A união de unidades, do corpo social e de instituições permitiu que a UFRJ se destacasse no enfrentamento à Covid-19 e também na construção de um legado de avanços na ciência, além da tão almejada integração de saberes em resposta às demandas da sociedade. Foram essas conclusões que ficaram evidentes na palestra dos pesquisadores e dirigentes, no segundo dia de atividades do Festival do Conhecimento.

“A pandemia serviu de lição, inclusive que a união faz a força. A UFRJ mostrou o quanto pode ser diferenciada, o quanto esta universidade pode ser exemplo. Em nenhum momento vi esta universidade tão unida. Este é o exemplo que deve ficar daqui para frente”, destacou Renata Alvim, professora da Faculdade de Farmácia e pesquisadora da Coppe. “A pandemia serviu de lição para muita coisa; inclusive que a união faz a força”, completou Marcos Freire, diretor do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho.

Testes

Amilcar Tanuri, professor do Departamento de Genética e chefe do Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia, e integrante do Grupo de Trabalho da Covid-19 na UFRJ, ressaltou a importância dos milhares de testes realizados pela universidade desde o início da pandemia para as pesquisas sobre a Covid-19. No primeiro momento a testagem foi feita nos profissionais de saúde da UFRJ e nos de fora da universidade e em pacientes do Hospital Universitário. Trabalho que contou, segundo ele, com 80 voluntários. Eles explicou os métodos utilizados e sobre os estudos em andamento para saber se o vírus permanece após a doença (estudo da Inglaterra indica que não) e se quem adoeceu uma vez fica suscetível ou não ao novo coronavírus. 

Ele defendeu a continuidade do trabalho no laboratório, inclusive para servir de base para a retomada de atividades presenciais na UFRJ com segurança.

15 mil atendidos 

Terezinha Marta Castanheiras, professora e chefe do Departamento de Doenças Infecto Parasitárias da Faculdade de Medicina também está à frente da pesquisa sobre o vírus, a partir dos testes realizados no Centro de Triagem e Diagnóstico para a Covid- 19, e faz parte do GT Coronavírus da UFRJ. A parceria entre a Faculdade de Medicina, onde é professora e chefe do Departamento de Doenças Infecto parasitárias, e o Laboratório de Virologia Molecular ocorre desde o início da pandemia no país, contou. Os testes são realizados nas pessoas (incluindo estudantes e todos os trabalhadores da UFRJ) em salas no bloco N do Centro de Ciências da Saúde. 

Segundo a professora, não teria sido possível dar conta do trabalho se não fosse à adesão maciça principalmente de estudantes. E graças a eles foram realizados até agora mais de 15 mil testes.

“O mais significativo de toda esta experiência é que de fato houve uma integração muito valiosa. Pode-se dizer que realmente foi muito produtivo. Nós entendemos que conseguimos criar dentro do bloco N um espaço para diagnóstico com a perspectiva de dar elementos para pesquisa com a possibilidade de respostas concretas a tantas perguntas ainda em abertas, seja da esfera virológica como imunológica”, disse Teresinha. Ela reivindicou que a grande rede que se criou continue viva na UFRJ e propôs que o bloco N passe a se chamar Pavilhão Carlos Chagas com a continuidade do centro de triagem.

Proteina S

A pesquisa sobre uma proteína que compõe o novo coronavírus para checar a novos testes sobre a Covid-19, que está sendo desenvolvida pelo Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares (LECC) da Coppe, sob a coordenação da professora Leda Castilho, foi explicada ao público por Renata Alvim. Segundo a pesquisadora, a equipe está produzindo e purificando a proteína S (inicial da palavra spike, espícula, em português) e esse trabalho integra a rede de ações emergenciais no combate aos efeitos da Covid-19, coordenada por Amilcar Tanuri.  

A proposta é aumentar a escala de produção do laboratório para atender a demanda. A meta da equipe é chegar a uma produção de proteína S suficiente para a fabricação de cerca de cinco milhões de testes por mês. A pesquisadora apontou outras aplicações da proteína S, como em estudos desenvolvidos em conjunto com o Instituto Vital Brazil para criação de um soro hiperimune, como os usados contra a raiva a partir do plasma de cavalos.

Hospital Universitário 

Marcos Freire, diretor do HUCFF fez um balanço das mudanças ocorridas na unidade para o atendimento dos pacientes com a Covid-19, com recursos de doações do Movimento União Rio e de outras instituições da sociedade civil e da Pró-Reitoria de Gestão e Governança. Ele citou a abertura de novos 60 leitos de CTI, obras no 9 º andar, reformas e aquisição de equipamentos, além de compra de equipamentos de proteção individual e pagamento de profissionais contratados. 

