Distribuição gratuita de absorventes, lei das patentes e privatização da Eletrobras estão na pauta

Paulo Motoryn/Brasil de Fato | Brasília (DF) | 8 de Fevereiro de 2022

Sessão do Congresso Nacional foi convocada para as 14h desta terça-feira (8) – Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), convocou para esta terça-feira (8), às 14 horas, a primeira sessão do Congresso deste ano. Na pauta está a análise de vetos presidenciais.

Na lista dos 19 vetos a serem analisados está o que trata da distribuição gratuita de absorventes para estudantes de baixa renda, pessoas em situação de rua e mulheres detidas no sistema prisional.

Para a derrubada dos vetos, é necessária a maioria absoluta, ou seja, 257 votos de deputados e 41 votos de senadores, computados separadamente. Clique aqui e acesse a íntegra da pauta e do texto dos vetos presidenciais.

Absorventes

A distribuição gratuita de absorventes para estudantes de baixa renda e mulheres em situação de rua foi aprovada no ano passado como uma medida de combate à pobreza menstrual  (PL 4968/19), mas sofreu veto do presidente da República, Jair Bolsonaro.

O dispositivo integrava o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, sancionado e transformado na Lei 14.214/21. De autoria da deputada Marília Arraes (PT-PE), a matéria foi relatada no Senado por Zenaide Maia (Pros-RN).

O governo alega que “os absorventes higiênicos não se enquadram nos insumos padronizados pelo SUS, portanto não se encontram na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais, além disso, ao estipular as beneficiárias específicas, a medida não se adequaria ao princípio da universalidade, da integralidade e da equidade no acesso à saúde do SUS”.

A coordenadora da bancada feminina na Câmara, deputada Celina Leão (PP-DF), avalia que há apoio majoritário dos parlamentares para a derrubada desse veto. A deputada destacou a gravidade da pobreza menstrual, principalmente entre meninas em idade escolar. “As meninas em situação de vulnerabilidade que vão para nossas escolas púbicas chegam a perder um mês do ano letivo pela falta de absorventes”, alertou.

Adoção

O veto mais antigo de Bolsonaro aguardando votação dos parlamentares é o VET 14/21, veto total ao PL 8219/14. De autoria do então senador Antonio Carlos Valadares, o projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados em dezembro de 2019. O texto altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para prever tentativas de reinserção familiar da criança ou do adolescente antes da decisão definitiva de adoção.

Na mensagem de veto, Bolsonaro afirma que, embora meritória, a tentativa de reinserção da criança ou do adolescente na família biológica poderia aumentar o prazo para a adoção. “As tentativas de reinserção familiar da criança ou do adolescente podem se tornar intermináveis, revitimizando os adotandos a cada tentativa de retorno à família de origem, a qual pode comprometer as chances de serem adotados em definitivo”, justifica Bolsonaro.

Eletrobras

Também está na pauta de votações do Congresso o veto parcial (VET 36/21) ao projeto de lei de conversão que modificou a MP de privatização da Eletrobras (MP 1031/21). O texto foi aprovado pela Câmara em maio do ano passado e transformado na Lei 14.182/21.
Bolsonaro vetou diversos artigos, como a possibilidade de empregados demitidos após a privatização adquirirem ações da empresa com desconto. Para ele, vendas de ações dessa forma tipificam conduta ilegal de distorção de práticas de mercado.

Também foi vetada a permissão para que funcionários demitidos da Eletrobras até um ano após a privatização sejam realocados em outras empresas públicas. Nesse caso, Bolsonaro alegou que práticas desse tipo violam a Constituição em relação ao acesso a emprego público por concurso.

Quebra de patentes

Já o Projeto de Lei 12/21, que permite ao governo federal quebrar a patente para produzir medicamentos e vacinas nos casos de emergência nacional ou internacional em saúde, foi vetado parcialmente e transformado na Lei 14.200/21. O texto foi aprovado pela Câmara em julho do ano passado.

Agora os parlamentares precisam analisar os cinco dispositivos vetados pelo presidente Bolsonaro (VET 48/21), que determinam a quebra temporária de patentes de vacinas e insumos em períodos de emergência ou estado de calamidade pública.

