A crise financeira da UFRJ bate às portas do Consuni sob diversas formas. Além de sucessivas falas de conselheiros, já no expediente da sessão desta quinta-feira, 9, expondo uma série de problemas em várias unidades e pedindo posicionamento público da Reitoria, dezenas de estudantes ocuparam o auditório do Parque Tecnológico para apresentar gravidade do que enfrentam com a interdição da Educação Física (depois do desabamento de mais uma parte da marquise da unidade).

“Estamos novamente sem ter onde estudar e precisamos que medidas sejam tomadas”, disse Melani Zmorzynski, coordenadora do CA do Curso de Dança, apontando negligência e falta de atenção com os cursos e que a situação precisa mudar urgentemente.

Ela criticou a adoção de medidas sem que o corpo estudantil seja consultado, diante da possibilidade anunciada na mídia de irem para um centro militar na Penha. “Não há possibilidade de estarmos fora do campus. Somos de curso noturno. Há alunos que residem em pontos distantes”, disse.

Ela anunciou que caso as suas exigências não sejam atendidas os estudantes farão greve: “A total falta de condições de permanência não pode redundar e prejuízo o corpo discente que recebe auxílio e as bolsas. Nós estudantes somos vítimas do desmonte da educação pública e nossa eventual paralisação deve ser entendida como uma necessidade de resposta”.

Medronho suspende, alunos continuam

Mas, alegando o fim do expediente, e com pouco tato diante da gravidade da situação, o reitor Roberto Medronho não permitiu a conclusão das falas concedidas aos estudantes. Mesmo assim, a garotada decidiu continuar mandando seu recado, com ou sem microfone. Medronho suspendeu a sessão. O protesto se intensificou e o reitor acabou cercado pelos estudantes, que, indignados, se postaram diante da porta, cobrando respostas.

Frente à frente

Durante uns bons minutos, o reitor os ouviu frente a frente: “A gente está sem aula. Vocês estão aqui no Parque Tecnológico, parece outra dimensão. Tem ar-condicionado. Eu estava andando (na escola) com o barulho (dos destroços) caindo. Que absurdo. Como vocês conseguem colocar a cabeça no travesseiro sem saber que tem gente que está sem previsão de futuro?  Já fizeram a graduação de vocês. Têm o emprego de vocês. Têm que lutar mais. Têm que reclamar mais”, pediam.

Gabriela Souza, representante dos estudantes de Educação Física pediu que os gestores participem das reuniões de deliberação da escola em busca de uma solução.

Medronho disse que tentaria de todas as formas chegar ao ministro da Educação e ao presidente da República. “A situação da UFRJ é muito grave. Por isso que eu apoio as reivindicações que o movimento dos técnicos-administrativos, entre elas a recomposição orçamentária, a reestruturação do plano de Carreira e mais verbas para a Educação”. O reitor considerou o pedido dos estudantes de ida a Brasília, sugerindo que se organizassem e o procurassem para a possibilidade de disponibilizar ônibus.

Garantiu que nenhuma mudança seria feita sem a concordância dos estudantes. Que estaria presente, se houvesse pedido da direção, no Conselho Departamental da EEFD (dia 14, às 13h, no Auditório do Quinhentão, CCS). Concordou com a formação de uma comissão com a participação da diretoria da escola, do decano do CCS, Reitoria e estudantes que se reunirá no dia 16, às 15h, na Reitoria. Nesta reunião, articularão uma assembleia comunitária da EEFD na semana seguinte.

Conquistas da greve: dos TAE para todos

Destacando que eram conquistas do movimento paredista dos técnicos-administrativos, o superintendente da Pro-Reitoria de Pessoal (PR-4) Rafael Pereira informou que o aumento do auxílio alimentação (que passou de R$ 658 para R$1000), já seria aplicado em junho, e que seria paga também a diferença do mês anterior (o aumento vale a partir de 1º de maio). Segundo ele, já foram publicadas portarias referentes ao aumento do auxílio creche e saúde também vão entrar na folha.

O coordenador-geral do Sintufrj Esteban Crescente, reiterou a importância do movimento, que conquistou o aumento no valor dos benefícios para todos.

Movimento e conselheiros pedem assembleia comunitária

Além dos conselheiros, os assentos também estavam todos ocupados com militantes do Comando Local de Greve (CLG Sintufrj) também em protesto pela recomposição orçamentária, por ações mais contundente por parte da Reitoria em defesa da UFRJ.

