante a primeira onda, existia uma expectativa de que a epidemia viesse a terminar. Isso não aconteceu, mas foi posterior à pesquisa”, aponta o pesquisador Francisco Inácio Bastos, do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), que participou do estudo.

“No Brasil, estamos ainda no que a gente poderia chamar de primeira onda, que não tem um limite. Não se sabe quando ela vai realmente arrefecer”, ressalta.

Ele também afirma que a rede de proteção social da União Europeia é mais estruturada do que no Brasil.

“Obviamente isso tem um impacto sobre ansiedade, medo de perder emprego, medo de uma crise mais global. Isso explicaria essas diferenças que a gente observou”, avalia.

De acordo com o pesquisador, o estudo também trouxe o aspecto das grandes mudanças de estilo de vida que pioraram a saúde mental, gerando problemas como depressão e ansiedade, além de dependência de álcool e outras drogas.“O estilo de vida das pessoas foi substancialmente afetado”, pontua Bastos.

Os dados mostraram um estilo de vida pouco saudável está associado a uma chance oito vezes maior de ter sintomas de depressão e ansiedade, durante o início da pandemia na Espanha e no Brasil.

“Problemas em manter uma alimentação saudável, realizar exercício, interação face a face especialmente com famílias e amigos. Para profissionais de saúde, dificuldade de retornar para casa com medo de infectar a própria família. Isso não esgota a questão, mas oferece uma perspectiva”, afirma . 

A pesquisa foi realizada entre os dias 15 de abril e 15 de maio na Espanha e entre 20 de abril e 20 de maio no Brasil. No total, os questionários foram respondidos por 2.842 brasileiros (76%) e 903 espanhóis (24%).

Esses 3.745 responderam “sim” à pergunta: “Você está atualmente trabalhando como profissional de saúde ou de outros serviços essenciais (transportes, alimentação, limpeza)?”. Dos respondentes brasileiros, o perfil atingido foi de mulheres (72,2%), com idade média de 39 anos e curso universitário (56,5%) ou mestrado/doutorado (28,5%).

 

 

A falta de oportunidades de empregos com direitos faz Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançarem plataforma digital com 1 milhão de oportunidades

 Publicado: 6 Novembro, 2020 Escrito por: Rosely Rocha/Site CUT Nacional

 FERNANDO FRAZÃO / AGÊNCIA BRASIL

 

Mais de 48 milhões de jovens brasileiros de 10 a 24 anos vivem em situação de vulnerabilidade social, com pouco ou nenhum acesso à educação, ao mundo digital e a empregos de qualidade. E é este público que o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) quer atingir oferecendo oportunidades de emprego, com direitos, e educação.

Em parceria com outras entidades e empresas, a Unicef e a OIT lançaram na semana passada, a plataforma digital  “ 1mio” para os jovens, especialmente os da periferia, como parte de uma estratégia global, intitulada no Brasil  “1 milhão de oportunidades”.

Segundo o chefe do setor de educação da Unicef Brasil, Italo Dutra , mais do que oferecer empregos de acordo com a legislação trabalhista brasileira, a plataforma está inserida em quatro pilares: vida, cidadania, empregabilidade e meios digitais. Por isso, oferece também cursos on-line de formação para o trabalho e conteúdos digitais.

“Temos o objetivo de oferecer em dois anos, um milhão de oportunidades aos jovens vulneráveis do Brasil. Não são exatamente um milhão de empregos, mas oportunidades que promovam os quatro pilares que se complementam”, diz Italo.

É preciso ir atrás de quem está fora da escola para que esses jovens possam se desenvolver e ter uma vida mais digna, diz Italo, que se baseia em números da evasão escolar que demonstram os prejuízos financeiros às famílias e ao país com a falta de educação básica.

“A evasão escolar custa ao país R$ 214 bilhões ao ano. Só no ano passado, 1,5 milhão de crianças e adolescentes ficaram de fora da escola. Outros 6,5 milhões estão com um ou dois anos de atraso na escola. Em 2018, 460 mil adolescentes abandonaram os estudos no ensino fundamental. Esta taxa de abandono duplica e até triplica em relação aos negros, indígenas e crianças com deficiência”, alerta Italo.

Em relação à oferta de empregos, o dirigente da Unicef diz que na plataforma é possível encontrar vagas em aprendizagem, estágios e emprego formal, mas para que jovem tenha acesso cada vez mais à vagas de qualidade é preciso que ele se capacite e estude. Nesta quinta-feira (5) havia 48 vagas de empregos oferecidas.

“Os adolescentes que não se formaram na educação básica ganham em média 20% a 25% dos salários de quem se formou. Cada adolescente deixa de receber ao ano R$ 160 mil por falta de conclusão no ensino básico. Isto é muito para este grupo que representa 23% da população brasileira”, afirma o chefe da educação da Unicef.

Presente em outros 26 países, a plataforma “1mio” não se encerra se as 1 milhão de oportunidades forem atingidas no prazo previsto. “ Na verdade, queremos atingir 10 milhões e quantos forem possíveis”, diz confiante o chefe de Educação da Unicef Brasil.

O jovem no mercado de trabalho: comparativo

O momento escolhido pela Unicef e a Organização Mundial do Trabalho para atender a população jovem vulnerável se torna ainda mais urgente ao depararmos com o aspecto mais global dos índices de desemprego no país.

O dado mais recente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),  embora análise faixas etárias diferentes, entre 18 e 24 anos, , mas ainda assim jovem, reforça que o desemprego tem aumentado para essa população.  Entre abril e junho deste ano, o índice atingiu 29,7% contra 13,3% para a média da população ativa.

Os levantamentos de anos anteriores mostram que a situação é ainda mais grave para os jovens de diferentes idades. Em apenas seis anos o índice de desemprego entre os que tinham  de 14 e 19 anos cresceu 107,5%, e entre os que têm idade, de 20 a 29 anos, chegou a 99,7%, na comparação do segundo trimestre de 2014 com o mesmo período de 2020, segundo a economista e professora Unicamp, Marilane Teixeira.

Apesar da variação de índices nos períodos analisados, essas faixas etárias são as que mais têm sentido a falta de oportunidades.  Ao analisar o mercado de trabalho, a partir da Pnad Contínua , Marilane Teixeira reforça que na década de 2000, o número de jovens que buscavam trabalho era menor, em função até do período de níveis de emprego positivos que o Brasil passava, com as famílias tendo mais condições de manter seus filhos e netos na escola, sem precisar trabalhar.

“Havia menos pressão da força de trabalho pelas próprias condições financeiras das famílias. A pressão começou em 2014 e se estabeleceu a partir de 2016, quando o aumento do desemprego fez os jovens saírem de casa à procura de uma vaga para ajudar no orçamento familiar”, diz.

Para se ter uma ideia do aumento do desemprego entre os jovens, Marilane fez um comparativo entre períodos distintos com início em 2012 até este ano de 2020.

Em 2012, no quarto trimestre, o total de pessoas ocupadas no mercado de trabalho mostrava que de cada 100 trabalhadores, 6,5% tinham de 14 a 19 anos e 23,9% tinham de 20 a 29 anos. Juntos, esses jovens somavam mais de  30,4% do número de pessoas ocupadas.

