Dezoito estados – entre eles o Rio de Janeiro que está com restrições sanitárias desde 26 de março até o dia 4 de abril para conter o avanço da pandemia – estão com alta nas mortes pela covid-19.  Dados de 29 de março contabilizam que, nos últimos 14 dias, o Rio registrou mais de 33 mil casos, num total de  641 mil e 36 mil vítimas desde o início da crise pandêmica. 

As especialistas do Centro de Triagem e Diagnóstico para covid-19 da UFRJ (CTD-COVID-19), professoras Terezinha Castiñeiras e Débora Faffe, informam que o percentual de casos positivos atingiu 36,7% no dia 26 de março, justamente no primeiro dia das restrições sanitárias no Rio e em Niterói. Elas integram o Grupo de Trabalho (GT) Multidisciplinar para Enfrentamento da Covid-19 da UFRJ.

Na avaliação das especialistas, esses 10 dias de restrições no Rio e no município de Niterói podem, sim, contribuir para minimizar o avanço da doença, embora considerem as medidas insuficientes. Tanto erezinha como Débora apontam que a vacinação da população é o caminho para debelar a pandemia.

Alerta das especialistas

“Até o momento, as principais ferramentas para minimizar o avanço da covid-19 são o distanciamento social, uso de máscara e a vacinação em massa da população. Como nossa disponibilidade de vacinas é restrita e o processo de vacinação progride lentamente, torna-se imperativo assegurar o controle de contato. Acredito sim que esses 10 dias possam contribuir para minimizar o avanço da doença, como qualquer redução de aglomeração, mas muito provavelmente serão insuficientes. Até que uma significativa parcela da população esteja vacinada, é fundamental evitar ao máximo todos os tipos de aglomeração humana”, alertou Terezinha Castiñeiras. 

Segundo Terezinha e Débora Faffe, nas primeiras semanas de março houve um aumento de resultados positivos nos exames de RT-PCR dos casos sintomáticos atendidos no Centro de Triagem, em relação aos meses de janeiro e fevereiro. O percentual de resultados positivos passou de 11,6% para 20,1%. Essa observação gerou, inclusive, uma nota técnica de alerta emitida pelo GT Coronavírus da UFRJ, em 21 de março. Esse percentual de casos positivos continuou aumentando progressivamente e na última sexta feira atingiu 36,7%”.

Além do aumento de casos o vírus ficou mais forte

“De certa forma podemos afirmar que sim”, afirmou Débora Faffe. “Neste mesmo período, constatou-se uma queda progressiva do Ct (limite de detecção, do inglês Cycle Threshold) do RT-PCR, que atingiu na última semana o valor médio mais baixo detectado em toda pandemia (Ct < 22).  Como o Ct reflete inversamente a carga viral estimada, os valores mais baixos de Ct correlacionam-se com cargas virais mais elevadas, indicando risco de aumento de transmissibilidade e, consequentemente, potencial de explosão de casos nas semanas subsequentes”, explicou a especialista.  

 “Baixos valores de Ct estão associados com maior transmissibilidade. Cada pessoa infectada com carga viral estimada elevada poderá transmitir o vírus, em média, para outras seis pessoas. No entanto, esse número pode aumentar exponencialmente em ambientes fechados e/ou de aglomeração. Logo, espera-se uma propagação mais rápida”, disse  Débora Faffe. 

Recordes

O Brasil vem batendo recordes de vítimas por covid-19. A média móvel de mortes chegou a ultrapassar 2,5 mil por dia, a maior desde o início da pandemia, em março do ano passado. No total, o país contabilizou quase 13 milhões de casos e mais de 314 mil óbitos. 

No mundo, mais de 126 milhões foram infectadas. Do total de doentes, mais de 2,7 milhões morreram, segundo a Universidade Johns Hopkins. O Brasil segue como o terceiro país do mundo em número de casos de Covid-19 e o segundo em mortes, atrás dos Estados Unidos.

 

 

Ordem do Dia publicada nesta noite pelo general Braga Netto descreve o golpe militar à época como uma tentativa das Forças Armadas de “pacificar o País”, “reorganizá-lo” e “garantir as liberdades democráticas”. “O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março”, diz

Matéria retirada do site Brasil 247. 

Novo ministro da Defesa, o general Walter Braga Netto publicou no início da noite desta terça-feira (30) seu primeiro comunicado desde que assumiu o cargo, “Ordem do Dia Alusiva ao 31 de março de 1964”, e nela, defende a “celebração” do golpe militar de 1964, que culminou em prisões, torturas e repressão por mais de duas décadas no País.

No texto, ele define o papel das Forças Armadas no episódio da seguinte forma: “As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos”.

E defende que “o movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março”. 

Braga Netto entrou no lugar de Fernando Azevedo, depois que o último bateu de frente com Bolsonaro e impediu a demissão do comandante do Exército, Edson Leal Pujol. Com a troca no ministério da Defesafoi anunciada a demissão coletiva dos três chefes do Exército, Aeronáutica e Marinha.

Confira a íntegra da Ordem do Dia de Braga Netto nesta terça-feira, véspera de 31 de março, data do golpe militar:

Ordem do Dia Alusiva ao 31 de Março de 1964

Publicado em 30/03/2021 18h29 Atualizado em 30/03/2021 18h36

MINISTÉRIO DA DEFESA
Ordem do Dia Alusiva ao 31 de março de 1964

Brasília, DF, 31 de março de 2021

Eventos ocorridos há 57 anos, assim como todo acontecimento histórico, só podem ser compreendidos a partir do contexto da época.
O século XX foi marcado por dois grandes conflitos bélicos mundiais e pela expansão de ideologias totalitárias, com importantes repercussões em todos os países.

Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo, contando com a significativa participação do Brasil, havia derrotado o nazi-fascismo. O mapa geopolítico internacional foi reconfigurado e novos vetores de força disputavam espaço e influência.

