Pesquisa aponta que 19% das mulheres cogitam deixar o emprego remunerado por causa da pandemia. Entre os motivos estão a sobrecarga de trabalho, redução na remuneração e aumento das responsabilidades domésticas

Escrito por: Andre Accarini

As condições das mulheres no mercado de trabalho nunca foram justas do ponto de vista de igualdade salarial, estabilidade, projeção de carreira e até mesmo no que se refere à violência no ambiente de trabalho, já que são as maiores vítimas de assédio moral e sexual. Na pandemia, a soma das condições de trabalho a da rotina doméstica, onde elas, na maioria dos casos, são as responsáveis pelos cuidados com a casa, os filhos e outros afazeres, aumentou o estresse e a exaustão.

Esse conjunto de fatores, que sempre existiram, mas foram agravados durante a pandemia, quando elas têm de trabalhar, fazer todas as tarefas e ajudar os filhos nas aulas online, está levando algumas mulheres a pensar em desistir de suas carreiras profissionais e pedir demissão.

Pesquisa realizada pela Deloitte Auditoria, publicada no Valor Econômico, que ouviu 500 mulheres no Brasil, revelou que 19% das brasileiras cogitam deixar o trabalho por causa dos efeitos negativos proporcionados pela chamada “nova realidade”.

De acordo com a pesquisa, 41% apontam como motivo a sobrecarga; 35% a redução salarial e maior carga horária; 13% maior comprometimento profissional aliado a mais cuidados familiares; e 10% apontam dificuldade em manter equilíbrio pessoal e profissional.

Metade das entrevistadas afirmou ter sofrido assédio no ambiente de trabalho que incluem questionamentos e julgamentos sobre o trabalho, tratamento desrespeitoso; menos oportunidades do que colegas homens e comentários sexistas.

Para a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Juneia Batista, a pesquisa mostra que as mulheres não estão ‘pensando’ em deixar o mercado de trabalho, e sim, praticamente sendo obrigadas a isso.

“A principal questão é a dupla e tripla jornada. As mulheres estão sendo mais exploradas – as que estão em home office e aquelas que trabalham presencialmente porque agora elas têm de cuidar também do reforço escolar das crianças que estão tendo aulas on- line”, argumenta a secretária, que lembra dos efeitos da reforma Trabalhista que permite a retirada de direitos e outras formas de relação de trabalho que são verdadeiras explorações dos trabalhadores, que já vinham atingindo em cheio as mulheres.

Os fatores que levam as mulheres a abandonar o trabalho não estão relacionados exclusivamente à pandemia, na opinião da dirigente.

“Essa crise só escancarou aquilo que já existia. A violência doméstica, as condições de saúde mental da mulher, a exploração do trabalho em casa, as diferenças salariais, tudo isso sempre existiu, mas aumentou e ficou escancarado com a pandemia”, afirma Juneia.

Segundo a economista do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp, Marilane Teixeira, de fato, o mercado de trabalho para as mulheres, dada a realidade imposta a elas desde sempre, foi o primeiro a ser deteriorado, por isso elas acabam não vendo outra alternativa a não ser abandonar o emprego e a carreira.

“Aquelas que estão mais bem colocadas no mercado, provavelmente, estão vendo suas carreiras estagnarem, paralelamente à sobrecarga de trabalho que tem se tornado comum nas empresas durante a pandemia. Mas as situações mais graves são aquelas em que a mulher não consegue ou não tem condições de conciliar atividades profissionais com afazeres domésticos”, diz Marilane.

É preciso ter em mente que essa ‘nova realidade’, em grande parte, é de famílias em casa, com filhos, e por causa da característica ainda machista da sociedade, o peso maior das responsabilidades – leia-se ‘a cobrança’ – recai sobre as mulheres.

E essa responsabilidade se refletiu no resultado da pesquisa. “Se ficaram trabalhando em casa, veio a sobrecarga justamente por causa das responsabilidades em casa e da profissão e, portanto, veio a dificuldade de se manter no trabalho remunerado”, explica Marilane.

Para aquelas que tiveram de continuar em trabalhos presenciais, o peso não é diferente. “Tiveram, por vezes, até de levar os filhos para o trabalho para continuar cuidando deles, já que não tem com quem compartilhar a responsabilidade – com o pai ou outros familiares”.

