Desde o início de 2021, os recursos enviados à universidade pelo governo federal chegam a menos de um terço das despesas contabilizadas em um mês. Essa informação foi levada ao Conselho Universitário no dia 8 de abril pelo pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças, Eduardo Raupp.
“Tem sido uma dificuldade muito grande neste início de ano, porque temos recebido menos de um terço de orçamento em relação às despesas que temos por mês. Esta situação é especialmente grave no momento em que estamos enfrentando o ponto mais alto da pandemia, com o crescimento de custos dos nossos hospitais e de falta de medicamentos. A situação é bastante grave”, frisou o pró-reitor.
A partir de maio a situação piora
“Todos têm acompanhado com preocupação o processo de tramitação da Lei Orçamentária Anual que ainda não foi sancionada pelo presidente da República. Neste período temos recebido apenas um e dezoito avos do orçamento. Na verdade, 1/18 da parte que não está condicionada a créditos suplementares (parte que, embora prevista no orçamento, precisa ser aprovada pelo Congresso).
Segundo Raupp, como a universidade cortou custos em 2020, a administração central conseguiu acumular “gordura” para o início desse ano. Com isso, até o momento não houve acúmulo de dívidas, embora algumas despesas estejam sendo pagas com atraso. Mas, avisou que, a partir de maio, “se a questão da LOA não se resolver, pode começar a aparecer problemas”.
Por enquanto, as unidades hospitalares da UFRJ estão abastecidas, mas, o pró-reitor teme que a alta de preços de alguns medicamentos e insumos pode levar a uma situação difícil. “O que estamos identificando é que aquilo que estava na previsão orçamentária pode não ser suficiente por conta da inflação dos custos médicos”, explicou.
Outro exemplo de futuro problema que ele apontou no Conselho Universitário é se ocorrer grandes atrasos no pagamento de contratos de terceirizados, resultando na paralisação de algum serviço, conforme já aconteceu em anos anteriores.
Economista alerta que auxílio emergencial menor impacta negativamente na vida de quase 70% de quem recebe o Bolsa Família. Benefício é mais utilizado na compra de alimentos e produtos emergenciais
A informalidade, o desemprego e o desalento não param de crescer, desde o golpe de 2016, que destituiu injustamente a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT). Com o golpista Michel Temer (MDB) no poder, a situação econômica e social do país começou a piorar, com o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) e a pandemia, se agravou ainda mais, e as previsões para o próximo período são ainda tenebrosas.
Economistas alertam que o país pode viver um caos social com o valor do auxílio emergencial menor e o aumento dos alimentos, sem uma política de transferência de renda justa.
A nova rodada do benefício, que começou a ser paga na semana passada. Serão quatro parcelas nos valores vão de R$ 150 (pessoas sozinhas) e R$ 250 (demais famílias) até R$ 375 (mães solo). O maior valor do benefício de 2021 é um pouco mais da metade do auxílio emergencial disponibilizado para a população em 2020 – R$ 600 e de R$ 1.200 para mulheres chefes de família -, o que impacta no quadro social e o econômico do país.
O fato do valor do programa de transferência de renda, ao invés de ser reajustado, diminuir, vai na contramão das medidas fundamentais para melhorar a situação do país, ressalta o pesquisador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Francisco Menezes.
“Se nada for feito, vai aumentar o número de brasileiros e brasileiras passando fome e o país viverá um caos social nunca visto na história”, afirma o economista.
“Além disso, a economia também vai ficar pior porque programas de transferência de renda justos são altamente impulsionadores do crescimento econômico”, completa.
Além do valor menor, o benefício de 2021 também terá menor impacto na sociedade porque 22,6 milhões de pessoas, que foram contempladas em 2020 não serão neste ano. Só receberão o benefício, famílias com renda total de até três salários mínimos por mês (R$ 3.300), desde que cada pessoa da casa não tenha renda acima de meio salário mínimo equivalente a R$ 550 reais. Não serão abertos novos cadastros.
