Sintufrj realiza assembleia na quinta-feira, 12 de março, às 10h, no Quinhentão para discutir organização da greve

Os trabalhadores da educação se preparam para dar uma resposta contundente à altura dos ataques do governo Bolsonaro. A greve geral do setor marcada para 18 de março ganha fôlego e já envolve outras áreas, especialmente de servidores federais, alvo preferencial da ofensiva da política econômica do banqueiro Paulo Guedes.

No caso da UFRJ, a ação do Sintufrj de construção do 18 de Março está associada à organização do 12º Consitufrj, previsto para início de abril.

Nas reuniões para a eleição de delegados o centro das discussões apontam para os caminhos necessários de enfrentamento à orientação de inspiração fascista que ocupa o Palácio do Planalto e a Esplanada dos Ministérios. (Leia mais no Jornal do Sintufrj)

Com maior paralisação desde 1995, FUP indica suspensão temporária da greve

FUP e sindicatos indicam suspensão provisória da greve para acumular forças na negociação mediada pelo TST

Protagonistas de uma das mais importantes e simbólicas greves da história recente do país, os petroleiros garantiram a suspensão das demissões na Fafen-PR e conquistaram a abertura de um processo de negociação mediado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). Fatos que refletem a importância da maior greve que a categoria já realizou desde maio de 1995.

Reunidas nesta quarta-feira, 19, no Conselho Deliberativo da FUP, as direções sindicais de todo o país avaliaram que o momento é de acumular forças para buscar o atendimento da pauta de reivindicações que a gestão da Petrobrás tem se recusado a negociar. O Conselho indicou a suspensão provisória da greve para que a Comissão Permanente de Negociação da FUP possa participar na sexta-feira, 21, da negociação no TST, junto com representantes do Ministério Público do Trabalho.  O indicativo destaca ainda que a greve será retomada, caso não haja avanços na mediação feita pelo Tribunal.

“Nossa greve foi construída e fortalecida, dia após dia, com organização, estratégia e respeito à categoria. Conseguimos um canal de negociação que só foi possível por conta da força da greve, da ocupação de 30 dias em Araucária, da nossa permanência aqui na sede da Petrobrás desde 31 de janeiro, da vigília em frente ao prédio, dos atos e manifestações de apoio e solidariedade que aconteceram em todo o país, como a marcha histórica de ontem, no centro do Rio”, reforça o diretor da FUP, Deyvid Bacelar.

“Essa unidade que está sendo demonstrada na greve trouxe esperança para os trabalhadores da Fafen e para as nossas famílias. Foi a greve que obrigou a Petrobrás a suspender as demissões em massa e a reverter as que já haviam sido aplicadas contra 144 companheiros”, afirma o petroquímico Ademir Jacinto, diretor do Sindiquímica-PR e um dos integrantes da Comissão Permanente de Negociação da FUP, que está há 20 dias ocupando uma sala na sede da Petrobrás.

Ele ressalta a importância da abertura de um processo de negociação para que seja garantido o cumprimento da Cláusula 26 do Acordo Coletivo de Trabalho, onde a Araucária Nitrogenados se compromete a não promover despedida coletiva ou plúrima sem prévia discussão com o sindicato.

A luta é contínua

Na tarde desta quinta-feira (20) será realizado em São Paulo um grande ato em solidariedade aos petroleiros, em defesa da Petrobrás e da soberania nacional. A manifestação está sendo convocada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, com concentração no vão do Masp, às 16h30.

A categoria petroleira segue mobilizada em defesa dos empregos, contra o desmonte do Sistema Petrobrás e por preços justos para os derivados de petróleo.

A interrupção da greve está condicionada ao avanço da gestão da empresa na negociação com os trabalhadores.

A luta não cessa. A luta é contínua.

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Coordenadora da Câmara de Políticas Raciais sustenta que um dos compromissos do trabalho de heteroidentificação é justamente combater o racismo no país

As denúncias veiculadas pela mídia comercial contra decisões adotadas pela Comissão de Heteroidentificação da UFRJ foram rechaçadas pela reitora Denise Pires de Carvalho na sessão do Conselho Universitário (Consuni), na quinta-feira, 13.

