A vacinação no Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap), da Universidade Federal Fluminense, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, começou na quarta-feira, 20 de janeiro, e se estendeu até esta segunda-feira 25. Foram imunizados apenas os profissionais que fazem atendimento direto ao coronavírus, isto é, os da linha de frente, sendo seguidos pelos de retaguarda. 

Segundo a coordenadora geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal Fluminense (Sintuff), Bernarda Gomes, o Huap recebeu número insuficiente de vacinas, 600 doses. “Isso dará para uma minoria de trabalhadores da saúde do Huap”, atesta.  

Como se sabe, o procedimento criminoso do governo Bolsonaro em relação à pandemia tem como uma das consequências esse plano de vacinação desorganizado, sem calendário definido e com quantidade de doses insuficiente para atender até os grupos considerados prioritários.

Na UFF, a aplicação da Coronavac em duas etapas está obedecendo ao seguinte calendário: A primeira dose foi aplicada até esta segunda-feira, 25 de janeiro. Para o próximo mês está programada a segunda dose. Ainda não há data definida para as fases seguintes, pois o cronograma depende de liberação de mais doses da vacina pelo governo federal.

A UFF pretende incluir ainda sua comunidade acadêmica no programa de vacinação, por meio de cooperação com a prefeitura de Niterói. O objetivo é no final de fevereiro iniciar a vacinação em servidores docentes e técnico-administrativos. A reitoria espera ampliar a vacinação para depois de abril a toda comunidade acadêmica.

A UFF colocou também à disposição da prefeitura toda a infraestrutura (freezers, espaços adequados, etc.) e equipes de profissionais de saúde para contribuir para a realização da vacinação da população de Niterói.

Gaffréé Guinle

No Hospital Universitário Gaffrée Guinle (HUGG), pertencente à Unirio, que também recebeu apenas 600 doses, o critério de prioridade é o mesmo: quem está trabalhando com o atendimento direto a pacientes com Covid-19. Isso corresponde a 20% da força de trabalho do hospital. 

A imunização ocorrerá em duas semanas, segundo a programação realizada pelo HUGG. A direção do hospital, seguindo a orientação do Plano Nacional de Imunização e da Secretaria Municipal de Saúde, utilizará todas as doses agora, e aguardará o recebimento da 2ª dose. 

De início, serão vacinados os servidores e colaboradores da equipe multidisciplinar que estão, no momento, na linha de frente em atendimento aos pacientes acometidos pela Covid-19 (Setor de Triagem, Radiologia, CTI e Enfermaria Covid-19, 8ª Enfermaria e Maternidade). 

Fachada do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG).

 

Um inquérito epidemiológico para estimar os casos de Covid-19 na UFRJ está sendo realizado. Ele envolve professores, técnicos-administrativos, alunos de graduação e de pós-graduação (residência, inclusive), trabalhadores terceirizados e permissionários.

A iniciativa é da reitoria, do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (Iesc) e Faculdade de Medicina. A ideia é reunir informações para subsidiar o monitoramento dos impactos da pandemia e o planejamento das atividades acadêmicas e administrativas. A expectativa da coordenação da Epicovid UFRJ é apresentar o relatório final em cerca de 15 dias a um mês após o término da coleta, que se encerra em 6 de março.

“A realização do estudo Epicovid UFRJ foi motivada pela necessidade de respostas a perguntas a respeito da ocorrência de Covid-19 na comunidade da UFRJ, desde o início da pandemia em 2020”, explica o coordenador do estudo, Antônio José Leal Costa, médico sanitarista, epidemiologista, professor de epidemiologia do Iesc e atual diretor do instituto.

“Num cenário de tanta incerteza somente dispondo de informações válidas poderemos superar os desafios impostos pela pandemia de Covid-19. O Epicovid UFRJ é uma das estratégias direcionadas à produção dessas informações”, afirma.

Perguntas 

“Quantos servidores docentes e técnicos administrativos, alunos, trabalhadores terceirizados e permissionários que compõem a comunidade da UFRJ adoeceram com Covid-19 desde o início da pandemia em março de 2020? Entre os que adoeceram, quantos apresentaram sintomas? Quantos foram internados? Como se deu o acesso aos testes para confirmação diagnóstica? A ocorrência da Covid-19 se deu de forma homogênea em todos os campi e decanias? Como os casos se distribuíram ao longo do tempo e segundo o sexo e a idade dos membros da nossa comunidade? Qual é a prevalência de condições crônicas de risco para formas graves de Covid-19, como hipertensão arterial e diabetes?”.

São estas perguntas e outras mais as quais se pretende responder no estudo Epicovid UFRJ, informa Antônio José, que coordena também o projeto “Diagnóstico e tomada de decisões em Saúde Pública, Meio Ambiente e Economia, através de modelagem e aplicação de algoritmos utilizando Lógica Fuzzy, em apoio ao enfrentamento da epidemia de Covid-19”.

É um estudo corajoso e robusto, haja vista que a comunidade universitária da UFRJ é similar à população de um município de médio porte, contabilizada em cerca de 80 mil pessoas, número maior que a população das cidades de Paraty e Arraial do Cabo juntas.

“O estudo Epicovid UFRJ é uma das iniciativas em curso para o provimento de informações que possibilitem a comunidade da UFRJ compreender como a pandemia de Covid-19 vem nos afetando. Somamos cerca de 80 mil pessoas que compartilham diariamente espaços comuns em diferentes campi e unidades, experiências essas que influenciam nosso estado de saúde”, declara Antônio José. 

O coordenador do Epicovid UFRJ ressalta a importância desse estudo na comunidade: 

“Esse estudo é também uma importante contribuição para a organização da vigilância em saúde na UFRJ, dirigida a toda comunidade acadêmica. As informações coletadas nos permitirão gerar indicadores para o monitoramento da pandemia, sua evolução ao longo do tempo, sua distribuição entre os diferentes segmentos, campi e unidades, assim como dimensionar as prevalências e condições crônicas de risco para as formas mais graves de Covid-19. Esses indicadores auxiliarão também no planejamento das decisões a respeito das atividades acadêmicas e administrativas”.