De fato, a situação da universidade tomou a maior parte das falas, reiterando a importância do papel da Reitoria de liderar o processo de luta política para além do que está sendo feito.

Alguns conselheiros apontaram a necessidade de a Reitoria buscar uma reunião com o presidente Lula. Apontando que a universidade vive uma morte lenta, o professor Vantuil Pereira, decano do CFCH, apontou que este quadro precisa ser revertido com urgência e reiterou proposta apresentada em sessão anterior pelo representante da Fasubra Francisco de Assis de realização de uma assembleia comunitária, com a presença da mídia, para denunciar a situação à sociedade e cobrar solução. Recebeu muitas palmas.

No horizonte da Reitoria

“É uma proposta que a gente vai avaliar, e não existe no Estatuto, mas politicamente a gente está pensando em fazer uma convocação ampla ao corpo social, com a imprensa e com uma apresentação para toda a sociedade. Isso está no nosso horizonte. Estamos fazendo as coisas aos poucos. Se conseguirmos as audiências, melhor”, anunciou Medronho.

Deterioração grave

O reitor lembrou que segundo relatório do Escritório Técnico, 52% das edificações da UFRJ foram analisadas e têm, algum grau de deterioração. Alguns muito crítica e comparou que uma doença, sem intervenção, pode evoluir para uma forma grave.

A UFRJ preparou relatório enviado ao MEC relatando essa situação de gravidade e reivindicando a verba (R$ 268 milhões para o custeio, não para os prédios). Para o reparo das edificações são necessário R$ 790 milhões e, para os casos mais graves, R$570 milhões e são emergenciais. “Eu tenho ido à Brasília, eu tenho procurado falar com o presidente Lula, tento falar pedindo apoio de deputados muito próximos a ele, para que eu mostre, no papel, toda a gravidade que nós estamos passando nesse momento, com risco à segurança do nosso corpo social em alguma dessas edificações”.

FRENTE À FRENTE. Estudantes na sessão do Conselho Universitário fazem cobrança ao reitor
COM ENERGIA E IRREVERÊNCIA, a força dos alunos da Educação Física traduzida em protestos

 

 

 

 

 

Estudantes da UFF e da Unirio em greve amplia força da paralisação de técnicos e docentes

A greve unificada dos três segmentos da comunidade universitária das universidades e institutos federais vem tomando corpo. O movimento nacional foi deflagrado pela categoria técnico-administrativa em março sendo seguido pelos docentes em abril.

Os estudantes, por sua vez, em suas assembleias, declararam apoio ao movimento paredista, e em algumas universidades juntam-se à greve numa mobilização unificada pela recomposição orçamentária das instituições de ensino.

No Rio de Janeiro é o caso da UFF e da Unirio. Os comandos locais de greve das categorias estão também reivindicando a suspensão do calendário acadêmico.

Unirio

Na Unirio, a greve estudantil foi aprovada em assembleia realizada em 30 de abril com mais de 600 alunos com o objetivo principal de reforçar a luta pela recomposição do orçamento das universidades. O movimento foi deflagrado dia 2 de abril. Desde a adesão dos estudantes os comandos locais de greve dos três segmentos têm realizado atividades unificadas.

Na terça-feira, 7 de maio, os comandos entregaram oficio solicitando convocação do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) extraordinário com pauta única para debater a suspensão do calendário acadêmico. Essa é uma reivindicação que vem sendo construída pelos três segmentos em suas assembleias e comandos de greve. O reitor, por sua vez, marcou o Consepe para 14 de maio.

UFF

Na UFF os estudantes deflagraram greve em 11 de abril em assembleia realizada em Niterói. A recomposição orçamentária é um dos principais pontos da pauta de reivindicações que é composta de 15 pleitos. Os comandos de greve dos três segmentos da UFF também reivindicam a suspensão do calendário acadêmico em virtude da greve de técnico-administrativos, professores e estudantes.

Na reunião do Conselho Universitário da UFF desta quarta-feira, 8, que foi acompanhada conjuntamente pelos três segmentos na sede da Aduff, os conselheiros reiteraram a preocupação com o orçamento da universidade, mas a suspensão do calendário como indicação ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPEX) foi rejeitada numa votação acirrada.

A iniciativa não é inédita na universidade. Na greve docente de 2012, o então Conselho de Ensino e Pesquisa (CEP) aprovou a suspensão do calendário letivo da UFF, seguindo o que fora indicado pelo Conselho Universitário em relação ao calendário e a greve.