O diretor agradeceu o empenho dos profissionais da unidade para o sucesso das ações neste período crítico. Freire acredita que o hospital talvez tenha sido a  unidade de saúde que mais se preparou para a pandemia, não apenas com as obras e abertura de leitos, mas com equipamentos de proteção e até com projetos inovadores, como a constante comunicação com familiares, contando com a participação de alunos, e as visitas virtuais aos pacientes através de tablets. E adiantou que estão em andamento a instalação do circuito interno e a reforma de ambulatórios.

 

 

A voz rascante da mulher e artista do milênio, acompanhada do músico J P Silva, Elza Soares foi a grande atração musical do Festival do Conhecimento da UFRJ, na terça-feira, 14. “Universidade vive” é um evento organizado pela Pró-Reitoria de Extensão em comemoração ao centenário da instituição, as atividades gravadas e ao vivo acontecem até o dia 24 de julho. Veja a programação completa pelo site festivaldoconhecimento.ufrj.br.

O show “100 anos de UFRJ, 90 anos de Elza teve duração de 50 minutos e 5,7 mil visualizações. Em 1999, Elza foi eleita a “melhor cantora do milênio” pela BBC, sendo descrita como “uma mistura de Tina Turner e Celia Cruz” pela Time Out . Essa ilustre, vibrante, talentosa e militante brasileira é sobrevivente da pobreza, da fome e do racismo, aniversaria na sexta-feira, 23.

Nascida em 1937 na favela Maria Bonita, no Rio de Janeiro, a filha de um operário e de uma lavadeira precisou aprender desde cedo a sobreviver: aos 12 anos foi obrigada pelo pai a casar, aos 13, teve seu primeiro filho e, aos 15, viu o segundo falecer.

Ao longo da vida, gerou nove filhos, mas cinco faleceram – sendo três de fome. Aos 20 anos, Elza conciliava sua vida de cantora com outras profissões, como encaixotadora e conferente. Aos 21 ficou viúva de seu primeiro marido e aos 32 conheceu o segundo, o astro do futebol Garrincha.

Nesse momento, já reconhecida como um dos nomes do samba brasileiro, a cantora sofreu com os holofotes: foi chamada de “vadia” pelo país, ao se envolver com o jogador, que largou a esposa para se casar com Elza. Era xingada de “bruxa” pelos amigos do marido, que não aceitavam sua relutância em deixá-lo beber (tentando protegê-lo de seu alcoolismo). Em 1969 precisou lidar com a morte da mãe, Rosária Maria Gomes, em um acidente de carro provocado pela embriaguez de Garrincha.

Hoje, com 60 anos de carreira, a cantora continua surpreendendo. Em 2015 , aos 79 anos, lançou seu primeiro álbum com músicas inéditas, o A Mulher do Fim do Mundo. O disco, que discute racismo, machismo e feminicídio, ganhou no ano passado o Grammy Latino de melhor álbum de Música Popular Brasileira; ocupou a décima colocação na lista do editor de artes Jon Pareles, do jornal The New York Times e ficou entre os 50 melhores discos da lista do Pitchfork, um site independente de crítica musical. Por conta desse trabalho, Elza Soares foi eleita personalidade Cultural de 2016 nos Prêmios Bravo!

Elza gravou o primeiro clipe da carreira somente em 2017, que atingiu a marca de milhão de visualizações no YouTube há dois dias.

 

 

Declaração foi feita no Festival do Conhecimento na mesa que também reuniu outro ex-ministro da Educação, o professor Renato Janine Ribeiro. Professora e ativista do movimento negro, Giovana Xavier, e o vice-reitor Carlos Frederico Rocha participaram do debate mediado pela pró-reitora de Extensão, Ivana Bentes.

O ex-ministro da Educação Fernando Haddad (de 2005 a 2007 nos governos Lula e Dilma Roussef) disse na UFRJ que o governo Bolsonaro cai pelas tabelas na área da educação”. Segundo Haddad, que disputou o segundo turno das eleições presidenciais pelo PT contra Bolsonaro, o atual presidente não tem projeto para a rede de ensino “a não ser o desmonte”.

Fernando Haddad elogiou a rede de educação superior no país.“Temos muitas razões para nos orgulharmos (da educação superior). Na América Latina, o Brasil é o principal produtor do conhecimento. Nós conseguimos nesse século mostrar o talento da nossa gente. Um talento

reconhecido internacionalmente, inclusive, diante das ameaças do governo Bolsonaro, que não foram poucas. A comunidade científica internacional se mobilizou em defesa da ciência brasileira e isso não é pouca coisa”, disse.