A Guerra Fria envolveu a América Latina, trazendo ao Brasil um cenário de inseguranças com grave instabilidade política, social e econômica. Havia ameaça real à paz e à democracia.

Os brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das Forças Armadas, interrompendo a escalada conflitiva, resultando no chamado movimento de 31 de março de 1964.

As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos.

Em 1979, a Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso Nacional, consolidou um amplo pacto de pacificação a partir das convergências próprias da democracia. Foi uma transição sólida, enriquecida com a maturidade do aprendizado coletivo. O País multiplicou suas capacidades e mudou de estatura.

O cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, como questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias. As Forças Armadas estão presentes, na linha de frente, protegendo a população.

A Marinha, o Exército e a Força Aérea acompanham as mudanças, conscientes de sua missão constitucional de defender a Pátria, garantir os Poderes constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso País.

O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março.

 

 

Como já antecipamos em notícia anterior, despacho do Ministério da Economia divulgado na sexta-feira, 26 de março, ratifica, por meio de notas técnicas, os termos do acórdão que regulamenta a transformação de tempo de insalubridade em tempo comum, para efeito de aposentadoria – de acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). 

A regulamentação permite que a UFRJ prossiga com os processos administrativos já em andamento sobre a conversão do tempo especial em comum.

Nesta quarta-feira, 31 de março, às 14h, uma live especial com a participação de nossos advogados da área trabalhista dará novas orientações à categoria sobre a ação. A live poderá ser acompanhada pelo canal do Youtube do Sintufrj e pelo perfil do sindicato no Facebook. Perguntas poderão ser feitas em tempo real. Portanto, convite feito!

Importante destacar que a nova normatização não apresenta qualquer inovação, inclusive em termos de documentação mínima necessária, tratando mais detalhadamente sobre os aspectos legais e seus desdobramentos, não havendo, portanto, qualquer impedimento à continuidade da tramitação dos requerimentos administrativos já protocolados, bem como ao reconhecimento do direito à aposentação, revisão de aposentadoria, concessão e revisão de abono de permanência.

O SINTUFRJ obteve a informação de que a PR4 está realizando reuniões para tratar do assunto e, havendo desdobramentos, a categoria será informada imediatamente.

 

Reforma ministerial acontece dias após o presidente da Câmara, Arthur Lira, ameaçar Jair Bolsonaro caso não houvesse mudanças de rumo no governo

Matéria retirada do site da Revista Fórum

O dia nesta segunda-feira (29) está sendo agitado em Brasília com o presidente Jair Bolsonaro encampando a maior reforma ministerial de seu governo, em plena pico da pandemia do coronavírus.

Após a recente saída do general Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde, o centrão do Congresso Nacional passou a intensificar a pressão contra o governo Bolsonaro, o que provocou mudanças em outros seis ministérios. O primeiro a ser demitido nesta segunda-feira foi Ernesto Araújo, que ocupava o Ministério das Relações Exteriores e vinha sendo duramente criticado por deputados e senadores.

O segundo do dia a deixar o governo foi Fernando Azevedo e Silva, do Ministério da Defesa. Na sequência, José Levi, responsável pela Advocacia-Geral da União (AGU), apresentou sua carta de demissão das pasta, após ter o cargo solicitado pelo presidente Jair Bolsonaro.

As mudanças provocaram trocas em 6 ministérios, e acontecem dias após o presidente da Câmara, Artur Lira (PP-AL), que é líder do centrão, ameaçar Jair Bolsonaro caso não houvesse mudanças de rumos no governo.

“Será preciso que essa capacidade de ouvir tenha como contrapartida a flexibilidade de ceder. Sem esse exercício, a ser praticado por todos, esse esforço não produzira os resultados necessários. Os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos amargos. Alguns, fatais. Muitas vezes são aplicados quando a espiral de erros de avaliação se torna uma escala geométrica incontrolável”, havia disparado Lira, logo após reunião com Bolsonaro, na última quarta-feira (24).

Em entrevista à Fórum, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) avaliou que “o jogo todo é do centrão. E eu tenho a impressão que o Bolsonaro está tentando esse movimento. Com essas mudanças, ele contempla o centrão e fortalece a posição dele, com maior engajamento das Forças Armadas”.

Confira, abaixo, todas as mudanças ministeriais desta segunda-feira.

Ministério da Defesa

Walter Braga Netto entra no lugar de Fernando Azevedo e Silva

Casa Civil

Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira entra no lugar de Walter Braga Netto

Secretaria de Governo da Presidência

Flávia Arruda entra no lugar de Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira

Advocacia-Geral da União

André Luiz Mendonça entra no lugar de José Levi Mello.

Ministério da Justiça

Delegado Anderson Gustavo Torres entra no lugar de André Luiz Mendonça

Ministério das Relações Exteriores

Embaixador Carlos Alberto Franco França entra no lugar de Ernesto Araújo

 

 

Setenta por cento dos profissionais que atuam na linha de frente no combate ao novo coronavírus são mulheres. De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem, 84,6% compõem as equipes de enfermagem país afora – enfermeiras, auxiliares e técnicos de enfermagem. Neste grupo, as mulheres negras têm sido as mais afetadas.

A pandemia afeta de diferentes formas os trabalhadores da saúde que estão na linha de frente, mas, neste contexto pandêmico, as disparidades de gênero e raça ficam mais evidentes. Isso é o que revela a pesquisa “A pandemia de covid-19 (os)as profissionais de saúde pública: uma perspectiva de gênero e raça sobre a linha de frente”, realizada pelo Núcleo de Estudos da Burocracia (NEB) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo e da Fundação Getúlio Vargas e divulgada pela Agência Bori. Veja:

Elas sentiram medo (84%), desconfiança (28%) e tristeza (53%), e também declararam mais sensação de despreparo (59%) em relação a mulheres brancas, homens brancos e negros.