Já o desemprego atingia, no mesmo período, 19,5%, entre os jovens de 14 e 19 anos, e chegou a 10% para quem tinha de 20 a 29 anos. Ou seja, o índice de desemprego nas duas faixas somava (29,5%) – abaixo do índice de emprego.

Após o golpe contra a ex-presidenta Dilma Roussef, no segundo trimestre de 2016, o desemprego chegou a 37,5% para quem tinha idade entre 14 e 19 anos. Dos 20 anos aos 29 anos, o índice foi de 18,2%.

Em 2019, já com Jair Bolsonaro na Presidência da República, o segundo trimestre fechou com 42% dos jovens entre 14 e 19 anos desempregados. O índice chegou a 21% entre os que tinham de 20 anos a 29 anos.

No último trimestre de 2019, o índice de desemprego entre os jovens teve ligeira retração, mas ainda assim se manteve em níveis elevados. O desemprego atingiu 35,4% entre os jovens de 14 a 19 anos, e foi de 17% para os que estavam com idades entre 20 e 29 anos.

Para Marilane Teixeira, a pequena recuperação no nível de emprego entre o segundo e o quarto trimestre de 2019, ainda é mínima para atender as necessidades dos jovens brasileiros. Segundo ela, o governo federal precisa criar uma dinâmica econômica de estímulo ao emprego para todas as faixas etárias.

“ Veja o exemplo da Carteira Verde e Amarela que reduziu os encargos pagos pelos patrões que admitissem trabalhadores jovens até 29 anos. Embora seu período de vigência tenha sido curto, era mais fácil para as empresas trocarem um adulto de 30 anos, com direitos por um jovem de 20 anos., sem direitos. Ainda bem que a rejeição foi tão grande que a MP que a criou caducou”, diz a economista.

No período da sua vigência, de janeiro a abril deste ano, a MP 905/ 2029 que criou a Carteira Verde e Amarela, foi  responsável pela contratação de 13 mil pessoas, representando apenas 0,25% dos trabalhadores e trabalhadoras contratados no período.

Outro ponto que a economista da Unicamp destaca, é que a falta de benefícios previdenciários e os cortes no valor e o aumento do tempo de contribuição para a aposentadoria a partir da reforma da Previdência, que fizeram os trabalhadores mais velhos estender o seu tempo no mercado de trabalho, prejudicando a inserção do jovem na disputa de uma vaga.

“O mercado de trabalho se estreitou ainda mais, e o único estímulo ao emprego que o governo federal pensa é na redução de custos para as empresas, precarizando ainda mais as relações de trabalho do jovem que precisa se inserir no mercado”, critica Marilane Teixeira.

A alta dos preços está levando famílias mais pobres a reduzir a compra de  produtos como água sanitária e sabonete. A queda de renda da população é sentida por sete em cada dez paulistanos

Matéria retirada do site da CUT.

Apesar da recomendação das autoridades da área da saúde de que é preciso lavar as mãos várias vezes ao dia, usar álcool em gel constantemente e água sanitária para desinfetar as residências, únicas formas de se evitar a contaminação e propagação do novo coronavírus (Covid-19), milhões de brasileiros reduziram drasticamente a compra de produtos de higiene e limpeza por causa da disparada dos preços.

Recentes pesquisas mostram queda no consumo de produtos de higiene e limpeza e também de alimentos, especialmente entre a população mais pobre que amarga queda nos rendimentos.

Este é o caso da dona de casa Antônia Alves Pedrosa Moreira, de 57 anos e de milhões de brasileiros cujas situações trágicas poderiam ser diferentes se no comando do país estivesse um mandatário que se importasse com os mais pobres.

Desde que assumiu a Presidência da República, Jair Bolsonaro (ex-PSL) só retirou direitos dos trabalhadores na reforma da Previdência, no corte do auxílio emergencial, nas tentativas de implementar a Carteira Verde e Amarela. Todas essas medidas juntas agradaram ao mercado financeiro, mas são os mais pobres que sentem na pele a diminuição da renda e o aumento da fome causada por essas medidas.

Dona Antônia é uma das brasileiras que sofre as consequências das decisões do governo e que entrou para essas estatísticas dos que precisam reduzir as compras de itens da cesta básica. Sobrevivendo com os R$ 300 que recebeu de auxílio emergencial no mês passado, a dona de casa tem cortado da sua lista de compras produtos essenciais para sua alimentação e até da sua higiene pessoal e da casa. Isso em plena pandemia, que já matou mais de 160 mil brasileiros e contaminou mais de 5 milhões.

Dos cinco sabonetes que usava para sua higiene, agora só consegue comprar dois por mês. A compra da água sanitária também foi reduzida. Ela cortou pela metade e ainda assim controla o uso para durar até o fim do mês. Pasta de dentes, detergentes e outros produtos de higiene também tiveram seu uso cortados em torno de 30%.

“A compra que a gente fazia no mês foi toda reduzida, até porque com os R$ 600 a gente comprava mais coisas, mas só com os R$ 300 não dá pra comprar tudo o que a gente precisa. Entre comprar um litro de leite e a água sanitária, fico com o leite. A gente sobrevive sem produto de limpeza, mas não com fome”, diz Antônia se referindo a decisão de Bolsonaro de corta pela metade o valor do auxílio emergencial quando ampliou o pagamento do benefício até dezembro.

Mas não é só Antônia que sentiu a alta de preços dos produtos de limpeza. A  população diminuiu a compra desses itens em 24%, enquanto o preço subiu em média 29%. Os produtos que mais contribuíram para a queda no consumo foram a água sanitária (-21%) e o sabonete e o shampoo, que juntos caíram 15%.  Já os preços dos sabonetes subiram 9% e do shampoo, 8%. O levantamento é da empresa de inteligência de mercado Horus e foi publicado no jornal ‘O Estado de São Paulo’, que analisou o consumo de agosto a setembro em relação ao bimestre anterior.

Os itens de limpeza fazem parte do grupo ‘Habitação’ na composição do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) com peso de 15,16%.

A inflação acelerada poderia ser sentida um pouco menos, se o governo Bolsonaro não reduzisse pela metade o auxílio emergencial, já que a proposta foi feita como política para proteger as famílias durante a crise sanitária, acredita a técnica do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) / Subseção CUT, Adriana Marcolino.

“O valor desses R$ 600, aprovado pelo Congresso Nacional, foi pensado porque a gente sabe que uma cesta básica para uma família de 4 pessoas passar o mês gira em torno de R$ 500. Isto sem contar as contas dos serviços públicos como água e luz que não estão contemplados”, diz.

Queda de rendimentos dos mais pobres se agrava

Com o corte no auxílio emergencial, Antônia tem problemas muito além da falta de produtos de higiene em sua lista de compras. Ela também faz parte do grupo de pessoas mais pobres que viram seus rendimentos praticamente zerarem, e sentem mais a inflação corroer o pouco que ganham.  Diversas pesquisas mostram que a pandemia, a inflação e a perda de rendimentos foram mais sentidas pelas famílias de baixa renda.

