Enquanto reinava um clima festivo na cerimônia de posse da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, no auditório do Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), na Ilha do Fundão, do lado de fora estudantes e funcionários da UFRJ em greve realizavam ato pela recomposição orçamentária da universidade.

O presidente Lula, que foi acompanhado da primeira-dama Janja e ministros como Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) entre outros, driblou o protesto que durou a tarde inteira nas imediações do Cenpes e chegou a ocupar meia pista da Avenida Horácio Macedo.

A manifestação, com muitas faixas e cartazes, foi motivada pela situação de calamidade estrutural e orçamentária da UFRJ (que não se resolve com o PAC das universidades) e para também sensibilizar Lula ao atendimento das principais reivindicações dos técnico-administrativos das universidades federais.

Protesto

Trabalhadores da UFRJ juntaram-se ao protesto após assembleia que aprovou a continuidade da greve com vistas a melhorar a última proposta feita pelo governo, e trabalhadores da Petrobras que cobram uma solução para pôr fim ao Plano de Equacionamento do Déficit (PED) e o pagamento da dívida que a Petrobras tem como o fundo de previdência.

O coordenador-geral do Sintufrj, Esteban Crescente, ao lado dos companheiros da Petrobras, fez sua cobrança a Lula.

“Nos trabalhadores da educação, hoje aqui trabalhadores da UFRJ, estamos aqui para dizer para o governo que nos contemple no combate ao uma desigualdade histórica. Nós temos a pior média salarial do Executivo Federal, somo 18% da força de trabalho, em greve há três meses e graças ao nosso esforço já arrancou conquistas, mas está distante do que defendemos como uma melhoria concreta que altere essa situação. Somos fundamentais para o funcionamento da universidade. Queremos nova mesa de negociação e posição favorável do presidente Lula no que diz respeito a luta para que seja investido orçamento público na nossa categoria, enfrentando os banqueiros que levam metade do orçamento da União, enfrentando o Centrão que está levando R$ 50 milhões frente o que a Educação levou esse ano”.

“É isso aí pessoal. Unidade na luta entre todas as categorias. Temos muito a conquistar”, completou um dirigente do Sindipetro-RJ.

“O que viemos cobrar hoje é orçamento para a UFRJ”, anunciou ao megafone a diretora do Diretório Acadêmico da Escola de Química, Lais Brasil. Fotos: Alisângela Leite

Ato na frente do CENPES no Fundão.
Rio, 19/06/24
Foto Elisângela Leite
Ato na frente do CENPES no Fundão.
Rio, 19/06/24
Foto Elisângela Leite
Ato na frente do CENPES no Fundão.
Rio, 19/06/24
Foto Elisângela Leite

 

A greve dos técnicos-administrativos chegou nesta semana a momentos decisivos. É hora de a categoria avaliar o que conquistou até aqui, para deliberar sobre os próximos passos. Em torno disso, girou a assembleia simultânea desta quarta-feira dia 19.

Coordenadores e CLG explicam

A coordenadora do Sintufrj Carmen Lúcia, detalhou o informe de greve da Fasubra, sobre o que foi proposto pelo governo na mesa de negociação do dia 11 de junho, como pontos importantes no atendimento à pauta que passaram a ser considerados.

– Step de 4% em 2025 e de 4,1% em 2026;

– Aceleração na capacitação permitindo chegar ao topo da carreira em 15 anos;

– Adoção do Reconhecimento dos Saberes e Competências – RSC, a partir de 2026;

– Reposicionamento dos aposentados;

– Todas as correlações do Incentivo à Qualificação passarão a ser diretas. A correlação indireta será extinta;

– Temas relacionados com as reivindicações dos trabalhadores dos Hospitais Universitários, tais como horas de plantão noturno, hora ficta e plantão de 12×60, entre outros.