Participação voluntária

A participação é voluntária e o estudo pode ser acessado na página https://formularios.tic.ufrj.br/index.php/796291. Será solicitado um e-mail de contato e, em seguida, a Universidade enviará o link do inquérito epidemiológico para a caixa de entrada do participante. 

Não é necessário ter sido acometido pela doença para participar. As respostas são individuais e não identificadas a fim de preservar o sigilo das informações fornecidas. Os resultados gerados a partir dos dados agregados, sem qualquer referência individual, serão encaminhados à Reitoria da UFRJ para divulgação à comunidade universitária.

A equipe coordenadora do estudo Epicovid UFRJ é composta por servidores docentes e técnicos administrativos e alunos vinculados ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) do Iesc. Participam também, sob supervisão, alunos do curso de Graduação em Saúde Coletiva, coordenado pelo Iesc.

 

 

 

Em um mês, números de Ruim/Péssimo do presidente cresceram 8 pontos em meio à falta de vacinas e ao colapso sanitário provocado pela segunda onda da pandemia

Matéria retirada do site da Revista Fórum

Levantamento do instituto Datafolha divulgado nesta sexta-feira (22) mostra um aumento substancial na rejeição ao presidente Jair Bolsonaro diante da crise provocada pela ausência de um plano robusto de vacinação contra a Covid-19 e o colapso do sistema de saúde provocada pela segunda onda da pandemia.

Segundo a pesquisa, a avaliação Ruim/Péssimo subiu de 32% para 40% entre dezembro e janeiro. No mesmo período, o Bom/Ótimo caiu de de 37% para 31%. Outros 26% consideram Regular.

A mudança de quadro foi tão brusca que fez o presidente se aproximar dos piores números desde o início do mandato. Em agosto do ano passado, o Ruim/Péssimo era de 44%, mas vinha subindo aos poucos.

Os números dialogam com pesquisa Exame/Ideia, que mostra uma queda de 11% percentuais na popularidade de Bolsonaro na pesquisa.

Esses números se apresentam no mesmo momento em que a pauta do impeachment do presidente ganha nova força, principalmente por conta do novo colapso do sistema de saúde de Manaus, que registrou mortes de pacientes por falta de oxigênio.

Enquanto a população reconhece a responsabilidade de Bolsonaro no atraso das vacinas, a oposição se articulamobilizações são convocadas e as buscas sobre impeachment disparam no Google.

Mesmo assim, o apoio ao impeachment, segundo o Datafolha, ainda não é muito alto. Enquanto 42% defendem o impedimento do mandatário, 53% são contrários. Nesse ponto, os números são mais favoráveis ao ex-capitão do que em maio de 2020.

Confira aqui os dados do Datafolha

 

 

 

Ao analisar 3.049 normas federais produzidas em 2020, a Faculdade de Saúde Pública da USP e a Conectas Direitos Humanos mostram por que o Brasil já superou mais de 212.000 mortes por covid-19

Matéria retirada do site do El País.

A linha de tempo mais macabra da história da saúde pública do Brasil emerge da pesquisa das normas produzidas pelo Governo de Jair Messias Bolsonaro relacionadas à pandemia de covid-19. Num esforço conjunto, desde março de 2020, o Centro de Pesquisas e Estudos de Direito Sanitário (CEPEDISA) da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) e a Conectas Direitos Humanos, uma das mais respeitadas organizações de justiça da América Latina, se dedicam a coletar e esmiuçar as normas federais e estaduais relativas ao novo coronavírus, produzindo um boletim chamado Direitos na Pandemia – Mapeamento e Análise das Normas Jurídicas de Resposta à Covid-19 no Brasil. Nesta quinta-feira (21/1), lançam uma edição especial na qual fazem uma afirmação contundente: “Nossa pesquisa revelou a existência de uma estratégia institucional de propagação do vírus, promovida pelo Governo brasileiro sob a liderança da Presidência da República”.

Obtida com exclusividade pelo EL PAÍS, a análise da produção de portarias, medidas provisórias, resoluções, instruções normativas, leis, decisões e decretos do Governo federal, assim como o levantamento das falas públicas do presidente, desenham o mapa que fez do Brasil um dos países mais afetados pela covid-19 e, ao contrário de outras nações do mundo, ainda sem uma campanha de vacinação com cronograma confiável. Não é possível mensurar quantas das mais de 212.000 mortes de brasileiros poderiam ter sido evitadas se, sob a liderança de Bolsonaro, o Governo não tivesse executado um projeto de propagação do vírus. Mas é razoável afirmar que muitas pessoas teriam hoje suas mães, pais, irmãos e filhos vivos caso não houvesse um projeto institucional do Governo brasileiro para a disseminação da covid-19.

Há intenção, há plano e há ação sistemática nas normas do Governo e nas manifestações de Bolsonaro, segundo aponta o estudo. “Os resultados afastam a persistente interpretação de que haveria incompetência e negligência de parte do governo federal na gestão da pandemia. Bem ao contrário, a sistematização de dados, ainda que incompletos em razão da falta de espaço na publicação para tantos eventos, revela o empenho e a eficiência da atuação da União em prol da ampla disseminação do vírus no território nacional, declaradamente com o objetivo de retomar a atividade econômica o mais rápido possível e a qualquer custo”, afirma o editorial da publicação. “Esperamos que essa linha do tempo ofereça uma visão de conjunto de um processo que vivemos de forma fragmentada e muitas vezes confusa”.

A pesquisa é coordenada por Deisy Ventura, uma das juristas mais respeitadas do Brasil, pesquisadora da relação entre pandemias e direito internacional e coordenadora do doutorado em saúde global e sustentabilidade da USP; Fernando Aith, professor-titular do Departamento de Política, Gestão e Saúde da FSP e diretor do CEPEDISA/USP, centro pioneiro de pesquisa sobre o direito da saúde no Brasil; Camila Lissa Asano, coordenadora de Programas da Conectas Direitos Humanos; e Rossana Rocha Reis, professora do departamento de Ciência Política e do Instituto de Relações Internacionais da USP.