Sete em cada dez paulistanos relatam ter sofrido perda de renda em meio à pandemia de Covid-19, segundo a mais recente pesquisa Ibope/Estadão/TV Globo.  Apenas 6% da população apontou melhora de sua situação financeira. Uma parcela de 22% relatou perda pequena de receitas, e um contingente equivalente afirmou que a renda permaneceu igual. 38% disseram que suas rendas diminuíram muito; outros 11% relataram ter perdido completamente suas fontes de recursos.

A segmentação dos resultados segundo a renda dos entrevistados mostra que  60% dos que ganham renda superior a dois salários mínimos perderam renda. Este índice aumenta para 80% da população mais pobre que ganha até dois salários (R$ 2.090).

Antônia faz parte do último grupo. Tudo ao seu redor se transformou em tragédia, há dois meses, com a morte do marido com quem foi casada por 38 anos, vítima da Covid-19, doença que também quase a matou. Além da dor da perda do marido, a dona de casa ficou sem aposentadoria, já que ele aos 61 anos, como autônomo, não conseguiu contribuir com a Previdência por não ter rendimentos suficientes.  Antônia era faxineira, mas há anos um problema nas costas a impede de trabalhar.

Sem outra fonte de renda, a dona de casa diz estar sem chão e não sabe como sobreviverá no próximo mês. Seus filhos são casados e como eles também têm filhos, a ajuda para a dona de casa, se vier, deverá ser mínima.

“Por enquanto tenho ainda tenho esse dinheiro do auxílio, mas nem sei o que fazer. Só me resta a fé em Deus”, diz chorando.

Para Adriana Marcolino, além da insegurança alimentar, a redução pela metade do auxílio terá um impacto negativo na economia.

“Os recursos do auxílio emergencial ajudam a sustentar por um período de crise um mínimo o consumo e a atividade econômica. O corte terá um impacto muito grande tanto para as famílias mais pobres como para a economia em geral”.

E este corte no valor do auxílio emergencial pode provocar uma crise ainda maior com o aumento da taxa de desemprego que já atingiu 13, 8 milhões de pessoas, acredita Adriana Marcolino. Para ela, os R$ 600 garantiam que as pessoas pudessem esperar que o cenário econômico melhorasse um pouco, para que procurassem uma oportunidade de trabalho em melhores condições.

“Com a redução no valor do auxílio, muito possivelmente essas pessoas terão que antecipar a sua volta ao mercado de trabalho, só que num cenário sem geração de emprego de qualidade para todo mundo, possivelmente até o final do ano, vão aumentar a taxa de desemprego de uma forma mais acelerada e também a taxa de empregos precários com a subutilização da força de trabalho”, afirma a técnica do Dieese.

 

 

 

 

Nota divulgada pela Reitoria, no dia 30 de outubro, foi usada por alguns veículos de comunicação como incentivo à liberação aulas presenciais na rede pública e particular do Rio de Janeiro. De acordo com o noticiário, cientistas da UFRJ apoiavam o retorno escolar desde que com segurança.

A frase do texto da nota que dizia “Para o GT – Coronavírus da UFRJ é preciso alertar para a minimização de riscos de exposição” foi utilizada pela mídia fora de contexto, dando margem a interpretação distorcida do alerta dado pelos pesquisadores.  

Alerta distorcido 

“O que queremos é cobrar dos gestores municipais, estaduais e federais que atentem desde já para medidas de segurança e melhoria na infraestrutura. Mas não é não é para abrir agora (as escolas). Peremptoriamente, não!”, frisou o coordenador do GT-Coronavírus da UFRJ, Roberto Medronho. 

“A nota orienta”, segundo ele, “o mais breve possível e da maneira mais segura possível (para os perigos do vírus), porque com o silêncio da sociedade ficou fácil para o gestor público transformar as crianças em seres invisíveis. Estamos do lado dos profissionais da educação contrários ao posicionamento dos governos que se acomodam”.  

O GT-Coronavírus considera que, “se em condições habituais muitas escolas públicas já não ofereciam instalações adequadas para garantir que os protocolos de higiene fossem obedecidos, há que se considerar a condição real da escola reabrir sob o risco de que recomendamos algo inexequível”.   

A nota elenca elementos básicos para a segurança dos estudantes na pandemia, como banheiros funcionais, pias para lavagem de mãos com água e sabão, salas com ventilação, distribuição de água para evitar a utilização de bebedouros comuns ou bebedouros com torneiras, entre outros aspectos que devem ser garantidos pelas autoridades em todas as escolas, sem distinção. 

Nas mãos dos diretores

No dia 3 de outubro, a Prefeitura do Rio liberou, na fase de flexibilização do município classificada como período “conservador”, a volta às aulas de todas as séries das escolas e creches privadas. Já a reabertura da rede municipal de educação será feita voluntariamente a partir das turmas do 9º ano, e cada instituição tomará sua decisão após reunião do conselho de pais com os professores, quando deverá ser definido se a escola preenche os pré-requisitos para garantir segurança para os alunos e profissionais. 

“Assistimos com preocupação a leitura feita pela mídia do retorno. Muito ruim, porque foi como se a UFRJ estivesse indicando o retorno imediato das aulas. Nós, do Colégio de Aplicação, vemos isso como muito problemático, e avaliamos que as escolas hoje não têm condições físicas para de fato efetivar retorno presencial”, disse a vice-diretora do CAp UFRJ, Cristina Miranda.

No CAp, informou, de acordo com o calendário aprovado no Conselho Universitário as aulas seguirão no modo remoto até o fim do ano letivo de 2020, que é 5 de abril. “Na nossa avaliação, a gente não tem capacidade hoje (do ponto de vista das condições físicas) para receber os alunos e de se estudar com a segurança necessária”, afirmou a dirigente. Ela adiantou que foi criado um Grupo de Trabalho para estudar as necessidades estruturais e de pessoal para que o colégio volte à normalidade. 

Sepe expõe a realidade 

O diretor de Saúde e Direitos Humanos do Núcleo Duque de Caxias do Sindicato Estadual da Educação do Rio de Janeiro (Sepe), Mateus Mendes, disse que não faz sentido retomar as aulas no último bimestre e que o movimento para tornar uma escola num ambiente minimamente seguro é demorado. “O que deveria ocorrer é suspenderem o ano”, defendeu. 

Segundo o dirigente sindical, que leu a nota da Reitoria, pela maneira como foi a repercussão ele não tem dúvidas: houve um descolamento da realidade. “O texto até assume que medidas não podem ser negligenciadas e reconhece a importância de mitigar a contaminação, mas diz que tem que voltar. Só que a única medida comprovadamente que adotamos para mitigar é o isolamento”. No Hemisfério Norte é o começo do ano letivo. Aqui, estamos no meio do último bimestre. É um despropósito isso agora”, disse. 