 

Avanços

 

Ex- ministro da Educação fez um histórico do surgimento da educação superior no Brasil até a criação da UFRJ, e destacou a coragem de seus gestores em apostar na expansão de vagas e instituir políticas de inclusão e ações afirmativas.

Ele citou os investimentos feitos no setor pelos mandatos petistas, a excelência da educação superior, a produção do conhecimento e a pesquisa, que, segundo ele, vêm sofrendo revés desde o governo Temer e que se exacerbou com o governo Bolsonaro.

 

“Cumprimento a resistência universitária em relação a tudo o que vem sofrendo. Já estamos no quarto ministro da Educação de um governo fracassado nessa área. Isso significa dizer que a universidade está firme e forte com seus propósitos, enquanto o governo cai pelas tabelas na área da educação porque não tem projeto para a rede de ensino, a não ser o seu desmonte”, finalizou Haddad.

Desafio 

O professor de filosofia da Universidade de São Paulo, ministro da Educação entre abril e setembro de 2015, Renato Janine Ribeiro, lançou questionamentos. Para ele, que é também cientista político, a universidade tem de estar à frente no processo de mudanças que serão necessárias num cenário pós-pandemia. “A ciência, o conhecimento, a pesquisa é que nos ajudarão. As humanidades, chamando para a questão dos valores. Penso que a universidade deve liderar a mudança. Estamos vivendo uma situação com um governo contrário ao conhecimento e que nos prejudica, mas nós temos o futuro. Trazemos a semente para o futuro. Temos o conhecimento que pode proporcionar as mudanças”, refletiu.

Racismo na academia

 

Giovana Xavier que além de professora é uma ativista que direciona seus  estudos ao aprofundamento do combate às desigualdades raciais, apontou a existência de racismo dentro da academia. Ela afirmou que há negros na história da UFRJ, como o escritor Lima Barreto e a historiadora Beatriz Nascimento, mas eles não tiveram o devido reconhecimento da instituição.

 

Giovana chamou a atenção para o que classifica de pandemia racial. Aquela que atinge a população pobre e negra. “Que a UFRJ, que é uma referência no controle da Covid-19, dê mais atenção à pandemia racial. Dados da Fiocruz comprovam que 57% das mortes no país estão na população negra”, propôs.

 

O vice-reitor da UFRJ, Carlos Frederico Rocha, disse que obteve mais clareza sobre a pandemia no aspecto racial com a colocação de Giovana. “Devemos ter um olhar melhor sobre essa pandemia”, acrescentou.

E fez um relatou sobre os preparativos da universidade para iniciar o ensino remoto durante a Covid-19: “E um grande desafio, porque  envolve a inclusão social e digital de seus alunos. Além disso, a pandemia trouxe ensinamentos que devem ser aproveitados para a pós-pandemia”, concluiu.

 

 

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“Os desafios das universidades federais” foi o tema da primeira mesa do Festival do Conhecimento, evento que celebra o centenário da instituição que começou nesta terça-feira, 14, e seguirá 24 de julho. Participaram o presidente e o vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Ifes (Andifes), João Carlos Salles e Edward Madureira Brasil, respectivamente.

O Teatro Municipal do Rio de Janeiro foi o palco da abertura, pela reitora Denise Pires de Carvalho e o vice-reitor Carlos Frederico Leão Rocha. Mas, as cadeiras vazias não tiraram o brilho do festival que, em virtude da pandemia, tornou-se virtual, numa demonstração inequívoca de que a instituição continua produzindo e transmitindo conhecimento, cujo slogan do evento faz jus: “Universidade viva”.  

Resistência 

Os desafios das universidades públicas federais no Brasil foi o centro do debate na mesa de abertura das atividades programadas para o festival. “A UFRJ segue com suas atividades em ambiente remoto, porque fomos capazes de nos reinventar e estamos hoje brindando a produção e a geração do conhecimento que acontece nas nossas universidades públicas no Brasil. Mais de 95% da produção intelectual do país é produzida nos laboratórios, nas salas de aula, nos escritórios das nossas universidades. Estão todos de parabéns. E essa casa de quem produz conhecimento não há nada que possa nos tolher, impedir a liberdade de pensamento e de ação. Lutaremos sempre e defendermos as instituições públicas que são a casa do saber”, acrescentou a reitora.

O presidente da Andifes, João João Carlos Salles, afirmou: “Enfrentamos o absurdo extremo do obscurantismo, negacionistas, manifestações tão extremas de autoridades que vemos estimular o descontrole de uma pandemia como está até esquecemos que a crise na universidade é anterior, e tem dimensões mais antigas. A universidade está em perigo já há algum tempo”. 

