Na capa do jornal O Globo desta terça-feira (5) não tem nenhuma menção às investigações da Pandora Papers, que denunciou a conta milionária do ministro da Economia Paulo Guedes, em um paraíso fiscal
O principal homem do (des)governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), tem uma offshore, geralmente usada por políticos, criminosos e personalidades para sonegar impostos no Brasil, e um dos maiores jornais do país ignora. O leitor deve estar se perguntando por que?
As denúncias estão sendo publicadas desde domingo (3) pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), que no Brasil conta com a participação da revista Piauí, Agência Pública e portais Metrópoles e Poder360. Outros jornais que pertencem a grandes grupos empresariais, mesmo que timidamente, estão dando as informações a seus leitores. O Globo, não.
“A única resposta plausível é que o sistema Globo compactua com a política econômica de Bolsonaro que se destaca pelas altas taxas de desemprego, inflação, volta da fome e da miséria no Brasil”, afirma o presidente da CUT-Rio, Sandro Cézar.
“É isso que se conclui ao abrir as páginas do jornal e verificar que O Globo não está destacando um material robusto, que comprova que Guedes possui milhões de dólares investidos nas Ilhas Virgens Britânicas”, complementa o dirigente.
Para Sandro Cézar, é um absurdo um presidente da República manter em um cargo estratégico alguém que, por meio das suas decisões, duplica a fortuna lá fora quando estimula com suas políticas, ou faltas delas, o aumento do dólar, dos combustíveis e dos alimentos aqui dentro.
“Todo mundo sabe que essa prática ilegal também fomenta o desemprego – hoje atinge mais de 14 milhões de brasileiros e brasileiras e aumenta a fome, com 19 milhões de pessoas sem acesso à comida”, diz o presidente da CUT-Rio.
Paulo Guedes lucra com a miséria dos brasileiros. E o sistema Globo é cúmplice quando não aborda de forma contumaz que, para ficar cada vez mais rico, o ministro da Economia burla normas do serviço público e da Lei de Conflito de Interesses.
– Sandro Cézar
O dirigente se refere ao artigo 5° do Código de Conduta em seu 1º parágrafo diz: “É vedado o investimento em bens cujo valor ou cotação possa ser afetado por decisão ou política governamental a respeito da qual a autoridade pública tenha informações privilegiadas, em razão do cargo ou função, inclusive investimentos de renda variável ou em commodities, contratos futuros e moedas para fim especulativo”.
E a Lei nº12.813/2013, que fala no artigo 5º que a prática configura conflito de interesses: “Praticar ato em benefício de interesse de pessoa jurídica de que participe o agente público, seu cônjuge, companheiro ou parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, e que possa ser por ele beneficiada ou influir em seus atos de gestão”.
“Até quando a grande imprensa vai compactuar com os desmandos do governo Bolsonaro?”, questiona o presidente da CUT-Rio.
Estudos apresentados no Fórum SP 21 ajudam a radiografar o quadro urbano de São Paulo
FONTE: Folha de São Paulo, por Nabil Bonduki. Em 5/10/2021
Ao revelar pesquisas e estudos inéditos, o Fórum SP 21, promovido pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e outras quatro instituições para avaliar o Plano Diretor e a política urbana de São Paulo, contribuiu para radiografar o quadro urbano de São Paulo.
Durante duas semanas, foram apresentados 167 trabalhos em 29 sessões temáticas, propostos por mais de 250 pesquisadores e ativistas urbanos. Em sete mesas de conclusão, os relatores de cada sessão sintetizaram as principais abordagens, apresentaram as discordâncias e os consensos que surgiram e as propostas para repensar as políticas públicas da cidade.
Os estudos trataram de temas como emergência climática, áreas verdes, patrimônio cultural, habitação, produção imobiliária, mobilidade, uso do solo, financiamento e governança. Uma infinidade de abordagens, que debateremos nas próximas colunas.
Iniciando essa reflexão, vou me deter em duas pesquisas que mostraram como a pandemia, combinada com a profunda desigualdade urbana de São Paulo, afetou de maneira muito mais forte os setores vulneráveis da população, revelando uma outra faceta da espoliação urbana, termo cunhado pelo professor Lúcio Kowarick.
O quadro requer intervenções concretas do poder público, já que quase nada foi feito após 18 meses de pandemia. Isso pode parecer uma obviedade, já tratada na coluna inúmeras vezes desde março de 2020. Mas esses estudos recentes dão maior concretude às análises já realizadas, quantificando a questões.
Trabalho de pesquisa e extensão realizado por uma equipe da Universidade Federal do ABC, em parceria com movimentos sociais, apresentado pela professora Luciana Ferrara, mostrou que o acesso à água, um direito básico, é um problema não resolvido em São Paulo, prejudicando a prevenção à Covid-19 nos assentamentos precários onde existem 530 mil domicílios e vivem cerca de 2 milhões de paulistanos.