Ele também chama a atenção para o recorte de classe: “A gente dá aula para filhos da classe trabalhadora super explorada. E tudo que está na nota da UFRJ são bandeiras da Educação desde a década de 1980, como, por exemplo, estruturas decentes nas escolas. Mas a gente dá aula em escolas que às vezes não tem banheiro funcionando. Como os alunos vão lavar as mãos? Há escolas cujo teto caiu e há goteiras na sala de aula. E água potável? Como retornar a aula se a escola vive de caminhão pipa e às vezes acaba a água? É o que acontece na baixada fluminense. Como pôr crianças num ambiente assim?”, questionou o professor. 

“Muitas vezes”, contou, “os pais mandam as crianças doentes para a escola porque elas precisam comer ou não tiveram condições de levar ao Posto de Saúde para pegar atestado. O filho não pode tomar falta porque a família perde a Bolsa Família. Ou apenas não tem com quem deixá-lo.

Sinpro-Rio quer ação da Vigilância Sanitária

Elson Paiva, diretor do Departamento Jurídico do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (Sinpro-Rio) afirmou: “A gente entende que os protocolos têm que se cumpridos, mas boa parte das escolas não está seguindo as recomendações. E a maioria dos pais também não está mandando os filhos para a escola por não acreditar que os protocolos vão ser cumpridos e/ou que crianças e adolescentes cumprem protocolos. Vemos com muita preocupação a posição diametralmente oposta a de cerca de um mês e meio atrás (quando não se recomendava o retorno). Não houve posição no intuito de dizer que a Vigilância Sanitária tinha que estar atenta e que só poderia abrir depois que desse ok”.

Na avaliação de Elson a Prefeitura do Rio lavou as mãos. “(A Prefeitura) Diz  que cada escola privada abre se quiser, e se houver problema será dela, que terá o alvará cassado. (A Prefeitura) Botou no colo das escolas a responsabilidade que é dela, inclusive de fiscalização. E também disse para os diretores (das escolas municipais): abre aí, se quiser. Não vai dar recursos ( para EPI (equipamentos de segurança individual), por exemplo) e as escolas não vão abrir. Agora, as direções têm que assumir”. 

Para ele, governador e prefeito não leram a nota da UFRJ, optando ficar com a impressão difundida pela mídia. “Entendemos que a intenção era criar protocolos, mas que se cobrasse a atuação nas escolas da Vigilância Sanitária seria o principal para nós”, observou.

Proposta do GT não é o retorno imediato 

“Ao contrário. Somos contra, porque as condições de infraestrutura física de algumas escolas não permitem. O que queremos é uma ação dos gestores públicos e o apoio da sociedade para dotar as escolas de condições mínimas de  infraestrutura para o retorno seguro das aulas presencias”, explicou Roberto Medronho.

Além da evidência de que criança tem poder de transmissão menor que adultos e de que em países que mantiveram escolas abertas não se agravou o quadro epidêmico, há outros indicadores que o GT-Coronavírus da UFRJ levou em conta na nota técnica, informou Medronho. Por exemplo,  evidências apontadas por especialistas da área de pediatria de que houve um aumento de casos de abusos físicos, sexuais, depressão e ansiedade em crianças das classes mais vulneráveis durante a pandemia. Além disso, quanto maior o tempo de fechamento das escolas, maior probabilidade de evasão. Para ele é preciso considerar a escola e a educação como serviço essencial.

A nota técnica refere-se ao ensino básico público. Segundo Medronho, a recomendação não se aplica ao ensino superior porque adultos são grandes transmissores da doença. Ou seja, a recomendação não se aplica na graduação e na pós-graduação da UFRJ. E também no Colégio de Aplicação, porque segundo Medronho, o GT constatou em reunião com profissionais da casa, antes da formulação da nota, que o CAp está com o ensino remoto bem equacionado, com boa adesão e que provavelmente manteria a qualidade do ensino esse ano, sem a abertura presencial.

“No ensino superior permanece o trabalho e o ensino na forma remota. O GT continua absolutamente fiel ao que foi aprovado na resolução 7 de 2020 (do Conselho Universitário), com trabalho remoto para todos e presencial para atividades essenciais (como de saúde e biotérios), e alguns outros casos a serem apontados pelas unidades cabendo recurso ao órgão superior, informou Medronho. 

Segurança para as crianças

O virologista Davis Ferreira, do Instituto de Microbiologia e membro do GT- Coronavírus da UFRJ, citou os prejuízos que especialistas da área da saúde têm apontado no fato das crianças estarem fora da escola. “Estudos pelo mundo todo têm mostrado que as escolas não são grandes focos de transmissão quando outros fatores estão devidamente controlados, tanto dentro da escola quanto em outros locais da cidade. Portanto, seria importante o retorno as aulas o mais rápido possível. Mas, com as condições de segurança necessárias. A nota deixa isso claro”, afirmou.

Se o poder público quiser usar o texto para justificar a abertura, argumenta Davis, terá que atender a nota quando aponta a necessidade de investimento nas escolas para que a volta às aulas presenciais seja feita de forma a mais segura possível.

 

Da esquerda para a direita: O virologista Davis Ferreira, do Instituto de Microbiologia; O diretor de Saúde e Direitos Humanos do Núcleo Duque de Caxias do Sepe, Mateus Mendes; e Elson Paiva, diretor do Departamento Jurídico do Sinpro-Rio.

Paulo Vitor, museólogo do Museu Nacional, cujo depoimento registramos em vídeo, sintetizou bem parte dos objetivos do Sintufrj Itinerante, há duas semanas circulando por unidades na UFRJ

Paulo Vitor lembrou que “neste contexto de pandemia, a gente passando dificuldades em várias unidades”. O museólogo saudou a presença da “van do Sintufrj” que ele aproveitou para tirar várias dúvidas.

“Tirei minhas dúvidas agora vou pra casa, me cuidar..”, disse, numa referência ao isolamento social.

Tem sido assim nas últimas semanas, período em que o Sintufrj Itinerante se incorporou na paisagem dos campi da universidade, atividade que foi concentrada, inicialmente, nas unidades de saúde. Nos últimos três dias a van esteve no CCS, HUCFF e no Museu Nacional.

 

Fonte: Por Lilia Teles, G1. Publicado em 3/11/2020

Monitor da violência – feminicídio — Foto: Editoria de Arte/G1

Um levantamento feito pelo Núcleo de Pesquisa de Gênero, Raça e Etnia da Escola de Magistratura do Rio de Janeiro mostra que a grande maioria das vítimas de feminicídio no estado eram mães e que os agressores tinham vínculo íntimo com elas.

O RJ1 teve acesso em primeira mão aos dados da pesquisa, que analisou processos de feminicídios julgados pelas Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Segundo o levantamento, as vítimas são, em sua maior parte, mulheres pardas e brancas, com idades entre 25 e 45 anos e que 74% das mulheres assassinadas eram mães.

A maior parte dos agressores também está nessa faixa etária, entre 25 e 45 anos. Mais da metade deles, segundo a pesquisa, usava algum tipo de droga ou medicamento. Além disso, 90% dos agressores tinham vínculo íntimo com as mulheres que mataram, sendo que 39% deles moravam com elas.