Auxílio emergencial de R$ 600 diminuiu o número de pobres, em 2020
A diferença de valores é preocupante, por que os valores antigos do auxílio emergencial aprovados pelo Congresso Nacional, pagos entre fevereiro e agosto de 2020, aumentou a renda per capita de quem mais precisava. Tanto que a proporção de pobres com renda per capital inferior a R$ 246, caiu pela metade. De 10,97% para 4,52%, disse o economista Marcelo Neri, da FGV Social, em reportagem publicada no UOL.
Ainda em 2020, quando Bolsonaro reduziu o valor do auxílio emergencial para R$ 300 para ampliar o pagamento de setembro a dezembro, a economia desacelerou, e a vulnerabilidade social recrudesceu. O total de pobres saltou de 9,5 milhões em agosto do ano passado para 27,2 milhões em fevereiro deste ano.
Auxílio e Bolsa Família: valor menor, desigualdade maior
Durante a vigência do auxílio no ano passado, os beneficiários do Bolsa Família, que recebem em média R$ 186, passaram a receber o valor maior, a bolsa ou o auxílio. Mas em 2021 quase 70% desta população vai ter uma renda menor na comparação com 2020, segundo estudo da Tendências Consultoria Integrada.
Francisco Menezes reforça que um programa de transferência de renda é fundamental no combate à fome por que as famílias beneficiadas gastam o valor recebido, em sua grande parte, em alimentos e produtos básicos. Segundo ele, a necessidade de reajuste é muito grande e deveria ser calculado sobre os R$ 600, e de acordo com a inflação.
“Nos governos Lula e Dilma o Bolsa Família teve alguns reajustes importantes, e já defendíamos alteração na Lei para que o reajuste acontecesse anualmente”, diz.
Neste momento de pandemia seria ainda mais necessário reajuste no auxílio emergencial, já que a inflação dos alimentos no último período foi de 15%, três vezes maior que o índice geral. O preço da comida aumenta, a renda diminui e a conta não fecha- Francisco Menezes
Números da insegurança alimentar
O inquérito da Rede Penssan revelou que mais da metade dos lares (55,2%) conviviam com algum nível de insegurança alimentar nos três últimos meses de 2020, contra 36,7% dois anos antes.
Além disso, no período pesquisado havia 116,8 milhões de brasileiros sem acesso pleno e permanente a alimentos e entre eles, 19,1 milhões passavam fome. Enquanto a fortuna dos mais ricos aumentou em 31%.
“Estamos com muita preocupação para estes próximos quatro meses, com o auxílio com valores absolutamente incapazes de fazer frente a estas necessidade de gasto em produtos básicos como alimentação, habitação e transporte. A gente vai viver uma situação bastante aguda e dramática, a desigualdade vai ficar ainda maior”, alerta o economista, que foi presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), quando Lula era presidente da República.
Em 2020, o benefício atendeu 68 milhões de pessoas e foi responsável pelo recuo do PIB brasileiro para 4,1% em 2020, e não 9,1% como previsto pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Em estimativa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), a cada R$1 investido no Bolsa Família é transformado R$ 1,7 porque a transferência de renda movimenta a economia. Além de resolver um problema social, um auxílio emergencial digno contribui para melhorar a economia em tempos de Covid-19”, ressalta Francisco Menezes.
Benefício e o combate a Covid-19
Além disso, aponta o economista, os recordes de mortes e casos de Covid-19 no país apontam a necessidade das pessoas ficarem em casa com subsídio do Estado. Sem a ajuda, o isolamento social fica impossível.
“É dever do Estado propiciar condições para que as pessoas mais vulneráveis fiquem em casa para não serem contaminadas, porque quem está sem alimentação vai ter que sair para sobreviver. O que vemos é que a condução que está sendo dada a esta política, em termos de transferência de renda, induz a não praticar o isolamento. Não podemos afirmar que é uma trama construída para prejudicar o isolamento, mas vai na contramão do reconhecimento da necessidade desta sustentação nas condições que estamos”, afirma o economista.
Entenda como surgiu o auxílio emergencial
Na origem do projeto de transferência de renda, chamado de auxílio emergencial, o presidente Jair Bolsonaro ofereceu benefício de apenas R$ 200, e com pressão e mobilização da oposição o valor chegou a R$ 600, por cinco meses, período em que durou o estado de calamidade decretado pelo governo federal, por causa da pandemia.