Dias antes, a universidade publicou nota pública explicando como é feito o procedimento por características físicas e o direito a recurso do estudante considerado não apto.

A comissão de Heteroidentificação analisa os autodeclarados pretos e pardos aprovados para ingresso este ano nos cursos de graduação da instituição.

A coordenadora da Câmara de Políticas Raciais da UFRJ, Denise Góes, foi incisiva ao rebater as acusações de racismo de candidatos considerados não aptos para ingresso pelo sistema de cotas étnicas.

“A comissão tem o compromisso inclusive com a luta pela erradicação do racismo no Brasil. E a lei de cotas vem corroborar com o acesso dos negros ao ensino superior. Por isso, não podemos ser acusados de racistas. Numa sociedade em que o racismo se manifesta pelo tom da pele e não através da origem da pessoa, o critério fenotípico tem que ser reafirmado para esse acesso”, sustentou.

No Consuni
A reitora fez uma longa explanação sobre o processo em curso de heteroidentificação dos autodeclarados pretos e pardos, respondendo a questionamentos de vários conselheiros no Consuni.

“Este era um compromisso da atual Reitoria com a pauta da diversidade e da inclusão, especificamente com as cotas étnicas que infelizmente estavam sendo fraudadas na nossa universidade. Iniciamos a montagem da Comissão de Heteroidentificação porque a lei de 2012 não era cuidada na UFRJ, enquanto todas as instituições estaduais e federais já tinham suas comissões. Portanto, estamos atrasados”, disse a reitora.

Recursos serão aceitos
Toda forma de recurso, segundo Denise Pires, está sendo analisada. Ela pediu tranquilidade à comunidade universitária, acreditando que haverá muitas manifestações contrárias nas mídias sociais e entrevistas nos jornais. A reitora também esclareceu que o processo de matrícula dos alunos é em março.

20% faltam na apresentação

Nos primeiros três dias o número de faltosos entre os convocados a se apresentar à Comissão de Heteroidentifcação chegou a mais de 20%. O que indica, segundo a reitora, que muitos não acreditavam que a UFRJ agiria com seriedade implantando a comissão, pois na opinião dela “não é normal mais de 20% de faltosos”. E concluiu dizendo que “nós passamos a ser uma instituição que vê com seriedade a lei de cotas”.

Total de aferidos
Denise Góes informou que em quatro dias de trabalho (três no Fundão e um em Macaé) foram analisados quase mil candidatos, mas a comissão ainda não tem o levantamento completo dos candidatos considerados aptos e não aptos.

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Núcleo de unidades fundadoras tem origem nos tempos do Império, mas a UFRJ floresceu na República 

Na primavera deste ano de 2020, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) faz 100 anos. O decreto de fundação da instituição foi assinado pelo presidente Epitácio Pessoa em 7 de setembro de 1920.

O documento sacramentava a reunião da Escola Politécnica e das faculdades de Medicina e Direito do Rio de Janeiro para formar a Universidade do Rio de Janeiro, lançando as bases do que viria se tornar a maior instituição pública de ensino superior do Brasil.

Uma nova etapa da história da universidade se deu já no primeiro governo de Getúlio Vargas. Dois anos antes do início da ditadura do Estado Novo, o então ministro da Educação e Saúde Pública do governo Vargas, Gustavo Capanema, formou, em julho de 1935, uma comissão encarregada de estudar sua ampliação.

Em 1937, a instituição passou a denominar-se Universidade do Brasil, reunindo 15 escolas ou faculdades e 16 institutos, alguns já existentes, além do Museu Nacional.

Precursores
O curso mais antigo entre as unidades fundadoras da UFRJ é o de engenharia, precursor da Escola Politécnica, que fez 225 anos em 2017. Já a Faculdade Nacional de Direito completou, em 2020, 190 anos.

Em 2018, foi a Faculdade de Medicina, oriunda da antiga Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica do Rio de Janeiro, que completou 210 anos. A Escola de Belas Artes, de 1816, e o Museu Nacional, de 1818, também comemoraram o bicentenário.

