Há cinco anos com salários congelados e em campanha unificada por um aumento emergencial de 19,99% — o equivalente a inflação acumulada nestes mais de três anos de governo Bolsonaro –, os servidores públicos federais se preparam para dar uma resposta contundente ao deboche do presidente da República
Depois de ignorar por mais de quatro meses a pauta de reivindicações dos servidores protocolada nos Ministérios da Economia e da Educação, Bolsonaro marcou a primeira reunião de negociação para a semana passada, que foi um escárnio.
Ele enviou para se reunir com os dirigentes dos fóruns nacionais do funcionalismo federal assessores do quarto escalão do governo, que ouviram com desdém os dirigentes sindicais e, por fim, negaram atendimento a qualquer item reivindicado.
Mais uma jogada política infame do governo fascista com a intenção de desmobilizar o movimento, dividir as categorias do funcionalismo que estão construindo a greve unificada, e ganhar simpatias na base dos servidores públicos.
Previsão de especialista
Segundo explica Vladimir Nepomuceno, ex-diretor do Dieese e Diap, não há uma posição unificada do governo sobre o reajuste e o que está prevalecendo é uma possível reposição da inflação, que foi anunciada pelo Secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle.
“A inflação prevista para 2022 segundo o Boletim Focus é 6,59%. Há a possibilidade de a inflação ser reposta, mas para todos, conforme determina a Lei Eleitoral. E o índice seria de, no máximo, 6,59%, diz Nepomuceno.
De acordo ainda com o especialista, “casando (a Lei Eleitoral) com a Lei de Responsabilidade Fiscal há uma janela depois do dia 4 de abril e antes de 1º de julho (para conceder o reajuste). Então, nesse espaço de tempo o governo solta um linear para todos e diz que é reposição em parte da inflação prevista para 2022. Isso é o que vem sendo dito pelo Secretário do Tesouro e o mais provável que pode acontecer, pois atenderia um pouco a ala do governo, que diz que é para dar um linear, e acalma a área econômica que não quer dar nada para ninguém. Porque concedendo algo do primeiro para o segundo semestre o custo será bem menor”, avalia Vladimir.
Mas nada disso está garantido, adverte o economista e servidor público aposentado. “Posso estar errado, mas é a leitura que faço no momento e vamos ver o que acontece”, pondera. Vladimir acrescenta ainda que para garantir sua base, Bolsonaro disse que independente de sair essa proposta de um linear baixo ou nada, ele se compromete a incluir no orçamento de 2023 o valor necessário para a reestruturação das carreiras da área de segurança pública. O presidente sempre bateu na tecla que tinha prioridade de reajuste para a segurança. Seria uma forma de acalmar os policiais”.
Fonasefe indica greve
Logo no dia seguinte ao desrespeito do governo Bolsonaro com os servidores, o Fonasefe (Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais) realizou reunião e indicou o fortalecimento da exigência de negociação efetiva e da adesão à greve nacional das categorias do funcionalismo federal.
Os servidores públicos estão realizando assembleias em suas bases para discutir a adesão ao movimento paredista. As entidades nacionais dos servidores reforçaram a necessidade de fortalecer a mobilização ao redor do Brasil. Entre os encaminhamentos aprovados está uma campanha com a seguinte mensagem:
Exigimos RESPEITO: a situação é grave o caminho é greve! Há uma nova Jornada de Lutas com convocação para as ruas nos dias 7 (Dia Mundial da Saúde com atos em defesa do SUS) e 9 de abril (Mobilização Nacional pelo Fora Bolsonaro).
Sintufrj convoca assembleia
Diante disso, o Sintufrj está convocando assembleia nesta quarta-feira, 6 de abril, às 10h, nas escadarias do Centro de Ciências da Saúde (CCS), para avaliar a campanha salarial e os encaminhamentos da mobilização nacional.
Continuidade da luta
O caminho desde já segue na continuidade da luta pela recomposição salarial emergencial e na intensificação da mobilização para derrotar Bolsonaro nas urnas, pois vivemos um cenário de arrocho salarial, aumento no preço dos alimentos, combustíveis, gás de cozinha, remédios, escalada da inflação, aliado a falta de investimentos no serviço público e cortes bilionários no Orçamento da União em setores essenciais como saúde e educação.
Na educação o desastre bolsonarista caminha a cavalo. O MEC, um dos ministérios mais importantes do governo segue para o seu quinto ministro desde o início do governo, e apesar de ter um dos maiores orçamentos da Esplanada dos Ministérios foi onde teve o maior corte de gastos. As universidades, os serviços públicos e seus trabalhadores, são o alvo da sanha destruidora bolsonarista. Então, motivos não faltam!