O novo auxílio foi possível após a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 186/2019 (PEC Emergencial) , no começo de março, na Câmara dos Deputados. O governo praticamente chantageou o Congresso ao submeter o envio de uma nova rodada de auxílio emergencial condicionada à aprovação da PEC Emergencial.
Com a aprovação da PEC, o governo abriu em suas contas espaço para destinar R$ 44 bilhões para pagamento para um contingente bem menor de pessoas: 30 milhões. No ano passado, o governo gastou em torno de R$ 300 bilhões com um auxílio para cerca de 68 milhões de pessoas.
59.4% dos domicílios brasileiros registraram insegurança alimentar no último quadrimestre de 2020. Os piores dados são os da região Nordeste, onde 73.1% das casas registraram insegurança alimentar no período. Os números constam em estudo da Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com a Universidade de Brasília (UnB).
No Norte, 67.7% dos domicílios relataram insegurança alimentar, seguido por Centro-Oeste (54.6%), Sudeste (53.5%) e Sul (51.6%).
Nos dados nacionais, 31.7% relataram insegurança leve, 12.7% moderada, e 15% grave. Nesse caso, as pessoas que vivem na casa passaram fome.
63% dos domicílios entrevistados utilizaram o auxílio emergencial em 2020 para compra de alimentos.
O estudo mostra ainda uma piora na dieta dos brasileiros. Foi registrada uma queda de 40% no consumo de carnes, frutas e queijos, e de 36.8% no de hortaliças e legumes.
O estudo define insegurança alimentar de um domicílio como redução na quantidade ou qualidade de alimentos consumidos ou incerteza sobre o acesso à comida no futuro.
Foram 33.145 mortes registradas até esta segunda-feira, segundo levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa com as secretarias estaduais de Saúde.
Em apenas 12 dias, abril já se tornou o mês com o segundo maior número de mortes por Covid-19 no Brasil desde o início da pandemia: já são 33.145 mortes registradas neste mês, segundo dados apurados pelo consórcio de veículos de imprensajunto às secretarias de Saúde do país.
Se o total de mortes de julho for dividido pelo número de dias do mês, houve, em média, 1.602 mortes por Covid por dia naquele mês. Usando o mesmo cálculo para abril, em comparação, este mês já tem uma média de 2.762 mortes diárias registradas pela doença.
Para a epidemiologista Ethel Maciel, professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o alto número de mortes de abril reflete a alta nos casos vista no mês passado, principalmente nas duas últimas semanas de março.
“Nós sabíamos que, em abril, iríamos ainda manter esses números altos de internação, pressão por leito de UTI e óbito”, explica.
Ela também acredita que os números altos de mortes devem se manter em abril, justamente por causa da grande quantidade de novos casos ainda vistos todos os dias no país.
“Nós ainda estamos mantendo muitos casos novos todos os dias, o que indica que, no mês de abril , nós ainda teremos muitos casos, muita pressão por leito de internação, e, ainda, muitos óbitos”, afirma Maciel.
O dado referente às mortes de abril foi calculado somando-se as mortes diárias vistas em abril desde o dia 1º até o dia 12. Os números de mortes em 2021 foram determinados da mesma forma; os dos meses de 2020 foram calculados com uma metodologia um pouco diferente, mas cujo resultado é o mesmo (veja mais ao final da reportagem).
Em 12 dias, 10 estados já têm mais de mil óbitos pela doença
Ethel Maciel lembra, novamente, que não houve uma coordenação nacional de combate à pandemia, e cada estado adotou suas próprias medidas restritivas para conter a disseminação do vírus.
“Cada estado está fazendo de uma forma as suas medidas. Inclusive nós estamos vendo os estados, nesta semana, flexibilizando várias atividades. Então vamos esperar ainda dias difíceis em abril”, avalia.
A professora da Ufes também avalia que medidas mais restritivas são necessárias para conter a disseminação do vírus.