Segundo Carmen, entendendo que houve respostas favoráveis a pautas importantes, mas diante das dúvidas e discordâncias, a Fasubra orientou a manutenção da greve e solicitar ao governo nova reunião de negociação para avançar na proposta de forma que contemple ativos, aposentados e pensionistas.

O coordenador do Sintufrj Esteban Crescente explicou a proposta apresentada ponto a ponto, mostrando o novo enquadramento e não apenas a repercussão financeira, como os efeitos de mudanças como a aceleração da trajetória na carreira, as progressões por capacitação e o Incentivo à Qualificação. O representante do Comando Local de Greve, Fernando Pimentel, detalhou a avaliação da Comissão Nacional de Supervisão da Carreira (CNSC) sobre as reivindicações atendidas ou não.

Entenda os principais pontos

Entenda os principais pontos

  • Reestruturação da carreira, com a verticalização (matriz única) e redução dos intervalos das progressões de 18 para 12 meses.
  • Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) será implantado a partir de abril de 2026 (a regulamentação será definida em GT coordenado pelo MEC, com as entidades, em até 180 dias).
  • Aceleração por progressão de capacitação (se dará a cada 5 anos); extinção da correlação indireta do Incentivo à Qualificação.
  • O Piso de referência passa a ser o do nível de classificação “E”, com as seguintes correlações com os demais níveis:

A – 36% do Piso do E

B – 40% do Piso do E

C – 50% do Piso do E

D – 61% do Piso do E

Esta reestruturação gera impacto econômico indireto, na medida que há esta nova correlação entre as classes. Além disso:

– A Recomposição Salarial será de 9% em janeiro de 2025 e 5% em abril de 2026, com elevação dos steps (diferença entre padrões de vencimento) para 4% em janeiro de 2025 e 4,1% em abril de 2026.

– Os 9% de janeiro próximo incidem, portanto, no novo padrão de referência (o piso do nível E). Assim, por exemplo, quem está no nível A, receberá 36% do piso do E que já terá reajuste de 9%, somados aos efeitos em cascata na tabela da diferença de 1% do antigo para o novo step entre cada padrão (era 3,9% e passou para 4%).

– O reposicionamento dos aposentados que estavam no final da carreira, por ocasião da criação do PCCTAE, e que foram reposicionados considerando o tempo de serviço, será tratado em GT MGI/MEC. Constatada a viabilidade a medida será implantada em 2025.

– Compromisso de que o Vencimento Básico Complementar (VBC) não será absorvido por força da implementação dos novos valores e estruturas remuneratórias.

– Normatização da “hora ficta” (trabalho noturno que equivale a 52 minutos e meio) para os servidores dos hospitais universitários. A institucionalização do plantão de 12×60 será objeto de GT no MGI

– O Plano de capacitação nos termos do Acordo de 2015 será tratado em GT no MEC.

Na prática, o que significa

Em 2025, a tabela (conforme consta na página 3 do Jornal do Sintufrj), exibe a nova remuneração de cada nível com base em três novos parâmetros conquistados pela greve: índice de 9%, step de 4% em janeiro e a nova correlação dos níveis A e D com o piso do nível E.

A parir de 2026, a tabela apresenta, já aplicada a nova correlação entre os níveis, o índice acumulado de 14.45% (por causa dos juros compostos) no piso do E, o step de 4,1%.

Repercussão e qualificação direta

Além de tudo isso, há as tabelas para 2025 e 2026 (esta, também publicada no jornal do Sintufrj) que expressam, além da repercussão financeira, como ficará o salário de quem tem Incentivo à Qualificação. Lembrando que aqueles cuja formação tinha correlação considerada indireta, que será extinta, passam agora a receber tal qual tem a correlação direta, com aumento nos percentuais que variam de 10% a 25%.

Alguns exemplos

O coordenador do Sintufrj citou vários casos de repercussão financeira destas mudanças, exemplificados na tabela final da página 3 do Jornal do Sintufrj, explicando que, no caso do teto do nível A, por exemplo, o percentual de aumento em 2026 (34,41%) chega a recompor as perdas salariais desde o governo Temer.

