Petroleiros preparam greve nacional por salários e dignidade

 

Mais de 700 trabalhadores do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), na Cidade Universitária da UFRJ, participaram na terça-feira, 15, pela manhã, da assembleia realizada pelo Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindpetro-RJ). A categoria em todo o país está em Campanha Reivindicatória com vistas a um novo Acordo Coletivo de Trabalho – cuja pauta foi entregue à Petrobras no dia 15 de março –, e contra a destruição e o desmantelamento da maior empresa pública do país.

Com a intermediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST), a direção da petrolífera quer impor uma contraproposta rebaixada aos petroleiros. O clima em todos os setores da estatal é o pior possível, com ameaças e intimidações de gerentes e chefias. São muitas as denúncias de assédio moral contra as trabalhadoras e trabalhadores, numa tentativa de inibir a deflagração de greve nacional a qualquer momento pela categoria, se o impasse perdurar.

Voto em urna  

Como está ocorrendo em todos os setores e turnos da Petrobras, os trabalhadores do Cenpes votaram se aceitam ou rejeitam a contraproposta TST/Petrobras em urna. A medida está sendo adotada pelos sindicatos da categoria, entre os quais o Sindpetro-RJ, para impedir o controle e o voto de cabresto dos gerentes. “A tradição de participação e mobilização dos trabalhadores de áreas operacionais e administrativas são bens distintas. Por isso, é bom que saibamos que neste momento, em todo o país, a direção da Petrobrás e demais executivos turistas pagos a peso de ouro, contam conosco, do administrativo, para jogar para trás a luta coletiva”, alerta a direção sindical no Rio de Janeiro.

A greve não é de marajás!

Sindpetro-RJ

A Petrobrás lucra bilhões por ano, acumula uma reserva de caixa também da ordem de bilhões… de dólares. E quem produz 100% desse lucro? Nós, os trabalhadores. E sabe quanto a Petrobrás retorna para nós? Menos de 10%. Nossos benefícios e salários refletem de forma rebaixada o caráter dessa empresa, seu lucro, a produtividade e a luta dos seus trabalhadores. Segundo o Dieese,  a Petrobras é hoje a empresa do ramo de setor de óleo e gás que tem a menor remuneração por empregado comparado a outras empresas do setor, ficando atrás da BP, Equinor, Shell e Total. O empobrecimento da categoria petroleira, como o de qualquer categoria, tende a piorar a situação do país.

Somos cerca de 61 mil trabalhadores por todo o país e nossos salários são revertidos para as economias locais. Consumimos produtos, usamos restaurantes, pagamos escolas, etc. Isso movimenta a economia brasileira. A redução proposta em nossos salários é para favorecer a quem nada produz, como os grandes especuladores do mercado de ações ou os executivos de aluguel a peso de ouro, que pousam temporariamente na empresa e sugam mais do que doam. Também é para subornar licitamente os gerentes da Petrobrás, através de bônus (renda variável-PRVE). E mais, qual o compromisso dos grandes acionistas em reverterem dinheiro em investimento produtivo, se a lógica do capital especulativo é justamente ganhar dinheiro sem nada gerar? Ainda que alguns poucos invistam parte em algo produtivo, quem disse que isso seria no Brasil, se muitos são estrangeiros?

CENTENAS DE TRABALHADORES PETROLEIROS se reuniram em assembleia no Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes II) na Cidade Universitária da UFRJ, no Fundão. Lição de luta

Na terça-feira, 15, a Coordenação e o Departamento de Aposentados e Pensionistas do Sintufrj realizou reunião extraordinária para indicação de representantes ao Encontro Nacional da Fasubra de Aposentados (as), Aposentandos (as) e Pensionistas, nos dias 24 e 25 de outubro, em Brasília.

A base do Sintufrj será representada por quatro companheiros/as e uma coordenadora de Aposentados e Pensionistas. O evento será realizado no Teatro dos Bancários, na EQS 314/315, Bloco A, Asa Sul do Distrito Federal.

“Este encontro visa agregar, mobilizar e abastecer as companheiras e os companheiros aposentados e pensionistas das universidades e institutos federais de muita informação, para a formação de um bloco de resistência poderoso contra os ataques do governo Bolsonaro à Educação, à Previdência e aos direitos sociais de todos os brasileiros. É muito grave o momento em que se encontra o nosso país sob a égide de um presidente da República fascista e inimigo das trabalhadoras e trabalhadores”, alertou a coordenadora-geral do Sintufrj, Gerly Micelli, na reunião.

