“Não podemos dar tempo ao governo ir comprando votos, pois é com o balcão de negócios que (Bolsonaro) vai tentar buscar uma maioria que não tem hoje. E com a ação de servidoras e servidores ele não terá (a maioria necessária para aprovar a reforma administrativa). Vamos destruir essa PEC 32”.
Essa afirmação é da deputada do PT do Distrito Federal, Érika Kokay, que na terça-feira, 28, participou da live do Sintufrj. Ela parabenizou as entidades e os servidores pela intensa mobilização e campanha para colocar por terra a proposta de reforma administrativa de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes (ministro da Economia do governo fascista), a PEC 32/2020.
Atinge servidores e a população
“Essa proposta sintetiza a intenção do próprio governo de se apropriar do Estado, colocá-lo a serviço da iniciativa privada e a serviço dos governantes. Quero parabenizar as entidades e servidoras e servidores que se mobilizaram para dizer que essa é uma PEC contra o Estado e contra a população. Essa é uma PEC para retirar direitos e garantias fundamentais”, aponta a parlamentar, acrescentando que a proposta de reforma do governo ataca a saúde e a educação, que são serviços públicos essenciais para a maioria dos brasileiros.
Segundo Érika, o governo sabe das dificuldades para aprovar o monstro que construiu e vai buscar os votos que não tem a qualquer custo. Então, está posto para o movimento o acirramento da mobilização, diz.
“Neste momento em que eles buscam mediar, ver as suas próprias forças, se reorganizar para impor essa aprovação, é o momento que nós temos que arrancar o compromisso dos parlamentares de que não votarão a favor da PEC 32. Essa resistência das servidoras e servidores e das suas entidades é que possibilitaram que nós tivéssemos tantas defecções dentro da própria base governista. Não podemos dar tempo de o governo comprar os votos e uma maioria (de parlamentares) que não tem hoje e que não terá com a ação dos servidores.Vamos destruir essa PEC 32”.
— Érika kokay
Balcão aberto
A deputada aponta os caminhos pelos quais o governo tentará prosseguir, sendo outubro o fiel da balança. Nesse mês, informa, ocorrerá a negociação das emendas parlamentares.
“Nós sabemos dos mecanismos clandestinos, onde se verga a intenção de um parlamentar e ela colide com a intenção do próprio governo. Nós sabemos dos orçamentos paralelos. Esse é um governo clandestino que tem um orçamento clandestino. Sabemos que estamos no período de fechamento de emendas parlamentares, que é o mês de outubro, e que eles vão ativar de forma muito intensa o balcão de negócios. E é nesse momento que devemos manter um aprofundamento e um acirramento da nossa própria resistência.”
— Érika Kokay
Malabarismo
Além do balcão de negócios, Érika afirma que o governo Bolsonaro terá de fazer malabarismos para atender aos fundamentalistas (primitivistas, religiosos e patrimonialistas), o mercado e o Centrão. São os três pilares que mantém esse desgoverno em pé.
“Quando o mercado se enfurece como se fosse um Deus, joga-se um corpo, joga-se um direito como se fosse um pedaço do Estado ou do país para aplacar a sua fúria. No dia 7 de Setembro, com sua tentativa de golpe, (Bolsonaro) provocou uma instabilidade que assusta o mercado. Então, o governo precisa dar presentes para o mercado. É nesse sentido que (ele) está pontuando a PEC que estabelece o calote, que é a PEC dos precatórios e a PEC 32. São ofertas ao mercado para aplacar a fúria do próprio mercado que sinaliza que não vai vivenciar mais nesse nível de instabilidade das próprias instituições de um governo eternamente de tensão”, analisa Érika.
O Centrão – formado por deputados de partidos de direita e do centro, que se unem para conseguir maior influência e defender, de modo conjunto, seus interesses –, é a principal base de apoio de Bolsonaro no Congresso. Tem no seu atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-Al), um de seus principais articuladores e aliado. Bolsonaro vem distribuindo verbas e cargos ao Centrão para construir sua base de apoio e conquistar votos nos projetos em curso de destruição do país, inclusive para impedir o seu impeachment.
“O governo vai ter que trabalhar como malabarista com esses três segmentos que, em algum momento, podem se conflitar pontualmente. Nesse sentido, o governo Bolsonaro busca criar as condições com um único ponto de estabilidade profunda institucional que tem hoje, que é a Câmara. Ela é uma estabilidade institucional de uma instituição de apoio ao próprio governo e ao seu conjunto de maldades que são impostas todos os dias contra o povo brasileiro”.
— Érika Kokay
Ódio
“Mais o que está por detrás dessa PEC?” Segundo Érika Kokay é a destruição do Estado de bem-estar social para a criação do bem-estar empresarial.
“Naquela reunião ministerial onde o Brasil viu a quem serve o governo Bolsonaro, ouvimos três frases emblemáticas: a primeira foi passar a boiada, a segunda foi colocar a granada no bolso do servidor e, a terceira, uma fala do presidente da República que dizia que não iria permitir que seus amigos e os seus familiares fossem perseguidos. Essas três frases se concretizam nessa proposta de reforma ou de deforma do próprio Estado. A PEC 32 é uma destruição do Estado de bem-estar social que foi pactuado na Constituição de 1988 e eles querem transformar em bem-estar empresarial”, explica a deputada.
A PEC 32, segundo Érika, expressa o ódio a tudo que é público e àqueles que o representam, que são os servidores, e mantém as perversidades praticadas até agora pelo governo genocida de Bolsonaro muito bem veiculadas e propagandeadas pelo seu ministro da Economia e fantoche do mercado, Paulo Guedes.
“Como é possível se validar o discurso de granada no bolso? Granada no bolso de jaleco branco é granada dentro das unidades de saúde. Granada no bolso de um educador? Granado no bolso de um servidor? É uma granada que estoura no peito e no corpo do povo brasileiro”, desabafa a petista.
“É preciso refutar essa proposta. É preciso que nós possamos dar a centralidade que essa luta exige de cada um e em cada um de nós. É central nas nossas agendas derrotar a PEC 32”, conclui.
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