No A, em 2026 aumento de 34%

Um servidor no inicial do nível A (fundamental incompleto), que ganha R$ 1.446,12, terá em 2026, um vencimento de R$1877,50, portanto um aumento de R$ 431,4 ou 28,3%.

Se ele tem, por exemplo, nível técnico com correlação indireta, ganhará um Incentivo à Qualificação de 20% (antes era de 10%), e vai passar a ganhar R$ 2.253,10.

No teto do nível A, o vencimento atual é de R$ 2.879,28 e com as mudanças, em 2026 ficará R$ 3.869,9, ou seja R$990,6 a mais, ou 34,41%.

No D, em torno de 20%

Um servidor do nível D (nível médio), que ganha R$ 2.667,19, passará a ganhar em 2026, R$ 3.181,40: um aumento de R$ 514,2, ou 19,28%.

Se tem graduação, mesmo com correlação indireta (que passou de 15% para 25%), ganhará R$ 3.976,70.

No teto do nível D, o vencimento atual é de R$ 5.310,48 e passa para R$ 6.557,40, com aumento de R$ 1.246,90, ou 23,48%.

Mais detalhes

Mais no vídeo da assembleia no Youtube: https://youtu.be/iqFyIJH7MZg

REUNIÃO DO COMANDO LOCAL DE GREVE na segunda-feira (17) organizou o roteiro de debates que orientou a assembleia desta quarta-feira (19)

 

Debate intenso no auditório do Quinhentão abordou vários aspectos desta jornada de lutas iniciada já há 100 dias

Os técnicos-administrativos em educação da UFRJ não rejeitaram a proposta do governo, mas querem uma nova mesa de negociação para avançar nas proposições de forma que elas contemplem todo o conjunto da categoria e respeitando a isonomia entre ativos e aposentados, conforme orientação do Comando Nacional de Greve/Fasubra. Portanto, a greve na universidade continua até que todos os pontos destacados sejam formalizados pelo governo em uma minuta, para que então os trabalhadores aprovem a assinatura do acordo.

Essa decisão foi aprovada na assembleia de quarta-feira, 19, com cerca de 400 pessoas presentes no auditório Quinhentão (CCS/Fundão) e mais de 200 pessoas acompanhando pelas redes sociais do Sintufrj (Youtube, Instagram e Facebook). A assembleia teve transmissão simultânea garantindo a participação da categoria (com voz e voto) nos campi Macaé e Praia Vermelha. O debate sobre a proposta do governo durou mais de 50 minutos e cada inscrito se manifestou a respeito por dois minutos.

O DEBATE INTENSO

Aceitar o proposto pelo governo e reivindicar uma nova rodada de negociação, com o objetivo de avançar mais no que foi oferecido e mantendo a greve, foi defendido por quase todos que se inscreveram. “O Comando Local de Greve (CLG/UFRJ) se reuniu na segunda-feira. Não votou pela continuidade ou não da greve, mas defendeu que o CNG/Fasubra solicitasse nova mesa com o governo para avançar nesse debate. Ganhou não rejeitar a proposta”, informou na assembleia o coordenador-geral do Sinjtufrj, Esteban Crescente.

“Devemos continuar em greve até que se assine o acordo”, propôs uma companheira técnica de enfermagem. “É necessário mais uma rodada de mesa com o governo para amarrar o acordo, que deve ser analisado por nós com tranquilidade”, disse um servidor da Praia Vermelha. “Essa é uma greve forte e histórica, e temos condições de arrancar mais”, analisou uma técnica presente no Quinhentão. “É preciso que o governo corrija a distorção que existe com os níveis CB em relação aos níveis A e D”, reivindicou um servidor do Colégio de Aplicação. “O que temos hoje de avanço são propostas de GTs e mesas. Temos que ir para as ruas”, acrescentou uma companheira.