A dirigente acrescentou que “é muito importante que todos entendam como a reforma da Previdência afetará as nossas vidas hoje e a das futuras gerações, assim como a proposta de reforma do Estado que o presidente Jair Bolsonaro também enviará ao Congresso Nacional”. Ela concluiu, recomendando: “O que apendermos nesse grande encontro deve ser passado aos nossos familiares, amigos e vizinhos.”

Boa Notícia: o Convênio com o Sesc/Rio agora engloba o Sesc/Minas. Desta forma, os descontos envolvem pousadas em Grussaí, Ouro Preto, Araxá, Poços de Calda e Venda Nova, em território mineiro.

Todas às quartas-feiras, das 9h às 16h. Na subsede do Sintufrj.

Agendar com a Kátia (21) 2542-9143.

Em tempo: No dia 23/10 não haverá plantão. Motivo: todos os advogados estarão realizando audiências.

CUT: Congresso decide repensar estrutura sindical

Objetivo é aproximar as entidades sindicais de sua base do cotidiano dos trabalhadores desempregados ou informais para enfrentar a conjuntura da era Bolsonaro

Foto: CUT

O 13º Congresso Nacional da CUT, encerrado na quinta-feira, 10, definiu como estratégia para enfrentar a conjuntura adversa repensar a estrutura sindical.

Um dos objetivos é aproximar os sindicatos dos desempregados e do universo cada vez mais amplo dos trabalhadores informais.

O Sintufrj participou da instância de decisão mais importante da principal central sindical do país com oito delegados. Joana de Angelis, diretora do Sintufrj, disse que a CUT saiu fortalecida do encontro.

“Representações do Brasil todo estavam lá, com destaque para a região Nordeste”, disse. “O fundamental foi que, mesmo forças que atuam na CUT com leituras nem sempre coincidentes da realidade, diante do cenário político, concordaram com a linha de atuação definida pelo congresso.”

Os debates concluíram que a atuação sindical deve ter como referência o território onde ele existe. O sindicato deve deixar de ser visto como uma entidade abstrata, descolada da realidade que o cerca, e abrir canais para incorporar desempregados e mão de obra informal na sua ação política.

Outro ponto destacado nesta inflexão da Central na procura de estratégia que responda com mais força a um governo que ataca os trabalhadores é a possibilidade de fusões de sindicatos, quando eles atuam no mesmo universo de trabalhadores.

As orientações serão debatidas e aprimoradas nos congressos estaduais da Central, os quais, não por acaso, dessa vez vão ser realizados depois do encontro nacional, até dezembro.

Sérgio Nobre é o novo presidente

Metalúrgico do ABC, Sérgio Nobre foi eleito presidente da CUT para o mandato que vai até 2023. Vagner Freitas, que presidiu a Central por sete anos, no curso de dois mandatos, continua na executiva como vice-presidente. A Secretaria Geral será comandada pela primeira vez nos 36 anos de CUT por uma mulher, a trabalhadora rural Carmen Foro.

Em sua primeira manifestação, o novo presidente da CUT, sustentou que comandará com firmeza a luta contra a política econômica e entreguista do governo de Jair Bolsonaro (PSL) e seu ministro da Economia, Paulo Guedes. De acordo com o dirigente, política esta que está destruindo o país, com desemprego e sofrimento para os trabalhadores.

A secretária-geral também enfatizou o enfrentamento com o governo. “Nós vamos derrotar essa reforma sindical (veja a matéria na página anterior), organizar os trabalhadores e fazer todas as lutas necessárias”, disse ela.

Carmen Foro acrescentou: “Essa vai ser nossa missão: organizar os congressos estaduais até dezembro e pautar um conjunto de outros enfrentamentos com esse governo. Viva a CUT! Viva a classe trabalhadora! Viva o movimento sindical! Até a vitória, companheiros e companheiras!”

O 13º Congresso Nacional da CUT (13º Concut) ganhou o nome de “Lula Livre – Sindicatos Fortes, Direitos, Soberania e Democracia”. Nobre foi eleito, encabeçando chapa única, para um mandato de 2019 a 2023.

“Esse congresso” – no primeiro ano de governo Bolsonaro, que já se posicionou contra entidades sindicais e diariamente opera para cercear os direitos de organização dos trabalhadores – “foi realizado numa conjuntura adversa, difícil, que requereu de todas as forças políticas a mais ampla unidade para enfrentar o fascismo neste país. Esta chapa expressa toda a diversidade do país, de raça e entidades. Tem gente do campo, da cidade, de entidades públicas e privadas e LGBTs”, declarou Sérgio Nobre.

No total, inscreveram-se para o 13º Concut 1.957 delegados. Deste total, 1.705 se credenciaram, sendo 968 homens e 737 mulheres. A maior categoria presente foi a da Educação, somando 556 delegados.

 

 

Trama diabólica contra sindicatos

Bolsonaro articula nova reforma trabalhista e estrutura sindical atual seria substituída por modelo de sindicalismo dos EUA  

CENTRAIS SINDICAIS se articulam e preparam uma contraofensiva no Parlamento para neutralizar o ataque do governo

Uma nova investida de Jair Bolsonaro aos direitos e à organização dos trabalhadores está sendo preparada com a reforma sindical e a nova reforma trabalhista. O governo constituiu um grupo especialmente para elaborar uma proposta com esse propósito até o fim do ano. O Gaet (Grupo de Altos Estudos do Trabalho) tem ministros, desembargadores e juízes, e o coordenador é o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Ives Gandra, que atuou na elaboração da reforma trabalhista de Michel Temer.

O objetivo de Bolsonaro é dar o golpe final para detonar as relações de trabalho ainda existentes no Brasil. As propostas de reforma sindical e de nova reforma trabalhista incluiriam todas as mudanças que ficaram para trás na reforma trabalhista de Temer, na Medida Provisória 873 (que extinguia a contribuição sindical da folha de pagamentos, mas que caducou sem ser apreciada) e na Medida Provisória 881 (a da Liberdade Econômica).

O Gaet foi montado pelo secretário especial da Previdência e Trabalho e ex-relator da reforma trabalhista, Rogério Marinho.  Sob a justificativa de “modernizar as relações de trabalho”, ele almeja institucionalizar o enfraquecimento da organização sindical da classe trabalhadora destruindo de vez a forma de financiamento e a representação dos trabalhadores. A unicidade sindical é a bola da vez.

Rogério Marinho estaria se inspirando no modelo americano, que é um sindicato para cada empresa, estrutura completamente diferente da brasileira, onde as entidades representam categorias por município ou região, como os metalúrgicos de São Paulo ou os motoristas de ônibus do ABC.

O fim da unicidade sindical faz parte do projeto de enfraquecimento da organização da classe trabalhadora

Fim da unicidade

Para dizimar a classe trabalhadora, o Gaet irá promover novas mudanças na CLT, flexibilizando e extinguindo ainda mais direitos. Acaba com a unicidade sindical e institui a pluralidade sindical absoluta, o que incentivará a proliferação de sindicatos sem representação e atrelados ao patronato. Vários pontos que foram retirados da MP da Liberdade Econômica, aprovada recentemente, serão recolocados para usurpar mais direitos e garantias ainda existentes.

Centrais sindicais reagem e propõem uma PEC

As centrais sindicais, antecipando-se ao governo e se contrapondo à tentativa de dividir o movimento sindical, articularam com parlamentares uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC). É a PEC 161/19, que trata da reforma sindical e foi apresentada à Câmara dos Deputados no dia 9 de outubro.

A PEC 161/19 – apresentada pelo deputado Marcelo Ramos (PL-AM) e por outros parlamentares – propõe uma mudança na estrutura sindical atual com a criação do Conselho Nacional de Organização Sindical (CNOS), reunindo representantes dos trabalhadores e de empresários.

Ela adota na prática os termos da convenção 87 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que trata da plena liberdade sindical. E também evitaria a multiplicação de sindicatos não representativos, pois delimita um percentual mínimo de filiados em relação ao conjunto da categoria.

O CNOS retiraria das mãos do Estado a tutela sobre a legislação trabalhista. Caberia a esse conselho cuidar dos mais diversos interesses e necessidades dos sindicatos, incluindo estatutos, eleições e todas as formas de regulamentação e representação dos trabalhadores.

O mais importante é que o conselho de organização sindical deliberaria sobre o sistema de custeio e financiamento do sistema sindical. Assim, as tentativas de asfixiar financeiramente as entidades representativas dos trabalhadores para destruir seu poder de luta cairiam por terra.

 

 

No dia 27 de novembro, uma quarta-feira, no horário de almoço: às 12h30, o Espaço Saúde Sintufrj promoverá uma reunião motivacional dos Vigilantes do Peso. Os interessados devem se inscrever pelo site https://www.vigilantesdopeso.com.br/br/atwork.

Para que encontros dos Vigilantes do Peso ocorram no Espaço Saúde do Sintufrj é necessário um quórum mínimo de 15 inscritos para a palestra de formação de turma.

A parceria do Sintufrj com os Vigilantes do Peso já está valendo faz algum tempo, e quem preferir frequentar as reuniões na unidade dos Vigilantes mais próxima de sua residência deve se inscrever pelo site  https://www.vigilantesdopeso.com.br/br/parceiros  e garantir 20% de desconto na mensalidade.

 

Plantões na Praia Vermelha (segunda-feira), Sintufrj (terças-feiras) e HUCFF (quartas-feiras) das 9h às 16h.

O guardião das memórias da Biofísica

 

“Se houvesse um pouco mais de cidadania, nós tínhamos constituído uma sociedade muito menos desigual. E cada vez que o mundo se globaliza, se torna cada vez mais desigual. Não basta mandar um foguete à Lua, eu tenho que ver que existem milhares de pessoas morrendo de fome. Há milhares de pessoas que não conseguem chegar à escola primária.

Então tudo isso se perde. Realmente os valores humanos se perdem. São eles que mantêm a sociedade viva. Uma sociedade não é um conjunto de indivíduos, uma sociedade é um conjunto de seres pensantes. Não basta a presença. É preciso a dinâmica do pensamento que leve essa sociedade aos conflitos naturais e que se resolvam esses conflitos.”

 Cezar Antônio Elias

 

A inauguração da Vitrine Memorial em homenagem ao professor Cezar Antônio Elias, dia 24 de setembro, no auditório do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF), foi um momento especial para a comunidade universidade daquela unidade e, principalmente, para os que tiveram a felicidade de desfrutar seu convívio.
A Vitrine, localizada no interior do Museu Espaço Memorial Carlos Chagas Filho, do qual Cezar Elias foi curador, marca a trajetória e as realizações do pesquisador. Também nesse dia, uma outra sala com suas pinturas e instrumentos pessoais foi aberta ao público. Foi uma tarde dedicada ao “guardião de memórias do IBCCF”.
Humanista
Cezar Antônio Elias, nascido no Rio de Janeiro numa família de sete irmãos e pais libaneses (ganharam a vida como vendedores ambulantes), ingressou no Instituto de Biofísica em 1945, a convite do professor Carlos Chagas Filho, na Seção de Radiobiologia. Dedicou-se à pesquisa e ao ensino das disciplinas de Biofísica e Fisiologia, e ocupou por anos o cargo de chefe do Laboratório de Biofísica das Radiações.
Era também ligado às artes, cultura, história e filosofia. Viveu intensamente diferentes épocas e contextos, formando contatos e amizades que ultrapassaram o meio acadêmico e o próprio Brasil. Fluente em idiomas, fez medicina, botânica, direito e pintava. Humilde e generoso, não ostentava os títulos. Faleceu em novembro de 2018, aos 92 anos.

Emoção

Professores, técnicos-administrativos, estudantes, amigos e parentes celebraram a memória de Cezar Elias, relembrando suas histórias, algumas inusitadas, seus ensinamentos e suas realizações. Toda a trajetória do pesquisador humanista na Biofísica, no Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso), em Teresópolis, onde também dava aulas, e no Ibeu, onde foi coordenador, foi mostrada.
“Conheci o Elias em 2016. Ele transcendeu a questão profissional. Temos um patrimônio muito importante e devemos isso graças a ele, que guardou tudo ao longo de décadas”, falou, emocionada, Érika Negreiros, coordenadora do Museu Carlos Chagas Filho.
Ivanete Marins, técnica em laboratório que trabalhou com Elias por 43 anos, lembrou com a voz embargada: “Ele era maravilhoso e incentivava todo mundo. Tudo o que fiz e conquistei agradeço a ele, que dava força para você ir para a frente”.
“Uma pessoa muito especial, e continua sendo na memória de todos nós. Por isso celebramos toda sua vida e obra. Ele foi fundamental para transformar o espaço que hoje é o museu”, registrou o diretor do IBCFF, Bruno Diaz.
“Toda terça tínhamos o prazer e a honra de encontrá-lo. Quando chegava, já sabíamos, pois vinha lá do início do corredor falando árabe e francês. Tudo a gente aprendia com ele: sobre instrumentos do museu, idiomas, política, arte”, contou Gabriella Mendes, mestranda do museu.