A linha do tempo é composta por três eixos apresentados em ordem cronológica, de março de 2020 aos primeiros 16 dias de janeiro de 2021: 1) atos normativos da União, incluindo a edição de normas por autoridades e órgãos federais e vetos presidenciais; 2) atos de obstrução às respostas dos governos estaduais e municipais à pandemia; e 3) propaganda contra a saúde pública, definida como “o discurso político que mobiliza argumentos econômicos, ideológicos e morais, além de notícias falsas e informações técnicas sem comprovação científica, com o propósito de desacreditar as autoridades sanitárias, enfraquecer a adesão popular a recomendações de saúde baseadas em evidências científicas, e promover o ativismo político contra as medidas de saúde pública necessárias para conter o avanço da covid-19”.

Os autores assinalam que a publicação não apresenta todas as normas e falas coletadas e armazenadas no banco de dados da pesquisa, mas sim uma seleção que busca evitar a repetição e apresentar o mais relevante para a análise. Os dados foram selecionados junto à base de dados do projeto Direitos na Pandemia, à jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal de Contas da União, além de documentos e discursos oficiais. No eixo que definem como propaganda, foi também realizada uma busca na plataforma Google para a coleta de vídeos, postagens e notícias.

A análise mostra que “a maioria das mortes seriam evitáveis por meio de uma estratégia de contenção da doença, o que constitui uma violação sem precedentes do direito à vida e do direito à saúde dos brasileiros”. E isso “sem que os gestores envolvidos sejam responsabilizados, ainda que instituições como o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal de Contas da União tenham, inúmeras vezes, apontado a inconformidade à ordem jurídica brasileira de condutas e de omissões conscientes e voluntárias de gestores federais”. Também destacam “a urgência de discutir com profundidade a configuração de crimes contra a saúde pública, crimes de responsabilidade e crimes contra a humanidade durante a pandemia de covid-19 no Brasil”.

Os atos e falas de Bolsonaro são conhecidos, mas acabam se diluindo no cotidiano alimentado pela produção de factoides e de notícias falsas, no qual a guerra de ódios é também uma estratégia para encobrir a consistência e persistência do projeto que avança enquanto a temperatura é mantida alta nas redes sociais. A publicação provoca choque e mal estar ao sistematizar a produção explícita de maldades colocadas em prática por Bolsonaro e seu governo durante quase um ano de pandemia. Um dos principais méritos da investigação é justamente articular as diversas medidas oficiais e falas públicas do presidente na linha do tempo. Dessa análise meticulosa emerge o plano, com todas as suas fases devidamente documentadas.

Também torna-se explícito contra quais populações se concentram os ataques. Além dos povos indígenas, a quem Bolsonaro nega até mesmo água potável, há uma série de medidas tomadas para impedir que os trabalhadores possam se proteger da covid-19 e fazer isolamento. O governo amplia o conceito de atividades essenciais até mesmo para salões de beleza e busca anular o direito ao auxílio emergencial de 600 reais determinado pelo Congresso a várias categorias. Ao mesmo tempo, busca implantar um duplo tratamento aos profissionais de saúde: Bolsonaro veta integralmente o projeto que prevê compensação financeira para aqueles trabalhadores que ficarem incapacitados em consequência de sua atuação para conter a pandemia e tenta isentar os funcionários públicos de qualquer responsabilidade por atos e omissões no enfrentamento à covid-19. Em resumo: o trabalho duro e arriscado de prevenção e combate numa pandemia é desestimulado, a omissão é estimulada.

Através de retenção de recursos destinados à covid-19, o Governo prejudica a assistência aos doentes na rede pública de Estados e municípios. A guerra contra governadores e prefeitos que tentam implementar medidas de prevenção e combate ao vírus é constante. Por meio de vetos, Bolsonaro anula mesmo as medidas mais básicas, como obrigatoriedade de máscaras dentro de estabelecimentos com autorização para funcionar. Muitas de suas medidas e vetos são depois derrubadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ou pelo próprio Legislativo.

Esse é outro ponto importante: a análise dos dados mostra também o quanto a situação do Brasil poderia ser ainda mais trágica caso o STF e outras instâncias não tivessem barrado várias das medidas de propagação do vírus produzidas pelo Governo. Apesar da fragilidade demonstrada pelas instituições e pela sociedade, é visível o esforço de parte dos protagonistas para tentar anular ou neutralizar os atos de Bolsonaro. É possível fazer o exercício de projetar o quanto todos esses esforços, somados e associados a um governo disposto a prevenir a doença e combater o vírus, poderiam ter feito para evitar mortes em um país que conta com o Sistema Único de Saúde (SUS). Em vez disso, Bolsonaro produziu uma guerra em que a maior parte da energia de parte das instituições e da sociedade organizada foi dissipada para reduzir os danos produzidos por suas ações, em vez de se concentrar em combater a maior crise sanitária em um século.

Quase um ano depois do primeiro caso de covid-19, resta saber se as instituições e a sociedade que não estão acumpliciadas com Bolsonaro serão fortes o suficiente para, diante do mapa de ações institucionais de propagação do vírus, finalmente barrar os agentes de disseminação da doença. O uso da máquina do Estado para promover destruição tem sido determinante para produzir a realidade atual de mais de 1.000 covas abertas por dia para abrigar pessoas que poderiam estar vivas. Na gaveta de Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara, há mais de 60 pedidos de impeachment. No Tribunal Penal Internacional, pelo menos três comunicações relacionam genocídio e outros crimes contra a humanidade à atuação de Bolsonaro e membros do governo relacionadas à pandemia. As próximas semanas serão decisivas para que os brasileiros digam quem são e o que responderão às gerações futuras quando lhes perguntarem onde estavam quando tantos morreram de covid-19.

A seguir, os principais pontos da linha do tempo das ações de Jair Bolsonaro e seu Governo:

MARÇO(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 10: 1º-7/03/2020)

CASOS ACUMULADOS: 19 – ÓBITOS ACUMULADOS: 0

“Pequena crise”

Uma portaria da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) tenta abrir uma brecha para o acesso de não indígenas, “em caráter excepcional”, com o objetivo de realizar “atividades essenciais” em territórios de povos isolados. A medida busca usar a covid-19 para criar uma porta de acesso a comunidades que nunca tiveram contato com não indígenas (nem com seus vírus e bactérias) ou que decidiram viver sem contato.