Segundo o IBGE e o Sistema Nacional de Informações do Saneamento (SNIS) 99,3% dos domicílios de São Paulo têm rede de água encanada. O estudo mostrou outra realidade. Após entrevistar 591 moradores em assentamentos precários, revelou que 69% têm algum problema de acesso à água.
A resposta de um morador do Jardim Celeste, localizado no São Savério (Subprefeitura do Ipiranga, área consolidada da zona sudeste) resume bem a questão “tem torneira, água não”.
Rede de água não garante o líquido na torneira devido à intermitência do abastecimento. Dos 591 entrevistados, 152 apontaram intermitência durante o dia e 186 durante a noite, quando a Sabesp reduz a pressão para minimizar as perdas.
O problema surge devido ao grande número de ligações alternativas (o chamado “gato”) e à forte ausência de caixas-d’água. Das 385 famílias que indicaram algum tipo de problemas de abastecimento, 154 não têm caixa-d’água e as torneiras ficam secas quando a Sabesp reduz a pressão.
Como lavar as mãos, recomendação básica de prevenção à Covid, ou fazer higiene pessoal, requisito de saúde pública, quando não tem água na torneira? “Emprestar dos vizinhos” foi a resposta de 160 dos 549 entrevistados. “Não fico um dia sem trabalhar por causa disso, porque ‘nós resolve’ pegando água de madrugada em
um balde e botando para dentro de casa”, disse um dos entrevistados.
Acionada pelo Ministério Público, a Sabesp informou ter distribuído 4.161 caixas-d’água na capital (0,8% dos domicílios em assentamentos precários). Mas o enfrentamento do problema não se limita a isso. A instalação da caixa-d’água requer recursos, assistência técnica e uma estrutura que a maioria das casas não tem.
A questão do acesso à água está diretamente ligada ao problema da moradia precária, que precisa ser enfrentado com um programa específico de melhorias habitacionais, prioridade que ficou evidente no fórum.
Já a pesquisa realizada por pesquisadores do Cebrap e apresentada por Daniela Costanzo, sobre “a mobilidade urbana com o advento da pandemia” trouxe dados quantitativos mostrando que a pandemia afetou drasticamente os setores vulneráveis.
O levantamento foi realizado em uma amostra representativa da população de São Paulo, em um período em que a taxa de transmissão da Covid-19 estava elevada, entre os meses de fevereiro e março de 2021.
Enquanto 42% das pessoas enquadradas na classe de renda A estavam em home-office e, portanto, podiam respeitar o isolamento, essa porcentagem caía para 9% nas classes D e E. Nesses segmentos, 63% dos trabalhadores eram obrigados a se deslocar até o local de trabalho, sendo que 45% todos os dias, expondo-se ao contágio.
Os efeitos da pandemia no emprego foram tênues entre os mais privilegiados e atingiram fortemente aos demais segmentos: na classe A, apenas 3% ficou desempregado, porcentagem que sobe para 22% na classe B, 23% na classe C e 18% nas classes D e E. O desemprego teve também um traço de gênero: 26% das mulheres estavam desempregadas, contra 13% dos homens.
Se os mais pobres foram obrigados a se deslocar, a pesquisa mostrou que o transporte coletivo passou a ser considerado o mais perigoso, no que diz respeito ao contágio. Nesse aspecto, as notas atribuídas foram: 2,4 no transporte coletivo contra 8,8 no automóvel e motos, 7,7 a pé e 7,0 na bicicleta.
Em consequência, ocorreu uma reversão em relação ao uso do transporte coletivo pelos que têm a opção de utilizar o carro. E também um maior apoio à implantação de uma estrutura cicloviária.
O uso do transporte coletivo, incluindo o esporádico, caiu de 72% antes da pandemia para 53% nos ônibus e de 67% para 46% no metrô e trem, provavelmente em decorrência do risco de contágio ter se tornado a principal razão para a escolha do modal para 39% da população (antes da pandemia era 5%).
Mas essa queda foi muito mais acentuada para as classes A e B. As classes C, D e E, sem opção, continuam a usar o transporte coletivo (72% para a classe C e 64% para as classes D e E).
A redução da demanda para o transporte coletivo, que permanecerá após a pandemia, pois para 16% o risco de contagio continuará a prevalecer na escolha do modal. Ela agravará a crise de financiamento do setor, o que poderá levar sua desorganização, prejudicando os mais pobres, que não têm a opção do carro.
Os demais efeitos negativos desse modal (trânsito, poluição, emissão de CO2, etc.) também irão ocorrer sem nada for feito para reverter essa tendência.
O Fórum SP 21 mostrou que o enfrentamento da crise sanitária requer uma estratégia do poder público para os problemas urbanos. É urgente o governo realizar intervenções estruturais para equacionar problemas urbanos intimamente relacionados com a saúde pública, em especial, a segurança hídrica, o saneamento, a mobilidade e a habitação.
Sul Global e integração regional: a política externa brasileira (2003-2016), organizado pela professora Ingrid Sarti, é o novo lançamento da Editora UFRJ, na quinta-feira, 7, às 17h, com transmissão pelo canal do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ no YouTube: https://www.youtube.com/ForumdeCienciaeCulturadaUFRJ. O livro já está à venda no site da Editora e nas lojas da Livraria da Travessa.