Elas não têm com quem deixar os filhos, reforça a economista. “Muitas têm filhos em idade escolar que não estão frequentando a escola, nem a creche, portanto, elas precisam abandonar o trabalho remunerado porque não têm com quem dividir as responsabilidades de casa. Outas tantas são mães chefes de família, inclusive. E são as mulheres mais pobres”, diz Marilane Texieira.

Para reverter esse processo é preciso acabar com o machismo estrutural, acrescenta Juneia. “Em uma sociedade capitalista baseada do patriarcado, como a nossa, a opressão das mulheres é característica principal”.

E isso passa por mudar, pragmaticamente, as relações familiares. “Tem que acabar com essa obrigação de que é a mulher que tem que fazer tudo em casa, acabar com a ideia de que é delas a responsabilidade toda pela casa, que ocasiona na dupla, na tripla jornada”, diz Juneia.

Tem a pandemia e a culpa do governo

“No momento em que estamos num quadro de crise sanitária, econômica e política, em um país que não respeita a classe trabalhadora, com um presidente irresponsável e negacionista é muito difícil conseguir reverter a vulnerabilidade das mulheres para poder mantê-las no mercado de trabalho”, a afirmação é de Juneia Batista, que se refere à conduta de Jair Bolsonaro (ex-PSL) que sequer tem políticas de proteção ao emprego e zomba da pandemia.

Não há por parte do governo nenhuma estratégia, nenhuma ação para enfrentar esse possível êxodo das mulheres em relação ao mercado de trabalho, acrescenta Marilane Teixeira, que ressalta: “Quem teria que tomar iniciativas, realmente é o Estado, no sentido de pensar como amparar e assegurar condições, mas não tem absolutamente nada sobe isso”.

Para a economista do Cesit/Unicamp, esse quadro pode representar um grande atraso para as mulheres, do ponto de vista econômico. “Muitas vão demorar muito para voltar às condições semelhantes às de antes da pandemia”.

Ação sindical

Juneia Batista reforça que a agenda da CUT, do movimento sindical e de movimentos sociais inclui a luta contra a violência, pela igualdade de oportunidades, de combate ao assédio, ao feminicídio, mas uma questão é urgente para a sociedade – a vacinação em massa.

Ela reforça que além da dificuldade das mulheres, a fome tomou conta do Brasil e pensar minimamente em uma reorganização do mundo do trabalho passa pelo enfrentamento à pandemia.

Além das campanhas solidárias de entidades sindicais para ajudar quem precisa, a luta para salvar vidas é prioridade da CUT. E inclui, além da vacinação em massa, a volta do auxílio emergencial de R$ 600 e defesa do serviço público, essencial para os trabalhadores e trabalhadoras mais pobres.

E a dirigente avisa: “a gente tem que mudar esse quadro político atual do país, e não só o presidente, mas os deputados federais e estaduais também, lá em 2022”, alertando para a escolha de representantes que defendam as pautas da classe trabalhadora.

 

 

Os protestos foram em reação ao pronunciamento oficial do presidente na noite desta quarta-feira, 2. Gritos de “FORA BOLSONARO!”, “FORA GENOCIDA!” acompanharam o barulho, confira:

 

 

 

Os servidores devem intensificar a mobilização e acender a luz de alerta diante da agenda acertada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Esse parlamentar cacique do Centrão (grupo que desqualifica a Câmara) anunciou nesta quarta-feira, 2, a criação de uma comissão especial para discutir a proposta de emenda à Constituição (PEC 32) que trata da reforma administrativa.

Como se sabe, a proposta que desfigura as relações de trabalho dos servidores e privatiza os serviços prestados pelo Estado à população, foi considerada constitucional pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, constituída de maioria governista.

A comissão especial será composta por 34 titulares e 34 de suplentes. Com a criação, os líderes partidários deverão indicar os integrantes do colegiado. Ainda não há data para a comissão ser efetivamente instalada.

 

ARTHUR LIRA E JAIR BOLSONARO. FOTO: MARCOS CORRÊA/PR

 

 

 

 

Ex-chefe da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 falou sobre o chamado “tratamento precoce” da doença

Redação Brasil de Fato | São Paulo (SP) |2 de Junho de 2021 

A médica Luana Araújo, ex-chefe da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, disse que “estamos na vanguarda da estupidez”, durante seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid nesta quarta-feira (2).