O que Bolsonaro diz:
“OBVIAMENTE TEMOS NO MOMENTO UMA CRISE, UMA PEQUENA CRISE. NO MEU ENTENDER, MUITO MAIS FANTASIA. A QUESTÃO DO CORONAVÍRUS, QUE NÃO É ISSO TUDO QUE A GRANDE MÍDIA PROPALA OU PROPAGA PELO MUNDO TODO

EM 7/3, EM MIAMI, NA FLÓRIDA, REGIÃO CONSIDERADA DE ALTO RISCO. PELO MENOS 23 PESSOAS DE SUA COMITIVA FORAM INFECTADAS

ABRIL(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 15: 5-10/4)

CASOS ACUMULADOS: 20.818 – ÓBITOS ACUMULADOS: 699

Troca de ministro

UESLEI MARCELINO / REUTERS

Bolsonaro demite o ministro da Saúde durante a pandemia. Luiz Henrique Mandetta, além de político, é médico. A principal razão da demissão é a discordância sobre o uso da cloroquina e sobre a atuação pautada pelas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ao final de março, segundo Mandetta, o presidente passou a buscar assessoria para se contrapor aos dados e à estratégia do Ministério da Saúde: “O Palácio do Planalto passou a ser frequentado por médicos bolsonaristas. (…) Ele [Bolsonaro] queria no seu entorno pessoas que dissessem aquilo que ele queria escutar. (…) Nunca na cabeça dele houve a preocupação de propor a cloroquina como um caminho de saúde. A preocupação dele era sempre: ‘Vamos dar esse remédio porque, com essa caixinha de cloroquina na mão, os trabalhadores voltarão à ativa, voltarão a produzir’. (…) O projeto dele para o combate à pandemia é dizer que o governo tem o remédio e quem tomar o remédio vai ficar bem. Só vai morrer quem ia morrer de qualquer maneira”.

O Congresso aprova o auxílio emergencial de 600 reais, medida parlamentar que seria equivocadamente associada a Bolsonaro por grande parte dos beneficiados, resultando em aumento de popularidade para o presidente.

O que Bolsonaro diz:
“E DAÍ? LAMENTO, QUER QUE FAÇA O QUÊ? EU SOU ‘MESSIAS’, MAS EU NÃO FAÇO MILAGRE

28/4, AO COMENTAR O NÚMERO DE MORTOS DURANTE UMA ENTREVISTA, FAZENDO REFERÊNCIA AO SEU NOME DO MEIO

MAIO(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 19: 3-9/5)

CASOS ACUMULADOS: 155.939 – ÓBITOS ACUMULADOS: 3.877

Guerra com Estados

JOÉDSON ALVES / EFE

Bolsonaro usa decretos para boicotar as determinações de prevenção e combate à covid-19 de estados e municípios. Para isso, amplia o entendimento do que é atividade essencial durante uma pandemia e que, portanto, pode seguir funcionando apesar do agravamento da emergência sanitária. Assim, a área de construção civil, salões de beleza e barbearias, academias de esporte de todas as modalidades e serviços industriais em geral passam a ser “atividades essenciais”.

O presidente tenta ainda isentar os agentes públicos de serem responsabilizados, civil e administrativamente, por atos e omissões no enfrentamento da pandemia. Bolsonaro também veta o auxílio emergencial de 600 reais mensais instituído pelo Congresso a pescadores artesanais, taxistas, motoristas de aplicativo, motoristas de transporte escolar, entregadores de aplicativo, profissionais autônomos de educação física, ambulantes, feirantes, garçons, babás, manicures, cabeleireiros e professores contratados que estejam sem receber salário. Pela lei aprovada pelo parlamento, essas categorias seriam contempladas pelo auxílio emergencial, para que pudessem fazer isolamento para se proteger do vírus.

O novo ministro da Saúde, médico Nelson Teich, se demite: “Não vou manchar a minha história por causa da cloroquina”. Assume o posto, interinamente, o general da ativa Eduardo Pazuello. Em solenidade oficial, o militar afirmou que, antes de assumir o cargo, “nem sabia o que era o SUS”. A militarização do ministério se amplia ainda mais. Um protocolo do Ministério da Saúde determina o uso de cloroquina para todos os casos de covid-19, medicamento comprovadamente sem eficácia para combater o novo coronavírus.

Bolsonaro abre guerra contra governadores. O Conselho Nacional da Saúde denuncia que mais de 8 bilhões de reais destinados ao combate à pandemia deixaram de ser repassados aos estados e municípios, que sofrem com a falta de insumos básicos, respiradores e leitos. O CNS lança a campanha “Repassa já!”.

O que Bolsonaro diz:
“SE FOR ISSO MESMO, É GUERRA. SE QUISEREM EU VOU A SÃO PAULO, VOCÊS TÊM QUE LUTAR CONTRA O GOVERNADOR

14/5, EM VIDEOCONFERÊNCIA PROMOVIDA PELA FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (FIESP), INCITANDO OS EMPRESÁRIOS A LUTAR CONTRA O ‘LOCKDOWN’

JUNHO(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 24: 7-13/6)

CASOS ACUMULADOS: 850.514 – ÓBITOS ACUMULADOS: 42.720

Apagão de dados

Bolsonaro incita seus seguidores a invadir hospitais e filmar, com a justificativa de que os números de doentes e de ocupação de leitos estão inflacionados. Em 3 de junho, o Governo divulga dados sobre a covid-19 com atraso, após as 22h. Em 5 de junho, o site do Ministério da Saúde sai do ar e retorna no dia seguinte apenas com informações das últimas 24 horas. A tentativa de encobrir os números de doentes e de mortos por covid-19 é denunciada pela imprensa. A sociedade perde a confiança nos dados oficiais e seis dos principais jornais e sites de jornalismo —G1, O Globo, Extra, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e UOL— formam um consórcio para registrar os números da pandemia.