Propaganda partidária

Aprovado em dezembro no Plenário do Senado, o PL 4572/19, dos senadores Jorginho Mello (PL-SC) e Wellington Fagundes (PL-MT), deu origem à Lei 14291/22, que restabeleceu a propaganda gratuita dos partidos políticos no rádio e na televisão, mas o Executivo vetou a previsão de compensação fiscal às emissoras de rádio e de televisão pela cessão do tempo. Essa compensação seria financiada pelo Fundo Partidário.

O governo alegou que a  medida seria um benefício fiscal, com consequente renúncia de receita, sem observância da Lei de Responsabilidade Fiscal e da Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Sobras eleitorais

Outro item na pauta é o veto de Bolsonaro a dispositivos que alteravam a quantidade de candidatos que cada partido poderia registrar para os cargos proporcionais na Lei 14211/21, que muda as regras para distribuição das “sobras” eleitorais — as vagas não preenchidas pelos critérios do sistema proporcional.

Pelo projeto aprovado por deputados e senadores — PL 783/21, do senador Carlos Fávaro (PSD-MT) —, o número iria variar de acordo com a representação de cada unidade da federação na Câmara. Nas unidades com até 18 deputados federais, cada partido poderia registrar candidatos até 150% das respectivas vagas. A mesma regra de 150% das vagas valeria para os candidatos a vereador em municípios de até 100 mil eleitores.

Com a suspensão dos dois dispositivos por meio do veto, fica mantida a regra atual. Segundo a Lei 9504/97, cada partido pode registrar candidatos para a Câmara dos Deputados, a Câmara Legislativa do DF, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais no total de até 100% do número de lugares a preencher mais um. Para o Poder Executivo, o veto evita a pulverização de candidaturas, facilita a identificação do eleitor com os candidatos e racionaliza o processo eleitoral.

Com informações da Agência Câmara de Notícias e da Agência Senado.

Edição: Vivian Virissimo

 

Considerada uma referência por sintetizar a cultura negra no samba, a cantora e compositora com importante papel social é revisitada em matéria especial que traz entrevistas com o historiador Vinicius Natal, o sambista Nei Lopes e com Ana Rieper, diretora do filme Clementina, em exibição na plataforma gratuita de streaming voltada para o cinema nacional, Itaú Cultural Play.

 . Por Vinicius Magalhaes, enviado ao Portal Geledés

Clementina de Jesus (Foto: Hipólito Pereira 30/11/1984 / Agência O GLOBO)

No dia em que Clementina de Jesus completaria 120 anos— segunda-feira, 7 de fevereiro –, o site do Itaú Cultural, www.itaucultural.org.br, traz matéria especial. Entrevistados pelo jornalista do Núcleo de Comunicação William Nunes, o historiador Vinicius Natal, o sambista Nei Lopes e a documentaristas Ana Rieper, falam da vida e trajetória da cantora e compositora nascida em Valença, no Rio de Janeiro, e do papel social que ela exerceu na vida das pessoas por meio do samba. 

Ana também é diretora de Clementina. O documentário realizado em 2018 revela e recupera o legado artístico e a trajetória biográfica da neta de escravos de uma fazenda de café, carnavalesca, cantora e dona de uma voz excepcional forjada na experiência do samba do morro. Disponível na plataforma de streaming gratuita Itaú Cultural Play – acessível para os dispositivos móveis Android e IOSem www.itauculturalplay.com.br –, o filme foi construído entre imagens de arquivo, depoimentos de amigos e muito canto e batuque. Ele revela como Clementina de Jesus tornou-se elo entre a música brasileira e suas raízes africanas e desvenda o seu universo próprio de representação da cultura negra.  

Para Ana, um dos maiores desafios para a realização desse filme foi encontrar a linha narrativa. “Essa personagem abre tantas portas que dão sentido ao nosso mundo, que falar sobre Clementina me parecia ser falar sobre o universo – muito vago como proposta artística”, conta ela. Por fim, a diretora encontrou o ponto de partida para a construção do roteiro, durante a pesquisa. “Buscamos aspectos de sua vida familiar, cotidiana e artística, que dessem notícia da Clementina como uma pessoa que concentra em sua vivência aspectos importantes da cultura da diáspora africana no Brasil. Este foi o fio da meada para todo o resto”, conclui. 

Afro-brasilidade 

“A trajetória de Clementina se constrói por meio de uma herança africana ressignificada no Brasil, ou seja, uma herança afro-brasileira”, diz Natal. Para ele, com esta base e sem se esforçar, ela demonstrava forte consciência política e racial. “As pessoas ficavam chocadas com a naturalidade com que ela tratava o preto pobre. Mas ela pertencia àquele grupo e o entendia como seu igual”, observa ele. “O fato de ter gravado discos e feito alguns shows, apesar de ter sido pouquíssimo reconhecida ainda em vida, não a tirava desse prumo”, complementa. 