A juíza titular do 1º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Adriana Ramos de Mello, que esteve à frente da pesquisa, enfatizou que os dados do levantamento devem servir de base para a criação de mecanismos de prevenção à violência contra as mulheres.

“O feminicídio, ele é um contínuo, um processo de violência, que pode começar com uma violência verbal, uma ameaça, às vezes, um xingamento, um insulto”, apontou.

Segundo a magistrada, é preciso buscar ajuda no primeiro sinal de violência doméstica para se poder evitar a morte da vítima.

“A gente diz sempre que o feminicídio é uma morte evitável, uma morte que não poderia ter acontecido”, enfatizou a juíza.

Por trás dos números, tragédias familiares

Somente nos últimos quatro anos, mais de 300 mulheres foram assassinadas no estado do Rio de Janeiro vítimas de feminicídio, crime que caracteriza quando uma mulher é morta pelo simples fato de ser mulher.

No Brasil, três mulheres são assassinadas por dia, vítimas do feminicído. Isso significa que uma mulher é morta a cada sete horas. A agressão é ainda mais frequente – acontece a cada dois segundos.

Cristiane está entre as vítimas do feminicídio no Rio de Janeiro. Ela foi morta a facadas pelo ex-marido em 2015, ano em que foi criada a lei do feminicídio no Brasil. A filha mais velha, Yasmin, lamenta a falta da mãe.

“Nós éramos muito próximas. A gente conversava bastante, eu falava muito da minha vida pra ela, ela falava muito da vida dela pra mim”, contou.

Yasmin era a única filha do primeiro casamento. Cristiane teve outros dois filhos com o segundo marido, Edson Alves Luís. E foi pelas mãos dele que os três irmãos ficaram órfãos de mãe.

“As crianças estão crescendo e ela não está aqui para ver. Mas eu tento levar da melhor forma possível. Até por eles, porque eu sei que eles sofrem bastante”, enfatizou Yasmin.

Cristiane foi morta a facadas pelo ex- marido, inconformado com a separação, um mês depois de ter sido espancada por ele.

“Ele hackeou o Facebook dela e fez um perfil fake, se passando por um homossexual querendo ser amigo dela. E aí minha mãe, muito inocente, começou a contar tudo da vida dela e foi aí que ele descobriu que ela estava começando a se envolver com outra pessoa. E ele foi até o apartamento e matou ela a facadas”, contou Yasmin.

A jovem órfã destacou, ainda, que a mãe sequer teve chance de buscar socorro. “Morreu na hora. Em relatos, em depoimento dele na delegacia, ele disse que só parou [de esfaquear Cristiane] quando ele viu que ela já estava morta”.

Dor transformada em luta
Yasmim contou que o assassinato da mãe mudou completamente a sua vida e que ela passou a usar a sua dor para tentar ajudar outras mulheres.

“A Yasmim antes achava que vivia numa vida maravilhosa, que nada podia acontecer dentro da minha família. Quando eu enterrei a minha mãe, eu renasci de novo, eu renasci mais forte, e tudo que eu faço hoje é por ela”, disse.

Para conclusão do curso de jornalismo, Yasmim produziu um curta metragem que retrata mulheres que sofreram com parceiros violentos, em relações abusivas.

“Eu entrevistei quatro mulheres que passaram por diferentes estágios de violência, até chegar no grau máximo, que é o feminicídio, como o caso da minha mãe. Ele [o curta metragem] foi cinco vezes premiado, rodou o Brasil inteiro, e através dele eu consegui chamar a atenção de muitas mulheres. Em alguns estados em que eu visitei, que eu fui junto com o documentário em festival, as mulheres me abraçavam me agradeciam pelo trabalho que eu estava fazendo”, contou.

Por conta da tragédia familiar, Yasmim disse ter percebido que é uma falácia a tese popular de que “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”, e passou a trabalhar para ajudar as mulheres vítimas de agressão doméstica.

“Quando a gente vê [um caso de agressão] a gente tem que se meter sim, porque a gente pode estar evitando a morte de alguém”, enfatizou.

Morte 15 dias após ser espancada
Faz quase um ano que Valdir e de dona Alice convivem com a dor de ter tido uma filha assassinada, em um caso de violência que, para eles, não tem explicação. A suspeita é que a filha deles, Vanessa, tenha morrido por causa de uma longa sessão de espancamentos. O agressor seria o companheiro dela, Douglas da Silva.

“Ele deixou ela dentro de casa, que a casa deles não tinha porta, era só um pano, e falava para o pessoal do entorno que ela estava passando mal. E os dias foram se passando, se passando. Chegou um certo dia que uma das tias dele, achando estranho, entrou dentro da casinha onde minha filha morava. Vendo o estado que ela estava, ligou para essa sobrinha que foi lá pra socorrer a minha filha”, lembrou Valdir.

Os pais de Vanessa acreditam que ela estava machucada, presa em casa, há pelo menos uma semana quando a tia do companheiro chamou por socorro. A única testemunha do que teria ocorrido é o neto deles, que só tem 8 anos de idade e acusa o pai de ter batido na mãe.

“Eu fui atrás junto com a minha namorada e a comadre da minha filha que sabia onde essa irmã dele morava. Chegando lá, eu encontrei a minha filha em cima de uma cama com o olho inchado e roxo, meu neto do lado. Eu perguntei ao meu neto ‘o que aconteceu com a sua mãe?’. Ele olhou pra um lado, olhou pro outro, e falou assim ‘vô, meu pai bateu muito na minha mãe’”, contou Valdir.

Os pais não sabiam que Vanessa estaria sendo agredida por Douglas. O neto, traumatizado, deu detalhes das agressões, que seriam constantes.

“Meu neto fala que foi muito na cabeça, inclusive meu neto fala que ele batia nele na cabeça mas aí meu neto fica com medo porque ele sabe que ele está solto então tem medo dele. Então, ele fala muito pouco. Ele se tornou aquela criança, assim, que quer ficar isolada, não quer ficar mais na rua, não fica mais no meio de ninguém, só quer ficar mais com a gente dentro de casa”, destacou dona Alice.

Vanessa foi levada pelos pais ao hospital com um olho roxo. Mas, os piores ferimentos eram internos e acabaram levando ela à morte. Vanessa morreu no Hospital de Saracuruna, em novembro de 2019, 15 dias depois de ser espancada em casa.

“O laudo do IML diz que a causa da morte foi hemorragia das meninges por ação contundente. Esse foi o laudo expedido pelo IML de Caxias”, enfatizou o pai.

Vanessa tinha de 23 anos. Ela já tinha tentado se separar do companheiro, mas foi ameaçada por ele, e voltou. Douglas chegou a ser preso, com base na Lei Maria da Penha, e ficou dois meses na cadeia, mas aguarda o julgamento em liberdade.

“Em liberdade por quê? Não sei porque, o crime que ele cometeu é hediondo por motivo torpe, qualquer juiz ou Ministério Público já manda encarcerar”, questiona Valdir.