“A gente precisaria de medidas mais restritivas de circulação e uma vacinação mais rápida para que diminuísse essa transmissão, o número de pessoas doentes. Um percentual delas sempre vai precisar de internação em enfermaria e UTI. Nós estamos, neste momento, ainda com uma pressão muito grande no sistema de saúde e, ainda, muitos casos novos todos os dias, que vai indicar ainda um abril muito difícil”, afirma Maciel.
Metodologia
Os números de mortes mensais de março a dezembro de 2020 foram determinados subtraindo-se o total de mortes visto no último dia de um mês do total de mortes visto no último dia do mês seguinte (por exemplo: total de mortes em 31 de agosto – total de mortes em 31 de julho = total de mortes em agosto).
Já os números mensais de mortes vistos nos meses de 2021 foram calculados somando-se as mortes diárias vistas desde o dia 1º até o último dia do mês (ou, no caso de meses ainda não fechados, até o último dia para o qual havia dados disponíveis).
O consórcio de veículos de imprensa começou o levantamento conjunto no início de junho. Por isso, os dados mensais de fevereiro a maio são de levantamentos exclusivos do G1. A fonte de ambos os monitoramentos, entretanto, é a mesma: as secretarias estaduais de Saúde.
Outra observação sobre os dados é que, no dia 28 de julho do ano passado, o Ministério da Saúde mudou a metodologia de identificação dos casos de Covid e passou a permitir que diagnósticos por imagem (tomografia) fossem notificados.
Também ampliou as definições de casos clínicos (aqueles identificados apenas na consulta médica) e incluiu mais possibilidades de testes de Covid.
O diretor Jurídico da Fasubra, João Paulo Ribeiro, disse que a federação está mobilizada na defesa do Sintufrj contra ações extremistas de grupos que ameaçam o sindicato. A Fasubra foi uma das muitas entidades que nesta segunda-feira manifestaram apoio ao sindicato confrontado por apoiadores bolsonaristas depois do lançamento da campanha “Vacina no braço, Comida no prato” por meio de projeção de vídeos na sexta-feira, 9 de abril.
A federação orientou manifestações públicas de solidariedade ao Sintufrj pelas entidades filiadas. No Rio de Janeiro, Sintuff e Sintur-RJ divulgaram notas de apoio ao Sintufrj ameaçado em suas redes.
Sindisprev e Andes (representação no Rio de Janeiro) publicaram apoio ao Sintufrj. A Associação dos Docentes da UNEB – ADUNEB também se somou às solidariedades. Em nota, Sisejufe afirma que “se solidariza com os companheiros do combativo Sintufrj vítimas de perseguição política e ameaças por parte da milícia bolsonarista, estimulada pelo presidente e sua família.”
A ameaça de bolsonaristas ao Sintufrj por causa da campanha “Vacina no braço, comida no prato” teve como resposta uma rede de solidariedade das entidades que atuam na UFRJ. Dirigentes da Adufrj, Associação dos Pós-graduandos e do DCE Mário Prata se manifestaram por meio de declarações e notas rechaçando a investida dos apoiadores de Bolsonaro.
Como o Sintufrj já denunciou por meio de nota, desde sábado 10, um dia após a projeção do vídeo da campanha na Praia Vermelha e na fachada da Escola de Música da UFRJ, o sindicato passou a receber telefonemas com ameaças de bomba, invasão e depredação da sede entidade.
Naquele dia, a notícia com as ações do sindicato denunciando a insensibilidade do governo diante de cerca de 350 mil mortos e do desespero de milhões de famílias sem renda realizadas na sexta-feira 9 já tinha viralizado nas redes sociais e veículos de mídia.
Nesta segunda-feira, a presidente da Adufrj, Eleonora Ziller, sustentou que a entidade de docentes que dirige “compartilha e corrobora” a campanha do Sintufrj “que é nossa também”.
“A gente abraça a ideia de que possamos retomar a atividade do Fórum de Mobilização e Ação Solidária da UFRJ (Formas) composto pelas entidades representativas de professores, técnico-administrativos, estudantes e terceirizados para, inclusive, enfrentarmos a ofensiva de grupos criminosos, milicianos, todos juntos num mesmo processo. A universidade é nossa e a tentativa de intimidação é contra todos”, disse.