A médica é uma defensora da vacinação em massa, já disse ser favorável ao isolamento social e contra o chamado “kit covid”, que usa medicamentos sem comprovação científica como um já comprovado ineficaz “tratamento precoce” da doença

As pautas são sensíveis ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido), visto que o presidente já afirmou várias vezes ser contra as medidas de isolamento e ser a favor de drogas sem base científica contra a Covid-19.

Quando questionada se tinha conversado com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, sobre o “tratamento precoce”, ela respondeu que essa teoria nem chegou a ser levantada pelos dois.

Todos nós somos favoráveis a uma terapia precoce que exista. Quando ela não existe, não pode ser uma política de saúde pública. Essa é uma discussão delirante, esdrúxula, anacrônica e contraproducente”, afirmou.

Para ela, é inadmissível que ainda exista uma discussão sobre esse assunto. “Quando eu disse, há um ano, que nós estávamos na vanguarda da estupidez mundial, infelizmente, eu ainda mantenho isso em vários aspectos. Nós ainda estamos aqui discutindo uma coisa que não tem cabimento”, continuou.

Em sua fala, ela ainda fez uma ironia com aqueles que acreditam na teoria de que a Terra é plana. “É como se estivéssemos discutindo de que borda da terra plana vamos pular. Não tem lógica”, disse.

Araújo foi anunciada em maio como chefe da secretaria. Porém, deixou o cargo após dez dias de trabalho. Segundo a revista Veja, ela não teria aceitado algumas determinações que foram impostas pelo Palácio do Planalto e abriu mão de sua posição.

No entanto, em sua fala na Comissão, ela disse que não sabia o motivo pelo qual não tinha continuado no governo. A saída dela ocorreu antes mesmo que seu nome fosse publicado em ato no Diário Oficial da União (DOU).

“O ministro com toda hombridade que ele teve ao me chamar, ao fazer o convite, me chamou ao final e disse que lamentava, mas que a minha nomeação não sairia, que meu nome não teria sido aprovado”, explicou.

Questionada sobre se teve algum tipo de resistência ao seu trabalho, ela disse que não e que só teve contato com o ministro e com algumas pessoas da secretaria. Porém, ela disse que teve dificuldades para tentar montar sua equipe por conta da polarização política que o país enfrenta.

“Infelizmente, por tudo que vem acontecendo, por essa polarização esdrúxula, essa politização incabível, os melhores talentos que temos para trabalhar nessas áreas não estavam exatamente à disposição”, disse.

Em seguida, ela foi questionada pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), se as pessoas não estavam à disposição ou se elas não queriam fazer parte do governo de Bolsonaro. Em resposta, ela disse que “não queriam”.

Edição: Vinícius Segalla

A secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Luana Araújo e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, participam da cerimônia de lançamento da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19.

 

 

 

Ação que pede a correção do FGTS por um índice que não seja a Taxa Referencial (TR), que está zerada, não tem data certa para entrar na pauta do de votação no Supremo

Publicado: 2 Junho, 2021 – Escrito por: Redação CUT

A possibilidade de ter um dinheiro extra num momento de crise econômica profunda que já deixou 14,8 milhões de brasileiras e brasileiros desempregados, o aumento da miséria e a falta de perspectivas para um futuro próximo, tem levado trabalhadores a aderir a uma campanha pelas redes sociais em que pedem a correção do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

O julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) nº 5090, que contesta o uso da Taxa de Referência (TR) como o índice que corrige o saldo do FGTS, estava na pauta do Supremo Tribunal Federal (STF) do dia 13 de maio, mas foi retirada e não há uma nova data para o julgamento.

Nas redes sociais, os trabalhadores se mobilizam usando as hashtag  #JulgaSTF e “adi5090 para pedir que a questão seja pautada pelo STF.

Continuamos pedindo que o @STF_oficial coloque na pauta novamente a #adi5090. Excelentíssimo @LRobertoBarroso poderia explicar porque foi retirada da pauta de maio? #revisaofgts #julgastffgts

— Annicielle (@Annicielle) May 26, 2021

No julgamento, os ministros devem decidir qual o índice que deve corrigir a remuneração do FGTS, já que a TR está zerada, não acompanha os índices de inflação desde 1999. Defensores dos trabalhadores entendem que a correção deve ser baseada no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) ou no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (INPCA-E).

O ministro Luís Roberto Barroso, disse ao jornal Valor Econômico que a Ação Direta de Inconstitucionalidade está liberada para a pauta, mas cabe à presidência do STF, ministro Luiz Fux,  decidir quando será julgada. O Valor apurou que está em estudo a inclusão do tema na pauta do segundo semestre.

CUT acompanha o caso desde 2013

A correção do FGTS tem sido acompanhada pelos sindicatos filiados a CUT, que atuam junto ao STF como “amicus curae” (amigos da Corte ) em que entidades podem defender na mais alta Corte do país os seus interesses, como é o caso do reajuste do Fundo de Garantia que deve beneficiar milhares de trabalhadores.

Já em 2013, a CUT encaminhou modelos de ação coletiva para os seus sindicatos e a maioria entrou com ação, pedindo a revisão a partir de 1999. Além dos sindicatos CUTistas entram com pedidos de revisão da TR, a Defensoria Pública e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC).

O escritório de advogados da LBS que atende a CUT preparou uma série de questões sobre o julgamento da taxa de correção do FGTS. No ‘tira dúvidas’ abaixo, tem, inclusive, a nota que a CUT orientando os sindicatos. Confira.

O que está em jogo

O caso foi parar no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, antes que fosse tomada uma decisão, a mais alta Corte do país, o STF, decidiu impedir que as ações prosseguissem até que seus ministros a analisassem, visto que havia uma Ação Direta de Inconstitucionalidade sobre o tema em tramitação na Corte, a ADI nº 5090.

Na Adin do Solidariedade, o partido argumenta que a correção do FGTS pela TR representa um enorme prejuízo para os trabalhadores – R$ 27 bilhões em 2013 e de R$ 6,8 bilhões apenas nos dois primeiros meses de 2014.

O Solidariedade argumenta ainda que o FGTS pertence ao trabalhador e, ao corrigir as contas em índices menores que a inflação, o governo viola seu direito de propriedade, além de tirar do fundo seu poder aquisitivo real.

De acordo com estimativas publicadas no Conjur, um trabalhador com dez anos de carteira assinada e salário de R$ 2 mil mensais pode receber mais de R$ 5 mil, caso a revisão da correção monetária – e a troca por um índice que mede a inflação – seja aprovada pelo STF.

Já um trabalhador com os mesmos dez anos de carteira e R$ 8 mil de salário pode receber mais de R$ 20 mil se a decisão dos ministros da Corte for favorável à classe trabalhadora. O valor exato, no entanto, depende do período de depósitos e saques efetuados.

O tema é complexo porque além de corrigir o saldo da conta do trabalhador, a Taxa de Referência, que hoje não reflete a inflação, é utilizada também para correção monetária dos empréstimos da compra de imóveis que tiveram como base o financiamento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.

MARCELO CASAL JUNIOR / AGÊNCIA BRASIL

 

 

 

Centenas de organizações devem ir novamente às ruas para cobrar impeachment do presidente

Brasil de Fato | Brasília (DF) 2 de Junho/2021 

As diferentes forças do campo progressista que estiveram envolvidas no ato nacional contra o governo Bolsonaro no último sábado (29) já têm um novo foco no calendário de lutas populares. O segmento divulgou, nesta quarta (2), que irá novamente às ruas em todo o país no próximo dia 19.

A ideia é protestar pelo impeachment do presidente da República, engrossando o coro que hoje paira sobre a Câmara dos Deputados, responsável pelo andamento inicial desse tipo de proposta.

As manifestações, mais uma vez, partem de uma ampla articulação e devem envolver centenas de organizações nacionais, incluindo partidos políticos, centrais sindicais, movimentos populares, entidades estudantis, além de outros coletivos e mobilizadores que atuam na luta social em diferentes frentes.

O calendário com o horário do protesto em cada local do país deve ser divulgado em breve.

Edição: Leandro Melito

 

Assim como ocorreu em outros pontos do país, protesto em Brasília no último sábado (29) destacou especialmente escalada de mortes por covid no Brasil – Renato Cortez

 

 

Em entrevista, a autora Raquel Júnia conta sobre as inspirações para a obra e a entrada na literatura infanto-juvenil

Jaqueline Deister | Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |2 de Junho/2021 

Um livro para inspirar as crianças e lembrar que a esperança em um amanhã melhor não deve ser esquecida. “O Mel mais doce do mundo” marca a entrada da jornalista Raquel Júnia na cena literária e também inaugura a estreia da Editora NPC, do Núcleo Piratininga de Comunicação, no seguimento da literatura infanto-juvenil. 

A obra nasceu a partir das contações de estórias de Raquel para o seu filho Francisco, de seis anos. Em entrevista ao Brasil de Fato, a escritora contou que a personagem principal do livro, a abelhinha Zuleide, é inspirada na militante comunista e professora Zuleide Faria de Melo, que esteve à frente, durante décadas, dos movimentos de solidariedade à Cuba. 

“A conheci quando procurei a Associação Cultural José Martí para ser brigadista em Cuba, em 2009. Me encantei com a força dela logo de cara. Uma senhorinha com tanta presença de espírito, tão convicta do seu trabalho solidário à Cuba. Ela era tão convicta que nem nos deixava espaço para negar os seus pedidos de auxílio na associação. Nesse sentido, ela e a abelhinha são muito parecidas: na bravura, na persistência, na coragem”, relata. 

Além de toda a força e coragem trazida por Zuleide, a autora mineira que vive há 17 anos no Rio de Janeiro lembra que a obra é, antes de tudo, uma semente de afeto e acolhimento para as crianças.

“O que me motiva é aproveitar essa lindeza que é a infância em termos de liberdade, criatividade, e de aportar um grãozinho que seja para que as crianças tenham seu espaço de afeto e acolhida também por meio da literatura e quem sabe, lá na frente, se tornarem também seres humanos mais seguros emocionalmente, completos e responsáveis”, destaca.

Confira a entrevista completa: 

Brasil de Fato: Raquel, “O mel mais doce do mundo” marca o seu lançamento como escritora. Conte um pouco sobre o que te levou a escolher a literatura infanto-juvenil para estrear no mundo dos livros?

Raquel Júnia: Eu acho que não foi bem uma escolha, mas uma caminhada despretensiosa e o encantamento que sempre tive com o potencial desse universo confluíram para eu dar esse passo.

A literatura infanto-juvenil sempre esteve presente de forma próxima na minha vida, minha mãe por alguns anos foi bibliotecária na escola pública que estudei no primário e também tinha uma função de contar estórias nas turmas, então isso sempre me inspirou. Já adulta, sempre fiquei muito tempo na livraria lendo livros infantis e procurando aqueles adequados para comprar para meus afilhados.

Mas a ideia de escrever ‘da minha cabeça’ começou a acontecer para mim ao mesmo tempo em que me tornei mãe.

Francisco sempre queria mais e mais estórias antes de dormir. Uma vez viajamos 13h de ônibus do Rio até minha cidade natal e foram pelo menos umas quatro horas inventando personagens e narrativas, algumas dessas eu pensei: “puxa, essa é legal”. Acabou que nenhuma delas foi para o papel, mas, um tempo depois, em outra força-tarefa de colocá-lo para dormir, criei a da abelhinha Zuleide e achei que tivesse mais potencial. 

Meu marido Flávio foi o primeiro a ler e gostou. E assim continuei apostando nela. Outras amigas leram e também consideraram que era bacana. Com duas amigas, trabalhamos a ideia de uma pequena editora infanto-juvenil, que por motivos pessoais e de pandemia, acabou não indo para frente, mas foi um processo que me ajudou muito também a acreditar que “O Mel mais doce do mundo” poderia dar certo. 

Em mais um desses belos encontros da vida, um almoço com a Claudinha [Claudia Santiago – coordenadora do NPC] pouco antes da pandemia, contei a ideia do livro, ela gostou, me incentivou, trabalhou na editoração, fez a ponte com o Carlos Contente, que ilustrou lindamente e aqui estamos!

O que me motiva é aproveitar essa lindeza que é a infância em termos de liberdade, criatividade, e de aportar um grãozinho que seja para que as crianças tenham seu espaço de afeto e acolhida também por meio da literatura e quem sabe, lá na frente, se tornarem também seres humanos mais seguros emocionalmente, completos e responsáveis. 