Clementina estreou na música quando somava mais de 60 anos de vida, no espetáculo Rosa de ouro em 1964, no Rio de Janeiro, ao lado de Paulinho da Viola, Nelson Sargento e outros artistas. Seu primeiro disco solo foi lançado dois anos depois, em 1966. Na entrevista, Nei Lopes relembra momentos marcantes de Clementina no palco, como em sua apresentação no Teatro Jovem, na Zona Sul do Rio de Janeiro. 

“A montagem do musical Rosa de ouro era pobrezinha, mas a entrada de Clementina em cena foi apoteótica, surpreendente mesmo”, conta ele. “Ao som de um rufo de atabaque, seu perfil era projetado numa tela branca, possivelmente um lençol comum, em contraluz. Seu vozeirão cantava o refrão do ‘Benguelê’, de Pixinguinha e Gastão Viana. Aquilo arrepiou todo mundo, mexendo muito comigo.” 

O texto completo da matéria está disponível no site do Itaú Cultural, www.itaucultural.org.br, desde 7 de fevereiro. Mais informações sobre Clementina de Jesus, encontram-se em seu verbete na Enciclopédia Itaú Cultural em https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa12496/clementina-de-jesus

 

 

Com boa audiência e participação ao vivo e pelo chat da categoria, a direção do Sintufrj debateu, nesta segunda-feira, 7, on-line, a reorganização do trabalho e a regulamentação do trabalho externo na UFRJ. 

Participaram como debatedores Joana de Angelis, dirigente do Sintufrj e coordenadora do GT Consuni responsável por elaborar proposta a IN 65 do governo federal, que regulamenta o teletrabalho para os servidores públicos, e o ex-pró-reitor de Pessoal, Roberto Gambine. Ele e Joana integram, com outras companheiras e companheiros, a bancada técnico-administrativa no Conselho Universitário.   

O debate sobre a reorganização do trabalho e a jornada de 20 horas foi iniciada pela atual direção do Sintufrj em 2017, e agora esta sendo retomada a partir da necessidade de regulamentação do trabalho externo, com vistas também à continuidade do trabalho remoto para quem puder (de acordo com a atividade exercida) e quiser.  

Uma das deliberações do debate foi a criação de um Grupo de Trabalho aberto para discutir e propor sobre o tema em questão, á luz da proposta elaborada pelo GT Consuni. A primeira reunião do GT será na quinta-feira, 10, às 15h.  

Veja a íntegra do debate pelo canal do Sintufrj no Youtube:

 

 

A exigência do comprovante de vacina está sendo adotado com rigor, menos pela Unirio, cujo colegiado máximo nem sequer votou o plano de retorno seguro

O ano de 2022 começou com as universidades federais do Rio revendo seus cronogramas de retorno às atividades presenciais, diante da expansão da variante ômicron, que teve um aumento de 181% nos casos registrados no estado, em janeiro. A exigência de comprovante vacinal nas dependências dos campi para todos os servidores, técnicos e docentes, e para os alunos de graduação e pós-graduação, somente ainda não foi adotada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). 

UFF

A Universidade Federal Fluminense (UFF) manterá até o encerramento do atual semestre letivo, em 12 de fevereiro, o plano em vigor, que estabelece atividades presenciais somente para aulas práticas e estágios. 

Sobre o próximo semestre letivo, que se inicia no dia 28 de março, ainda não há decisão. De acordo com a UFF, três cenários estão em análise para as aulas: presencial, presencial mediado por tecnologia e remoto no caso de recrudescimento da pandemia.

A comprovação da vacinação completa contra a covid-19 para a realização de atividades presenciais nas dependências da UFF é exigida desde o dia 31 de janeiro. O comprovante vacinal deverá ser anexado no portal da universidade por todos os servidores e pelos estudantes de graduação e pós-graduação. 

Já os visitantes terão que apresentar cópia do comprovante ou a carteira de vacinação digital.

Caso o servidor esteja impossibilitado de receber o imunizante contra a covid-19, por motivo de saúde, deverá enviar o atestado/laudo médico à Coordenação de Atenção Integral à Saúde e Qualidade de Vida (Casq), via e-mail, para análise e parecer. Já no caso dos alunos, caberá à Coordenação de Curso possibilitar a alteração do plano de estudo para a realização de componentes curriculares no formato remoto.