“As mulheres constituem cerca de dois terços da força de trabalho em saúde em todo o mundo e, embora estejam globalmente sub-representadas entre médicos, dentistas, farmacêuticos, representam cerca de 85% das enfermeiras e parteiras”, informa o relatório “Mulheres no centro da luta contra a crise covid-19”, da ONU Mulheres.

A ONU calcula que, dentre a população feminina mundial, as trabalhadoras do setor de saúde, as domésticas e as trabalhadoras do setor informal serão as mais afetadas pelos efeitos da pandemia do coronavírus.

 

 

Jornada sobre-humana

O isolamento social como medida de contenção à propagação do novo coronavírus também escancarou a desigualdade de gênero no país. As mulheres tiveram sua jornada de trabalho triplicada para dar conta de todas as atribuições. Cabe a elas os cuidados redobrados com os filhos, a administração e a higiene especial com a casa e, para as que estão home office, mostrar, em meio a essa rotina excepcional, eficiência, agilidade e equilíbrio emocional e mental.

Infelizmente são poucas as mulheres que dispõem de uma realidade privilegiada, no Brasil, e também são poucas as que contam com o parceiros mais colaborativos, que realmente ajudam na educação dos filhos e nas tarefas domésticas.

 

Cuidadora e o desemprego

Outra tarefa que sobrou para as mulheres nesta pandemia é o cuidado com os familiares mais idosos. Além da tripla jornada, são elas as responsáveis por todas as rotinas com seus ascendentes de mais de 80 anos, alguns bem debilitados (até sem capacidade cognitiva para cuidar deles mesmos).

São as mulheres também as que convivem mais de perto com os dramas do aprofundamento das taxas de desemprego e do trabalho informal. Quando não estão sem meios de sobrevivência (a taxa de desemprego das mulheres é 39,4% superior a dos homens), abrigam e dão suporte emocional e socioeconômico para filhos e netos. E não podemos esquecer que mais de 45% dos lares atualmente são chefiados por mulheres, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostra que neste um ano de pandemia, as mulheres seguiram ganhando menos que os homens, mesmo ocupando os mesmos cargos. Além disso, parcela expressiva delas perdeu o emprego: Em 2019, elas representavam 41,2 milhões da força de trabalho. Em 2020, caíram para 35,5 milhões de postos de trabalho.

 

Violência doméstica

No primeiro semestre de 2020, o país registrou 648 casos de feminicídio, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Com aglomeração familiar imposta pelo confinamento, explodiu a violência doméstica, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde os números de casos cresceram de 30 a 50%. E ficou constatado que em todas as classes sociais as mulheres sofrem com agressões físicas e verbais.


Depoimentos de trabalhadoras da UFRJ

“O trabalho remoto tem sido uma experiência muito ruim, muito angustiante. O trabalho se misturou com minha vida privada. Quando acordo de manha não sei se respondo os 30 e-mails que trazem demandas administrativas ou se faço o almoço. Para nós, mulheres, que vivemos nesta sociedade patriarcal, onde a maioria dos homens sequer aprendeu a fazer um arroz ou a limpar a casa, nós ficamos sobrecarregadas com o acúmulo destas tarefas sobre mulheres que, como eu, cuidam de filhos e filhas, idosos e idosas. Nós estamos muito cansadas. Diria até esgotadas. Não dá para a gente aceitar esta realidade como um novo normal. Não somos máquinas. Não conseguimos trabalhar e viver desta forma. E nosso luta, a luta das mulheres vai continuar eternamente!”.

Damires França, técnica em assuntos educacionais do IFCS e coordenadora do Sintufr.

“Sou filha e mãe de um casal maravilhoso de idosos – Jovita e José Luiz. Queria dar os parabéns e agradecer essa rede incrível de mulheres que a gente tem na UFRJ, que dividem esta realidade de conciliar jornadas duplas, triplas, tendo que trabalhar, administrar a rotina doméstica e estudar. E a gente sabe como está sendo foi mais desafiador no contexto da pandemia. Não foi fácil participar de maratonas de videoconferências, convidar estranhos para a nossa casa. Mas quando a gente olha para o lado e vê outras mulheres, entendemos que somos muito mais forte juntas. A gente consegue lutar por condições muito melhores e mais humanas de trabalho”.

Marize Figueira, produtora cultural, coordenadora de Integração e Articulação na Pró-Reitoria de Extensão e Coordenadora do Naprocult/ UFR.

“Se antes da pandemia e gente falava em jornada dupla – e que já não dava conta porque a gente sabe que toda mulher tem jornada tripla, quadrupla –, com a pandemia todos os nossos papeis de vida ficaram completamente expostos e juntos ao mesmo tempo. Principalmente quem está em home office. Comigo não é diferente. Meu papel de técnica em assuntos educacionais, de doutoranda, de cuidadora de gato, de filha e de esposa se confundem o tempo inteiro. Mas ao mesmo tempo dá um orgulho danado da gente olhar para traz e ver o tanto que a gente deu conta. E ter orgulho é tudo de bom. Ser mulher é tudo de bom!.”

Bárbara Tavela da Costa, superintendente de Integração e Articulação da Extensão da PR-5

“Estou aqui para mostrar o trabalho da mulheres nesta loucura que está sendo esse momento, que está sendo trabalhar dentro de casa em lugares improvisados, onde você tem que dar conta dos   afazeres doméstico e da gama de trabalho que não deixa de acontecer. A gente continua trabalhando muito e a sensação que a gente tem é que não existe mais limite entre o que é horário de trabalho público e privado. Eu quero parabenizar todas a mulheres CIS ou trans neste momento de luta, mais um momento de luta que a gente estabelece no lar de divisão de tarefas e reorganização da vida e do trabalho”.