Segundo o reitor da UFBA, a universidade não é apenas um lugar de produção de conhecimento, mas também um espaço de solidariedade e por isso incomoda num contexto obscurantista e de práticas autoritárias. “A universidade tem histórico de luta por liberdade democrática, contra a ditadura militar. Logo, é uma instituição que incomoda quem quer atacar a democracia, o estado democrático de direito”.  

Na avaliação de Salles, independente de reagir a ataques de diretores e ministros, reitores e estudantes têm desafios ainda maiores, que é fazer com que mais pessoas interajam na vida da universidade, compondo seus quadros. “Uma universidade é enriquecida quando se enegrece, quando tem o talento de sua gente bem acolhido, quando pessoas em condições niveladas têm os recursos para mostrar seu talento e podem, assim, enfrentar ameaças extremas, orçamentárias e políticas”, disse.  

O vice-presidente da Andifes, Edward Madureira Brasil, lembrou que atualmente o sistema federal de ensino conta com 69 universidades, mas até bem pouco tempo eram cerca de 30. Esse aumento ocorreu, disse, graças às políticas públicas que capilarizaram por todo país. “Não é mais privilégio de determinadas cidades ou estados. Chega ao Brasil inteiro”. “Peguei (entre 2006 e 2013) um momento em que a universidade pode sonhar de fato. Pode se projetar, se expandir e dar vazão ao seu projeto de se interiorizar. A universidade, naquela época, mais que dobrou de tamanho, fruto de políticas de expansão. Um momento em que olhavam para a gente com mais generosidade”,  observou o reitor da UFG, se referindo aos ataques atuais às instituições de ensino federais, que ele considera que se intensificaram a partir de 2019. 

Brasil lembrou que, em 2003, a Andifes entregou ao então presidente Lula o projeto de expansão do sistema federal que se materializou no Projeto de Reestruturação de Expansão das Universidades Públicas Brasileiras, com a criação de campus e interiorização da universidade. “Hoje temos mais de 300 campi espalhados pelo país”, contabilizou. 

“Eu diria que talvez o maior desafio com o qual a gente convive é o de  fazer valer aquilo que o artigo 207 da Constituição traz, ou seja autonomia universitária. E que neste momento é atacada a todo momento por agentes públicos da mais diferentes instituições”, apontou, referindo-se às instruções normativas e medidas provisórias com as quais o governo tenta intervir nas universidades. 

Ele concluiu sua participação no debate ressaltando que cabe à sociedade ser a avalizadora da universidade na certidão da autonomia. “Se temos uma meta a perseguir é a conquista de mais autonomia, se apoiando na importância do papel da universidade, como agora, na pandemia e quando especialistas da universidade são chamados a opinar em questões complexas. A palavra serena da ciência contra o negacionista, contra tudo que temos visto de tão ruim na nossa sociedade”.

Evento 

O evento prossegue nos próximos dias com a sua proposta de promover uma profunda reflexão sobre os desafios que as universidades federais, notadamente a UFRJ, têm pela frente, e não apenas por conta da pandemia do novo coronavírus, mas por conta dos tremendos retrocessos que a sociedade enfrenta neste momento. Estão previstas mais de duas mil atividades gravadas e ao vivo,  num festival que se propõe a ser plural, e contando com mais de 16 mil inscrições de ouvintes, entre alunos, professores, técnicos administrativos e trabalhadores terceirizados e do público em geral.  

 

 

CUT e movimentos sociais entregaram documento a parlamentares da oposição que o encaminharão à mesa diretora da Câmara. Próximo passo, diz Sérgio Nobre, presidente da CUT, é mobilizar sociedade pelo impeachment.

Matéria retirada do site da CUT. 

O pedido de impeachment de Jair Bolsonaro (ex-PSL), assinado pela CUT, Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras sem Terra (MST) e União Nacional dos Estudantes (UNE) e mais de mil organizações da sociedade civil, foi entregue nesta terça-feira (14) a parlamentares da bancada de oposição, em Brasília. Os deputados vão protocolar o documento no Congresso Nacional.

Durante o ato simbólico em frente ao Congresso Nacional que marcou a entrega do documento, o presidente da CUT, Sérgio Nobre, afirmou que as entidades não têm a ilusão de que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dê andamento ao pedido de impeachment. Maia já havia anunciado publicamente que “impeachment se dá por clamor popular”, lembrou Sérgio que explicou que o pedido é apenas o primeiro passo da campanha “fora, Bolsonaro”.