Em 1965, com a reforma universitária, a Universidade do Brasil transformou-se na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela tem uma estrutura similar à de um município de médio porte. Formou uma sucessão de personagens notáveis como Osvaldo Aranha, os escritores Jorge Amado e Clarice Lispector, o arquiteto Oscar Niemeyer, os médicos Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, entre muitos outros.

EPITÁCIO Pessoa
GUSTAVO Capanema
GETÚLIO Vargas                                      

UFRJ em números

  • 3ª melhor universidade da América Latina
  • 5 áreas de estudo entre as 100 melhores do mundo  
  • 224 cursos de pós–graduação stricto sensu
  • 455 estudantes em intercâmbio 
  • 665 estudantes estrangeiros
  • 52.622 estudantes de graduação
  • 4.232 professores
  • Mais de 9.000 técnicos-administrativos
  • 9 hospitais e instituições de atenção à saúde
  • Mais de 1.700 projetos de extensão
  • 52 unidades
  • 1.456 laboratórios
  • 45 bibliotecas
  • 13 museus
  • 13 prédios tombados 

 

Nota de repúdio

Nós, da congregação, do conselho diretor e dos programas de Pós-graduação do IFCS (PPGF, PPGLM e PPGSA) repudiamos a nota do CNPq, na qual se anuncia o projeto de transformar a distribuição de bolsas em editais e chamadas públicas organizados pelo órgão, estipulando como critérios noções vagas como “inovação” e “projetos vinculados a modalidades e temáticas de áreas prioritárias e estratégicas para o MCTIC”. Nosso temor é que as humanidades acabem sendo profundamente prejudicadas, pois, o seu caráter de inovação não é facilmente mensurável. No entanto, não há inovação sem pensamento crítico, característica patente da produção acadêmica em ciências humanas. Além disso, preocupa-nos o futuro dos nossos cursos de pós-graduação: seja porque não terão autonomia na distribuição de bolsas, a partir das análises internas à área de mérito; seja porque, sem bolsa, nossos alunos dificilmente poderiam cursá-los. Conclamamos nossa comunidade universitária para rejeitar, terminantemente, os termos dessa proposta injusta, pouco inclusiva e sem uma visão global da consiliência entre saberes.

Março das mulheres, greve geral da educação e congresso do Sintufrj. Confira a agenda do mês.

Diretorias nacionais do ANDES- SN, FASUBRA e SINASEFE

Na última sexta-feira, dia 14 de fevereiro, a comunidade da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) foi surpreendida com a expedição do Ofício nº 091/2020 pela Diretoria de gestão de pessoas (DIRGEP) da Reitoria da UTFPR que promoveu grave ataque a(o)s trabalhadore(a)s da instituição ao determinar a suspensão, por tempo indeterminado, da implantação de diversos direitos de professore(a)s e técnico(a)-administrativo(a)s na folha de pagamento (progressão de qualquer natureza, promoção, aceleração da promoção, retribuição por titulação, incentivo à qualificação, RSC, gratificação por encargo de curso e concurso, adicional noturno, horas extras, inclusão de novos adicionais de insalubridade, inclusão de novos adicionais de periculosidade, substituições de chefia, novas solicitações de auxilio transporte, indenização de férias rescisão e aposentadoria, novas solicitações de ressarcimento à saúde, auxilio natalidade, pré-escolar, pela realização de bancas, GECC e processos similares que resultem em novas despesas).

Do mesmo modo, porém sem tantos detalhamentos, o Instituto Federal de São Paulo (IFSP) também lançou uma orientação informando a suspensão de toda forma de oneração da folha de pagamento.

As reitorias da UTFPR e do IFSP alegam que a medida foi tomada em cumprimento ao disposto no Ofício nº 08/2020GAB/SPO/SPO-MEC enviado aos dirigentes das Instituições federais de ensino no último dia 04 de fevereiro, comunicando a redução orçamentária na LOA.

O ANDES-SN, a FASUBRA e o SINASEFE vêm a público repudiar tal medida, que viola os direitos de professore(a)s e técnico(a)-administrativo(a)s, garantidos na Constituição Federal brasileira de 1988 e na legislação em vigor, atacando frontalmente a educação e o serviço público no Brasil.

Diante de tal ataque, as entidades estão tomando as medidas politicas e jurídicas cabíveis na defesa dos direitos do(a)s trabalhadore(a)s da UTFPR e do IFSP!

O ANDES-SN, a FASUBRA e o SINASEFE esperam que a determinação das reitorias da UTFPR e do IFSP, considerando que o referido ofício é norma infralegal, exigem a imediata revogação de tais ações, visando garantir os direitos do(a)s trabalhadore(a)s e a educação pública brasileira. A atual conjuntura de brutais ataques exige ainda mais resistência! E as Instituições Federais de Ensino brasileiras sempre foram e continuarão sendo espaços de resistência!

Nesse cenário de desmonte da educação pública, reforçamos a convocação para a construção da greve nacional da educação em 18 de março!

Em defesa dos direitos do(a)s professore(a)s e técnico(a)-administrativo(a)s! Em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade! Em defesa dos direitos dos(as) trabalhadores(as) da UTFPR e do IFSP! Pela revogação do estabelecido no Ofício nº 091/2020 da DIRGEP/UTFPR e da orientação do IFSP! Pela imediata recomposição orçamentária das Instituições Federais de Ensino! Pela revogação da Emenda Constitucional 95! Rumo à greve nacional da educação! #18 de Março!

Diretorias nacionais do ANDES- SN, FASUBRA e SINASEFE

SERVIDORES DA UNIDADE FEDERAL no Paraná foram avisados do sequestro de direitos: briga à vista

Sr. ministro,

 

O sr. não me conhece. Meu nome é Ana Flavia, sou técnica de enfermagem no HUCFF, na UFRJ. Tomei a liberdade de escrever para o sr. porque ficamos muito indignados aqui no trabalho desde que vimos na internet que o senhor nos chamou de parasitas.

 

Sr. Guedes, o senhor já veio aqui no HU? Tem noção de quantas pessoas atendemos por semana? Já entrou num centro cirúrgico pra ver o estresse que é? Agora imagina encarar essa pauleira em todo plantão? É inacreditável ouvir uma ofensa tão rasteira de uma autoridade, quando dedicamos um pedaço tão grande de nossas vidas para servir ao público com dignidade.

 

A irritação aumentou quando vi a proposta de cortar até 25% do nosso salário pra fazer economia. O sr. já viu quanto ganhamos? Eu vi que o sr. ganha mais de 30 mil por mês só de salário, e ainda ganha mais 8 mil de tíquete (acho que no seu caso tem outro nome, né? “Auxílio”. Tíquete é pra trabalhador). Olha, ministro, se o sr. cortar só o que te pagam em tíquete, economiza mais do que cortando 25% do salário de 10 servidoras que nem eu.

 

O povo do sindicato fez até um meme comparando o meu salário com a dívida daquele empresário da Havan que sempre faz propaganda do Bolsonaro. Fiquei pasma! Quase 170 milhões que ele deve ao INSS e à Receita! Se cobrar só a dívida dele, economiza mais do que tirando 25% do salário da UFRJ inteira por um bom tempo!

 

Eu ia me despedir, mas lembrei de outro absurdo: sua declaração sobre as empregadas. Eu não sei se me indignei mais pela mentira ou pelo sr. achar que empregada não tem direito de viajar. Tá parecendo o ministro da Educação: toda vez que abre a boca, sai um disparate. Até nos acusar de plantar maconha ele já fez. Parece que nunca pisou numa universidade na vida (acabei de me lembrar que nossos colegas da federal da Bahia inventaram um novo exame que dá diagnóstico de coronavírus em 3 horas. O sr. sabia que o exame anterior demorava 2 dias? Isso parece trabalho de parasita ou de traficante?).