Denise Sá, coreógrafa da EEFD, coordenadora do Projeto Comunidança e da Companhia Comunidança

“Até hoje enfrento várias jornadas como trabalhadora, mãe, dona de casa, filha e mulher. Nesta pandemia questões comuns a todos nós se intensificaram ainda mais. O distanciamento social, a perda das pessoas queridas, o medo de adoecer, as dificuldades do home office, os ataques do governo ao funcionalismo e o descaso com a população. Devemos manter acesa a chama de nossas luta constante por igualdade de direitos”.

Roseni Lima de Oliveira, vigilante da UFRJ e coordenadora do Sintufrj

“Somos mães, filhas mulheres, aquelas que dão apoio à família, principalmente aos idosos. Temos uma grande jornada, não só trabalhando fora, mas cuidando da família. Guerreiras sempre e precisamos de respeito!”.

Laura Santos, técnica em enfermagem do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG),

“Nós somos superpoderosas: gerenciamos a vida de muitas pessoas que dependem da gente, no trabalho, na rua, em nossas casas. E precisamos gerenciar as nossas vidas para não sucumbirmos.”

Eleonora Baptista, técnica em enfermagem do Centro Cirúrgico do HUCFF”

“Apesar da pandemia, apesar do isolamento social, apesar do genocida Bolsonaro, as mulheres vão mais uma vez protagonizar uma demonstração de força e luta para construir uma saída para a crise sanitária e política nesse Brasil. Neste sentido, é necessário que todas nós, trabalhadoras das instituições públicas de ensino, da saúde e todos os setores estejamos participando das atividades unificadas chamadas pela vida das mulheres, por um Brasil democrático e, sobretudo, pelo Fora Bolsonaro e Mourão.”

Rosângela Gomes Soares da Costa, coordenadora da Mulher Trabalhadora da Fasubra

“Parabenizo a todas as mulheres, em especial as servidoras da UFRJ da área da saúde, cientistas, técnicas, docentes, terceirizadas. Todas as mulheres que nesta pandemia estão enfrentando um ritmo de trabalho com muito mais sacrifício. Mas são todas filhas da Minerva, deusa das mulheres e da sabedoria para que todas continuem nesta luta. E parabenizo nossa reitora, também mulher”.

Regina Célia Alves Soares Loureiro, Regininha, primeira técnica-administrativa emérita da UFRJ

“Uma breve saudação a toda as mulheres lutadoras, profissionais, medicas, mães que se doam diariamente em várias frentes para melhorar o ambiente de trabalho, a vida da família, em duplas e triplas jornadas que exigem tanto equilíbrio, tanto bom senso, tanto amor e tanta doação”.

Hermengarda Patrícia de Mello Santoro, técnica-administrativa emérita da UFRJ

*Estes e outros depoimentos estão na TV Sintufrj no youtube

 


Live expõe experiências de trabalho na pandemia

A Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4) realizou na segunda-feira, 29, uma live sobre o tema A força da mulher na pandemia. A reitora Denise Pires de Carvalho abriu a atividade destacando que a Minerva, símbolo da UFRJ, é uma deusa romana que se compara à deusa grega Atena, que representa sabedoria, inteligência e estratégia de luta. “Mas não a luta violenta e, sim, a que passa pelo diálogo, uma característica do nosso gênero”, disse.

Segundo a coordenadora do Centro de Referência da Mulher Suely Souza de Almeida (CRM-UFRJ), Adriana Santos, desde o início da pandemia, o desafio da equipe tem sido o atendimento remoto às vítimas de violência doméstica, mas a cada dia aperfeiçoam os mecanismos e as técnicas para isso. Os contatos devem ser feitos pelos telefones (21) 3938-0600 e 3938-0603 (também watsapp), ou pelo e-mail: crmssa.ufrj@gmail.com.

A múltipla jornada, como trabalhar de casa e ao mesmo tempo cuidar dos filhos e desempenhar papel de professora, realizar as tarefas domésticas e ainda se preocupar com a renda familiar (quando o marido está desempregado ou teve o salário reduzido) estão adoecendo as mulheres. Sofrer de insônia, depressão e estresse são relatos rotineiros que a assistente social da Coordenação de Políticas de Saúde dos Trabalhadores da UFRJ, Aline Silveira, ouve diariamente. O atendimento aos servidores é feito por telefone e, segundo a profissional, em virtude da grande demanda, o acolhimento ocorre até nos fins de semana, porque os homens também estão procurando o serviço.

“Fomos pego de surpresa com a vida on-line, mas quando a pandemia se estabeleceu já fomos criando alternativas. Abrimos uma conta no zoo para apoio a eventos acadêmicos. Não imaginávamos que essa situação fosse demorar tanto tempo, com esse governo negacionista”, contou a presidenta da Adufrj, Leonora Ziller.

A enfermeira da Emergência do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Nathália Grativol, fez um depoimento pessoal sobre como enfrentou o início da pandemia atuando no setor de entrada dos pacientes vítimas da covid-19. “Vivi com muito medo e insegurança, porque essa é uma doença desconhecida e que a cada dia apresenta uma novidade. Fiquei três meses afastada da minha filha e um mês do meu marido. Temia contaminá-los”, afirmou.

No pior momento da pandemia, país registra 1.660 mortes nas últimas 24 horas e totaliza 313.866 vidas perdidas

Depois do mais letal fim de semana da pandemia, o Brasil atingiu nesta segunda-feira (29) a média de mortes calculada em sete dias de 2.634 vítimas de covid-19 por dia. É a maior desde o início da pandemia, em março de 2020.

Nas últimas 24 horas foram mais 1.660 mortes registradas, o número mais elevado para uma segunda-feira, mesmo com o represamento dos dados de algum estados, em razão de um menor número de profissionais em atividades de laboratório aos domingos. Nos dias seguintes, a defasagem tende a ser corrigida.

Embora o número oficial de mortes tenha chegado a 313.866 vítimas, o que coloca o país como terceiro em número absoluto de mortos, a realidade é ainda mais grave. A subnotificação é reconhecida por órgãos oficiais e denunciada por cientistas, e o Brasil segue como epicentro do vírus no mundo.