“Devemos votar pela aceitação da proposta e terminar a greve  depois  de tudo amarrado”, falou outro participante da assembleia no Quinhentão. “Ontem estive em duas plenárias importantes de mulheres, fui a assembleia dos estudantes e participo dessa greve antes mesmo dela começar. Mas, não vejo quem vem para cá distribuir papelzinho e fazer propostas nas ações de greve”, desabafou uma companheira militante.

“Concordo com a orientação do CNG depois dessa última mesa. E pergunto: de onde tiraram que o governo vai dar mais. A gente tem que conseguir nova mesa de negociação para amarrar o que conseguimos até agora”, opinou um companheiro. “A força e a organização do movimento garantiram avanços históricos. Mas isso porque temos um governo progressista que nos recebe. Devemos aceitar a proposta, porém, com um acordo assinado”, acrescentou uma técnica-administrativa.

“Não tem uma minuta na mesa e o CNG apontou para mais uma rodada de negociação e só depois assinar o acordo”, lembrou outro companheiro. “Não podemos mentir para a categoria para continuar tendo palanque. Houve aumento, sim. Não deixem mentir para vocês”, opinou um companheiro.

“O que obtivemos até agora foi fruto do esforço da nossa luta. Os banqueiros recebem R$ 4 trilhões de remuneração da dívida pública, enquanto para nós só tem R$ 3.7 bilhões. Precisamos unificar o movimento com as forças políticas para exigir a auditoria da dívida pública. Não rejeitamos a proposta do governo, mas continuaremos a greve para pressionar por mais. Vamos encerrar a greve com unidade e coesão”, defendeu um companheiro.

Destaques aprovados para serem levados à mesa de negociação 

  • Aprovada a orientação do IG Fasubra: solicitar ao governo nova reunião da mesa de negociação para avançar nesta proposta ofertada da forma que realmente contemple toda nossa categoria (ativos, aposentados e pensionistas).
  • Continuidade da greve.
  • Após assembleia se dirigir para a entrada dos trabalhadores do Cenpes com ato às 14h30 estendendo faixas de greve.
  • Insistir para que as classes B e C precisam ser contempladas, igualmente como as classes A e D, com mais 1% na correlação.
  • Afirmar a necessidade de alteração na lei garantindo o posicionamento em nível médio da classe C. Precisamos deste debate em plenária a nível nacional para debater esta reparação. Levar o tema para mesa de negociação.
  • Realizar agenda hibrida na sexta-feira para construção de contraproposta á política de capacitação e desenvolvimento apresentada pela PR-4 no Conselho Universitário (Consuni).
  • Criação de uma mesa de negociação pra os pontos em abertos, quanto aos GTs propostos pelo governo, que conste do termo de acordo com prazo de no máximo seis meses para apresentarem as propostas se a categoria não concordar, retornaremos a greve.
  • Colocar na agenda de greve o ato unificado do movimento de mulheres no Rio para domingo, 23 de junho, às 10h. Concentração no Posto 4, com caminhada até o Posto 1.
  • Garantir na próxima mesa com o governo isonomia para os aposentados.
  • Quinta-feira, 20 de junho: protesto com os extraquadros dos hospitais e repúdio à Ebserh.

Mulheres exigem respeito

A assembleia foi encerrada com um grupo de companheiras dirigentes do Sintufrj e militantes da base se manifestando contra abuso de poder e desrespeito por parte de servidores presentes na assembleia do Quinhentão. “Basta! Exigimos respeito quando estivermos falando. Não importa de que força política sejamos!

 

O Circo Voador atraiu dezenas de companheiras na noite desta terça-feira, 18 de junho, na manifestação contra o PL dos Estupradores. Trabalhadoras da UFRJ estiveram presentes. A primeira foto registra mulheres trabalhadoras da UFRJ. Salve a luta!

Ato no CEG nesta quarta-feira, 19, dá a largada em semana atividades, define AG dos estudantes

Com participação simultânea nos auditórios do Fundão (Samira Mesquita), do IFCS-IH (Salão Nobre) e da Praia Vermelha (Manuel Maurício) e Macaé (do Bloco A), a assembleia geral dos estudantes da UFRJ, nesta terça-feira, 19, debateu a greve e decidiu por intensificação da mobilização, uma movimentada agenda de lutas por mais orçamento e por políticas de permanência e uma campanha: “A UFRJ vai à luta”.

O calendário aprovado começa com o ato no Conselho de Ensino de Graduação (CEG) nesta quarta-feira, dia 19, às 9h, no Parque Tecnológico por direitos acadêmicos como o trancamento, abono e reposição.

A representante do DCE Mário Prata Camile Paiva resumiu as deliberações: “A gente decidiu fazer um ato unificado, com as entidades do Rio no fórum que a gente ajudou a construir, (no dia 25 ou no dia 27, a proposta ainda será apresentada para decisão conjunta). Decidiu mobilizar ainda mais para o ato que vamos fazer no CEG amanhã, pelo direito dos grevistas, que é a reposição das atividades acadêmicos, garantia da segunda chamada. trancamento especial, abono de faltas. E a gente quer ajudar a pautar, nos locais que estão em greve, o que é de interesse dos alunos, como a suspensão do calendário para que a gente possa fazer a retomada posteriormente, quando a greve acabar”, disse ela.

A coordenadora explicou ainda que os estudantes planejam um calendário de lutas para a semana que vem que começa com uma campanha – “A UFRJ vai à luta” –, com mobilização na universidade, divulgação das iniciativas e da importante produção universitária a denúncia do estado da infraestrutura. “Uma campanha de valorização mas que culmine na luta”, alerta a jovem.

Sintufrj junto na luta

“O Sintufrj está sempre junto de vocês”, manifestou-se a  coordenadora Marly Rodrigues, contando que a categoria está há três meses em greve numa grande luta e que, na mais recente mesa de negociação com o governo, embora não se tenha alcançado o que realmente queria, a categoria não saiu derrotada: com a força da greve da educação, conquistou orçamento para universidade e ganhos na carreira (veja vídeo a seguir).

AG longa

Depois de longo debate (começou no fim da tarde e durou até às 21h), a assembleia aprovou um calendário unificado dos estudantes em greve e de mobilização dos demais.

A assembleia do dia 23 de maio apontou a deflagração no dia 11 de junho. A adesão, que já conta com vários cursos, está sendo progressiva.

Calendário intenso

Os estudantes esperam construir um grande ato no CEG. “Não podemos ser prejudicados por lutar em defesa da UFRJ, e pelas diversas dificuldades estruturais e orçamentárias que afetaram todo (primeiro) semestre”, diz convocatória do DCE. Os estudantes aprovaram, em assembleia passada, reivindicar a suspensão do calendário para os cursos em greve.

“Estamos em greve. O calendário unificado é um instrumento da luta dentro da greve. A greve é geral e está sendo mobilizada de forma gradual. Temos cursos com momentos diferentes de mobilização. Precisamos ter unidade na luta. Neste sentido foi proposta a suspensão para os cursos que estão em greve, e que possamos pensar de forma conjunta para os que estão sendo afetados pelas condições de infraestrutura, como o caso do IFCS”, disseram representantes do DCE.

Além do dia 19, foram propostas mobilizações todos os dias da semana, que culminarão com o ato que deve ser construído em conjunto com demais entidades (o calendário definitivo seria divulgado mais tarde). Foto: Renan Silva

MARLI RODRIGUES, dirigente do Sintufrj e do Comando Local de Greve, na assembleia dos estudantes

A direção do Sintufrj e o Comando Local de Greve (CLG) se reuniram com a Reitoria nesta terça-feira, 18, e a pedido do reitor Roberto Medronho, o coordenador-geral do sindicato, Esteban Crescente, fez um histórico dos 100 dias do movimento grevista dos técnicos-administrativos em educação na UFRJ e em nível nacional.

Já a greve da Educação Federal, segundo Esteban, que começou no dia 3 de abril sob liderança do Sinasefe e do Andes, com a adesão da maioria dos professores das universidades, institutos, centros e do Colégio Pedro II, completou dois meses.

Devido ao adiantando da hora, já que a reunião foi com todas as entidades dos servidores e de estudantes, que expuseram suas demandas, ficou agendada para terça-feira, 25, das 14h às 16h, reunião do Sintufrj com a Reitoria para tratar exclusivamente da pauta interna da categoria já entregue ao reitor e à Pró-Reitoria de Pessoal.

Situação caótica

Estudantes de várias universidades também pararam reivindicando recomposição orçamentária para as instituições, cujas condições precárias da estrutura dos prédios não oferecem segurança para a continuidade das aulas. De acordo com a coordenadora do DCE Mário Prata presente na reunião, Camila Paiva, alunos de 59 cursos na UFRJ estão em greve.

A Escola de Belas Artes, o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCS), a Escola de Educação Física Desportos e Dança e as instalações do Colégio de Aplicação, no Fundão, que há mais de um ano teve que ser evacuado, são as unidades acadêmicas em piores condições no momento.

Quem decide é a categoria

O coordenador do Sintufrj dividiu a greve em três ciclos e detalhou, na reunião com o reitor e pró-reitores, a última proposta do governo às reivindicações da categoria, que será levada para decisão da assembleia nesta quarta-feira, 19. De acordo com o Esteban Crescente, ao iniciar as negociações com a as entidades nacionais, o governo propôs reajustar em 51% os benefícios (alimentação, creche e auxílio saúde), mas desde que a greve acabasse. Porém, o crescimento e a força da luta fizeram com que o MGI e o MEC recuassem da pressão e garantissem pagamento em maio dos aumentos.

O segundo ciclo da greve foi a continuidade da mesa de negociação sobre a valorização da carreira. Foram muitos os tensionamentos. Houve ganhos salariais, mas não o suficiente. A terceira fase da foi reforçada com a ampliação da greve. E, fruto de muita pressão, também ganhou mais força a reivindicação para a recomposição orçamentária para as instituições”, afirmou Esteban.

Vitória da pressão

“O governo dizia que estavam encerradas as negociações, mas o movimento radicalizou e houve mais uma mesa com os ministérios e de R$ 2,2 bilhões de investimentos passou para R$ 3,7 bilhões os recursos para atender a categoria”, melhorando a proposta..

Em relação ao Reconhecimento de Saberes e Competências,  o governo começará a aplicar em abril de 2026, a partir de critérios que serão criados. “O conjunto da categoria conquistou ganhos diferenciados até 2026. Os ganhos são relativamente altos, muitos, inclusive, recuperarão as perdas do desgoverno Temer. E há o compromisso do reenquadramento dos aposentados com a reabertura de prazos para isso pela Pró-Reitoria de Pessoal, já vamos articular a respeito”, antecipou o dirigente.

Entre outros avanços, Esteban também citou a expectativa de que seja revisto o PL 991/19, que devolverá à universidade a autonomia para fazer o processo de capacitação de pessoal, como também de ser criado o técnico-administrativo substituto, semelhante ao que já existe para a docência. O que, segundo o reitor, seria “fantástico”, porque resolveria vários problemas de pessoal na instituição.

 

Extraquadros sem solução

O Sintufrj cobrou da Reitoria uma resposta em relação a situação dos profissionais extraquadros dos três hospitais que agora estão sob a gestão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e também sobre como fica a situação dos servidores, se irão para outras unidades, por exemplo.