Nesta quinta-feira, 9, técnico-administrativos, professores e estudantes farão pela manhã ato unificado em frente a Reitoria da UFF pela recomposição orçamentária e suspensão do calendário acadêmico, e a tarde seguem para o Ato Unificado da Educação do Rio de Janeiro. Eles já se organizam para estarem na próxima reunião do Cepex dia 15 de maio.

Novos atores potencializam movimento da educação criando condições para fortalecer os trabalhadores nas negociações com o governo

Fotos: Renan Silva

Os votos que garantiram a continuidade da greve dos técnicos-administrativos (iniciada em 11 de março) como decisão da assembleia geral simultânea (Fundão, Praia Vermelha, Macaé) nesta quarta-feira (8) se deram num momento importante do movimento: a ampliação da adesão de docentes federais à greve, o crescimento da potência dos estudantes no apoio aos trabalhadores e o envolvimento de professores estaduais na luta.

A exposição dos motivos da paralisação à sociedade também ganhou algum fôlego. Um dos pontos importantes foi a audiência pública na Câmara Municipal que marcou o lançamento da Frente Parlamentar proposta pela vereadora Luciana Boiteux (Psol).

Nesse quadro, o esforço de mobilização na UFRJ surge como um pacto entre os trabalhadores já ativos no movimento. O objetivo é intensificar o diálogo com os colegas nos locais de trabalho, explicando como é fundamental a participação de cada um na luta por Carreira, reajuste salarial e reposição orçamentária nas instituições federais de ensino. E a expectativa se abre para nova rodada de negociações no Ministério de Gestão e Inovação (MGI).

No diálogo com setores da sociedade, a pressão se volta para o parlamento. A assembleia desta quarta aprovou proposta do Comando Local de Greve (CLG) de entregar uma carta a deputados e senadores do Rio de Janeiro reafirmando os objetivos do movimento. Há, ainda, solicitação de audiência pública na Assembleia Legislativa, a exemplo do que ocorreu na Câmara Municipal.

Esse novo ambiente de expansão da luta terá um teste na tarde desta quinta-feira (9) quando está programado o Ato Unificado da Educação do Rio de Janeiro. Este ato foi convocado por duas dezenas de entidades de trabalhadores (inclusive professores estaduais) e estudantes. A concentração será no Largo do Machado e o ponto de chegada o Palácio Guanabara, na Rua Pinheiro Machado, ali próximo.

Algumas decisões 

Além da continuidade da greve, a assembleia de hoje aprovou outros encaminhamentos, entre os quais, a eleições de novos delegados para o Comando Nacional da Greve (CNG)

  • Proposta de datas para reunião com o reitor Roberto Medronho: dias 15, 16 e 17 de maio
  • Elaborar editorial para a próxima edição do Jornal do Sintufrj sobre os objetivos da greve em contraponto às distorções apresentadas pela imprensa corporativa
  • Contextualizar a tragédia no Rio Grande do Sul como resultado de decisões políticas que desprezam as ações ambientalistas para servir ao lucro
  • Cartas a parlamentares do Rio na bancada federal
  • MOMENTOS DE DECISÃO. A greve dos técnicos-administrativos caminha para negociações decisivas com o governo, de acordo com trabalhadores que votaram pela sua continuidade

 

 

Trabalhadores da saúde e da educação públicas se uniram numa manifestação na manhã desta terça-feira (7) diante de uma unidade simbólica da saúde pública: o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, conhecido popularmente pela sua sigla Into na Avenida Brasil  – e que presta serviço de excelência à população. O abraço ao prédio do hospital foi o momento substantivo do protesto contra a privatização e o sucateamento da estrutura pública de saúde e de educação federais tão essencial para atender milhares de pessoas. Servidores da UFRJ e da Unirio – que realizam uma greve em busca de Carreira, orçamento para universidades e recomposição de salários – estiveram juntos no ato ao lado de psicólogos, nutricionistas, enfermeiros e outros profissionais de saúde. (Foto: Renan Silva)

A reunião do Comando Local de Greve (CLG) com os técnicos-administrativos da Faculdade de Odontologia, nesta terça-feira, 7, foi concorrida.  A demanda maior das companheiras e companheiros dizia respeito ao que “era considerado excepcionalidade dentro da essencialidade”. Mas havia ainda trabalhadores com dúvidas sobre as atividades que deveriam ser consideradas essenciais na unidade acadêmica. “É serviço essencial tudo o que for relacionada à vida ou a subsistência”, definiu uma representante da Comissão de Ética do CLG.