O livro é inspirado na professora e militante comunista Zuleide Faria de Melo. Por que a escolha de Zuleide? Como ela contribui na obra?

Assim que criei “O Mel mais doce do mundo” fiquei pensando no nome da abelhinha corajosa e na mesma hora me veio a professora Zuleide. A conheci quando procurei a Associação Cultural José Martí para ser brigadista em Cuba, em 2009. Me encantei com a força dela logo de cara. Uma senhorinha com tanta presença de espírito, tão convicta do seu trabalho solidário à Cuba, tão dedicada a formar os brigadistas.

Eu, meu companheiro e outras amigos queridos, ficamos por algum tempo colaborando com a associação e surgiu a ideia de que ela nos desse um curso de marxismo. Foi uma experiência incrível que me aproximou mais ainda dela. Foi a primeira vez que entendi bem o que era dialética, já depois de formada.

Zuleide não media esforços para manter a associação viva, assim como a solidariedade à Cuba.

Ela era tão convicta que nem nos deixava espaço para negar os seus pedidos de auxílio na associação. Nesse sentido, ela e a abelhinha são muito parecidas: na bravura, na persistência, na coragem. Durante essa convivência, ela nos contou muitas histórias desde a resistência à ditadura, a militância no PCB [Partido Brasileiro Comunista], no Conselho Brasileiro de Defesa da Paz. Considerei que seria uma bela homenagem a ela. 

O livro marca a entrada da editora NPC no segmento infanto-juvenil. Qual o desafio de fazer literatura para esse público em um momento em que as telas ganham cada vez mais espaço na vida das crianças?

Eu acho que as crianças querem ler, se encantam com os livros, querem manusear, querem ter em seus quartos. É interessante porque a fixação pelas telas também é verdadeira. Aqui em casa eu vivo esses dois universos.

O desafio talvez seja a disposição emocional dos adultos em promover a literatura, em incentivar, e não só os cuidadores imediatos, mas a sociedade como um todo, as escolas, espaços públicos que estimulem essa conexão das crianças com a literatura, que tornem os livros acessíveis, porque diferente das telas, em que elas ficam muito bem sozinhas, absortas, os livros, principalmente na primeira infância, precisam de mediação.


A escritora e jornalista Raquel Júnia, autora de “O Mel mais doce do mundo” / Foto: divulgação

Eu acho que os desafios passam por aí e, é claro, tem todas as questões financeiras e de concentração da distribuição e do mercado editorial, mas potencial e interesse por parte das crianças existe. Acredito muito inclusive também na mediação entre os dois universos – dos livros e das telas. Livros que tem atividades nas telas e vice-versa também têm funcionado, há muita gente boa disposta e criando essas mediações.

Um exemplo de que esse mercado é produtivo são os clubes de assinatura de literatura infantil, que atualmente tem muitos assinantes, acredito que existam pelo menos três grandes projetos desse tipo no país. Muitas famílias também tem considerado a literatura como algo muito importante de se incentivar na infância.

 

Como sempre, precisamos de mais políticas públicas e de espaços democráticos e acessíveis que promovam isso para todas as crianças e adolescentes nos espaços populares. 

 

Já está com outras ideias de livros? Poderia nos contar?

Quem sabe na hora de colocar Francisco para dormir hoje não apareça outra boa estória? Tenho algumas ideias sim, que vão e vem. Falta colocar no papel. Mas espero que o lançamento de “O Mel mais doce do mundo” me motive a seguir nessa caminhada que tanto me faz bem.

Edição: Mariana Pitasse

 

 

 

Fomos surpreendidos com mais um ataque à renda dos trabalhadores. Dessa vez, sob o argumento da troca de sistema de gestão por parte do governo federal, a interrupção do pagamento de mais de 50 ações judiciais nos afetou de forma muito dura. Alguns de nós descobrimos, subitamente, o “sumiço” de metade do valor do contracheque.

O motivo do bloqueio é o desligamento do SICAJ, antigo sistema de gerenciamento, e a exigência de documentos comprobatórios que precisam ser inseridos no novo sistema adotado.

Mais uma vez, a burocracia é utilizada de forma fria e desumana pelo governo Bolsonaro. No entanto, não conseguimos entender o motivo dos servidores que constam na relação divulgada pela PR-4 não serem convocados com antecedência para o diálogo, possibilitando que os documentos processuais e pareceres de força executória necessários para desbloquear o pagamento fossem providenciados, impedindo os cortes.