“Só o que queremos é Justiça, para que outras pessoas não venham a passar o que a gente está passando, porque ele fez com a minha filha, quem dirá que ele não vai fazer com outra. Já que não aconteceu nada com ele até agora por causa da minha filha, ele pode vir a fazer com outra”, cobrou a mãe de Vanessa, dona Alice.

O Ministério Público do Rio disse que a Polícia Civil não anexou ao inquérito remetido à promotoria os depoimentos de Douglas da Silva, acusado do assassinato, nem outras peças importantes, como o laudo da necropsia.

Já a Polícia Civil disse que está cumprindo as diligências pedidas pelo MP e que o caso vai ser concluído em breve. A defesa de Douglas da Silva não foi localizada pela reportagem do RJ1.

 

 

O Ministério da Economia do Governo Bolsonaro publicou, nesta terça, a Instrução Normativa nº 109, de 29 de outubro, com orientações aos órgãos do sistema de pessoal da Administração Pública Federal para a retomada das atividades presenciais se constatadas condições sanitárias e de atendimento de saúde pública que a viabilizem. Mas, embora a IN 109 autorize o retorno às rotinas normais, os critérios ficam a cargo da autoridade máxima de cada órgão. 

De acordo com a coordenadora do Sintufrj e representante técnico-administrativa no Conselho Universitário, Joana de Angelis, não houve nenhum pronunciamento até agora por parte da Reitoria ou do Grupo de Trabalho Pós-Pandemia que aponte posição diferente da já definida pela universidade. Portanto, segundo a dirigente, está mantida a decisão de que as atividades seguem remotas, e no modo presencial somente as essenciais. 

Posição da instituição é a que vale

Joana chama a atenção da comunidade universitária para o esclarecimento a respeito desse tema feito em vídeo pelo coordenador do Grupo de Trabalho Pós-Pandemia, o pró-reitor de Patrimônio, Desenvolvimento e Finanças, Eduardo Raupp, a pedido do Sintufrj, no qual ele explica o plano de fases para a retomada e informa que a UFRJ ainda está na fase 3. 

A fase 3 prevê ensino remoto na graduação, pós-graduação e educação básica, atividades presenciais essenciais em disciplinas e pesquisas, trabalho remoto em áreas não essenciais, entre outras medidas.

Na versão mais recente do plano consta que o trânsito entre as fases depende de variáveis epidemiológicas e institucionais; que não há qualquer definição cronológica para as fases (meses em que cada uma vigorará) e que, atualmente, o GT Pós-Pandemia considera que se está na fase 3. Alterações, garante o documento divulgado pela Reitoria, serão amplamente comunicadas.

“Portanto, até que haja alguma mudança na posição oficial está mantido o que foi estabelecido: estamos na fase em que o retorno é relativo apenas para as atividades essenciais”, afirma Joana, lembrando que, segundo a própria reitora da UFRJ, Profª Drª Denise Pires de Carvalho, só se retorna com a vacina. “Além disso”, acrescenta, “a instrução normativa não é lei, apenas orienta ou indica, e a instituição acata ou não.”

Reitoria e GTs discutirão a respeito 

A publicação da IN foi assunto na sessão do Conselho Superior de Coordenação Executiva, no dia 3, e, como explicou o vice-reitor Carlos Frederico Leão Rocha, a Reitoria ainda realizaria reunião de equipe para tratar do caso. 

Ele fez algumas observações: “À primeira vista, (a IN) é bastante ampla e deixa ao gestor, no nosso caso com a autonomia universitária, algumas decisões, e temos que ponderar sobre isso, o que já vem sendo feito e acompanhado pelos nossos grupos de trabalho, tanto o de Coronavírus quanto o de Biossegurança e o GT Pós-Pandemia. Nós vamos discutir hoje (dia 4) e na sexta-feira (dia 6), e deve ser colocado (o assunto) no GT Pós-Pandemia. A medida autoriza o retorno com determinadas condições, e temos que ponderar quais os riscos. Temos algumas orientações e vamos manter e seguir as orientações”.   

O vice-reitor chama atenção para o fato de que a medida “não diz que se tem que fazer alguma coisa, apenas abre a possibilidade e estabelece alguns limites”. Por exemplo, conforme se verificou numa leitura preliminar, “não se pode retomar com mais de 50% do pessoal. Ou seja, mesmo que a UFRJ defina alguma modificação, esta seria limitada”. 

O que pode mudar

Segundo Carlos Frederico Leão Rocha, “é preciso olhar com carinho para algumas atividades curriculares nas quais é necessária presença, por exemplo, de ensino, mas isso já estava sendo avaliado (nos GTs). Tem algumas pressões de alguns segmentos, e é preciso um olhar cuidadoso, mais que isso não vai acontecer, não”. 

A coordenadora do Sintufrj Joana de Angelis observa que, no caso de aulas práticas, a questão está sendo tratada em um GT criado para discutir como vai ser a retomada dessa atividade acadêmica, e o Sintufrj faz parte desse grupo de trabalho. 

 

 

 

Senado dá o primeiro passo para a autonomia do Banco Central (BC). Para vice-presidente da CUT, Vagner Freitas e o presidente do Instituto Lula,  Marcio Pochmann, decisão vai prejudicar empresas e trabalhadores

Matéria retirada do site da CUT

O Senado Federal deu o primeiro passo, nesta terça-feira (3), para a autonomia do Banco Central (BC) ao aprovar por 56 votos a 12,  o projeto de lei que estabelece mandatos de quatro anos, com direito a recondução ao cargo pelo mesmo período, do presidente e diretores da instituição. Atualmente a direção do Banco Central não tem mandato fixo e é indicada pela Presidência da República. A autonomia do Banco Central ainda precisa ser votada pela Câmara dos Deputados.

Mas, o que o trabalhador tem a ver com a escolha e tempo de mandato de um  presidente e dos diretores do Banco Central? Tudo, dizem o vice-presidente da CUT, Vagner Freitas e o economista e presidente do Instituto Lula, Marcio Pochmann.

A atuação do BC influencia na geração de emprego e renda ao condicionar instrumentos de políticas econômicas como a taxa básica de juros, que impactam no valor dos empréstimos pessoais e das empresas, que podem ser favoráveis, ou não, ao aumento da produção.

Com juros altos, uma indústria, por exemplo, não consegue crédito para se expandir e contratar mais funcionários. Uma importadora pode ter prejuízos com o dólar alto e até mesmo o mercado interno ficar desabastecido como vem ocorrendo com a desvalorização do real frente ao dólar, o que acarretou nos preços altos dos alimentos. Quando a moeda norte-americana está muito alta ao ponto de ser prejudicial ao país é o BC que entra no mercado para vender ou comprar dólares e estabilizar seus preços.

O economista explica que o papel do BC é também exercer o controle da moeda, a valorização do país. Para isso tem de enfrentar a inflação e a desvalorização do Real e, é por isso que precisa cuidar da saúde dos que operam a moeda, que são os bancos, as instituições financeiras.

O problema, de acordo com Pochmann,  é que se o BC adotar uma receita que mate o paciente, ele acaba com os empregos.