‘Greve de ocupação é não ir ao local de trabalho e ocupar o movimento’

O CLG também esclareceu o que é greve de ocupação. Para alguns dos presentes na reunião, o conceito significava continuar desempenhando suas tarefas laborais, mesmo que elas não constassem da lista de essencialidades. No máximo, fazendo revezamento ou trabalhando até uma parte do expediente.

“Greve de ocupação não é ir para o setor de trabalho. Inclusive temos a garantia do reitor que nosso ponto não será cortado e a nossa greve não será judicializada. Estamos atuando junto com a PR-4 (Pró-Reitoria de Pessoal) e a Reitoria”, informou a companheira da comissão de ética. Ela acrescentou que naquele mesmo dia estava sendo enviado para a PR-4, documento expondo o que era considerado assédio moral durante a greve, para ser distribuído às chefias imediatas, diretores de unidades e decanos.

“Greve de ocupação é ocupar o movimento, fazer parte das comissões do CLG, estar presenta na luta. Não faltar às assembleias, às manifestações, aos atos e a todas as ações organizadas para fortalecer a nossa greve”, resumiu integrantes do C LG.

“A realidade na UFRJ é medo de desagradar a chefia. Mas o próprio servidor pode resolver isso, quando assume que está numa situação difícil e a UFRJ não está podendo oferecer condições dignas de trabalho. Campanha salarial se faz com todos juntos. Nós estamos na pior. Nosso Congresso é o pior e ainda ocorreu essa tragédia no Sul, que demanda dinheiro do governo federal”, argumentou uma companheira do CLG, em tom de convencimento a adesão à greve na Odontologia.

“Por que estou em greve?” 

“Esta pergunta tem que ser respondida por cada um de nós, pois só assim seremos convencidos e compreenderemos as razões da nossa luta. A gente é que constrói a greve no dia a dia”, afirmou uma trabalhadora. Uma servidora e um servidor da Odontologia, no CLG, deram seus depoimentos para incentivar os colegas a participarem da luta: “Em Brasília eu vi como esse trabalho é árduo. Eu vi o povo (os caravaneiros da UFRJ) brigando por todo mundo, sofrendo, porque não é fácil chegar até lá e ficar lá dias. São 22 horas de viagem e muito perrengue. Mas a gente precisa brigar, estar presente no movimento. Senão, a gente não vai garantir que o presente seja bom e o futuro mais ainda. Quando a gente participa, a gente entende por que estamos em greve”.

Em tempo – Trabalhadores da Faculdade de Odontologia e o CLG, com a participação da representante da Comissão de Ética, se reuniram para rediscutirem as essencialidades na unidade. Até o momento da greve eram considerados serviços essenciais a Estomatologia, a Radiologia para atender pacientes internados nas unidades de saúde da universidade (HUCFF e IPPMG) aguardando cirurgia, e pacientes especiais.

REUNIÃO DA BASE DA ODONTO serviu para mobidlizar e esclarecer vários aspectos acerca do caráter da greve que de forma corajosa trabalhadoras e trabalhadores da UFRJ realizam Foto de Elisângela Leite

Articulação da vereadora Luciana Boiteux(Psol) amplia espaços do movimento que recorre à greve para defender reposição salarial, Carreira e orçamento

Mais um passo foi dado para o fortalecimento da luta em defesa da educação pública. Nesta segunda-feira, 6 de maio, no Salão Nobre da Câmara Municipal do Rio, houve o pré-lançamento da Frente Parlamentar em Defesa das universidades federais, estaduais, institutos de educação superior, Faetec, INES, IBC, Cefet-RJ e Colégio Pedro II.

A iniciativa foi da vereadora Luciana Boiteux (Psol) e reuniu representantes das entidades nacionais em greve – Fasubra, Sinasefe e Andes – dirigentes de sindicatos, estudantes e parlamentares federais do Psol como Chico Alencar e Tarcísio Motta. O Salão Nobre ficou lotado com a presença dos servidores em greve.

O Comando de Greve do Sintufrj e técnico-administrativos da UFRJ estiveram em peso.

“A frente tem a finalidade não só de apoiar os movimentos. O objetivo é ampliar a conscientização, nos espaços de poder e na população, sobre as demandas e as reivindicações de uma luta que é justa”, disse Luciana Boiteux.

