Diante dos ataques do governo aos servidores públicos que culminarão com uma proposta de reforma Administrativa para acabar com a estabilidade, progressões, impor ainda mais arrocho salarial e reduzir carreiras, nenhum tema poderia chamar mais atenção para os trabalhadores da UFRJ, na Semana do Servidor Público, do que discutir seu futuro profissional.
A atividade desta quarta-feira, 30, organizada pela Decania do Centro de Tecnologia (CT) foi nesse sentido, com o debate “Carreira até quando?”, reunindo a coordenadora-geral do Sintufrj, Neuza Luzia, e a presidenta da Adufrj, Eleonora Ziller, no Salão Nobre da unidade. O superintendente do CT, Agnaldo Fernandes, atuou como mediador.
Ataques se repetem
Neuza Luzia fez o resgate das lutas e vitórias da categoria por mais de três décadas, culminando com a conquista do Plano de Carreira dos Carlos Técnicos-Administrativos em Educação (PCCTAE), em 2005. Segundo a dirigente, uma história que se confunde com a organização do movimento da categoria responsável por transformar as entidades de caráter associativas em sindicais.
“Na década de 1980, a categoria abraçou a defesa da universidade pública ao abrir mão de grandes vantagens oferecidas pelo governo em troca de uma reforma privatista, e isso se repetiu em outros momentos da história”, lembrou. Na avaliação de Neuza, o futuro sinaliza que vão se repetir os antigos ataques aos trabalhadores e às instituições, exigindo uma forte organização de resistência, unindo a luta corporativa com a luta ideológica.
Existência em jogo
Para a dirigente da Adufrj, o que está em jogo neste momento é tudo o que foi conquistado em 30 anos de lutas e as categorias não podem resistir a isso isoladamente. “É preciso erguer pontes e abrir portas com o máximo de unidade possível”, disse Eleonora, que também fez um alerta: “Enquanto o clã no governo faz seu espalhafato, o projeto neoliberal é tocado com tranquilidade pelo ministro da Economia Paulo Guedes”.
Construir a resistência
A memória das lutas, como própria constituição da mesa do debate, com a atual coordenadora-geral do Sintufrj Neuza Luzia e os ex-coordenadores da mesma entidade, Agnaldo e Eleonora, emocionaram os presentes.
O coordenador do Sintufrj Jessé Mendes, apontou a necessidade de se resgatar a participação de todos nesta nova fase de luta em defesa da universidade pública. O servidor Paulo Menezes defendeu a construção de uma unidade política que extrapole os muros da UFRJ, em defesa do serviço público.
“É luta de classes, meu rei!”
De acordo com a dirigente do Sintufrj, o projeto tocado por Paulo Guedes de privatizações e destituição de direitos, está em curso desde o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, e que os golpistas têm pressa porque sabem da capacidade de reorganização das esquerdas – principalmente atora influenciadas pela luta que se alastra na América Latina. “Não podemos perder de vista que esta é uma luta de classes e que é preciso unir as categorias. A carreira talvez seja um elemento que atue na perspectiva de construção comum, associada à luta pela universidade”, concluiu a dirigente.