“Não temos ilusão de que eles vão aprovar o pedido se não tiver pressão popular. O passo mais importante vem agora e é mobilização com o povo brasileiro pedindo nas ruas para que o Brasil volte a ter esperança e volte a crescer”, disse Sérgio Nobre.

“Os crimes de responsabilidade [cometidos por Bolsonaro] são inúmeros e o maior deles, que estamos apontamos desde o início da pandemia, é que se o governo não tomasse medidas de proteger a vida, teríamos um genocídio, o que está se confirmando hoje”, disse o presidente da CUT reafirmando os motivos do pedido de impeachment e ressaltando que o Brasil já tem mais de 73 mil mortos pela Covid-19.

“Se Bolsonaro não for impedido, vai haver uma crise social sem precedentes no Brasil. É condição para a classe trabalhadora o ‘fora Bolsonaro’”, disse Sérgio, se referindo não só à crise sanitária, mas também à crise econômica que o Brasil enfrenta.

Um Brasil diferente, com geração de emprego não dá com Bolsonaro no governo

– Sérgio Nobre
Os deputados federais Erika Kokay (PT-DF), Natália Bonavides (PT-RN), Paulo Pimenta (PT-RS) e Carlos Zarattini (PT-SP) receberam o documento entregue pelas lideranças dos movimentos e se comprometeram a entregá-lo à mesa diretora da Câmara.

“Vamos encaminhar o documento e lutar para que, dentro do Congresso, o pedido siga em frente, seja analisado, que Maia abra o processo, e para isso, precisamos de mobilização popular contra esse genocida entreguista que quer acabar com o povo brasileiro”, afirmou Zarattini.

A deputada Erika Kokay reforçou o empenho dos deputados para que o pedido tramite na Câmara. “É um pedido para que o país possa apurar os crimes desse [Bolsonaro], que estufa o peito do fascismo para se perpetuar no poder e só se preocupa em dominar o Estado brasileiro, colocando-o a serviço de seus interesses”.

Bolsonaro tem que tirar o joelho do pescoço do Estado brasileiro

– Erika Kokay
O deputado Paulo Pimenta também apontou a necessidade de mobilização para que o processo de impeachment vá em frente na Câmara.

“Não existe outro caminho que não seja da luta, da organização e da resistência popular para derrotar esse governo genocida e criminoso de Bolsonaro e da gangue de milicianos que tomaram de assalto o país”, disse o deputado.

A deputada Natália Bonavides reforçou que “nesses momentos é que o povo brasileiro dispensa suas maiores energias em defesa da democracia”.

 

Ato que deu exemplo

O gramado da Esplanada dos Ministérios não foi tomado pela militância de forma a causar aglomerações, mas teve a presença de representantes dos vários movimentos que apoiam e assinam o pedido de impeachment de Bolsonaro.

Sérgio Nobre, presidente da CUT, afirmou que o objetivo do ato era ser simbólico para respeitar as recomendações de autoridades médicas e sanitárias de isolamento e distanciamento social para evitar a propagação e contágio pelo novo coronavírus.

Para a Secretária-Geral da CUT, Carmen Foro, o ato mostrou que mais uma vez a CUT e os movimentos sociais cumprem seu papel histórico de defender a democracia e a soberania no país. “Estamos mais uma vez, aqui no centro do poder, fazendo resistência, mostrando que somos de luta e não vamos aceitar o Brasil ser destruído por esse genocida que não tem a menor preocupação com o povo trabalhador brasileiro”

MST, UNE, representantes de outras entidades como União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Marcha Mundial das Mulheres e entidades representativas de religiosos também participaram do ato.

“Quem tem fé é favor da democracia e da vida”, foi a frase dita pela pastora Romi Bencke, secretária-geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).

O ato também contou com representantes de povos indígenas, LGBT´s e até mesmo de torcidas de futebol que lutam por democracia.

Para Alexandre Conceição, do MST, a entrega do pedido de impeachment é “um passo para vencer Bolsonaro, destruir o governo e construir democracia e vida no Brasil”.

“Estamos aqui contra um governo que destrói nossa soberania, nosso meio-ambiente, nossa Amazônia, que assassina indígenas, negros e quilombolas e que não se comove com as mais de 73 mil mortes no Brasil. Ao contrário, espalha mais o vírus”, disse.

Iago Montalvão, presidente da Une, afirmou ser porta-voz de mais de 200 entidades naquele momento, que se somaram à iniciativa e apoiaram o pedido de impechment.

“No Brasil, os estudantes já entendem que não há mais possiblidade de continuar com esse governo, da morte, em meio à pandemia. Não é possível que haja um governo que não se preocupa com a vida do povo”, disse Iago.