“Essa frente espera reverberar e fortalecer essa luta porque sentimos que a educação é o movimento que mais mobiliza hoje no Brasil. Então é defender sua importância principalmente os institutos e universidades e nossa UFRJ”, destacou a vereadora que é professora licenciada da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ.

Dirigente defende a greve

A coordenadora-geral do Sintufrj, Marta Batista, participou da mesa e fez um forte discurso em defesa da greve, da reivindicação dos técnico-administrativos pela sua valorização, falando da realidade estrutural das universidades cujos “prédios estão literalmente caindo aos pedaços”, citando a realidade dos trabalhadores dos hospitais universitários e dos terceirizados A dirigente alertou para a ameaça de privatização dos espaços públicos de ensino como a Ebserh nas universidades e a cessão da área da Praia Vermelha à iniciativa privada.

Marta rebateu a propaganda da mídia em colocar os servidores como privilegiados que não trabalham.

“Temos a Carreira mais defasada e mais mal paga do serviço público, mas produzimos pesquisa e estamos em todos os setores. Somos muitos dos trabalhadores da saúde que combateram a pandemia e o que recebemos hoje (em troca) é desvalorização.”

A coordenadora-geral do Sintufrj encerrou sua fala chamando para o ato nacional da educação marcado para 9 de maio com participação dos profissionais da rede estadual. Um ato que avalia ter um significado maior, um movimento também de resistência ao fascismo.

“Vamos estar na rua novamente, juntos, lutando pela educação e por melhorias. Não vamos recuar. Vamos avançar. E assim vamos seguir lutando. Lutando contra o fascismo enquanto trabalhadores em educação”, finalizou. (FOTOS: ELISÂNGELA LEITE)

VEREADORA LUCIANA BOITEUX, também professora da UFRJ, articuladora da Frente Parlamentar, discursa no Salão Nobre da Câmara
LANÇAMENTO DA FRENTE PARLAMENTAR lotou a sala da Câmara. Trabalhadores da UFRJ, mobilizados por uma greve, marcaram presença
MARTA BATISTA, COORDENADORA-GERAL DO SINTUFRJ, defendeu a greve e fez um balanço dos ataques que a universidade pública e seus trabalhadores enfrentam

O Sintufrj, em solidariedade aos atingidos pelas enchentes no Rio Grande do Sul, está recebendo doações de alimentos não perecíveis, material de higiene e limpeza e água.

Locais de recebimento: sede e subsedes do sindicato (Fundão, HUCFF e Praia Vermelha)

A semana começou quente na UFRJ. Com palavras de ordem, cartazes, faixas e muitos panfletos para o comunidade acadêmica, durante uma animada caminhada pelos corredores do Centro de Ciências da Saúde (CCS), nesta segunda-feira, dia 6, técnicos-administrativos do Comando Local de Greve convocavam: “Não deixe a UFRJ cair em cima de estudantes e trabalhadores”.

O agito nos corredores do CCS garantiu a atenção de estudantes e servidores das unidades nos diversos blocos do Centro, para as falas dos manifestantes e para as palavras de ordem, convocando estudantes e trabalhadores à luta em defesa da UFRJ:

“Não é mole não. Tem dinheiro pra banqueiro mas não tem para a educação!”, entoava o pessoal nos megafones ao som de um barulhento repique. Bradavam ainda: “A nossa luta unificou. É estudante junto com trabalhador”, ou “A nossa luta é todo dia. Educação não é mercadoria!” e ainda “Para parar a privatização: greve geral, greve geral na Educação!”

Veja o vídeo ao final da matéria.

Dialogo com a comunidade acadêmica

Se revezando ao microfone, militantes explicavam que o que está parando a universidade não é a greve, mas a falta de recursos. “Por isso estamos aqui brigando por reajuste salarial e por recomposição orçamentária para a universidade que hoje tem a metade do orçamento de 2012”, explicou o coordenador geral do Sintufrj Esteban Crescente. Ele lembrou da recente queda de parte da marquise da Escola de Educação Física (dia 1º de maio) e outros problemas que atingem a infraestrutura e a assistência estudantil, por falta de investimento. E cobrou a recomposição orçamentária de acordo com as necessidades da UFRJ. “Por isso estamos na luta para a Universidade continuar existindo”, disse.