Tarcísio Brito, que é representante da Associação de Pós-Graduandos (APG) no CEPG, foi incisivo. “Publicamos uma nota no Instaram em apoio ao Sintufrj e propomos fazer uma reunião para discutir tudo isso que tem acontecido. É um completo absurdo (as ameaças)”.
Julia Vilhena, que representa do DCE Mário Prata no Conselho Universitário, se coloca como parceira do Sintufrj “nesta luta e se solidariza contra as represálias que vocês estão sofrendo”. A dirigente estudantil disse que o DCE está do lado do sindicato no enfrentamento ao governo e na defesa da universidade pública.
“Nós vamos ter ainda um mês de abril terrível”, afirmou o ex-ministro da Saúde Arthur Chioro, em live da Associação dos Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes (AAENFF), na última segunda-feira (5), com o tema “Pandemia, vacina e saúde pública brasileira”.
Ele lamentou que, a essa altura, o Brasil tenha mais de 20 mil mortes por semana por covid-19, e o governo Bolsonaro não tome medidas eficazes para mudar esse cenário.
“Só para dar uma dimensão, isso significa oito World Trade Centers desabando em uma semana. É praticamente como se um atentado terrorista daquela magnitude, que chocou o mundo, acontecesse por dia no Brasil”, afirmou.
O debate contou também com a participação de Maria da Paz, médica e militante do MST e da Rede de Médicos e Médicas Populares. A mediação do debate foi feita pelo coordenador da AAENFF, Fábio Venturini.
Brasil: epicentro da pandemia
O debate tratou das consequências do negacionismo do governo Bolsonaro no combate à pandemia. A primeira delas é o número alto de mortes, segundo avaliação do ex-ministro. “O Brasil tem 2,7% da população mundial, e somos responsáveis por praticamente um terço dos casos e dos óbitos em escala global. Acho que isso por si só dá uma dimensão do tamanho do problema”, avalia Chioro, que foi ministro da Saúde entre 2014 e 2015.
Para Arthur Chioro, a tragédia brasileira tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro. O ex-ministro reforça que os erros na condução da crise sanitária começaram antes mesmo da pandemia, com ações tomadas por Luiz Henrique Mandetta, o primeiro mandatário da pasta da Saúde da atual gestão, que encerrou o programa Mais Médicos, dos governos Lula e Dilma, e reduziu os investimentos no Sistema Único de Saúde (SUS), agora estrangulado pela Emenda do Teto de gastos públicos.
“Os erros gravíssimos remontam a antes mesmo da pandemia, quando o Mandetta – aquele que vestiu o colete do SUS no Carnaval e gostou, mas sempre foi um adversário ferrenho do SUS – detonou e destruiu, junto com o Bolsonaro, o Programa Mais Médicos e a nossa capacidade de resposta na Atenção Básica”.
O ex-ministro da Saúde também avalia que o Brasil não tem vacinas suficientes por uma ação e decisão do governo Bolsonaro.
Primeiro, porque rejeitou participar do Fundo Covax-Facility, consórcio da Organização Mundial da Saúde (OMS) que aglutina mais de 170 países e permite o acesso a uma cartela com nove imunizantes que estão em fase de produção pelo mundo.
Em paralelo, pela “politização” da Coronavac, produzida em parceria da farmacêutica chinesa Sinovac – atacada pelos bolsonaristas como uma vacina “comunista” – com o Instituto Butantã, associada ao governo paulista. Aproximadamente 90% das vacinas aplicadas nos brasileiros vem do Butantã.
Para Chioro, além de um grande desafio sanitário, a pandemia acentua desigualdades. “A covid não é democrática e nós pagamos o preço da desigualdade estrutural da sociedade brasileira. A covid continua matando e acometendo com maior gravidade as pessoas pobres, pretas, que vivem nas periferias, inclusive os mais idosos. Entre aqueles que têm mais comorbidades, não há um padrão igual de acometimento”, diz.