Nosso departamento jurídico está debruçado sobre este caso para buscar alternativas no âmbito judicial que garantam os nossos direitos. Informaremos em breve as ações que adotaremos.

 

Direção do Sintufrj – Gestão Ressignifcar

Atenção servidora e servidor técnico-administrativo em educação: se você é uma cuidadora ou cuidador e percebe que essa função influencia nas suas relações de trabalho, em especial, no processo de avaliação de desempenho, o Grupo de Trabalho Parentalidade e Equidade de Gênero da UFRJ orienta para que você responda ao questionário.

Para isso, basta clicar no link: https://bit.ly/2TqEh9M para ter acesso ao formulário. Após responder às perguntas do questionário, clique no enviar. As respostas ficarão tabeladas na conta do google para análise. Não há campo de identificação, portanto, não se preocupe porque a sua identidade não será revelada.

Prazo – Os servidores cuidadores têm até o dia 6 de junho para responder ao questionário, que deve ser feito por quem tem filho ou guarda de menor, com idade inferior ou igual a 12 anos, e/ou seja responsável direto pelos cuidados a idosos ou pessoas com deficiência ou transtorno mental.

Qualidade de vida 

Os representantes dos servidores técnico-administrativos no GT Parentalidade e Equidade de Gênero da UFRJ tomou essa iniciativa visando a melhoria da qualidade de vida das trabalhadoras e trabalhadores que desempenham a função de cuidador, informou Nathália Machado, assistente em administração da Coordenação-Geral dos Cursos de Engenharia, do campus UFRJ-Macaé.   

Mas, para que isso ocorra, é preciso ter em mãos informações sobre como era a vida dos servidores cuidadores antes e durante a pandemia do novo coronavírus, estando eles trabalhando para a universidade pelo sistema remoto, presencial ou híbrido. 

As informações apuradas por meio dos questionários subsidiarão  ações da Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4) voltadas ao bem-estar físico e emocional das servidoras e servidores cuidadores. 

 Ajude na divulgação! 

É muito importante que o formulário circule o mais rápido possível entre os servidores técnico-administrativos, via e-mail e por grupos de whatsapp da UFRJ. Com ajuda de várias pessoas, algumas unidades já estão cientes do questionário. Mas como o processo de avaliação de desempenho se iniciará em breve, em julho, pela PR-4 para preenchimento do plano de trabalho, há pouco tempo para propor novas ações visando contemplar os servidores cuidadores. 

Por isso, é necessário acelerar a divulgação do formulário e, consequentemente, o reenvio do questionário respondido.

ACESSE O FORMULÁRIO: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSey2L-kgq2RThpq5Gv60ts4oXosaHqzS-XVsTbBTbv_srJyWA/viewform

 

 

 

Abaixo-assinado com mais de cem mil adesões será entregue no dia 9 à Câmara. Assine! Ainda há tempo

De 7 a 11 de junho está programado o início da nova fase de tramitação da reforma Administrativa do governo Bolsonaro, a PEC 32/2020. Vencida a etapa na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, que aprovou a admissibilidade constitucional da proposta, agora o embate se dará na Comissão Especial. A previsão é que ela deva ser formada na próxima semana.

A Comissão Especial avaliará o conteúdo da PEC e terá o prazo de 40 sessões do plenário para proferir parecer. Depois, a PEC deverá ser votada pelo plenário em dois turnos, com intervalo de cinco sessões entre uma e outra votação. Para ser aprovada, precisa de pelo menos 308 votos (3/5 dos deputados) em cada uma das votações.

A batalha do funcionalismo segue seu curso. “Ganhamos mais um tempo com a leitura pelo presidente da Câmara do requerimento para a formação da Comissão Especial semana que vem. E tempo para nós é importante para barrar essa PEC 32”, informa um dos coordenadores da Frente Parlamentar Mista do Serviço Público, deputado Rogério Correia (PT-MG).

STF julga pedido de suspensão dia 9

Rogério Correia informou que está para ser julgado o pedido de suspensão da tramitação da PEC 32 no STF. “A Frente Servir Brasil [Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público] entrou faz um tempo com pedido de suspensão da tramitação, que será julgado no dia 7 de junho. Então vamos torcer para que o STF suspenda a tramitação”, adiantou.