Mais de um terço das mortes pelo vírus no mundo na última semana ocorreram no país.

O número de novos casos desta segunda-feira ficou em 38.927. Desde o início do surto, ao menos 12.573.615 brasileiros foram infectados. A média móvel de novos doentes por dia está em 75.156. A última semana foi a com maior número de infectados, 540 mil brasileiros foram diagnosticados com a covid. Por sua vez, também foi a semana mais letal. Morreram 17.798 pessoas.

Epicentro

Apenas Estados Unidos e México possuem mais vítimas em números absolutos desde o início da pandemia. Entretanto, o México ultrapassou o Brasil após reconhecer a subnotificação e acrescentar em seu balanço as mortes em excesso, mesmo sem diagnóstico clínico obtido através da testagem.

Contudo, desde o início do ano, a realidade brasileira é a mais trágica. Na última semana, o número de mortos no país superou as mortes somadas dos quatro outros países mais afetados pelo vírus (16.031): Estados Unidos, México, Itália e Rússia.

RBA e o Brasil de Fato utilizam informações fornecidas pelas secretarias estaduais, por meio do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Eventualmente, os dados podem divergir dos informados pelo consórcio da imprensa comercial em função do horário em que os dados são repassados pelos estados aos veículos. As divergências para mais ou para menos são sempre ajustadas após a atualização dos dados.

Medidas necessárias

Enquanto o cenário da covid-19 se agrava, cientistas reforçam a necessidade de medidas de isolamento social, uso de máscaras e higiene pessoal.

Em nota, o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), coloca as iniciativas de prevenção à covid-19 como essenciais para a preservação da vida e saúde no país. Assinam a carta os reitores da USP, Vahan Agopyan, Unesp, Pasqual Barretti, e Unicamp, Marcelo Knobel.

“A prevenção da covid-19 continua, neste momento, a ser o único caminho para minimizarmos o impacto social e econômico da pandemia. Ações unificadas entre gestores federais, estaduais e municipais são necessárias e urgentes para garantir o acesso de pacientes graves ao suporte ventilatório, que comprovadamente aumenta as chances de sobrevivência”, diz o documento.

“Que o Ministério da Saúde cumpra seu papel central como indutor eficaz de políticas de saúde em nível nacional, garantindo acesso rápido a vacinas, aos medicamentos e, a rastreabilidade permanente do vírus”.

A vacinação caminha com dificuldade. Até o momento, foram aplicadas cerca de 20 milhões de doses, de acordo com dados das secretarias estaduais. Este número é total, e envolve primeira e segunda dose, sendo que 9,73% dos brasileiros recebeu a primeira e 2,97% a segunda.

 

 

“Essa pandemia deixou tudo muito louco. Se não fosse o apoio dos parceiros, dos sindicatos, entre eles o Sintufrj, com certeza esta crise seria muito mais aguçada na Maré. Um agradecimento especial para o Sintufrj, que vem mostrando ser um sindicato compromissado com as pautas dos movimentos sociais, principalmente de favelas como a Maré.” 

Depoimento de Carlos Gonçalves, coordenador do Coletivo de Estudos para Concurso Orosina Vieira, que atua no Complexo da Maré com educação popular. Desde o início da pandemia da Covid-19, ele socorre os moradores da comunidade com cestas básicas, que consegue por meio de doações (assista ao vídeo).  

Desde o início da pandemia no país, o Sintufrj tem atuado solidariamente no socorro dos menos favorecidos, em parceria com outras entidades, como a Adufrj, Attufrj e o DCE Mário Prata, movimentos como a Marcha Mundial de Mulheres e o Coletivo Orosina Viera, entre outros, ou por conta própria. 

Os trabalhadores terceirizados da UFRJ, voluntários do Centro de Triagem Diagnóstica da Covid-19, no Centro de Ciências da Saúde (CCS), estudantes moradores da Vila Residencial e de outras comunidades além da Maré, como da Cidade de Deus, têm sido até o momento alvo da solidariedade da entidade, em nome dos técnicos-administrativos em educação.

Diante da dimensão da maior crise sanitária e social na história recente do país, ao longo do último ano, o Sintufrj participou de várias ações de solidariedade, mobilizando coordenadores e funcionários da entidade para fazer chegar a quem estava necessitando as cestas básicas, máscaras e vale-transporte.

Junto com o DCE Mário Prata, por exemplo, o Sintufrj prestou auxílio aos moradores da Vila Residencial vítimas de enchentes. As máscaras foram distribuídas aos profissionais de unidades de saúde da UFRJ e a quem buscava atendimento médico ou vinha ao Fundão fazer o exame de Covid. Além disso, foi importante o apoio dado aos voluntários do Cento de Triagem Diagnóstica da UFRJ, trabalhadores e estudantes, a maioria da universidade, custeando passagens.  

Vila Residencial (doações , no mês de abril de 2020, quando houve a enchente). – 7/4/2020

Registros 

O repórter fotográfico do Sintufrj, Renan Silva, fez alguns registros das ações solidárias. 

Centro do Rio (comunidades do local) – 12/6

Ações realizadas até março/2021 

Desde abril de 2020, o Sintufrj tem feito doações de cestas básicas para trabalhadores terceirizados e estudantes da UFRJ, assim como para instituições e organizações dos movimentos populares. A mais recente ocorreu no dia 22 de março, na Cidade de Deus, quando o Sindicato entregou 30 cestas básicas a uma entidade que apoia os trabalhadores locais que perderam o emprego durante a pandemia.