A coletânea é resultado das contribuições de jovens intelectuais formados pelo Programa de Pós-graduação em Economia Política Internacional da UFRJ, orientados pela professora de Ciência Política, Ingrid Sarti. Os artigos abordam, sob diferentes ângulos, o projeto autonomista associado ao desenvolvimento econômico e social que caracterizou a política externa brasileira no período dos governos Lula e Dilma Rousseff (2003/2016).
Ao analisarem os avanços e obstáculos da política externa brasileira, no período dos governos Lula e Dilma Rousseff, os ensaios refletem não só os avanços, mas também as vulnerabilidades estruturais que não puderam ser solucionadas pelos governos progressistas.
Essa coletânea não pretende esgotar assunto tão apaixonante e desafiador, a proposta é esclarecer conceitos e temas e, ao mesmo tempo, convidar o leitor para ampliá-los e aprofundá-los, contribuindo para o conhecimento cada vez maior da realidade e, consequentemente, para o aperfeiçoamento dos processos sociais.
Debate
Durante o lançamento a professora Ingrid Sarti debaterá o tema do livro com alguns dos autores e com os convidados José Renato Vieira, professor do Instituto Latino-Americano de Economia, Estado e Sociedade (Ilaesp) e do Programa de Pós-graduação em Integração Contemporânea da América Latina, da Universidade Federal de Integração Latino-America ((Ical/Unila), Williams Gonçalves, professor da Uerj e do curso de doutorado em Relações Internacionais da Universidad Nacional de Rosario (Unir), na Argentina, e Marcos Costa Lima, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco. A mediação será de Glauber Cardoso Carvalho, professor dos Departamentos de Ciências Econômicas e de Relações Internacionais da Universidade Estácio de Sá.
No último sábado, 2, de norte a sul do país manifestantes tomaram as ruas para gritar um BASTA ao governo Bolsonaro. No Rio não foi diferente: a concentração foi na Candelária e o ato seguiu em direção à Cinelândia, para o Palco da Democracia e Pela Vida. Confira as fotos do nosso repórter fotográfico, Renan Silva:
O Sintufrj colocou na rua do Rio de Janeiro na noite desta sexta-feira, 1, um caminhão com painel de LED denunciando o governo Bolsonaro, os ataques ao país e convocando para a manifestação. CONFIRA AS FOTOS:
Joana de Angelis, coordenadora do Sintufrj e representante da entidade nos GTs que discutem o retorno presencial na UFRJ, disse que a Instrução Normativa (IN) do governo anunciada nesta sexta-feira, 1 de outubro, determinando o retorno presencial dos servidores federais, deve ser encarada apenas como orientação. “As INs não têm força de lei”, afirmou a dirigente.
De Angelis observou que o retorno às atividades presenciais está sendo discutido na UFRJ dentro dos marcos da autonomia universitária, e que o Sintufrj tem participado dos debates para assegurar que isso ocorra com todas as garantias de segurança e estrutura para que servidores técnicos e docentes, estudantes e terceirizados não sejam prejudicados.
A coordenadora do Sintufrj lembrou que está em curso audiência de conciliação entre a UFRJ e o Ministério Público que têm propostas diferentes sobre o assunto. Joana de Angelis disse que em nenhuma hipótese o retorno às atividades presenciais deve ser feito de forma açodada.
Segundo ela, a universidade deve cobrar recursos para investimentos em estrutura física que assegure condições necessárias segundo as regras de biossegurança discutidas internamente na universidade. Isso é necessário para tranquilidade da comunidade universitária.
Joana de Angelis observou, ainda, que a UFRJ durante todo esse período de pandemia nunca parou, e seus trabalhadores, obedecendo os protocolos sanitários, mantiveram suas atividades. Nos hospitais e laboratórios, os servidores da universidade têm tido papel preponderante curando e salvando vidas.
Governo determina volta
No estilo autoritário que caracteriza esse governo, a Instrução Normativa determinando o retorno dos servidores públicos ao trabalho presencial foi publicada nesta sexta. Pelo documento, permanecerão em home office apenas os funcionários com saúde comprometida.
O documento explicita que, caso o funcionário queira permanecer em home office, deverá encaminhar e-mail à chefia imediata que avaliará, diz a norma, a incompatibilidade entre a natureza das atividades por ele desempenhadas e o trabalho remoto.
A Central do Brasil, um dos pontos de maior movimentação no centro da cidade, foi o local escolhido para a principal atividade de panfletagem do Comitê UFRJ Fora Bolsonaro, convocando para o ato nacional pelo impeachment do presidente genocida neste sábado, 2 de outubro, a partir das 10h, na Candelária, em direção à Cinelândia, onde haverá o Palco da Democracia e Pela Vida. A atividade dessa sexta,1, na Central, também contou com distribuição de quentinhas para os mais necessitados. O povo tem fome, o povo não tem emprego – QUEREMOS FORA BOLSONARO!