 

Me despeço por aqui. Não sei se o sr. vai ler minha carta, mas eu não podia ficar calada. Tava um nó na garganta que me deixou até sem sono. Aqui tem gente séria, trabalhadora e que tem compromisso com as pessoas. Ninguém é parasita não. Aliás, sua mãe não era servidora? Porque essa raiva que o sr. tem de nós parece trauma. Talvez por um mau exemplo dentro de casa.

 

Até já, seu ministro (porque o sr. ainda vai ouvir muito da gente, que ninguém vai levar outra tunga no bolso e ficar quieto, sem brigar com os senhores).

 

Ouça o texto

 

Implantação da CIS e do Conselho de Administração está entre as reivindicações

A direção do Sintufrj cobrou da Reitoria, na primeira sessão do Conselho Universitário (Consuni) de 2020, na quinta-feira, 13, a imediata instalação da Comissão Interna de Supervisão da Carreira (Cis) e a urgente criação do Conselho de Administração – compromisso assumido pela atual gestão durante a campanha.
A coordenadora-geral da entidade, Neuza Luzia, elencou demandas de técnicos-administrativos e docentes que não estão sendo tratadas com a devida propriedade pela Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4).
A palavra foi franqueada à dirigente do Sintufrj a pedido da nova bancada representativa dos técnicos-administrativos em educação eleita pela categoria, que assumiu o colegiado nessa sessão. Uma das questões levantadas por Neuza foi a dos cortes de adicionais ocupacionais: “Já fizemos várias reuniões e mostramos pelo jornal da categoria que a política da PR-4 não é de conceder e, sim, de cortar”. O mesmo ocorre, segundo a dirigente, com a concessão do incentivo à qualificação dos técnicos de nível superior.
Ela ainda alertou a Reitoria para a “armadilha do ponto eletrônico”: “O controle de frequência dos trabalhadores técnico-administrativos e docentes é um compromisso que a UFRJ tem com a sociedade e com os usuários da universidade. Não há que se fazer controle de ponto de técnico-administrativo num processo de criminalização de uma categoria. Então essa é a sinalização que a gente já deu à universidade”.

Reivindicações
De acordo com a coordenadora sindical, a PR-4 está agindo cada vez pior em relação aos adicionais ocupacionais. “Além da interpretação de sempre ter o direito subtraído, a PR-4 diz que o laudo, quando é concedido, não pode retroagir; mas quando é reconhecido o não direito, o técnico-administrativo ou docente tem que devolver dinheiro ao Erário, e sem a oportunidade de recorrer”, disse.
Em relação ao incentivo de qualificação para a categoria de nível superior, Neuza apontou que a PR-4 está utilizando um parecer dado à Universidade do Pará (em uma situação pontual). “A Reitoria está se negando a reconhecer as disciplinas isoladas para concessão do direito. O Sintufrj apresentou um parecer contrário que, inclusive, fundamenta a jurisprudência, e o próprio Superior Tribunal de Justiça reconhece que o parecer concedido à Universidade do Pará interpreta erradamente a lei da carreira dos técnicos”.

 

Denise lembra centenário

Este é o ano do centenário da UFRJ, e o acontecimento foi lembrado pela reitora Denise Pires na abertura do Consuni com um agradecimento emocionado: “Agradeço a toda a comunidade universitária que construiu essa que é uma das mais importantes instituições públicas, gratuita e de qualidade durante 100 anos no país, que tem uma história da qual muito temos que nos orgulhar”.
Fora esse momento, a sessão foi quente. A suspensão da contratação de professores efetivos e substitutos e de técnicos-administrativos aprovados em concursos e convocados pela Pró-Reitoria de Pessoal foi um dos assuntos discutidos.
A direção e a Associação de Pais de Alunos do Colégio de Aplicação (CAp) e o Setor de Educação Infantil reivindicaram uma solução imediata porque há turmas sem aula.
Uma nota de repúdio proposta pela Adufrj, e endossada pelo Sintufrj, aos últimos atos do governo Bolsonaro contra a autonomia universitária, a produção de conhecimento, os servidores e os serviços públicos foi aprovada por unanimidade pelos conselheiros (leia mais no site e Facebook do Sintufrj).
A coordenadora do Sintufrj propôs que a UFRJ organize o mais rápido possível um encontro com a bancada dos deputados federais do Rio de Janeiro para “que a gente consiga mostrar quem vai votar a PEC Emergencial, a gravidade do problema”, como a proibição de contratação de professores e técnicos concursados, e “que seja sugerido à associação de reitores (Andifes) que faça a mesma movimentação em todo o país”.

 

A sessão do Conselho Universitário da UFRJ desta quinta-feira 13 (a primeira do ano) aprovou por unanimidade uma nota condenando “os atos do governo que tentam controlar e cercear a produção do conhecimento e a autonomia um universitária”. A dura manifestação da universidade teve o apoio do Sintufrj (Sindicato dos Trabalhadores em Educação) e da Adufrj (a seção sindical dos docentes). Confirma a íntegra.

  

MANIFESTAÇÃO PÚBLICA DO CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UFRJ

O Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro, reunido em sessão de 13 de fevereiro de 2020, manifesta seu repúdio aos últimos atos do governo que tentam controlar e cercear a produção do conhecimento e a autonomia universitária. Desde dezembro, os ataques dos ministros Weintraub e Paulo Guedes se intensificaram, com a edição de medidas que, por um lado, asfixiam o orçamento da universidade, e por outro, atacam a liberdade da produção de conhecimento. No conjunto, são medidas que sacrificam o princípio constitucional, previsto no artigo 207, da autonomia universitária, tema tão caro para a comunidade acadêmica da UFRJ.

A Medida Provisória 914, por exemplo, editada na véspera do Natal, altera as regras da eleição para reitor e evidencia o caráter intervencionista do Ministério da Educação. Outra medida draconiana veio com a Portaria 2.227 que tentava aumentar o controle sobre as missões técnico-científicas de pesquisadores e técnicos vinculados ao MEC. Após intensa mobilização da comunidade científica de todo o país, conquistamos algum recuo, mas ainda insuficiente. Em todo o Brasil, nossas condições de trabalho estão ameaçadas pelo corte orçamentário, com efeitos imediatos sobre técnicos e professores concursados e substitutos.

A proposta orçamentária do Governo Federal, aprovada pelo Congresso Nacional esse ano, não assegura o funcionamento das universidades. Ao contrário, deixa sob risco o pagamento de despesas obrigatórias, como o salário de docentes e técnico-administrativos, reduz o orçamento da assistência estudantil, compromete os serviços realizados pelos trabalhadores terceirizados, impede a reposição das vagas de servidores aposentados, exonerados ou falecidos, paralisa obras inadiáveis de infraestrutura para o ensino, a pesquisa e a extensão. Como está colocada contradiz até mesmo a Lei de Responsabilidade Fiscal, que preserva a educação, a saúde e a segurança dessas limitações. O Governo Federal, através de um orçamento reduzido, asfixia a universidade pública e impede a continuidade da excelência acadêmica e relevância social dos serviços prestados.

Na UFRJ, há centenas de servidores efetivos e temporários que ainda não tomaram posse, quase 30 professores substitutos da Educação Básica do Colégio de Aplicação aguardando assinatura de contrato, ocasionando um grande número de estudantes da educação infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio sem aulas de diferentes disciplinas, inclusive as crianças portadoras de deficiência.

Nesse primeiro Conselho Universitário de 2020, conclamamos toda a comunidade acadêmica a somar esforços para garantir a universidade que sonhamos e construímos com muita luta, a partir da redemocratização do país. A autonomia, a gratuidade, a liberdade de cátedra, as carreiras, a democracia interna, a avaliação por pares, o grande sistema de apoio e fomento à pesquisa, a democratização do acesso, com o sistema de cotas e o SISU foram fruto do trabalho de muitas gerações. Não podemos perder todo esse patrimônio para a truculência de governantes que sistematicamente nos atacam, nos desrespeitam e tentam impor uma era de regressão e ignorância. Não somos parasitas, somos servidores públicos concursados que dedicam a vida à construção de uma nação mais justa, mais republicana, mais igualitária e mais fraterna.

 

Profª Denise Pires de Carvalho

Reitora