Segundo o parlamentar petista, a alegação da Servir Brasil é a da Frente do Serviço Público, a de que não há dados. “O ministro Paulo Guedes não colocou um dado sequer para explicar economicamente o significado dessa PEC. Apenas chutes. Falou em bilhões, depois milhões, enfim ninguém sabe absolutamente nada o que eles pretendem com essa PEC”, observou.

Abaixo-assinado

Além do julgamento no STF, o abaixo-assinado pela suspensão da tramitação da PEC deve ser entregue ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) na próxima semana. 

“Nós estamos marcando provavelmente para o dia 9 de junho, data a ser confirmada, a entrega ao presidente Artur Lira do nosso abaixo-assinado.  Está com quase 100 mil assinaturas. Entregaremos também o manifesto assinado pelas entidades e pelas frentes”, prevê Rogério Correia.

“Continuamos na luta. É muito importante que a gente agora e mais ainda depois do 29M permaneçamos na luta. E que seja pressionado cada deputado e deputada para votar contra essa PEC 32 e não permitir que ela tramite”, sustentou.

Tramitação

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou o relatório da admissibilidade da reforma administrativa do governo Bolsonaro, isto é, a considerou constitucional, em sessão dia 25 de maio. Foram 39 votos a favor e 26 contra. Dois deputados do Rio de Janeiro, Carlos Jordy (PSL) e Christino Aureo (PP) votaram a favor.

Ressalvas feitas pelo relator deputado Darci de Matos (PSD-SC) foram técnicas. O fundamental está preservado, isto é, o fim do Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos, o fim da estabilidade, a criação de cinco novos modelos de contrato trazendo a precarização do trabalho no serviço público, alterações no concurso público, nas férias, entre outras covardias para a grande massa do funcionalismo.

Agora, o texto da proposta de emenda à Constituição (PEC) que altera as regras para os servidores públicos municipais, estaduais e federais segue para a comissão especial, que ainda será instalada pelo presidente da Casa, Arthur Lira.

Estratégia 

O ex-diretor do Dieese e Diap, hoje assessor da Frente Parlamentar Mista do Serviço Público, Vladimir Nepomuceno, explica que a oposição segue buscando atrasar o máximo possível a tramitação, a fim de aproximar do período pré-eleitoral, o que pode fazer com que muitos parlamentares prefiram não votar a PEC, com o receio de que isso lhes tire votos em 2022. 

“Além disso, a oposição também busca impedir que o governo tenha os 308 votos (3/5 do total de deputados) necessários para a aprovação da PEC em plenário. Durante a tramitação na Comissão Especial, a oposição trabalhará para a rejeição da PEC 32 e, na impossibilidade disso, trabalhar para desfigurá-la ainda na Comissão Especial, o que levaria, ou à retirada do texto, ou a um relatório possível de não aprovação em plenário”, coloca Vladimir.

DIGA NÃO À PEC 32/2020 – REFORMA ADMINISTRATIVA

Precisamos impulsionar a assinatura do abaixo-assinado contra a Reforma Administrativa. A entrega está prevista para 9/6:

A Frente Parlamentar Mista do Serviço Público angaria assinaturas através de abaixo-assinado para pressionar o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a suspender a tramitação da PEC de desmantelamento do serviço público. Estamos chegando a 100 mil assinaturas. Esse abaixo-assinado está previsto para ser entregue a Arthur Lira em audiência a ser marcada pela Frente Parlamentar Mista na próxima semana.

https://www.change.org/p/deputado-arthur-lira-pp-al-suspens%C3%A3o-da-pec-32-2020-reforma-administrativa-na-pandemia?recruiter=46820843&recruited_by_id=63a8e280-82de-0130-db8e-3c764e049c4f

Manifesto do Serviço Público contra a PEC 32/2020 

“A Reforma Administrativa faz mal ao Brasil! O governo Bolsonaro já não inclui o povo no orçamento público, congelando investimentos e deixando a população com atendimento precário na saúde, educação e assistência. Agora, com a PEC 32 que tramita no Congresso Nacional, quer entregar para a iniciativa privada todos esses serviços, deixando o povo sem nada! Assista ao vídeo, entenda os perigos da PEC 32 e lute com a gente pelo Brasil!”