Bloco N do CCS (trabalhadores terceirizados) – 20/7

Ao todo até agora foram doadas 680 cestas, e entre os beneficiados estão: moradores da Vila Residencial da UFRJ (170 cestas); escolas estaduais (100); trabalhadores terceirizados do CT e do bloco N do CCS e a Associação dos Trabalhadores Terceirizados da UFRJ (Attufrj) (109); alunos da Faculdade de Medicina (49); moradores da Vila Kennedy (124) – através dos projetos Paróquia e Comunidade Kolping; Movimento de Mulheres de São Gonçalo (12) e Coletivo Orosina Vieira, da Maré (50).

Vila Kennedy (instituição filantrópica) – 23/6

Entre os movimentos com os quais a entidade também fez doações de cestas básicas e contribuiu com confecção de matérias está a Marcha Mundial de Mulheres.

CT (trabalhadores terceirizados) – 23/6

Centenas de máscaras confeccionadas em tecido ou descartáveis foram doadas para instituições como o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) (1.200); Associação Luta Pela Paz (200); IPPMG (500); Vigilância da UFRJ (100) e Projeto Maré (200). 

Doação de máscaras no HUCFF.

Foram doados, ainda, 500 aventais para o HUCFF.

Receberam as doações de auxílio-transporte os voluntários que atuam na linha de frente no combate à pandemia, no CT e CCS.

Apoio logístico – A assistente social e dirigente do Sintufrj, Maria Angélica da Silva (ela integra a Coordenação de Administração e Finanças da entidade), coordena as ações de solidariedade do Sindicato. Ela destacou que, além das doações, o Sindicato colaborou para que outras instituições e entidades também fizessem a sua parte neste momento tão cruel de pandemia, oferecendo apoio logístico, como carro e motorista para a entrega de cestas básicas, conforme ocorreu com o Diretório Central dos Estudantes da UFRJ (DCE Mário Prata).  

O Sintufrj também financiou o conserto de equipamentos, como o do refrigerador necessário para o armazenamento de imunizantes do Centro de Vacinação de Adultos, entre outras formas de apoio a setores da linha de frente no combate à pandemia na UFRJ. 

E esteve presente na Vila Residencial prestando sua solidariedade às famílias vítimas das enchentes, em abril de 2020.

Ações continuam sendo praticadas pela entidade

“Foram muitas as frentes em que o Sintufrj atuou e continua atuando com ações de solidariedade”, disse Maria Angélica, informando que o aumento é cada vez maior de pedidos de cesta básica: “As pessoas estão ficando sem ter o que comer. As comunidades das periferias estão solicitando muito”. 

As máscaras distribuídas ao longo do último ano, segundo a coordenadora do Sintufrj, foram adquiridas de grupos de trabalhadores autônomos, como alfaiates e costureiras, que se organizaram para enfrentar o desemprego durante a pandemia. 

E para dar conta do grande volume de encomendas de máscaras do Sindicato, mais profissionais desempregados passaram a fazer parte dessas “pequenas cooperativas improvisadas”. 

Além de oferecer máscaras para os trabalhadores da UFRJ em atividade presencial e a voluntários em trabalho de combate à pandemia, o Sindicato também fez doação para organizações, como o Movimento de Mulheres de São Gonçalo, que também recebeu cestas básicas.

Orosina Vieira fez história na Maré 

Esta foi uma das instituições para qual o Sintufrj colaborou em meio à mais grave crise sanitária da história mundial, cujos reflexos, principalmente em países latino-americanos, impõem mais sofrimento à população, a qual, além da morte, enfrenta o fechamento de mais postos de trabalho e o aprofundamento das condições precárias de vida, por conta da falta de políticas públicas e de ajuda financeira mais abrangente, pelos governos, compatível com suas necessidades. Isso ocorre descaradamente no Brasil, que tem no comando um presidente assumidamente genocida. 

Maré (Coletivo Orosina Vieira – 28/7

O Coletivo de Estudos para Concurso Orosina Vieira foi criado em 2018 por iniciativa de moradores do Complexo da Maré, Manguinhos e Acari, com o objetivo de auxiliar a população das favelas e da periferia a se capacitar para passar em concursos públicos.

Na pandemia, o Coletivo se mobilizou para ajudar cerca de 30 famílias da Maré com doações de alimentos e atendimento de outras necessidades. O coordenador da instituição, o professor de Matemática Carlos Gonçalves, é quem produz os vídeos para divulgação dos apoios recebidos de outras instituições. 

“Não dá para ajudar a mais famílias, porque há limite de braços, estrutura física, veículos e de cestas básicas que conseguimos”, lamentou Gonçalves. “O Sintufrj é um grande parceiro dessa causa. Por mês, contribui com 20 cestas básicas”, informou.

História 

De acordo com registros do Museu da Maré, Orosina Vieira teria sido a primeira moradora do morro que deu origem ao Complexo da Maré. Ela chegou ao local na década de 1940, quando a Avenida Brasil ainda estava sendo construída, e faleceu em 1994, com aproximadamente 102 anos. A história de dona Orosina foi recuperada pelos relatos de lembranças de antigos moradores da favela. 

Inicialmente, ao chegar de Minas Gerais, dona Orosina, que era rezadeira e parteira, morava num quartinho, no Centro do Rio. Mas se encantou com o ar puro das praias e das ilhas da Maré, e decidiu construir um barraco no Morro do Timbau. Mulher de fibra, enfrentou o Exército para denunciar a Getúlio Vargas a cobrança irregular de taxas que os militares praticavam na região. E prontamente o presidente da República lhe respondeu: “a cobrança estaria suspensa”.

Em sua homenagem, o arquivo do Museu da Maré leva o seu nome, assim como o Coletivo de Estudos para Concurso Orosina Vieira.

Saiu a regulamentação pela Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda da transformação de tempo de insalubridade em tempo comum, incorporando o novo requerimento do Sintufrj. Isso significa que daremos agora andamento aos processos na UFRJ para sacramentar esse nosso direito.

