Dirigentes do Sintufrj, do DCE Mário Prata e da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde ocuparam a frente do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) – a maior unidade hospitalar de ensino, pesquisa e extensão do país –, na Cidade Universitária da UFRJ, na segunda-feira, 11, pela manhã.
O protesto dos trabalhadores e estudantes foi contra a decisão da Reitoria da UFRJ de submeter a gestão de seus três principais hospitais à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). No mesmo horário, o reitor Ricardo Medronho presidia a sessão extraordinária do Conselho Universitário (Consuni), realizada virtualmente, que decidiria sobre o tema.
“Vamos continuar cobrando e em luta contra a Ebserh”
“Os trabalhadores, pacientes, acompanhantes, toda a comunidade do hospital não está ciente da gravidade do que está acontecendo. A adesão à Ebserh por parte de três hospitais da UFRJ vai desmembrar o Complexo Hospitalar. A Reitoria está assinando um cheque em branco e a gente não sabe quanto do patrimônio vai ser entregue a essa empresa. O contrato diz que vai demitir extraquadro, porque tem que encerrar esse vínculo com a UFRJ em até 12 meses. E não há garantia nenhuma de reposição de pessoal na unidade. Ninguém diz quanto a Ebserh vai investir nos HUs. É lamentável que a gente tenha um Conselho Universitário que se submete a participar de uma votação sem ter dados como esses. Não vamos nos calar! Vamos continuar cobrando e em luta contra a Ebserh na UFRJ”, disse Marta Batista, coordenadora-geral do Sintufrj.
“Nesse momento, a Reitoria está fazendo uma sessão remota para entregar os hospitais à Ebserh”, informou Alexandre Borges, coordenador-geral do DCE. O estudante explicou na sua fala na manifestação que o reitor havia prometido um debate científico sobre o tema, mas em menos de quatro meses levou à adesão a Ebserh para votação. “Isso se chama estelionato eleitoral”, disse.
“Vi esse hospital crescer e não quero ver ele morrer. Não queremos depender de empresa pública de direito privado, porque futuramente pode privatizar boa parte da unidade. A verba que virá para a Ebserh é nossa. Esses recursos já vêm para a universidade. Então, Ebserh para quê? Para administrar o que é nosso? Durante a (pandemia de) covid recebemos verbas e lidamos com muita eficiência com o dinheiro, trabalhando com afinco, firmes, buscando o melhor para a população que estava sofrendo. Precisamos da Ebserh para quê? Para pôr nossos companheiros extraquadro na rua?”, questionou a coordenadora-geral do Sintufrj Laura Gomes.
“Querem fazer a votação na surdina, aprovar sem debater, sem audiência pública. A UFRJ vai passar um cheque em branco, e o que a Ebserh vai fazer é passar um cheque sem fundos”, acrescentou Cícero Rabello, coordenador de Comunicação do Sintufrj.
“Esse ato é para mostrar nossa indignação contra a Ebserh, que é o início da privatização na UFRJ. Com a realização do Consuni online, a Reitoria foge do debate, da consulta pública para saber a opinião da comunidade universitária. O objetivo deles é votar a Ebserh do conforto de seus gabinetes”, apontou Marly Rodrigues, coordenadora de Comunicação do Sintufrj.
Luiz Oliveira, da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde, chamou a atenção afirmando que o que se seguirá daqui para a frente com a adesão da UFRJ à Ebserh é a precarização de serviço e a demissão de profissionais fundamentais para o hospital.
Terceirizados sem salários também protestam
A representante do DCE, Isadora Camargo, relatou a situação que atinge dezenas de trabalhadores terceirizados que atuam no campus da Praia Vermelha da UFRJ, que há três meses estão com salários sempre atrasados. Segundo a dirigente estudantil, a precarização da mão de obra e o desrespeito aos mínimos direitos trabalhistas são efeitos da terceirização, uma situação que pode se repetir com a Ebserh.
Um auxiliar de serviços gerais informou que ainda não recebeu o salário de novembro, como também o auxílio-transporte e alimentação. “O meu aluguel e a pensão que pago estão atrasados”.
Com o apoio do Sintufrj e do DCE Mário Prata, os manifestantes foram cobrar uma solução para o problema à Pró-Reitoria de Gestão e Governança.