No ato, ele citou as mobilizações dos estudantes em 2019, quando Bolsonaro cortou investimentos na educação, o que levou milhões de estudantes às ruas em todo o país.

“A bandeira da educação uniu o Brasil. E um ano e meio desse governo foi só destruição da educação, das universidades, por isso não há mais condição. Acreditamos que essa é mais uma etapa de conclamar o povo à luta e tirar de lá todo esse governo”.

Para Vilmara do Carmo, da Marcha Mundial das Mulheres, o pedido de impeachment é um passo essencial na luta contra o governo Bolsonaro, mas a mobilização é necessária para que o processo tramite na Câmara.

“Temos certeza que ao nos livrarmos da pandemia seremos milhares em todas as cidades do Brasil para derrubar o governo que ataca direitos de mulheres, crianças, ataca a questão ambiental desrespeitando indígenas. Mas hoje estamos aqui para exigir que a chapa Bolsonaro/Mourão seja caçada e vamos seguir em marcha até que o país esteja livre desse tipo de gente.

Ainda durante o ato, o advogado Gustavo Ramos, do escritório Mauro Menezes Advocacia, que junto com o escritório LBS Associados foi um dos muitos a prestar assessoria jurídica para a elaboração do pedido de impeachment, explicou os principais pontos do documento.

Para ele a ação da CUT e movimentos, em conjunto com as dezenas de denúncias e outros pedidos de i impeachment chamam a atenção, mais uma vez, para que o Congresso Nacional dê andamento ao processo contra Bolsonaro.

Ele destacou a importância do documento por ser assinado por entidades representativas da sociedade civil de diversos setores que, segundo ele, dão ainda mais força ao pedido de impeachment.

Entidades de todo o país preparam denúncia por crimes de responsabilidade de Jair Bolsonaro 

O pedido de impeachment, que faz parte da Campanha Fora Bolsonaro, que teve início na última sexta-feira (10), com atos e panelaços em todo o país.

 

 

O Covidímetro – aparelho que indica a taxa de reprodução do coronavírus (o “R” da pandemia), com base em estatísticas oficiais – indicou que não há nenhuma possibilidade de a UFRJ retomar suas atividades presenciais. Os pesquisadores criaram uma espécie de “Ecossistema de Saúde da UFRJ” e mapearam endereços da maioria do corpo social da universidade para estudar as taxas de contágio dos locais de onde vêm trabalhadores e estudantes e os reflexos disso na comunidade universitária. 

Os pesquisadores agregaram informações sobre as regiões onde a maioria reside — além do Rio, principalmente em Niterói e Baixada Fluminense –, e chegaram a um indicador específico para a UFRJ, que está na marca de 1,39, o que significa que cada indivíduo pode infectar mais 1,39 pessoas, ou seja, há condição da doença se propagar, o que contraindica qualquer atividade presencial que não seja essencial. 

Rigor 

“Este valor tem que estar abaixo de um. Na situação em que está só dá para fazer atividades remotas. Se tiver que ser presencial tem que ser com muito controle – como, por exemplo, as de laboratório –, com o uso de equipamentos de proteção individual e o controle de entrada e saída. Não há a menor chance de voltar a ter aula presencial”, alertou Guilherme Travassos, do Grupo de Trabalho Multidisciplinar da UFRJ sobre a Covid-19 e um dos criadores do Covidímetro. 

O trabalho foi desenvolvido a pedido do Grupo de Trabalho Pós-Pandemia, do qual Travassos também faz parte. Segundo o coordenador do GT, pró-reitor Eduardo Raupp, os s números apurados serão usados como um indicador epidemiológico para orientar eventuais fases do plano da UFRJ para a retomada das atividades presenciais. “Mas está muito longe da próxima fase, que seria híbrida (entre presencial e remota), e não está no cenário diante do aumento da taxa de contágio”, afirmou. 

Covidímetro

Segundo Travassos, a aplicação do Covidímetro na UFRJ ainda está em evolução. A exemplo do que fez para o estudo geral, considerou que as unidades da universidade compõem uma comunidade e calculou o indicador com base em quem pertence a ela. “Então, fizemos a junção dos dados dos locais. É uma abstração para dar uma ideia do risco e calcular o R (da UFRJ). Claro que esse valor fica diferente daquele da cidade do Rio, porque é uma composição de fatores e de endereços para dar uma visão de como está a situação que nos circula e nos afeta”, explicou. 

Ele enfatizou que não é um elemento que por si só pode definir medidas na UFRJ, mas é uma informação importante no processo de decisão: “Não adiante o R estar baixo do lado de fora e aqui dentro ter uma constante da evolução. Não tem como abrir salas e funcionar”, frisou o pesquisador. 

O “R” do Rio

A última projeção do GT Pós-Pandemia da UFRJ, no dia 3 de julho sobre “R” no Estado do Rio de Janeiro (número de reprodução calculado com base em fatores como probabilidade de transmissão, quantidade de indivíduos suscetíveis, tamanho da população, número de óbitos, indivíduos recuperados, letalidade, casos confirmados, entre outros) está em 1,37, (confira na página www.dadoscovid19.cos.ufrj.br). O que representa um risco alto.

Além da taxa, o estudo aponta estimativas: num extremo, o afrouxamento total do isolamento levaria ao aumento de casos por mais 10 semanas, com uma estimativa de 640 mil casos sintomáticos no pico. Por outro lado, se houvesse isolamento total imediato, haveria aumento de casos por mais duas semanas com estimativa de 149 mil casos sintomáticos no pico.

 

Evento que envolve toda a comunidade universitária. Confira a participação do Sintufrj

Começa nesta terça-feira, 14, e segue até 24 de julho, o Festival do Conhecimento, espaço virtual de reconhecimento e integração da produção científica e cultural da UFRJ. O evento, que pretende mobilizar toda a comunidade universitária e surpreender a sociedade, faz parte das comemorações do centenário da instituição que é celebrado este ano. “A universidade viva no enfrentamento da pandemia e na construção do bem comum”, informa a Reitoria em seu site: www.festivaldoconhecimento.ufrj.br

A maior universidade federal do país tem muito a comemorar no ano em que completa cem anos de existência. A inigualável produção científica e acadêmica e assistência são destaques no combate à pandemia do novo coronavírus. Com o encontro do ensino, da pesquisa e da extensão que a comunidade da UFRJ brindará o seu centenário, de modo remoto, é claro, mas em alto estilo para evidenciar ainda mais a interação entre a universidade e a sociedade.
Inscrições

Termina hoje, dia 13, o prazo para a inscrição de ouvintes para o Festival do Conhecimento – certificados serão conferidos também aos ouvintes, assim como para os participantes das atividades, cuja inscrição terminou em 30 de junho.

Entre estudantes, técnicos administrativos em educação e docentes inscritos para apresentação de atividades gravas são 1.542 e 581 para apresentação de atividades ao vivo.

Programação
Confira no site festivaldoconhecimento.ufrj.br a programação completa do evento, que constará de painéis, papos-virtuais, entrevistas, rodas de conversa, minicursos, apresentações culturais e Conhecendo a UFRJ. Estão confirmadas a participação da cantora Elza Soares, Fernando Haddad, Boa Ventura Souza Santos, entre outros personagens ilustres do mundo acadêmico, cultural e político.

Os temas são livres e abertos, mas que não podem faltar no Festival do Conhecimento, tais como: Os 100 Anos da UFRJ; O Enfrentamento da Pandemia; Saúde; Cultura; Ciência; Novo Normal; Ambientes Virtuais; Territórios e Comunidades; Ações Emergenciais Frente à Covid-19; Saúde Mental; Novos Mundos e Pós-Pandemia; Ações de Extensão; Ensino Emergencial; Democracia; Antirracismo; Antifascismo, entre inúmeros outros.

Participação do Sintufrj:

▪️”Trabalho remoto na UFRJ: balanço e perspectivas” – dia 15 (quarta-feira), das 17h às 19h.

▪️”Novos atores na cena universitária” – dia 17 (sexta-feira), das 11h30 às 13h30.

▪️”Saúde mental do trabalhador(a) na pandemia” – dia 22 (quarta-feira), das 17h às 19h.

▪️”Recortes raciais da sociedade em debate” – dia 24 (sexta-feira), das 17h às 19h.

O que é PLE?
. O Consuni (Conselho Universitário) estabeleceu um Período Letivo Excepcional (PLE) para 2020, considerando, entre outros motivos, que a pandemia do novo coronavírus pode se estender indeterminadamente, impondo modificação às práticas de trabalho. E o retorno às atividades presenciais e ao ensino semipresencial ou presencial ocorrerá quando as condições sanitárias permitirem.
Adesão

. O PLE é composto de 12 semanas na graduação e a participação é facultativa, ou seja, não é obrigatória. O texto aprovado no Consuni menciona artigos de resoluções do Conselho de Ensino de Graduação (CEG) que faculta a professores e estudantes a adesão às atividades não presenciais. E assegura o direito do estudante que não optar pela adesão, retomar suas atividades acadêmicas presenciais após o restabelecimento do calendário acadêmico regular da UFRJ.