Nesta segunda-feira, 29 de março, estaremos pressionando a reitoria para acelerar os encaminhamentos nesses processos e divulgaremos todas as orientações cabíveis a nossa categoria. Como se sabe, depois de mais de 30 anos de luta política e de 13 anos na esfera jurídica, os trabalhadores conquistaram o direito com decisão favorável do Supremo Tribunal Federal (STF).

Leia também: APOSENTADORIA – PASSO A PASSO PARA CONTAGEM DE TEMPO ESPECIAL PARA SERVIDOR DA UFRJ

 

 

Brasil tem média de quase 100 mil novos diagnósticos por dia, muitos deles graves, e médicos afirmam que o kit covid pode agravar as consequências da Covid-19 e levar à morte

Matéria retirada do site da CUT. 

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) segue ignorando a ciência, sugerindo medicamentos que, ao invés de prevenir ou tratar a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, pioram a saúde dos pacientes e contribuem até para aumentrar o número de mortos, a pandemia segue descontrolada no Brasil.

Em 24 horas, entre a quarta e a quinta-feira (25), o país registrou mais 2.639 mortes, totalizando 303.726 vidas perdidas desde o inicio da pandemia no ano passado.

A média móvel de mortes no país nos últimos sete dias chegou a 2.276, variação de +29% em comparação à média de 14 dias atrás, de acordo com cálculos do consórcio de imprensa.

Há 64 dias seguidos o país registra média móvel de mais de mil mortes por dia, e há nove dias a média está acima de duas mil vidas perdidas por dia.

O número de novos diagnósticos também não para de crescer. Em 24 horas foram registrados quase 100 mil novos casos da doença, totalizando 12.324.765 pessoas contaminadas desde fevereiro de 2020.

Aumento do número de mortes pode ter como causa o Kit Covid

Apesar do caos, e mesmo com evidências científicas de que o chamado “tratamento precoce”, principal estratégia de Bolsonaro para combater o coronavirus, está aumentando o número de mortes de pacientes graves e levando outros à fila de espera por transplante de órgãos como fígado e rins, vários médicos continuam prescrevendo remédios como hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina. Nenhum deles funciona contra a Covid-19. A ciência comprovou, a Organização Mundial da Saúde (OMS), inclusive, já alertou para efeitos adversos.

Médicos contrários ao uso do medicamento por não terem eficácia comprovada alertam que quando usados em doses inadequadas e contínuas, ou por pessoas com algumas doenças prévias, esses remédios podem causar efeitos graves como insuficiência renal, arritmia e hepatite medicamentosa, que são lesões no fígado, órgão que metaboliza drogas, ou agravar as consequências da Covid-19 e levar à morte.

À BBC News Brasil, médicos de hospitais de referência  afirmaram que a defesa e o uso do “kit covid” contribui de diferentes maneiras para aumentar as mortes no país.

Para 15% a 20% das pessoas que contraem a forma grave da doença e precisam de internação, essas drogas podem prejudicar o tratamento no hospital e contribuir para a morte de pacientes, disse à reportagem da BBC o médico intensivista Ederlon Rezende, coordenador da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo.

“É nesses pacientes que os efeitos adversos dessas drogas ocorrem com mais frequência e esses efeitos podem, sim, ter impacto na sobrevida”, disse o médico, que é ex-presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira.

O “Kit covid” também mata de maneira indireta, ao retardar a procura de atendimento, absorver dinheiro público que poderia ir para a compra de medicamentos para intubação, e ao dominar a mensagem de combate à pandemia, enquanto protocolos nacionais de atendimento sequer foram adotados, complementaram médicos intensivistas do Hospital das Clínicas, Albert Einstein e Emilio Ribas.

Além disso, têm as sequelas de quem consegue sobreviver. De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, o Hospital das Clínicas da Unicamp constatou que uma pessoa saudável desenvolveu hepatite medicamentosa após contrair o coronavírus em dezembro e ser medicada com as drogas do “kit Covid”. Esse paciente entrará para a lista de transplante de fígado, segundo Ilka Boin, professora da Unicamp e diretora da unidade de transplante hepático da universidade.

 

 

 

De janeiro a março deste ano já morreram 234 profissionais, metade dos 468 óbitos registrados em todo ano de 2020. Entidade internacional alerta para a exaustão e escassez de trabalhadores

Matéria retirada do site da CUT. 

Na linha de frente do combate à Covid-19, os profissionais de enfermagem mortos pela doença no Brasil equivalem a  23% dos  óbitos na categoria no mundo.

Segundo o Conselho Internacional de Enfermagem (ICN), que analisou 60 dos 130 países, 3 mil profissionais morreram com complicações da Covid-19 em um ano de pandemia no mundo.

De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), 702 enfermeiros, enfermeiras, auxiliares e técnicos e técnicas de enfermagem morreram no Brasil em 365 dias.

Só entre janeiro e março deste ano, morreram 234 profissionais de enfermagem. Esse número representa metade dos 468 óbitos em todo ano de 2020 no Brasil.

A técnica de enfermagem, Roberta Garcia, que não atua diretamente com o combate à Covid no hospital privado em que trabalha, afirma que é nítida a exaustão e o impacto do dia a dia hospitalar na vida dos colegas e das colegas de profissão. Segundo ela, não teve mortes de profissionais da enfermagem onde ela trabalha, mas a mãe de uma delas faleceu esta semana.

“Quando não somos uma de nós, alguém da família ou um amigo pode ser contaminado. O que vejo em meus colegas é muito cansaço e sobrecarga com muito trabalho, pouco insumos para o atendimento aos pacientes e a empresa continua dando cada vez mais serviço e menos amparo para gente. A gestão do hospital não valoriza os funcionários e a gente não teve nenhuma gratificação. No final de ano não deram um panetone sequer”, disse Roberta.