“Mesmo estabelecendo a taxa básica dos juros, o Banco Central não define a taxa final, o que já tem favorecido os grandes bancos. Se já atrelado ao governo federal o BC não promove competição entre os bancos, nem favorece a criação de cooperativas de crédito que possam baratear o custo do dinheiro, as possibilidade de crescimento de emprego se tornam mínimas, afetando toda a população”, diz Pochmann.

Autonomia gerará conflitos com eventual governo progressista

Tanto para o vice-presidente da CUT como para o presidente do Instituto Lula, a autonomia do Banco Central é uma farsa, já que a instituição passará a definir os rumos da economia do país, independentemente da política econômica que um presidente eleito vier a tomar.

O perigo, segundo Vagner Freitas, é o discurso de que o objetivo da autonomia do Banco Central é blindá-lo de pressões político-partidárias, mas o que ocorre na verdade, é que o comando da instituição deverá ficar nas mãos do mercado financeiro, lembrando que o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, é banqueiro.

“É preciso ter respeito pelo voto do eleitor. A atuação do BC não pode ser restrita ao governo escolhido pelo povo, que sentirá as medidas adotadas pela instituição. Na realidade, querem distanciar as decisões do BC do povo e aproximar do mercado financeiro. A autonomia do BC é transformar a eleição num engodo. É impedir que um presidente progressista coloque em prática a sua política econômica de geração de emprego e renda”, critica Vagner.

A autonomia do Banco Central para Pochmann nada tem de independência, pois esconde uma parcialidade, já que a instituição estaria distante de políticas governamentais e passaria a atuar à margem das decisões de um governo eleito.

Isto significa que a vontade da população ao votar e eleger num determinado candidato que tenha propostas econômicas de geração de emprego e renda, diferentes da direção do BC, poderá ser impedido de implantá-las.

Segundo ele, se de fato se confirmar o BC como autoridade independente dos governos de plantões, podemos ter na verdade caminhos diferentes. Um governo voltado à criação de empregos e um Banco Central contra, por conta da condução de uma politica monetária restritiva, com juros elevados, com poucos recursos para empréstimos.

“ Nas mãos do mercado financeiro, o BC não atuará numa uma política de incentivo ao emprego e à renda. O trabalhador também será prejudicado com uma política de juros altos que influenciam a habitação, seus gastos pessoais, as contas no supermercado. A vida ficará mais difícil para quem precisa de crédito pra comprar bens duráveis,  de consumo, como carros, imóveis e até a possibilidade das empresas contratarem em investir em obras”, diz o economista.

A autonomia do Banco Central consolida uma espécie de feudo dos bancos, constituído na defesa dos seus interesses, independente do país. É destruir a identidade nacional porque o que passa a valer são os interesses particulares e os interesses não necessariamente convergentes com os da Nação

– Marcio Pochmann

Já para Vagner Freitas, o BC independente é ter um parceiro para o mercado acumular riqueza, sem compromisso com políticas públicas. É deixar a instituição fora da pressão da opinião pública, da democracia.

“Eles querem fugir dessa pressão para que os recursos oriundos da riqueza nacional, que o BC é gestor, estejam fora de alcance da população. O Banco Central tem de estar atrelado ao projeto de governo que o povo escolher, e não ser mais um elo do mercado financeiro que só tem vontade fazer o bem a si próprio”, diz Vagner.

BC independente para quê? Independente de quem? Quem comporá a direção deste BC independente?.Serão os trabalhadores importantes nesta construção?. Serão os membros das cadeias produtivas, os setores da indústria, do agronegócio, do movimento sindical ligado aos trabalhadores? .O BC vai ser comandado no Brasil ou será pelos agentes financeiros internacionais que regulam o mercado?. São perguntas em que ninguém diz a resposta

– Vagner Freitas

Para o dirigente, esses questionamentos são válidos porque a interferência do mercado financeiro no Brasil, é segundo ele, muito grande, já que o mercado no Brasil só serve para estabelecer regras de acumular capital para enriquecer os grandes bancos privados.

O presidente do Instituto Lula ressalta ainda que o BC virou a porta de entrada e saída de banqueiros, hora são eleitos presidentes, hora são indicados ao ministério da Economia. Nos últimos cinco anos, segundo ele, esse funcionamento que já é autônomo, não reconhecido em lei, não favoreceu o país porque os bancos tiveram lucros excepcionais. O BC se tornou um sindicato dos bancos

“ Eu vejo essa autonomia como medida que se constitui num processo mais abrangente. De um lado a ideia de separação do Banco Central do Brasil, a sequencia é a aprovação do Real como moeda digital, e a terceira, é a transformação do Real como moeda conversível ao dólares. É a perda da  soberania do Brasil”.

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR) concorda com Pochmann de que a autonomia do BC é um atentado à soberania do país. Em seu twitter, a parlamentar escreveu:

“A autonomia do Banco Central serve aos interesses do mercado e não do país. Como pode o banco do governo ser autônomo?”, questionou. Um BC independente é atentado “à soberania”, acrescentou a parlamentar.

O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho ( SE) disse que “ sob pretexto de ‘blindar’ a instituição de ‘ingerências políticas’, o que os parlamentares aprovaram foi a ‘autonomia’ em relação à soberania popular”.

“Estamos dando autonomia em relação ao governo, mas não estamos dando autonomia em relação ao mercado. Ou seja, haverá autonomia com relação à vontade popular, ao governo eleito. Mas não haverá autonomia em relação ao mercado e aos interesses comerciais para quem vai dirigir a política monetária do país”, afirmou o líder petista.

Carvalho destacou ainda que a proposta foi aprovada pelos senadores sem debate com a sociedade. Além dos seis dos seis senadores do PT, também votaram contra Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (Rede-ES), Regufe (Pode-DF), Weverton Rocha (PDT-MA), José Serra (PSDB-SP) e Zenaide Rocha (Pros-RN).

 

 

Desde o início da pandemia no país, a UFRJ adotou o trabalho remoto. Como seria natural, os profissionais de saúde que atuam na frente de combate à Covid-19 se destacaram. Afinal, eles diariamente enfrentam a morte para salvar vidas. 

Mas a universidade para dar continuidade à sua prestação de serviços de excelência à população, em várias áreas, conta com a colaboração de centenas de outros servidores atuando presencialmente.

A Prefeitura Universitária, que reúne 322 servidores efetivos, é um exemplo. Cotidianamente, os trabalhadores da PU estão presentes nos campi. Eles desenvolvem atividades de segurança das áreas físicas, de transporte, de manutenção e conservação das vias e dos equipamentos públicos, entre outras tarefas. 

Tarefas

“Há equipes que trabalham alternadamente, como as da Manutenção e de Áreas Verdes, e há aquelas que estão presentes todos os dias, como na Administração. Mas nenhum setor está sem a presença de funcionário”, explica o prefeito Marcos Maldonado. 

As áreas de transporte e segurança continuam com a sua escala normal, segundo o prefeito. Porém, na área administrativa o trabalho presencial é cotidiano. Maldonado e equipe batem ponto todos os dias na universidade. Isso envolve os servidores do gabinete, secretaria, protocolo, recursos humanos, administração da sede da Prefeitura Universitária, almoxarifado, assessoria técnica, Horto, entre outros setores. 