UFRRJ

Na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o adiamento vai até o dia 7 de março, quando está prevista a volta integral das atividades acadêmicas presenciais dos cursos de graduação. 

Na primeira semana de fevereiro começou a nova avaliação dos indicadores. Caso haja melhora no cenário, o retorno presencial poderá ser antecipado; caso haja piora, o retorno poderá ser adiado novamente. Esta informação será comunicada a toda a comunidade com 15 dias de antecedência da data de retorno prevista.

As normas para a operacionalização da exigência da prévia comprovação da vacinação contra a covid-19 foram aprovadas em janeiro pelo Conselho Universitário (Consuni), e serão adotadas para acesso e permanência nos espaços destinados às atividades de ensino, pesquisa, extensão e administrativos da Rural.

Todos os servidores da UFRRJ, de todas as carreiras, deverão obrigatoriamente cumprir com o cronograma oficial de vacinação, disponível para o seu grupo específico ou faixa etária, enviando o comprovante de vacinação para sua chefia imediata, por meio de um sistema definido oportunamente pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas. Os estudantes, por sua vez, devem, até sete dias úteis após a matrícula, enviar o comprovante para sua Coordenação de Curso por meio de um sistema a ser definido pela Pró-Reitoria de Graduação.

Os servidores e alunos que não comprovarem vacinação, ou não tiverem seus atestados de impedimento de saúde para imunização aprovados pelos setores de saúde da UFRRJ, poderão seguir com suas atividades funcionais e acadêmicas de forma não presencial, mas não poderão entrar, circular ou permanecer nas instalações da universidade. 

Unirio

A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) prorrogou até 15 de fevereiro a interrupção das atividades presenciais, exceto para as atividades indispensáveis. Essa decisão foi adotada em 1º de fevereiro. E o motivo pelo qual a instituição ainda não ter definido a exigência do passaporte de vacinação é porque o Conselho Universitário não votou, até agora, a proposta do plano de retorno entregue no ano passado pelo grupo de trabalho (GT) criado com essa finalidade. Segundo os servidores, o reitor Ricardo Silva Cardoso não levou a proposta ao colegiado para apreciação. 

“Estávamos fazendo essa discussão exatamente agora na Câmara de Graduação”, informou, na quinta-feira 3, Oscar Gomes, técnico-administrativo integrante do GT. “A Reitoria não colocou a proposta em votação. E, o pior, o contexto já é outro com o avanço da ômicron. Portanto, a proposta já está desatualizada”, lamenta o servidor. 

 

 

 

Como haverá eleições este ano de deputados e de um terço dos senadores, a expectativa é de que será reduzida, no Congresso Nacional, a presença dos parlamentares, que estarão envolvidos em campanha nos seus estados, principalmente no segundo semestre. 

Com jornada mais curta em razão das eleições de outubro, os parlamentares terão até julho para votar as proposições em pauta. Pode haver ainda dois esforços concentrados antes do pleito. Em agosto e em setembro, quando os congressistas votam matérias acordadas previamente. Porém, há temas importantes previstos para entrar em pauta. 

Além de medidas provisórias e projetos de lei, o Congresso deve se debruçar sobre alguns vetos de Bolsonaro (PL); projetos de lei que tratam do preço dos combustíveis, da reforma tributária, da legalização dos jogos no Brasil, inclusive cassinos e bicho, além da privatização dos Correios e da Eletrobras.

E devem estar em pauta ainda Fundo Eleitoral; alianças e filiações; eleição para as presidências de comissões permanentes da Câmara; aumento dos servidores; e orçamento 2023. Ainda em fins de governo Bolsonaro, temas como Direito do Trabalho, Segurança Jurídica e Liberdade Sindical, a partir do histórico de tentativas centradas na Carteira Verde e Amarela, são prioritários.

A proposta de reforma administrativa então parece não ter espaço e pode ficar em banho-maria. Mas é bom os servidores ficarem alerta. Segundo relata Vladimir Nepomuceno, ex-diretor do Diap e diretor do Dieese, e especialista em serviço público, as principais lideranças do Centrão/Governo têm dito que fica para a próxima legislatura, mas o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL), ainda não se pronunciou sobre o assunto. E tudo pode acontecer.

“Como ele tentou aprovar na marra, inclusive fazendo lambança na Comissão Especial, não é de duvidar que ele queira reabrir a discussão para tentar levar ao plenário ainda nesta legislatura, mas após as eleições. Como as eleições vão, no máximo, até 30 de outubro (se houver segundo turno para presidente da República), nada impede que seja votada após essa data. Temos que considerar duas coisas: o atual mandato dos deputados vai até 31 de janeiro de 2023; após as eleições não fará efeito qualquer pressão do ponto de vista eleitoral sobre os parlamentares. Há que ser considerado também que, terminada a legislatura, haverá nova eleição para a presidência das duas Casas Legislativas,” alerta Nepomuceno.

DIVULGAÇÃO

 

 

Gestão do local será oferecida à família do congolês assassinado; quiosque ao lado vai empregar refugiados africanos

Redação Deutsche Welle (DW). 7 de Fevereiro de 2022 às 12:08

Ilustração criada pela Prefeitura do Rio mostra como ficará o atual quiosque Tropicália, na praia da Barra, onde Moïse foi brutalmente assassinado – Prefeitura do Rio de Janeiro

A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou nesse sábado (5) que os quiosques Tropicália e Biruta, próximos aos quais o congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, foi brutalmente assassinado, serão transformados em um memorial em homenagem à vítima e em alusão à cultura africana. A gestão de um dos espaços, na Barra da Tijuca, será oferecida à família de Moïse.

O anúncio foi feito pelo secretário de Fazenda e Planejamento do Rio de Janeiro, Pedro Paulo, e confirmado pelo prefeito, Eduardo Paes. A ideia é que os dois quiosques empreguem refugiados africanos.

“A transformação do local busca ser uma reparação à família, uma oportunidade de inserção socioeconômica de refugiados, além de um ponto de transmissão da cultura africana”, disse Pedro Paulo no Twitter.

Segundo ele, o memorial representará “uma lembrança para que não seja fácil esquecer e que jamais se repita a barbárie que o vitimou”.

“O que aconteceu foi algo brutal, inaceitável e que não é da natureza do Rio. É nosso dever ser uma cidade antirracista, acolhedora e comprometida com a justiça social”, escreveu no Twitter.

Foto em memória de Moïse

O projeto será desenvolvido em parceria com a concessionária Orla Rio, que administra os quiosques na região, e deve ser executado o mais brevemente possível. No entanto, uma data ainda não foi divulgada.

Está prevista, também, a instalação de um painel entre os dois quiosques, com a foto de Moïse. Segundo a prefeitura, o novo layout do local e a montagem do memorial ficarão a cargo de profissionais negros. Além disso, Sesc e Senac vão oferecer capacitação aos trabalhadores dos quiosques para atuar no setor de alimentação.

No futuro, o local também poderá sediar exposições de arte, apresentações musicais típicas e feiras de artesanato.

A prefeitura do Rio de Janeiro informou que o contrato de concessão com os atuais operadores dos dois quiosques está atualmente suspenso, enquanto ocorrem as investigações do crime.

Caso comprovado que os atuais operadores não têm relação com o assassinato, será discutida a transferência deles para outro espaço. Do contrário, eles terão as licenças canceladas.

Moïse foi espancado até a morte em frente ao quiosque Tropicália no dia 24 de janeiro. Três homens foram presos suspeitos do crime –  um deles era funcionário do quiosque Biruta. 

Protesto no Rio

Centenas de manifestantes fizeram um protesto neste sábado em frente ao quiosque Tropicália. O ato reuniu familiares de Moïse e dezenas de entidades defensoras da causa negra e dos direitos humanos, além de organizações políticas.

A mãe de Moïse, a congolesa Ivana Lay, discursou rapidamente, em cima do carro de som, e pediu justiça. 

Para o babalorixá Ivanir dos Santos, representante da Articulação das Populações Marginalizadas, a violência contra os negros é centenária no Brasil.

“A nossa luta não começou agora. Esse é mais um passo na busca pelos nossos direitos”.

No início da manifestação, um pequeno grupo tentou depredar o quiosque, mas foi prontamente reprimido pelos organizadores do protesto.

Após a concentração do ato, os manifestantes seguiram em passeata pela Avenida Lúcio Costa, na orla da praia.

Morte bárbara

Segundo relatos de familiares, Moïse, que vivia no Brasil desde 2011 na condição de refugiado, foi ao quiosque Tropicália e acabou sendo espancado até a morte no local. O corpo dele foi encontrado amarrado.

Segundo os familiares, Moïse foi ao quiosque para cobrar duas diárias atrasadas por serviços prestados ao estabelecimento, onde ele costumava trabalhar como atendente. O dono do quiosque nega que houvesse pagamentos atrasados e também disse à polícia não conhecer os agressores. O dono declarou que não estava no quiosque no momento do crime e que apenas um funcionário estava no local. 

Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) indicou que a causa da morte do jovem congolês foi traumatismo do tórax, com contusão pulmonar, causada por ação contundente.

Imagens divulgadas pela imprensa brasileira mostram um grupo de agressores dando murros, pontapés e até golpes com um pedaço de madeira no congolês na noite do crime. Momentos depois, com a vítima já desmaiada no chão, os mesmos homens tentam, com a ajuda de outras pessoas, reanimá-la.

As imagens também mostram que os agressores chegaram a amarrar as mãos e os pés de Moïse, já deitado no chão, após as agressões.

Com informações da Agência Brasil.

 

 

 

Estão abertas, até o dia 28 de fevereiro, as inscrições para a chamada pública Favela e Universidade – Laboratório de Inovação Cidadã Territórios 2022, uma ação da Pró-Reitoria de Extensão da UFRJ que visa apoiar projetos do estado do Rio de Janeiro interessados em inovação cidadã.

Os projetos selecionados participarão de oficinas e mentorias sobre mídias, formação, sustentabilidade, construção de redes, políticas culturais, prototipagem, pesquisa aplicada, sistematização, uso de tecnologias/ferramentas, entre outras.

Das 40 iniciativas contempladas, 20 receberão o apoio de R$ 5.000,00 e as outras 20, de R$ 2.000,00, tudo para ser aplicado na elaboração de ações e materiais para a superação de problemas e desafios do contexto de cada projeto participante.

Podem se inscrever organizações e coletivos com plano de ação nos eixos: Enfrentamento à Covid-19; Mídias e Diversidade; Tecnologias, Redes, Dados e Plataformas; Ações Culturais; Formação Livre e Economia e Cidadania. Nesta edição, o Laboratório será voltado às iniciativas externas à UFRJ que atuem nas regiões fluminenses da Costa Verde, Serrana, Metropolitana, Norte, Noroeste, Centro-Sul e Médio Paraíba.

A chamada é realizada em parceria com o Laboratório de Inovação Cidadã da UFRJ (LABIC) e conta com o apoio do Parque Tecnológico da UFRJ, Faperj e CNPq.

Acesse o edital completo, disponível em bit.ly/ChamadaLabic2022, e inscreva-se pelo formulário: bit.ly/Labic2022

Obs.: Projetos da UFRJ ou de outros estados do Brasil podem participar apenas como ouvintes ou colaboradores sem recursos financeiros.

 

 

 

 

A regulamentação do trabalho externo permite a manutenção do trabalho remoto. Entenda por que e participe do nosso debate virtual!

⚠️ FAÇA SUA INSCRIÇÃO NA ATIVIDADE PARA PARTICIPAR: https://bit.ly/3J35Lac

 

ATENÇÃO: Para participar é necessário se inscrever aqui 

 

ATENÇÃO: Para participar é necessário se inscrever aqui 

Entidades do movimento negro, imigrantes e comunidade congolesa farão atos em diversas cidades do país e no exterior pedindo justiça pela morte brutal do refugiado Moïse Kabamgabe, no Rio de Janeiro

Publicado: 4 Fevereiro, 2022 – Escrito por: Redação CUT | Editado por: Rosely Rocha

Imagem: NALU VACCARIN / MGIORA

O assassinato brutal a pancadas do jovem congolês Moïse Kabamgabe, de 24 anos, que vivia no Brasil com a mãe e irmãos, todos refugiados políticos, no dia 24 de janeiro, após cobrar o pagamento por dois dias de serviços prestados ao quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, causou revolta e indignação no Brasil.

A naturalidade de como as autoridades policiais trataram o caso, inclusive, com a família de Moïse sendo informada de sua morte três dias depois do ocorrido, e de estar agora sendo intimidada pela polícia, reforça a necessidade dos brasileiros não normatizarem as torturas e assassinatos contra a população negra do país.