E a realidade destes profissionais também foi constatada por um estudo sobre as condições de trabalho na saúde feito pela Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) em todo território nacional. De acordo com os resultados da pesquisa “Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no Contexto da Covid-19”, a pandemia alterou de modo significativo da vida de 95% desses trabalhadores e quase 50% admitiram excesso de trabalho ao longo desta crise mundial de saúde, com jornadas para além das 40 horas semanais.

Os participantes da pesquisa também relataram o medo generalizado de se contaminar no trabalho (18%), a ausência de estrutura adequada para realização da atividade (15%), além de fluxos de internação ineficientes (12,3%).  Mais de 10% dos profissionais denunciaram a insensibilidade de gestores para suas necessidades profissionais.

A enfermeira e conselheira-secretária do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-MT), Lígia Cristiane Arfeli, afirmou em um artigo que a enfermagem sempre trabalhou acima do limite e do não cumprimento das normas técnicas por parte dos gestores públicos e privados. Segundo ela, com a pandemia do novo coronavírus isso tomou outra dimensão.

O adoecimento precoce e a morte iminente são cada vez mais reais, diz ela. E as causas disso são as condições precárias de trabalho diante da hiperlotação das unidades de saúde, pronto atendimento, enfermarias e Unidades de Terapia Intensiva (UTI), tanto as públicas quanto as privadas. Sem contar o esforço sobre-humano para proporcionar atendimento aos doentes de Covid-19, muitas vezes em macas, cadeiras e bancos. A profissionais conta que tem locais onde deveriam ser atendidos  18 pacientes e que tem hoje estão atendendo  cerca de 40. O sentimento dos profissionais é que todo esforço, dedicação e assistência parecem insuficientes, o que causa frustrações significativas e abalo emocional, afirma.

“Enfatizamos que as ações de fiscalização foram intensificadas. Gestores têm sido constantemente notificados para que cumpram as normativas. Porém, não temos o poder sobre as organizações públicas e privadas e recorremos à intervenção do Ministério Público através das Ações Civis Públicas. A sociedade precisa reconhecer nosso trabalho e os gestores garantirem condições adequadas e o dimensionamento mínimo de profissionais nas unidades de saúde”, disse Lígia, que informou que o Cofen também busca com os governantes leis para proteger a categoria.

A coordenadora do estudo da FioCruz, Maria Helena Machado, disse para uma reportagem publicada no site do Cofen que após um ano de caos sanitário, a pesquisa retrata a realidade dos profissionais que atuam na linha de frente, marcados pela dor, sofrimento e tristeza, com fortes sinais de esgotamento físico e mental.

“Eles e elas trabalham em ambientes de forma extenuante, sobrecarregados para compensar o elevado absenteísmo e ainda em gestões marcadas pelo risco de confisco da cidadania do trabalhador, como perdas dos direitos trabalhistas, terceirizações, desemprego, perda de renda, salários baixos, gastos extras com compras de EPIs, transporte alternativo e alimentação”, detalhou.

OBSERVATÓRIO DE ENFERMAGEMObservatório de Enfermagem

Escassez de trabalhadores

Entidade internacional alerta sobre escassez de trabalhadores

Exatamente um ano depois que a Organização Mundial da Saúde descreveu a Covid-19 pela primeira vez como uma pandemia, o Conselho Internacional de Enfermeiras disse que o esgotamento e o estresse levaram milhões de enfermeiras a pensar em abandonar a profissão.

O presidente-executivo do ICN, Howard Catton, disse que as enfermeiras passaram por “traumatização em massa” durante a pandemia, sendo levadas à exaustão física e mental. “Eles chegaram a um ponto em que deram tudo o que podiam”, disse ele aos repórteres do Japan Times.

Em um relatório, o ICN disse que a pandemia “pode desencadear um êxodo em massa da profissão”, já no segundo semestre de 2021. A escassez global de enfermeiros pode aumentar para quase 13 milhões, acrescentou.

“Podemos estar no precipício”, disse Catton, lembrando que levou de três a quatro anos de treinamento para produzir uma enfermeira novata.

Demissão em massa e falta de medicamento

O trabalho estressando, a falta de medicamentos e os hospitais superlotados levaram 27profissionais da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos, no interior de São Paulo,a pedir demissão em massa esta semana. Eles chegaram a uma “situação limite”, de acordo com uma matéria publicada no Jornal O Globo.

Sem trabalhadores, o hospital afirma que não tem mais, no estoque, analgésicos para intubação de pacientes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e solicitou a transferência de 60 pacientes com intubação, parte deles com Covid-19.

Em entrevista ao portal G1, o infectologista e gerente médico da Santa Casa, Roberto Muniz Júnior, disse que aguarda resposta do sistema do governo do estado que gerencia a transferência de pacientes, o Cross. Segundo ele, o hospital não recebeu do Ministério da Saúde os remédios que estavam previstos.

Perfil das mortes

Segundo o observatório de enfermagem, site do Cofen que registra os números de casos e mortes na categoria, São Paulo, Amazonas e Rio de Janeiro são os estados recordistas de óbitos entre os profissionais.

OBSERVATÓRIO DA ENFERMAGEMObservatório da Enfermagem

Dentre os 702 óbitos de profissionais de enfermagem levantados pelo observatório, 204 eram enfermeiros, 407 técnicos e 91 auxiliares com idade média de 48 anos e, em sua grande parte, mulheres.

A Região Sudeste é onde estes profissionais mais morrem e a Sul a que menos morre.

OBSERVATÓRIO DE ENFERMAGEMObservatório de Enfermagem

Casos de infecção

O número de casos entre a categoria também é grande. Das mais 12.324.765 casos de Covid-19 na população como um todo, mais de 50 mil são profissionais da enfermagem que já tiveram contato com o vírus.

São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro são os estados onde a categoria mais se contaminou. As mais infectadas são as mulheres (85,25%).

SOS Médicos: os maiores especialistas do Brasil gravaram um vídeo pedindo ajuda para os brasileiros para combater a Covid-19, que já matou mais de 300 mil pessoas, assista: