Equipes de seis instituições atuam desde o início do mês em ações intensivas e flagram também exploração de crianças

Cristiane Sampaio
Brasil de Fato | Brasília (DF) |

Alojamentos precários marcam realidade de diferentes casos de trabalho análogo à escravidão encontrados por equipes de fiscalização – Divulgação/MTP

Fiscais que atuam no combate à exploração ilegal de mão de obra resgataram um total de 337 trabalhadores de condições análogas à escravidão desde o início deste mês, quando começou a chamada “Operação Resgate II”, desencadeada em 22 estados e no Distrito Federal por diferentes órgãos de fiscalização.

A operação envolve Ministério Público Federal (MPF), Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do Ministério do Trabalho e Previdência, MP do Trabalho (MPT), Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Defensoria Pública da União (DPU). O período da operação marca o Dia Mundial do Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, comemorado a cada 30 de julho.

O número foi revelado em coletiva de imprensa realizada nesta quinta (28), em Brasília (DF), por seis instituições que respondem pelas ações. De acordo com o subsecretário de Inspeção do Trabalho do MTP, Rômulo Machado, houve 105 ações envolvendo 1.124 trabalhadores e 37 delas configuraram exploração de trabalho análogo à escravidão.

Os órgãos não destrincharam os números por estado, mas chamaram a atenção, por exemplo, para o fato de 149 dos 337 resgatados terem sido vítimas também do tráfico de pessoas, crime que geralmente envolve comercialização, escravização, exploração de pessoas, entre outras formas de violação de direitos.

“É um número preocupante, alarmante e que acende uma luz de atenção e alerta pra todos nós”, disse Machado, ao afirmar que todos os resgatados receberam direito a sacar três parcelas do seguro-desemprego para que, a partir disso, possam encontrar um outro rumo. As verbas rescisórias totais dos 37 casos se aproximam do montante de R$ 4 milhões a serem pagos aos trabalhadores resgatados.

As ações envolveram 65 municípios nos seguintes estados: Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco, Pará, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Tocantins e São Paulo.

O procurador do Trabalho Italvar Felipe de Paiva Medina, vice-coordenador da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do MPT (Conaete), disse que os casos foram localizados tanto em zonas urbanas quanto no meio rural.

Neste último, por exemplo, destacaram-se flagrantes em atividades de colheita de palha, produção de cigarros, café e ainda desmatamento para abertura de pasto. Medina destacou  a gravidade de uma ocorrência relacionada a desmatamento clandestino no Acre.


Operação flagrou casos de trabalho explorado em plantações sob condições precárias / Divulgação/MTP

“Foram encontrados trabalhadores que precisavam se deslocar 7km todos os dias da sede da fazenda até os seus alojamentos em um terreno péssimo, no meio da mata e cheio de lama. Eram barracos de palha e lona. Eles bebiam água de igarapé e muitos adquiriram intoxicação e infecções gastrointestinais em virtude disso.”

Segundo os fiscais, para atrair pessoas para esse tipo de situação, os exploradores geralmente lançam mão de falsas promessas de boas condições de trabalho. Com a vida marcada pela vulnerabilidade, muitos trabalhadores acabam caindo na armadilha.

“A maioria dos casos envolve, em cerca de 80% das vezes, negros, pessoas com baixa escolaridade e com idade entre 20 e 30 anos de idade. Sob qualquer recorte que se faça, a gente costuma se deparar com essa realidade”, disse ao Brasil de Fato o auditor fiscal do MTP Maurício Fagundes.

“A escravidão clássica do período colonial e imperial, em que os escravos eram considerados objetos, propriedades a serem comercializadas e sem direitos, foi abolida pela Lei Áurea. Contudo, situações como essas mostram que ainda hoje verificamos graves violações de direitos humanos que afetam a liberdade desses indivíduos e atentam contra a sua dignidade”, comentou Rômulo Machado, ao se debruçar sobre as estatísticas.

Crianças

Ao todos, os fiscais se depararam com 13 casos de exploração do trabalho infantil, sendo cinco delas de condições análogas à de escravo. “As crianças geralmente estão acompanhadas dos pais. Num período de safra, por exemplo, os pais saem pra trabalhar em outros municípios e acabam levando os filhos por não terem com quem deixar. Estando nesses locais, as crianças acabam trabalhando também”, explica Maurício Fagundes.