O que Bolsonaro diz:
“ARRANJA UMA MANEIRA DE ENTRAR E FILMAR. MUITA GENTE TÁ FAZENDO ISSO, MAS MAIS GENTE TEM QUE FAZER PARA MOSTRAR SE OS LEITOS ESTÃO OCUPADOS OU NÃO, SE OS GASTOS SÃO COMPATÍVEIS OU NÃO

10/6, EM TRANSMISSÃO AO VIVO NO FACEBOOK

JULHO(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 28: 5-11/7)

CASOS ACUMULADOS: 1.839.850 – ÓBITOS ACUMULADOS: 71.469

Vetos de maldade

ERALDO PERES / AP

Bolsonaro veta a obrigatoriedade do uso de máscaras em estabelecimentos comerciais e industriais, templos religiosos, escolas e demais locais fechados em que haja reunião de pessoas. Também veta a multa aos estabelecimentos que não disponibilizem álcool em gel a 70% em locais próximos às suas entradas, elevadores e escadas rolantes.

Bolsonaro veta a obrigação dos estabelecimentos em funcionamento durante a pandemia de fornecer gratuitamente a seus funcionários e colaboradores máscaras de proteção individual. Veta ainda a obrigação de afixar cartazes informativos sobre a forma de uso correto de máscaras e de proteção individual nos estabelecimentos prisionais e nos estabelecimentos de cumprimento de medidas socioeducativas.

Bolsonaro veta medidas de proteção para comunidades indígenas durante a pandemia de Covid-19. Entre elas: o acesso a água potável, materiais de higiene e limpeza, leitos hospitalares e de UTIs, ventiladores e máquinas de oxigenação sanguínea, materiais informativos sobre a covid-19 e internet nas aldeias. Veta também a obrigação da União de distribuir alimentos aos povos indígenas, durante a pandemia, na forma de cestas básicas, sementes e ferramentas.

O Exército paga 167% a mais pelo principal insumo da cloroquina, com a seguinte justificativa: “produzir esperança para corações aflitos”.

Ao criticar a militarização do Ministério da Saúde, o ministro do STF Gilmar Mendes define a resposta do governo federal à pandemia como “genocídio”: “Não podemos mais tolerar essa situação que se passa no Ministério da Saúde. (…) É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. É preciso por fim a isso”.

O que Bolsonaro diz:
“LAMENTO AS MORTES. MORRE GENTE TODO DIA, DE UMA SÉRIE DE CAUSAS. É A VIDA

30/7, EM MEIO A UMA AGLOMERAÇÃO EM BAGÉ, NO RIO GRANDE DO SUL

AGOSTO(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 32: 2-8/8)

CASOS ACUMULADOS: 3.012.412 – ÓBITOS ACUMULADOS: 100.477

Ataque à vacina

Bolsonaro veta integralmente o projeto de lei que determina compensação financeira paga pela União a profissionais e trabalhadores de saúde que ficarem incapacitados por atuarem no combate à covid-19.

O Governo Bolsonaro ignora a proposta da Pfizer, que garante a entrega do primeiro lote de vacinas em 20 de dezembro de 2020.

O Ministério da Saúde rejeita a doação de pelo menos 20 mil kits de testes PCR para covid-19 da empresa LG International, dois meses após a oferta.

O que Bolsonaro diz:

“NINGUÉM PODE OBRIGAR NINGUÉM A TOMAR VACINA

31/8, EM CONVERSA COM APOIADORES NO JARDIM DO PALÁCIO DO ALVORADA

SETEMBRO(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 37: 6-12/9)

CASOS ACUMULADOS: 4.315.687 – ÓBITOS ACUMULADOS: 131.210

Militar na Saúde

Uma resolução de Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) flexibiliza ainda mais a prescrição de ivermectina e nitazoxanida, dispensando a retenção de receita médica para a venda em farmácias. Os medicamentos são propagandeados pelo governo como eficazes para a covid-19, mas estudos científicos mostram que não diminuem a gravidade da doença nem impedem a morte de pacientes. O general da ativa Eduardo Pazuello é efetivado como ministro da Saúde.

O que Bolsonaro diz:
“ESTAMOS PRATICAMENTE VENCENDO A PANDEMIA. O GOVERNO FEZ TUDO PARA QUE OS EFEITOS NEGATIVOS DA MESMA FOSSEM MINIMIZADOS, AJUDANDO PREFEITOS E GOVERNADORES COM NECESSIDADES NA SAÚDE

11/9, EM AGLOMERAÇÃO NA BAHIA

OUTUBRO(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 41: 4-10/10)

CASOS ACUMULADOS: 5.082.637 – ÓBITOS ACUMULADOS:150.198

“Vacina chinesa”

AMANDA PEROBELLI / REUTERS

Bolsonaro afirma que a pandemia foi superdimensionada, mente que a cloroquina garante 100% de cura se usada no início dos sintomas e cancela a compra de 46 milhões de doses da vacina chinesa Coronavac pelo Ministério da Saúde: “O povo brasileiro não será cobaia de ninguém”.

O que Bolsonaro diz:
“ESTÁ ACABANDO A PANDEMIA [NO BRASIL]. ACHO QUE [O JOÃO DORIA, GOVERNADOR DE SÃO PAULO] QUER VACINAR O PESSOAL NA MARRA RAPIDINHO PORQUE [A PANDEMIA] VAI ACABAR E DAÍ ELE FALA: ‘ACABOU POR CAUSA DA MINHA VACINA’. QUEM ESTÁ ACABANDO É O GOVERNO DELE, COM TODA CERTEZA” (…) O QUE EU VEJO NA QUESTÃO DA PANDEMIA? ESTÁ INDO EMBORA, ISSO JÁ ACONTECEU, A GENTE VÊ LIVROS DE HISTÓRIA.”

EM 30/10, EM DECLARAÇÕES TRANSMITIDAS POR UM SITE BOLSONARISTA

NOVEMBRO(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 45: 1º-7/11)

CASOS ACUMULADOS: 5.653.561 – ÓBITOS ACUMULADOS:162.269

Produção de mentiras

Apesar de todos os fatos e números em contrário, Bolsonaro afirma que o Brasil foi um dos países que menos sofreu com a pandemia. Segue atacando a vacina.

O que Bolsonaro diz:
“MORTE, INVALIDEZ, ANOMALIA. ESTA É A VACINA QUE O [JOÃO] DORIA QUERIA OBRIGAR TODOS OS PAULISTANOS A TOMAR. O PRESIDENTE DISSE QUE A VACINA JAMAIS PODERIA SER OBRIGATÓRIA. MAIS UMA QUE JAIR BOLSONARO GANHA

EM 10/11, NO FACEBOOK, AO COMEMORAR A SUSPENSÃO DOS TESTES DA VACINA CORONAVAC

DEZEMBRO(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 50: 6-12/12)

CASOS ACUMULADOS: 6.880.127 – ÓBITOS ACUMULADOS: 181.123

Qual é o plano?

ERALDO PERES / AP

Bolsonaro anuncia que não vai se vacinar e atua para criar pânico na população, referindo-se a terríveis efeitos colaterais. Em resposta ao questionamento do Supremo Tribunal Federal, o Ministério da Saúde apresenta o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação. O Governo, porém, ainda não tem vacina a oferecer nem cronograma confiável de vacinação. Onze ex-ministros da Saúde de diferentes partidos publicam artigo denunciando “desastrada e ineficiente condução do MS em relação à estratégia brasileira de vacinação da população contra a covid-19”. Ainda não há plano emergencial para os indígenas. Diz o ministro Luís Roberto Barroso, do STF: “Impressiona que, após quase 10 meses de pandemia, não tenha a União logrado o mínimo: oferecer um plano com seus elementos essenciais, situação que segue expondo a risco a vida e a saúde dos povos indígenas”.

O que Bolsonaro diz:
“A PANDEMIA, REALMENTE, ESTÁ CHEGANDO AO FIM. TEMOS UMA PEQUENA ASCENSÃO, AGORA, QUE CHAMA DE PEQUENO REPIQUE QUE PODE ACONTECER, MAS A PRESSA DA VACINA NÃO SE JUSTIFICA. (…) VÃO INOCULAR ALGO EM VOCÊ. O SEU SISTEMA IMUNOLÓGICO PODE REAGIR, AINDA DE FORMA IMPREVISTA

19/12, EM ENTREVISTA AO PROGRAMA DE UM DE SEUS FILHOS NO YOUTUBE

JANEIRO DE 2021, ATÉ O DIA 16(SEMANA EPIDEMIOLÓGICA 2:10-16/1)

CASOS ACUMULADOS: 8.455.059 – ÓBITOS ACUMULADOS: 209.296

Mortos por asfixia

BRUNO KELLY / REUTERS

O Ministério das Relações Exteriores afirma ter comprado 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford da Índia. Nos dias seguintes, o governo federal organiza uma grande operação de propaganda, incluindo a divulgação massiva na mídia e adesivagem de um Airbus da Azul Linhas Aéreas, que faria uma “viagem histórica” com o slogan: “Vacinação – Brasil imunizado – Somos uma só nação”. Bolsonaro chega a enviar uma carta ao Primeiro Ministro da Índia solicitando urgência no envio das doses, mas a operação é suspensa pela Índia. Diante do colapso da saúde em Manaus, com pacientes morrendo asfixiados por falta de oxigênio na rede hospitalar, o ministro da Saúde, general da ativa Eduardo Pazuello, declara: “O que você vai fazer? Nada. Você e todo mundo vão esperar chegar o oxigênio para ser distribuído”.

Bolsonaro veta parte da Lei Complementar nº 177, de 12/1/20, aprovada por ampla maioria no Senado (71 x1 votos) e na Câmara dos Deputados (385 x 18 votos). Segundo a Agência FAPESP, vetos presidenciais subtraem 9,1 bilhões de reais dos investimentos em ciência, tecnologia e inovação neste ano, impedindo que o Brasil desenvolva uma vacina contra a covid-19, apesar de ter infraestrutura e recursos humanos suficientes. Comunidades acadêmica e empresarial mobilizam-se para derrubada dos vetos,

O que Bolsonaro diz:
“O BRASIL ESTÁ QUEBRADO, CHEFE. EU NÃO CONSIGO FAZER NADA. EU QUERIA MEXER NA TABELA DO IMPOSTO DE RENDA, TÁ, TEVE ESSE VÍRUS, POTENCIALIZADO PELA MÍDIA QUE NÓS TEMOS, ESSA MÍDIA SEM CARÁTER

5/1, NA SAÍDA DO PALÁCIO DO PLANALTO

Acesse o documento completo aqui.

 

 

 

O cientista Amílcar Tanuri, chefe do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ, o primeiro servidor da universidade a ser vacinado, defendeu a inclusão do debate sobre quebra de patentes diante das dificuldades de obtenção de vacinas e insumos no mercado mundial.

“Eu acho importante que houvesse uma discussão mundial para poder quebrar patentes em situação de pandemia, para produzir a vacina”, disse Tanuri. Nesta situação, para ele, a patente bloqueia a iniciativa de se fazer vacinas ou produzir mais doses da vacina.

“O problema nosso é estar à mercê de grupos internacionais para fornecer a base dos insumos que a é a IFA”, concluiu Tanuri.

Para o cientista, o Brasil tem condições de produzir sua vacina. Mas falta decisão política e financiamento de grupos privados em colaboração coo universidade para montar uma unidade industrial que consiga fabricar as vacinas de (etapas) A a Z (do início ao fim do processo de produção).

Um dos insumos necessários à vacina é o IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) ou o princípio ativo da vacina, que estimula a resposta imunológica do corpo evitando que, ao entrar em contato com o novo coronavírus, adoeça gravemente. Se fosse fabricado aqui, o país já estaria produzindo as doses necessárias para continuar a campanha.

Primeiro a ser vacinado

VIROLOGISTA TANURI. O professor da UFRJ, 62 anos, foi o primeiro servidor vacinado na UFRJ

O primeiro servidor da UFRJ vacinado é um cientista de prestígio na UFRJ, referência nacional em virologia, e chefe do Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia da UFRJ. Amílcar Tanuri, 62 anos, que coordena pesquisas sobre testagens e um projeto inovador de vacina contra a Covid-19.

“Me sinto ótimo. Falei para todos. Essa é uma vitória de todo mundo que tem que se comemorar. É um dia de vitória, um dia de vacina e um dia da vida. Depois de tanta coisa, para mim foi uma honra ser a primeira pessoa da UFRJ e, depois, para dar o exemplo. Todo mundo tem que se vacinar”, comemorou, alertando, no entanto que é preciso continuar com as medidas de prevenção, como o uso de máscaras e evitar aglomeração.

Ele lembra ainda que a vacina é importante não apenas sob o aspecto pessoal mas também para a comunidade (a imunidade coletiva), e reitera que tomar a vacina é uma responsabilidade assim como continuar usando mascas e não aglomerar, dando exemplo para outras pessoas.

 

 

O Sintufrj enviou ofício aos principais coordenadores das iniciativas relativas à pandemia na UFRJ (Reitoria, GT-Coronavírus e CPST) solicitando informações sobre o planejamento da instituição para o início da vacinação. 

No ofício, enviado nesta terça-feira, a coordenação coloca a entidade à disposição para garantir ações e parceria para o início imediato da vacinação. Para o Sintufrj é fundamental iniciar já o processo de vacinação, em especial dos trabalhadores da linha de frente. 

No final de dezembro, o sindicato financiou a recuperação da câmera de refrigeração do Centro de Vacina de Adultos (CVA), da Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador (CPST) da UFRJ, necessária para outras vacinas do serviço, mas também importante para a atual campanha de vacinação.

Anderson Felinto, chefe do Centro de Vacinação de Adultos (CVA) da UFRJ, disse que a universidade planeja iniciar a vacinação dos profissionais de saúde do HUCFF e do IPPMG na manhã de quinta-feira. Isso será possível, ressalvou, se as doses de vacina cheguem à UFRJ nesta quarta-feira, 20. 

Foram solicitadas sete mil doses de vacina, mas não é certo que esse volume será o enviado pela central de distribuição da secretaria municipal de Saúde.  

A coordenadora da CPST, Sílvia Jardim informou que a universidade pôs sua estrutura de prontidão para iniciar a vacinação. Ao falar da infraestrutura do CVA, Sílvia citou a iniciativa do Sintufrj que ajudou financeiramente a CPST na recuperação da câmara de refrigeração de vacinas.

Ela garantiu que o CVA está hoje preparado. “É um recurso que só a UFRJ tem, um centro de vacinação dentro da cidade universitária para receber doses da vacina contra Covid-19”.

Silvia explicou que na UFRJ serão usados os critérios de prioridade do Plano Nacional para orientar a vacinação: primeiro, o pessoal da linha de frente, o que inclui não só o pessoal das unidades de saúde, como o pessoal que trabalha na testagem feita no bloco N do CCS.

O plano nacional adaptado à UFRJ vai partir de duas frentes, a da comunidade universitária via CVA, e da UFRJ recrutada pela Secretaria Municipal para integrar a campanha de vacinação na área programática de saúde em que o Fundão se encontra (AP 3.1): 

“É a universidade aberta para a cidade. Como a gente ia ficar fora disso? Foi muito bom termos sido convocados”, disse. 

 

Com o início da vacinação contra a covid-19 junto aos profissionais de saúde, muita gente ainda tem dúvidas sobre a sua eficácia e como será a programação. Listamos o que se sabe até agora sobre a imunização

Matéria retirada do site da CUT. 

A imunização contra a Covid-19, enfim, começou no Brasil nesta segunda-feira (18) após a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar no último domingo (17) o uso emergencial das vacinas CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac, e AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford , no Reino Unido, com a Fiocruz.

Os dois imunizantes são os primeiros aprovados no país para o combate da pandemia do novo coronavírus. Diante do negacionismo do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) em ver a doença como grave e contagiosa, e ainda propagar fake news como o uso da cloroquina como prevenção à Covid-19, listamos aqui as mais importantes informações verdadeiras que você precisa saber.

Para que serve a vacina?

Ainda sem uma campanha e um calendário de vacinação, as dúvidas recorrentes são: quem vai ser chamado primeiro?; quem já pode se vacinar; por que é importante a vacina; quem tomar pode virar jacaré?; quem não pode tomar?

Primeiro, ninguém vira jacaré por tomar vacina e se proteger do coronavírus. Essa foi mais uma informação falsa entre as dezenas de fake news divulgadas por Bolsonaro. Segundo, a vacina contra a Covid-19 é fundamental para frear a pandemia que já matou mais de 209 mil brasileiros e infectou mais 8 milhões de pessoas. Ela serve também para a reabertura das cidades e das atividades econômicas de forma segura.

O objetivo, no entanto, é: garantir que o sistema imunológico de boa parte da população esteja preparado para defender o organismo quando encontrar o vírus e, assim, evitar o desenvolvimento da doença.

Quando começa a vacinação?

Após pressão dos governadores, o Ministério da Saúde informou que a vacinação nacional contra a Covid-19 começaria nesta segunda-feira (18).  Porém, mais uma vez , a equipe do ministro da saúde, o general Eduardo Pazuello, fez trapalhadas com os horários e logística dos voos que levariam, nesta segunda-feira ,  as doses da CoronaVac de São Paulo para os demais estados brasileiros.

Apesar dos atrasos alguns estados, além de São Paulo,  começaram a vacinar seus profissionais de saúde Rio de Janeiro, Santa Catarina, Goiás, Piauí, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Espírito Santo, Tocantins, Minas Gerais, Ceará, Pernambuco, Mato Grosso, Paraná, Amazonas e Rio Grande do Sul. Todos os detalhes sobre a vacinação no Brasil ainda não estão claros, e há ainda incertezas devido a falta de insumos provenientes da China. O que se sabe até agora é que a Coronavac é a única vacina contra a doença no país que já está sendo distribuída.

A ideia do governo federal era começar a vacinação nesta quarta (20), porém os governadores pressionaram Pazuello a adiantar ainda mais o processo.

A imunização também começou nesta segunda-feira (18) em Campinas, interior de São Paulo. O governo paulista começa a distribuir doses, seringas e agulhas para imunizar funcionários de seis hospitais do estado: Hospital das Clínicas da USP em São Paulo; HC de Ribeirão Preto (USP); HC da Campinas (Unicamp); HC de Botucatu (Unesp); HC de Marília (Famema); Hospital de Base de São José do Rio Preto (Funfarme).