Trancamento
. O CEG autorizará, em caráter excepcional, o trancamento de disciplinas e o trancamento de matrícula, com a interrupção da contagem do prazo máximo de integralização do Curso.

Inscrição em disciplinas
Está garantida a inscrição em disciplinas de estudantes que possuam débitos referentes à retenção indevida de livros de bibliotecas ou de qualquer outro material de ensino pertencente à UFRJ e não reprovação por frequência durante os períodos letivos excepcionais.

Pós- graduação
. De acordo com resolução do CEPG (Conselho de Ensino dos Pós-Graduandos), é possível o trancamento justificado por motivo da pandemia a qualquer momento pelos alunos participantes de disciplinas ministradas remotamente durante o período de excepcionalidade; nenhum discente pode ser penalizado por não aderir a disciplinas ou atividades remotas.

Ao vivo/Gravadas
. A resolução do CEG prevê a realização de aulas síncronas (tipo Webconferências, com presença de todos) e assíncronas (sem necessidade que o aluno esteja conectado no momento). No caso das aulas síncronas, preferencialmente, devem ter sua gravação disponibilizada, respeitados os direitos de imagem de quem elaborou o material didático-pedagógico.

Condições
. Outra resolução do CEG prevê que UFRJ deverá disponibilizar aos estudantes, ferramentas de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) e aos estudantes enquadrados como Pessoas com Deficiência (PCD) recursos de acessibilidade, que permitam o acompanhamento dos conteúdos. A UFRJ, por meio da PR7, estabeleceu política de inclusão pelo edital “Auxílio Emergencial Covid-19 – Inclusão Digital” para fornecer condições técnicas necessárias para o acesso à internet com a distribuição de chip e modem.

Depois de outubro
. Segundo o coordenador da Comissão de Formas Alternativas de Ensino, o vice-reitor Carlos Frederico Leão Rocha, até o final deste período excepcional, haverá nova discussão no CEG para avaliar o que virá depois do PLE. Os estudantes, durante este período, podem abater disciplinas da grade total.

Tutorial
A Equipe da Pró-Reitoria de Graduação (PR-1) elaborou um tutorial, na forma de perguntas e respostas, baseado em dúvidas que recebeu sobre a implantação do Período Letivo Excepcional (PLE). Consta de informações gerais, detalhamento sobre as atividades ofertadas, e sobre o preenchimento de um formulário sobre atividades não presenciais que deve ser apresentado ao MEC.

Outra edições do tutorial deverão ser editadas e, se alguma dúvida não estiver relacionada, o interessado pode enviar para o e-mail atividadesremotasgrad@pr1.ufrj.br.

“São muitas dúvidas, maiores as incerteza pois se trata de um momento novo, inédito para a maioria dos docentes, discentes, gestores. Tudo consiste em um grande aprendizado mas que, de forma inequívoca, contribuirá para a busca de soluções criativas para a nossa universidade”, menciona a equipe da PR-1 na apresentação do documento que pode ser acessado aqui.

 

 

 

 

 

O deputado estadual Rodrigo Amorim, do PSL, descobriu que a UFRJ existe. Deste sexta, as redes sociais do parlamentar contém postagens onde ele demonstra sua indignação com o conteúdo do portal da universidade. O print que ilustra o post de Amorim estampa uma foto com trabalhadores e estudantes negros e/ou LGBTs.

Amorim escandaliza-se com a promoção da igualdade, do respeito, do diálogo e da inclusão. Não nos surpreende. O deputado ficou famoso por, ainda candidato, rasgar uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada pela milícia carioca; e a ação de maior repercussão do seu mandato foi a invasão de uma audiência pública sobre cotas, realizada na UERJ, quando, acompanhado de capangas armados, hostilizou e intimidou os estudantes presentes.

Enquanto Amorim reclama de “doutrinação” e desperdiça tempo e dinheiro público, a UFRJ faz-se mais uma vez indispensável ao país. A pandemia de covid-19, ignorada pelo deputado, já causou mais de 72 mil mortes até o momento. Estes números certamente seriam maiores se, em 4 meses, a universidade não tivesse realizado dezenas de milhares de testes e prestado atendimento de referência em suas unidades hospitalares. Recentemente, a universidade desenvolveu um ventilador pulmonar mais de 10 vezes mais barato do que a média do mercado.

O Sintufrj repudia a postura autoritária, racista e intolerante do parlamentar. A universidade pública brasileira nunca estará a serviço da cultura da morte e da violência. Nosso compromisso com a ciência, o conhecimento, a democracia, os direitos humanos e o desenvolvimento é o alicerce da nossa trajetória centenária, e é incompatível com comportamento miliciano.

Coordenação do Sintufrj – Gestão Ressignificar