Segundo o auditor, em um caso flagrado em Minas Gerais, por exemplo, uma criança de cerca de 4 anos que era explorada no local chegou a se perder em meio à plantação. “Tiveram que chamar a polícia pra fazer buscas e foi o dia inteiro atrás dela pra conseguirem encontrar”, relata, ao comentar a crueldade do caso.

Zona urbana

Também houve diferentes casos de pessoas resgatadas de situação de trabalho doméstico análogo à escravidão, contexto mais observado em zonas urbanas, segundo os órgãos de fiscalização.

“Nós resgatamos mais duas trabalhadores domésticas na Paraíba. Esse é um cenário que teima em se repetir, um cenário de pessoas em extrema vulnerabilidade que são recebidas por uma família e essa família usa o trabalho delas submetendo-as a um trabalho análogo ao de escravo”, disse Machado.

Outro caso emblemático que chamou a atenção dos fiscais se deu em uma clínica de reabilitação fajuta localizada pelas equipes. Machado disse que foi um “caso marcante” da operação.


Ao todos, fiscais lavraram mais de 700 autos de infração desde 4 de julho, quando começou a Operação Resgate II / Operação Resgate/Divulgação

“Pessoas vulneráveis que faziam uso de drogas eram encaminhadas pra essa clinica e lá, a título de fazerem o tratamento, acabavam fazendo artesanato e eram obrigadas a comercializar esse artesanato nas ruas. Elas tinham metas que, se não fossem cumpridas, acabavam sendo penalizadas. Foi um caso de trabalho forçado que chocou pela gravidade das situações, inclusive com relatos de agressão contra eles”, relatou o subsecretário.

Denúncias

Machado chamou a atenção para a importância de a sociedade denunciar esses e outros tipos de situação relacionada à exploração ilegal de mão de obra. “À medida que estão sendo divulgados os casos, a gente vê que há uma crescente no número de denúncias. Isso mostra que há uma conscientização da sociedade em torno do tema.”

Os diferentes órgãos destacaram que as denúncias podem ser feitas de forma sigilosa e remota por diferentes canais. Pode ser utilizado o “Sistema Ipê”, no site ipe.sit.trabalho.gov.br, bem como o denunciante pode relatar o caso por meio da página do MPT (www.mpt.mp.br) ou ainda via  Disque 100.

 

 

 

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho

 

As bases da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) estão realizando mobilizações e atrasos para pressionar a Petrobrás a apresentar uma proposta que garanta reajuste real de salários e valorização dos direitos do ACT. A federação discutirá também a necessidade de construção da greve da categoria a partir da terceira semana de agosto, antes do fim da data-base.

A FNP também irá articular com a FUP um calendário de atos unificados em todas as bases.

Categoria já rejeitou a proposta da empresa

A FNP não caiu no jogo da Petrobrás e deixou claro em que a segunda proposta estava rejeitada pelas assembleias e exigiu que a Petrobrás apresente uma proposta que preserve o ACT e garanta o reajuste dos salários ou apresente sua proposta final ainda essa semana, para que a categoria possa decidir sem a chantagem.

Com o fim da ultratividade dos acordos e negociando sob as novas regras da reforma trabalhista, não dá pra categoria aceitar que a empresa enrole a negociação até 31 de agosto, onde teríamos que analisar a proposta da empresa com a faca no pescoço. Exigimos respeito!

Lucro recorde e pagamento recorde de dividendos

A empresa anunciará outro lucro bilionário no segundo trimestre, além de discutir antecipação de dividendos de 2023 a pedido do governo Bolsonaro. Ou seja, para os acionistas e para o governo, o cofre está aberto. Para os trabalhadores, a gestão da companhia tenta impor rebaixamento de salários e corte de direitos.

Somente com a mobilização da categoria iremos garantir uma campanha vitoriosa! Caso a empresa não recue nos ataques, vamos rumo à greve nacional da categoria!

 

Informações: FNP

 

 

Sintufrj convoca assembleia para o dia 9 e mobiliza para manifestações no 11 de agosto

O Conselho Universitário da UFRJ aprovou moção proposta pelo Formas de apoio à mobilização nacional em defesa do orçamento da universidade e pelo Fora Bolsonaro. O documento aprovado na sessão do colegiado máximo desta quinta-feira (28) defende os direitos sociais, denuncia a violência, o desemprego e a fome. O Formas reúne das entidades representativas que atuam na UFRJ, entre as quais o Sintufrj.