“A pandemia não impediu que desenvolvêssemos nosso trabalho com dedicação. Vemos isso no pessoal da administração, nos motoristas, pedreiros, bombeiros, vigilância, enfim, todos”, destaca Marcos Maldonado.

 

 

Em seus 74 anos de existência, pela primeira vez o Instituto de Neurologia Deolindo Couto (INDC) será dirigido por um técnico-administrativo em educação. O médico Cesar Fantezia Andraus, que tomou posse no dia 26 de outubro, obteve 88,55% dos votos válidos em consulta à comunidade realizada dias 28 e 29 de setembro. Devido à pandemia de Covid-19, a consulta foi virtual. 

Cesar Andraus obteve maioria em todos os segmentos ao disputar o cargo com a professora Marleide Mota. Ele assumiu a direção da unidade em 26 de outubro, após mandato pro tempore de um ano do médico Leôncio Feitosa, por decisão da Reitoria, para promover mudanças na parte assistencial, administrativa e acadêmica (com apoio dos professores Nelson Cardoso e Carlos Peixoto).

Falta de pessoal

Uma das dificuldades listadas pelo diretor eleito é o reduzido número de servidores. Segundo ele, nas duas últimas décadas o INDC sofreu baixas consideráveis no seu quadro de pessoal: de 340 profissionais em 2000, atualmente a unidade conta com 94, sendo que 21 estão afastados em consequência da pandemia por serem de grupo de risco. Docentes em Neurologia são lotados na Faculdade de Medicina e exercem parte da carga horária no instituto.

O número de médicos é pequeno para atender à demanda: 15 ao todo. Mas mesmo assim a unidade realiza em média (fora os tempos de pandemia) 20 mil atendimentos anuais nas diversas áreas (embora a maior procura seja para neurologia) e realiza oito mil exames: de tomografia computadorizada, eletroencefalograma, audiometria, eletroneuromiografia e punção lombar, entre outros.

“Estamos abertos para receber novos servidores e podermos trabalhar melhor”, diz ele. 

Especulação preocupa

Outro problema que preocupa o diretor é a especulação em torno do campus da Praia Vermelha, onde está localizado o INDC. “A gente se coloca empenhado em manter o instituto vivo, tentando não se sujeitar à falsa solução reducionista do Estado. O INDC é um patrimônio de todos os brasileiros e garante frutos importantes para o país”, afirma. 

Planos possíveis

Na posse festiva que ainda não tem data, Cesar Andraus pretende resgatar a história da unidade e o valor dos seus servidores. “Quem se propõe a ser diretor tem que valorizar os trabalhadores concursados e com ótima formação. Nosso trabalho é prestado à sociedade, mas temos que ser respeitados. Infelizmente estamos vivendo uma época em que questionam o valor do servidor. O servidor é o Estado brasileiro”, destaca. 

Sem a pretensão de desconsiderar o trabalho das gestões anteriores, consta dos planos iniciais do diretor “consertar a casa e conseguir que a assistência esteja em completo funcionamento; melhorar a integração com as Faculdades de Medicina, Fonoaudiologia e Fisioterapia, de forma que a gente possa manter as atividades de ensino, pesquisa e extensão e criar novas”. Ele pretende criar na unidade uma pós-graduação em Fisioterapia.

“Estamos trabalhando numa melhor contratualização com o SUS e nos propondo a oferecer mais serviços à população”, antecipou, informando que os acertos com o Sistema Único de Saúde estão “bem adiantados”. Além disso, Cesar Andraus tem como meta se aproximar cada vez mais do Complexo Hospitalar, de olho na possibilidade de realização de compras centralizadas e até do compartilhamento de servidores entre as unidades hospitalares.

Outro projeto do diretor é resgatar o papel do INDC em procedimentos de pequena e média complexidade. Isso porque, em 2008, as cirurgias que eram realizadas na unidade foram levadas para o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Ele informa que conta com o apoio de pessoas abertas às novas necessidades para levantar a instituição. “Nossa proposta é manter o instituto vivo e permitir que volte para a universidade, que interaja melhor com a Faculdade de Medicina, de modo a integrar com êxito os pilares de ensino, pesquisa e extensão”, planeja.

Trajetória 

A ligação do eleito pela comunidade com o INDC vem desde 1984, quando ainda cursava medicina na UFRJ e começou a frequentar o serviço de eletroencefalografia da unidade. Ele fez residência médica e mestrado em Neurocirurgia, e doutorado em Ciências na Engenharia de Produção (para desenvolver um aparelho usado em cirurgias cranianas). Em 1997, ingressou, por concurso público, no instituto.

Trabalhou durante 27 anos como neurocirurgião plantonista no Pronto Socorro Municipal de São José dos Campos até se aposentar em 2019, mas não está em seus planos deixar o INDC.

Integração 

Na definição de Cesar Andraus, o INDC ser dirigido pela primeira vez por um técnico-administrativo é muito natural: “Todos nós, técnicos ou professores, defendemos todos os objetivos da UFRJ. Portanto, os cargos podem atuar de forma cooperativa. Na verdade, nós, da medicina, não vemos uma dicotomia radical entre docentes e técnicos-administrativos, porque um hospital universitário, por exemplo, já nasce com o propósito de integração médico-docente”, conclui. 

INDC é SUS

Inaugurado em 1946 com o nome do professor que na época representava a própria Neurologia brasileira, a unidade foi visitada por nomes de projeção mundial, como o criador da penicilina, Alexander Fleming. O novo diretor conta, com orgulho, que os visitantes ilustres não escondiam, na época, sua surpresa com a qualidade do serviço. 

“Mas a gente não quer viver do passado”, diz ele sobre a unidade, embora o INDC ainda seja referência em neurologia no país. Um de seus anseios é recuperar o prestígio acadêmico da instituição.

O INDC presta serviço totalmente pelo SUS, com marcações pelo Sistema de Regulação (Sisreg). Os tratamentos são em geral continuados para doenças neurológicas crônicas, como esclerose lateral amiotrófica (ELA), epilepsia, mal de Parkinson, entre outras.

Há atendimentos ligados à Faculdade de Medicina, como de Fisioterapia e de Fonoaudiologia, mas com profissionais que atuam na unidade.

Relíquias 

  

Além dos museus de História da Neurologia Brasileira e de Anatomia e de uma importante biblioteca, o INDC é guardião de murais de grande valor cultural (na foto acima, mural da estrutura do córtex cerebral de Ramon & Cajal.), que estão em processo de tombamento.

Um dos orgulhos de Cesar Andraus à frente da unidade é saber que o instituto foi uma das primeiras instituições do país a oferecer residência médica em neurologia. “E hoje grande parte das instituições tem de algum modo relação com o INDC, porque é o berço da Neurologia e da Neurocirurgia brasileira”, assinala.  

 

O médico Cesar Fantezia Andraus, técnico a frente do INDC.

Fotos: Arquivo pessoal