O primo dele, Yannick Kamanda, que teve acesso aos vídeos do crime, diz que: “Vieram e bateram nele nas costas com taco de beisebol. Veio outro com uma corda, amarrou ele, com as mãos e as pernas para trás. Passou a mesma corda pelo pescoço. Ficou amarrado no mata-leão, apanhando, tomando taco de beisebol nas costelas”.

O laudo do Instituto Médico Legal (IML) aponta áreas hemorrágicas de contusão nos pulmões e vestígios de bronco aspiração de sangue. Segundo os peritos, a causa da morte foi traumatismo do tórax, com contusão pulmonar, causada por ação contundente. O enterro de Moise foi no domingo (30/01). Depois da repercussão do caso nas redes sociais, as autoridades prenderam três pessoas.

REPRODUÇÃO / FACEBOOK

Moïse Kabamgabe

Mas para que haja justiça para Moïse e punição aos assassinos, os movimentos negro, de imigrantes e congolês, além de diversas organizações sociais farão atos em dezenas de cidades do país e no exterior, neste sábado (5). Em todo Brasil mais de 200 entidades confirmaram presença nos atos.

Em Goiânia (GO) são dois atos. O primeiro foi pela manhã desta sexta (4), em frente à Secretaria de Segurança Pública. O ato também cobrou justiça para Salviano Conceição, Ozanir Batista, Chico Kalunga, Alan Pereira, homens negros assassinados por PMs com 58 tiros. Um segundo ato será realizado na capital de Goiás no sábado. Veja abaixo. 

No início desta noite, às 18 horas haverá ato em Macapá (AP), na escadaria do Teatro das Bacabeiras.

Em Manaus (AM) às 19 h desta sexta haverá um ato no Largo de São Sebastião.

Confira os horários e cidades do Brasil e exterior, dos atos deste sábado (5)

Rio de Janeiro (RJ)

10h -Quiosque Tropicália (Av. Lucio Costa, Posto 8, Barra da Tijuca)

Brasília (DF)

10h – Concentração: Palácio do Itamaraty

São Paulo – Capital

10h – Vão Livre do Masp, Avenida Paulista

Araraquara (SP)

10h – Em frente à prefeitura

São José do Rio Preto (SP)

10h, Júpiter Olímpico Rio Preto

Carapicuíba (SP)

10h – Calçadão, em frente ao Banco do Brasil.

São José dos Campos (SP)

10h – Praça do Sapo

Santos (SP)

10h – em frente à Igreja do Embaré

Pindamonhangaba (SP)

9h – Praça da Cascata

Salvador, (BA)

10 horas – Concentração em frente à casa Jorge Amado, Largo do Pelourinho

Goiânia (GO)

10h – na Praça Cívica

Belo Horizonte (MG)

10h – Praça Sete

Divinópolis (MG)

10h30 – Centro de Comércio Popular / Camelódromo

Os organizadores pedem doação de um quilo de alimento não perecível , para o próximo “Alimento e Ação”.

Porto Alegre (RS)

10h – Arcos da Redenção

Santa Maria (RS)

16 h – Praça Saldanha Marinho

Cuiabá (MT)

09h – Concentração na Praça da Mandioca, em frente ao Centro Cultural Casa das Pretas.

Natal (RN)

09h – Calçadão da Cidade Alta, em frente à C&A

São Luis (MA)

09h – Praça Deodoro

Goiânia (GO)

Recife (PE)

16h – Shopping Boa Vista

Curitiba (PR)

17h – Largo da Ordem (Em frente Igreja do Rosário)

Tocantins (TO)

18h – Praça dos Girassóis

Redenção (CE)

15h – UNILAB Campus Liberdade

No Exterior

Londres (Reino Unido)

12h – Embaixada do Brasil

Berlim (Alemanha)

14h –  Embaixada do Brasil

Nova Iorque (EUA)

11h – Barclays Center, Brooklin

Domingo (6)

Belém (PA)

9h – Praça da República

Mobilize-se

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Outras ações

Para dar visibilidade ao assassinato e cobrar punição dos assassinos, uma carta denúncia também será encaminhada a entidades como a ACNUR – Agência da ONU para Refugiados no Brasil; a UPA – União Panafricana; AIB – Anistia Internacional Brasil e a OAB/RJ – Ordem dos Advogados do Brasil e a Embaixada do Gongo.

A embaixada do Congo no Brasil, informou outros quatro casos de congoleses assassinados com brutalidade no país e cobrou explicações das autoridades. 

*Com informações do Esquerda Online