Ficou acertado também que na quinta-feira, dia 11 de agosto, quando o país vai parar para uma manifestação gigante contra a tentativa de golpe do fascismo, o Conselho Universitária fará uma reunião extraordinária. Neste dia 11, as ruas do Centro do Rio vão se encher de manifestantes ecoando o movimento nacional.

Dois dias antes, na terça-feira, 9 de agosto, às 10h., o Sintufrj realiza assembleia geral para discutir cortes e a mobilização pela democracia e por eleições livres.

CONFIRA, AQUI, TEXTO DA MOÇÃO

Moção de apoio do CONSUNI à mobilização nacional em defesa da democracia e do orçamento da Universidade, pelo Fora Bolsonaro e por eleições livres: por direitos sociais, contra a violência, o desemprego e a fome.

Foi convocada nacionalmente, após aprovação no 28o Congresso Nacional de Pós-graduandos da ANPG e no 68º Conselho Nacional de Entidades Gerais da UNE, a partir da Coordenação da Campanha Fora Bolsonaro, composta por movimentos populares, estudantis, sindicais e partidos políticos, uma mobilização nacional para o próximo dia 11 de agosto em defesa da democracia e por eleições livres.

As entidades de representação das categorias acadêmicas da UFRJ compõem esse movimento e incluíram ao chamado a defesa das Universidades Públicas, em especial da nossa UFRJ, destacando a centralidade da recomposição orçamentária para a construção da luta em defesa da democracia.

Existe uma escalada autoritária e golpista em curso, e um profundo corte orçamentário contra aquelas que o governo federal considera umas das suas principais inimigas: as Universidades. A UFRJ, por exemplo, iniciou o ano de 2022 com um orçamento de R$329 milhões, valor que já significava a impossibilidade da Universidade finalizar o ano garantindo o seu pleno funcionamento. Com os novos cortes impostos em maio, que retiram mais 1,6 bilhão do orçamento das Universidades e Instituições Públicas de Ensino, isso representa uma diminuição de mais de 7% da verba da UFRJ, que agora se encontra em um cenário de não ter condições orçamentárias para o pleno funcionamento já no início do próximo semestre letivo.

Todos os segmentos da Universidade e todos os setores da sociedade brasileira comprometidos com a democracia e com a luta por direitos sociais, com a educação, contra violência, a destruição do meio ambiente, o desemprego e a fome tem o dever de não silenciar.

A escolha do dia 11 de agosto é emblemática: o dia do estudante marca historicamente um dia de luta a partir dos sonhos que movem a Universidade, assim como das pautas estudantis em busca de um Ensino Superior cada vez mais democrático, acessível e inclusivo. Isso fortalece a necessidade do nossa contundente defesa da Universidade pública, gratuita e de qualidade, que busca ser socialmente referenciada; afinal, são as e os estudantes que dão sentido ao futuro da Universidade.

Não temos prazo de validade. Nossa função social do ensino, da pesquisa, da extensão; nossa função social de de defender um futuro melhor não pode ter data para fechar a partir da decisão daqueles que ignoram nossa importância para a sociedade, que insistem em difundir negacionismos de toda ordem e que querem avançar no projeto de desmonte das Universidades Públicas.

A nossa centenária UFRJ merece respeito!

Por isso, o Conselho Universitário da UFRJ apoia as mobilizações que ocorrerão no dia 11 de agosto em todo o país.

CONSUNI. Sessão desta quinta-feira, 28 de julho, aprovou moção contra cortes

 

 

 

 

 

A Coordenação da Campanha Fora Bolsonaro, composta por movimentos populares, estudantis, sindicais e partidos políticos convoca mobilização nacional para o próximo dia 11 de agosto em defesa da democracia e por eleições livres.

Leia a convocatória e as orientações:

PDF – http://bit.ly/3Q1UfPT
Gdocs – http://bit.ly/3otOgYm

Campanha Fora Bolsonaro, 26.07.22
linktr.ee/campforabolsonaro

 

Oliven Rai / Mídia Ninja