“Nos vamos continuar na luta. Hoje, a maior das universidades técnicos-administrativos e professores estão parados. Tem que parar se não a UFRJ não vai continuar. Não somo inimigos de estudantes ou professores. A Universidade tem que continuar, mas sem que o teto caia na Cabeça das pessoas. Temos que parar esta Universidade!”, disse a coordenadora Marly Rodrigues.

Alzira Trindade chamou atenção para a greve dos trabalhadores da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (deflagrada dia 2), apontando que os hospitais que aderiram tinham a pretensão de resolver os problemas, “mas na realidade é que a Ebserh não dá conta e os maiores prejudicados são os trabalhadores”, disse ela.

O protesto continua

No final do ato, no bloco N, o grupo se organizou para participar das próximas atividades. Primeiro, a ida à Câmara Municipal, nesta segunda-feira, às 14h, para audiência pública organizada pelo mandado de Luciana Boiteaux (Psol) sobre Carreira TAE; na terça-feira, 7, ato unificado da Educação e da Saúde federal em greve.

Na próxima quinta-feira, dia 9, dia de protesto na Reitorias em todo país. Aqui na UFRJ, o ato será às 9h30, no Consuni .E à tarde, no Largo do Machado, ato do Fórum de Educação e dos Comandos de Greve. (Veja o calendário ao fim do texto).

Mobilização em frente ao bloco A do CCS: “A nossa luta é todo dia. Educação não é mercadoria!” 

 

Integrantes do CLG distribuem panfletos e jornais para estudantes e trabalhadores.

 

Nos corredores e na Praça de Alimentação do CCS: militantes do Comando Local de Greve da UFRJ alertaram para o sucateamento da universidade. Recomposição salarial e do orçamento para a universidade são pautas centrais da greve.

    

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Confira o calendário completo da semana

SEG 06/05

  • 9h30: Concentração na entrada do Bloco A do CCS, seguida de caminhada dentro do prédio.
  • 14h: Audiência Pública sobre Carreira TAE na Câmara Municipal Rio

TER 07/05

  • 10h : Reunião na Odontologia, Sala de Graduação 1
  • 10h: Ato Unificado da Educação e da Saúde federal em greve no Instituto Nacional de Traumatortopedia
  • 13h: CLG específico para finanças no Espaço Cultural Sintufrj

QUA 08/05

  • 10h: Assembleia com pauta de prestação de contas, avaliação de greve e Fundo de Greve. Eleição delegados para o CNG/UFRJ.

QUI 09/05

  • 9h30: Consuni / Indicação de Dia Nacional de lutas nas Reitorias
  • 16h: Ato unificado do Fórum de Educação e Comandos de Greve no Largo do Machado

SEX 10/05

  • 9h30: CLG no Espaço Marlene Ortiz ao lado do Espaço Saúde Sintufrj
  • 14: Festa do mês do Trabalhador no Espaço Cultural

E

Em assembleia, aprovam atos e mobilizações urgentes por recursos para a UFRJ

Exigindo recomposição orçamentária e denunciando o sucateamento da UFRJ e a falta de segurança para estudantes e trabalhadores, estudantes convocados pelo DCE e pela Atlética da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) realizaram ato no campus do Fundão, nesta sexta, 3, percorrendo corredores, denunciando a situação de sucateamento e convocando a comunidade para a próxima quinta, dia 9, ato no Consuni, seguido do ato unificado da Educação Pública no estado.

Eles foram até a Reitoria, no Parque Tecnológico, percorrendo corredores dos centros, como o CT  e o CCMN, e seguiram até o Bandejão Central denunciando a gravidade da situação, à exemplo do que ocorreu com o prédio da Escola de Educação Física, novamente com aulas suspensas por causa do desabamento de pedaços de uma marquise externa no bloco A, que projetou destroços para dentro do corredor.

“A UFRJ não pode desabar sobre nós”

Os  estudantes haviam convocado assembleia emergencial na tarde de quinta-feira, dia 2, no Centro de Ciências da Saúde, após o desabamento, ocorrido um dia antes à noite.

Em setembro do ano passado havia acontecido o mesmo, no bloco B, em salas de aula do curso de Dança. Da mesma forma, destroços e janelas foram empurrados parede adentro. Em ambos os casos, sem feridos.