A Anvisa liberou o uso emergencial de 8 milhões de doses das vacinas sendo Coronavac (6 milhões) e Oxford/Astrazeneca (2 milhões). As doses da vacina de Oxford, que serão importadas da Índia, ainda não têm previsão de chegada ao país, após o fracasso de Bolsonaro em negociar com as autoridades daquele país, que se recusou a enviar o medicamento.

Quem vai tomar na 1ª fase?

A ideia é começar a imunização aos grupos prioritários que são: os profissionais de saúde da linha de frente no combate ao novo coronavírus, idosos que vivem em asilos com mais de 65 anos ou instituições psiquiátricas, indígenas e idosos a partir de 75 anos.

No entanto, após o recebimento das vacinas, caberá aos governos estaduais a data de início da vacinação e o agendamento dos grupos prioritários.

São Paulo, já começou a imunizar e distribuir as primeiras doses em profissionais da saúde e indígenas. O governo do estado pretende manter cerca de 1,4 milhão, um volume que não cobre a necessidades do número de pessoas prioritárias.

Cerca de 907,2 mil doses da vacina foram reservadas para os indígenas que vivem em aldeias, de acordo com o Ministério da Saúde. Ao todo, o país têm 6 milhões de doses da Coronavac.

Como saberei o lugar? O que precisa para eu me vacinar?

A aplicação deve obedecer uma ordem de grupos prioritários, a qual será divulgada pelo Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde nesta quarta-feira (20).

De acordo com a Pasta, se o paciente ainda não for cadastrado nas bases de dados do órgão, o profissional de saúde poderá registrá-lo no momento do atendimento. No entanto, nem o Ministério da Saúde e nem o governo estadual sabem quais documentos serão necessários para se vacinar.

Eficácia da Coronavac e Oxford

A eficácia das vacinas também é outro ponto questionado por boa parte da população brasileira. Ao dizer que a Coronavac tem 50,38% de eficácia na imunização; 78% em casos leves e 100% para casos graves,é natural que as pessoas se confundam com esses números.

Os números significam que quem tomou a vacina tem 50% de chances do vírus não se instalar e outros 50% de se contaminar, mas o importante é que quem se contamina tem 78% de chances de não tem nenhum sintoma. Outros 22% pode ter sintomas.  Porém 100% das pessoas que tomarem a vacina terão sintomas leves, sem gravidade, não precisando de internação em hospitais.

Eficácia da vacina AstraZeneca.

A vacina do Reino Unido, produzida em parceria com a farmacêutica AstraZeneca e a Fiocruz, ainda não chegou ao Brasil, mas está sendo utilizada em diversos países, como a Inglaterra.

A AstraZeneca apresentou uma eficácia média de 70,4% na última etapa de testes. Um pequeno grupo que tomou meia dose da vacina chegou a ter 90% de imunização, mas para a maioria, que tomou a dose completa, primeira aplicação e o reforço, a eficácia ficou em 62%.

O governo diz que as carteiras de vacinação conterão o nome da vacina aplicada para que as duas doses necessárias não sejam de diferentes origens, já que não se sabe o efeito que isto resultaria.

Também não há informações sobre possíveis reações das vacinas em mulheres grávidas.

Veja a quantidade de vacinas que será distribuída para cada Estado, a partir de suas regiões:

Região Norte – 296.520 doses

– Rondônia – 33.040

– Acre – 13.840

– Amazonas – 69.880

– Roraima – 10.360

– Pará – 124.560

– Amapá – 15.000

– Tocantins – 29.840

Região Nordeste – 1.200.560 doses

– Maranhão – 123.040

– Piauí – 61.160

– Ceará – 186.720

– Rio Grande do Norte – 82.440

– Paraíba – 92.960

– Pernambuco – 215.280

– Alagoas – 71.080

– Sergipe – 48.360

– Bahia – 319.520

Região Sudeste – 2.493.280 doses

– Minas Gerais – 561.120

– Espírito Santo – 95.440

– Rio de Janeiro – 487.520

– São Paulo – 1.349.200

Região Sul – 681.120 doses

– Paraná – 242.880

– Santa Catarina – 126.560

– Rio Grande do Sul – 311.680

Região Centro-Oeste – 415.880 doses

– Mato Grosso do Sul – 61.760

– Mato Grosso – 65.760

– Goiás – 182.400

– Distrito Federal – 105.960

Demora e descrédito da eficácia da vacina é culpa de Bolsonaro

A falta de planejamento estratégico do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) na condução da crise há quase um ano deixou o país sem agulhas, sem seringas e com poucas doses de vacinas para imunizar os brasileiros.

Mesmo com os altos números de mortes e contaminações no Brasil, a guerra ideológica travada no país em torno da vacina é assustadora, fazendo com que boa parte da população brasileira rejeite a CoronaVac, por ser desenvolvida na China.

Há meses, Bolsonaro utiliza este discurso inflamado de que não compraria “vacinas chinesas”, mas a realidade o fez mudar o tom das suas declarações, já na segunda-feira, após a autorização da Anvisa na utilização das vacinas inglesa e chinesa no país. Pelas redes sociais, o presidente afirmou que a vacina “não de nenhum governador, é do Brasil”.

A CUT, junto com as demais centrais, tem defendido a “vacina para todos” entre os cinco eixos para ação e mobilização unitária no ano de 2021.

 

 

Tomamos conhecimento que alguns sindicalizados foram contatados por golpistas se passando por advogados e solicitando dados bancários e somas em dinheiro para liberar o valor referente às ações do Plano Bresser.

Sobre isto, o Sintufrj orienta: NÃO PASSEM INFORMAÇÕES PARA CONTATOS NÃO AUTORIZADOS PELO SINTUFRJ! Não são advogados do sindicato, são pessoas usando de má fé para ludibriar os trabalhadores.

Os contatos feitos pela assessoria jurídica são realizados pelo e-mail 2606-sintufrj@servidor.adv.br e/ou pela direção do Sintufrj. Os contatos telefônicos realizados pela assessoria jurídica serão previamente informados por este e-mail!

Circulem este aviso para que ninguém seja prejudicado por oportunistas, e caso receba um telefonema, anote o número e denuncie imediatamente ao sindicato para que possamos tomar as medidas cabíveis!

Sintufrj – Gestão Ressignificar