Segundo a pró-reitora de Pessoal, Neuza Luzia, os servidores RJU permanecem na UFRJ sob as mesmas condições. “Não há diferenciação de movimentação desses RJUs dos hospitais sob gestão da Ebserh. Eles continuarão controlados pela PR-4 e em acordo com os departamentos de pessoal da unidade hospitalar”. E sobre os extraquadro que fizeram o concurso público e foram aprovados, o reitor disse que a Reitoria fará levantamento para mantê-los nos hospitais da UFRJ.

Em relação aos extraquadros que não fizeram o concurso público e/ou não foram aprovados, Roberto Medronho afirmou que a UFRJ não tem autoridade para pagar direitos trabalhistas e que eles devem entrar na Justiça. “Legalmente não temos como resolver a situação deles. Parte do orçamento para os extraquadros vêm do MEC e a gente completa o que falta com recurso de custeio. São R$ 25 milhões por ano”, disse.

Polêmica com os estudantes

A direção da Adufrj entregou ao reitor uma carta comunicando a postura de alguns estudantes da Escola de Belas Artes, em greve, que fizeram barricadas com mesas e cadeiras para impedir a entrada de professores nas salas para dar aulas. “Sala de aula não é local de luta”, afirmou a vice-presidente da entidade, Nedir do Espírito Santo. Também foi falado na reunião que uma professora substituta do Instituto de História teria sido humilhada por um professor da casa por estar dando aula.

“Fico triste com esse embate entre trabalhadores e estudantes. Defendo o direito de ir e vir de qualquer servidor e estudante nesta universidade. Respeito a autonomia de qualquer decisão. O relato que foi feito é muito grave, inclusive de violência contra mulher”, afirmou Roberto Medronho. Logo no início da reunião, ele fez questão de destacar que “o reitor e a Reitoria não tinham posição a favor ou contra a greve. E que o seu dever era zelar para que ninguém fosse punido pela greve”.

Manifestação dos estudantes e do Sintufrj

A coordenadora do DCE Mário Prata, Camila Paiva, aluna do curso de engenharia civil, respondeu à Adufrj dizendo que “nós temos direito de nos manifestar, porque estamos em greve pelo direito de ter aula com dignidade. As greves são temporais e é preciso ter muito cuidado com a maneira de criminalizar a greve. Tem professores colaborando com a nossa greve”, de acordo com a estudante, o Centro Acadêmico da Escola de Belas Artes já divulgou uma nota pública desculpando-se com a professora por impedi-la de entrar em sala.

O integrante do Comando Local de Greve, Fernando Pimentel, defendeu o diálogo com as entidades e, segundo ele, não é papel da Reitoria intermediar polêmicas entre os segmentos da comunidade universitária. “A universidade é um espaço de hierarquia, sim e arcaica. Setenta por cento dos docentes, uma única categoria tem ascensão sobre outras. Barricada não é violência, e ato de greve”.

“As entidades têm pontos comuns. Independente do conteúdo das carta da Adufrj à Reitoria, repudiamos a agressão física e oral, mas impedir de ir e vir é relativo. Os estudantes foram lá e impediram de dar aula. Não agrediram ninguém. Eles devem satisfação para a sua base organizada”, acrescentou Esteban Crescente.

Assembleia comunitária

O coordenador do Sintufrj defendeu, mais uma vez, a convocação pela Reitoria de uma assembleia comunitária dos três segmentos para expor toda a situação da universidade e as entidades sindicais e estudantis poderem se manifestar também. “O reitor quer que haja entidades unificadas, esse é o caminho”, avaliou
Esteban.

Natália Trindade, representante da Associação dos Pós-Graduandos (APG), é favorável a realização de uma audiência pública na UFRJ e outra em Brasília para discutir a UFRJ. “A UFRJ é assunto de Brasil e se o presidente Lula quer projetos, propomos todos os que for necessário”, disse.  FOTO: RENAN SILVA