A assembleia conjunta com os estudantes do prédio debateu a realização de mobilizações urgentes.  Deliberou pela realização de dois atos públicos. Um nesta sexta-feira, dia 4, às 13 na escadaria do CCS e outro no próximo Consuni, dia 9, seguido de ato nacional. “Queremos dignidade para estudar! Queremos um prédio que não caia na nossa cabeça! Por recomposição orçamentária já”, anunciaram.

Crise sem precedentes

Em informe no site da UFRJ sobre o desabamento, o reitor Roberto Medronho comentou que a solução para os problemas de infraestrutura dos prédios da Universidade só virá quando o governo federal realizar a recomposição orçamentária.

Apontando uma crise orçamentária sem precedentes, a instituição começou o ano com um déficit de R$ 152 milhões, essenciais para honrar os contratos que garantem o funcionamento adequado de todas as atividades. E que, em 12 anos, o orçamento foi reduzido pela metade, mas o número de alunos cresceu 50%.

Em torno de R$ 567 milhões são necessários para as edificações com graves problemas. Verbas urgentes são necessárias para recuperar várias edificações da UFRJ que segundo levantamento do ETU, até o momento, são cerca de 52% delas. “O custo para a recuperação estimado em 2023 era de R$ 796 milhões.  Não podemos esperar mais!”, disse o reitor.

Em nota, a Reitoria informou que foi definida uma empresa para manutenção corretiva para execução imediata do escoramento e apontada ao MEC a necessidade de recursos orçamentários para a execução do serviço e verbas suplementares para manutenção, evitando futuros acidentes.

Situação financeira se agrava

Segundo a Pró-Reitoria de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças (PR-3), em informe sobre a situação orçamentária em 3 maio, a estimativa de despesas previstas para 2024 caiu ligeiramente de pouco mais de R$ 524 milhões para 521 milhões, das quais já foram pagas R$ 104 milhões.

Falta pagar R$ 417, 5 milhões e,  do orçamento da UFRJ (R$ 283,4 milhões) restam apenas R$ 179 milhões.

“Se for mantido o atual ritmo das despesas, concluiremos maio com apenas R$ 16,7 milhões disponíveis em nosso orçamento e, a partir de junho, não teremos como atender a nossas obrigações que atualmente estão estimadas em R$ 39, 9 milhões”, diz o informe.

O texto destaca que, apesar disso, a Universidade não irá parar em junho, porque “deixaremos de atender a demandas via critérios a serem acordados com a Reitoria”.

Além do déficit elevado, de 2023 para 2024, foi repassada, segundo a PR-3, elevadíssima demanda por serviços que não foram realizados, mas cuja execução não se pode mais adiar.  E considerando déficits anteriores, o déficit no final do ano está estimado em R$ 377, 6 milhões.

 

Fotos: DCE Mário Prata

Concentração nas escadarias do CCS na tarde desta sexta-feira, dia 3

 

Já são 46 instituições federais com adesão de docentes ao movimento, segundo informa o Andes-Sindicato Nacional. Assembleias já aprovaram novas paralisações para os próximos dias

A greve dos professores das universidades e institutos federais, deflagrada no dia 15 de abril, segundo levantamento feito até 3 de maio, já tem a adesão de 46 instituições e outras já têm deflagrações aprovadas em assembleias, previstas para ocorrer nos próximos dias. O levantamento foi feito pelo Andes, sindicato nacional da categoria.

Na pauta nacional unificada, os docentes pedem reajuste de 22,71%, em três parcelas de 7,06%, a serem pagas em 2024, 2025 e 2026, recomposição do orçamento das universidades e defesa da educação pública e de qualidade. O sindicato nacional da categoria, o Andes, reivindica também recomposição do orçamento e dos colégios e das escolas de aplicação na mesa específica com o MEC.

A categoria, em conjunto com técnico-administrativos que deflagraram greve desde o dia 11 de março e profissionais da rede federal de educação básica, profissional e tecnológica, em greve desde 3 abril, tem intensificado a participação da mobilização unificada dos trabalhadores em educação.

Os professores vêm cumprindo intensa agenda de atividades. No Distrito Federal, no dia 30 de abril, o dia começou com recepção a parlamentares e autoridades governamentais no Aeroporto de Brasília, nas primeiras horas da manhã, para cobrar que pressionem o governo a receber representantes das entidades da Educação Federal.

O presidente do ANDES-SN, sindicato nacional da categoria, Gustavo Seferian, durante o ato no aeroporto de Brasília, ressaltou a importância da luta empreendida por docentes e técnicos administrativos em defesa da educação pública.

“Essa é a luta dos trabalhadores e trabalhadoras da Educação para construir um outro futuro para o Brasil, em que todo servidor seja respeitado e que a educação pública seja valorizada, em que possamos ter soberania, desenvolvimento científico, tecnológico, construção de uma educação crítica, longe de toda a forma de opressão, exploração, destruição da humanidade e da natureza. É para isso que estamos aqui em luta, para pressionar o governo federal para, enfim, nos trazer uma resposta efetiva à campanha salarial de 2024 e a necessidade de investimentos públicos nos nossos aparelhos de educação”, explicou Seferian.

Do aeroporto os professores seguiram para a Esplanada dos Ministérios para uma vigília em frente ao Ministério da Gestão e da Inovação dos Serviços Públicos (MGI), juntando-se aos representantes dos comandos de greve do Sinasefe e da Fasubra em ato unificado para cobrar nova rodada de negociação, além de avanços concretos nas pautas de reivindicações.

Entre as universidades com greve de professores estão a UnB, UFF, Unirio, Universidade Federal do Ceará, Universidade Federal do Pará, Universidade Federal do Maranhão, Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal de Juiz de Fora, UFMG, Universidade Federal de São Paulo, Universidade Federal de Pelotas, Universidade Federal do Paraná, entre outras (Veja quadro).

No Rio

Os professores da UFRJ e da Rural do Rio não aderiram ao movimento paredista e encontram-se em “estado de greve”. Mas a adesão ao movimento cresce. Os professores da UFF aprovaram greve a partir de 29 de abril. E os professores da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) decidiram aderir à greve por tempo indeterminado a partir do dia 2 de maio.

Greve no Pedro II completa um mês

A greve no Colégio Pedro II, instituição que faz parte da Rede Federal de Educação Básica, Profissional e Tecnológica, completou um mês em 3 de maio. É o terceiro mais antigo colégio em atividade no país e contou ao longo de sua história com professores renomados na História do Brasil como Euclides da Cunha e aluno notórios como Manuel Bandeira.

Os professores e técnico-administrativos de suas unidades decidiram em assembleia realizada dia 20 de março aderir ao movimento nacional de greve marcado para 3 de abril pelo Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe).

Os servidores da base do Sinasefe foram a segunda categoria da educação a aderir ao movimento paredista iniciado pelos técnico-administrativos em educação das universidades no dia 11 de março. A principal reivindicação desses trabalhadores da educação é reestruturação de carreira, reajuste salarial e recomposição orçamentária das instituições.

 

 

Professores em greve (Andes)

1-Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

2-Universidade da Integração Internacional da Lusofonia AfroBrasileira (UNILAB)

3-Universidade Federal do Ceará (UFC)

4-Universidade Federal do Cariri (UFCA)

5-Universidade de Brasília (UnB)

6-Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

7-Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

8-Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

9-Universidade Federal de Viçosa (UFV)

10-Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

11-Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

12-Universidade Federal do Pará (UFPA)

13-Universidade Federal do Paraná (UFPR)

14-Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB)

15-Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa)

16-Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)

17-Universidade Federal de Rondônia (UNIR)

18-Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

19-Universidade Federal de Roraima (UFRR)

20-Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ)

21-Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

22-Universidade Federal de Catalão (UFCAT)

23-Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB)

24-Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

25-Universidade Federal de Tocantins (UFT)

26-Univerisidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

27-Universidade Federal Fluminense (UFF)

28-Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

29-Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (UFAPE)

30-Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)

31-Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

32-Universidade Federal da Bahia (UFBA)

33-Universidade Federal do ABC (UFABC)

34-Instituto Federal do Sul de Minas Gerais Campus Pouso Alegre, Campus Poços de Caldas e Campus Passos

35-Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS)

36-Instituto Federal do Piauí (IFPI)

37-Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste-MG (IF Sudeste-MG) Campus Juiz de Fora, Campus Santos Dumont e Campus Muriaé

38-Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia SulRiograndense (IFSul) Campus Visconde da Graça

39-Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)

40-Universidade Federal de Campina Grande – Campus Cajazeiras (UFCG-Cajazeiras)

41-Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)

42-Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS)

43-Universidade Federal do Acre (UFAC)

44-Universidade Federal de Lavras (UFLA)

45-Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ)

46-Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio)

 

Adere em 5 de maio

Universidade Federal do Sergipe (UFS)

Adere em 6 de maio

Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR)

Universidade Federal de Goiás (UFG)

 

 

 

 

 

 

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