Experiência cubana
Para a médica Maria da Paz, há uma enorme diferença no tratamento dado à pandemia no Brasil e em Cuba, apesar da pobreza da ilha caribenha. “É certo que em Cuba existe pobreza, mas não existe miséria. O serviço de Saúde está organizado e estruturado, com base na ciência, para responder às necessidades das pessoas; é de fato saúde coletiva”, afirma.
Maria da Paz avalia que Cuba está melhor preparada que o Brasil para lidar com a pandemia também por estar acostumada a enfrentar outros problemas que exigem respostas coletivas, como intempéries climáticas. “Já existe uma formação, uma cultura de cuidado no dia a dia das pessoas”.
Quanto às vacinas, Cuba tem desenvolvimento próprio de cinco imunizantes. O mais promissor é a Soberana 2, que está na terceira fase de testes e em breve será aplicada em toda a população, mesmo com um dos menores índices de mortalidade do mundo até o momento em função da pandemia.
O país pretende produzir cerca de 100 milhões de doses de vacinas e disponibilizar o excedente para países pobres na América Latina na África.
Caráter privatista
Chioro denuncia também o caráter privatista do atual governo na área da Saúde. O ex-ministro cita o programa de governo de Jair Bolsonaro à presidência, em 2018, que indicava uma substituição do Programa Mais Médicos pelo Médicos pelo Brasil, o que envolveria a contratação de médicos e clínicas particulares para atenderem à rede pública. “Na minha opinião, fazia parte do projeto de privatização”.
Entre 2013 e 2016, Maria da Paz supervisionou o Programa Mais Médicos, que garantiu o atendimento de saúde em cidades e estados pouco assistidos por médicos brasileiros, e elogiou os médicos cubanos integrados ao programa, mesmo com ataques da direita e de associações médicas brasileiras.
“O Programa Mais Médicos e a presença massiva dos médicos cubanos marcou fortemente o país todo. Quando os médicos cubanos saíram, vimos [essa desassistência] na prática. Em uma cidade do interior do Pará que só tinha médicos cubanos, a população ficou meses sem ter médico. A realidade era essa”, lamenta.
“Acho que esse preconceito, essa ignorância, infelizmente pelos bolsonaristas, vai continuar, porque é uma forma de pensar. Mas posso dizer que, na prática, desconstruiu muito o preconceito com relação aos médicos cubanos, e isso foi muito positivo. Eles demonstraram que realmente são formados, são preparados, além da forma como lidam, a medicina humana, além da técnica. Fidel dizia: ‘Vocês precisam ser médicos com ciência e consciência’”, finaliza.
Arthur Chioro reforça que o SUS é um divisor de águas na garantia de direitos e um “patrimônio da população brasileira”. Sua estrutura precisa ser fortalecida, afirma o ex-ministro, porque outras crises sanitárias estão no horizonte.
“Temos uma oportunidade ímpar de colocar na agenda nacional o debate sobre a importância do SUS. Até porque, se tem uma certeza hoje, é que nós vamos ter outras pandemias, outras tragédias. No século 20 nós tivemos duas. No século 21, a covid-19 já é a quinta”.
Ameaças começaram após repercussão da campanha “vacina no braço, comida no prato: Fora Bolsonaro!”, realizada com êxito na sexta (9)
Escrito por: Redação CUT
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Sintufrj) divulgou nota nesta segunda-feira (12) denunciando ameaças, inclusive de ações terroristas , que apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) vêm fazendo por telefone desde este domingo (11). De acordo com a direção do sindicato, os bolsonaristas acusam o movimento sindical de “atrapalhar o Brasil” e prometem invadir e depredar a sede da entidade.
“As ameaças são uma consequência da ação realizada pelo Sintufrj no dia 9 de abril, com ampla repercussão nas redes sociais, denunciando os crimes do governo na pandemia, motivação da recente criação de uma CPI no Senado e de ofício enviado pela OAB à PGR, além de amplamente denunciados pelos movimentos sociais e pela imprensa”, diz trecho da nota do sindicato.
“A intenção dos apoiadores do governo é intimidar o Sintufrj e tentar impedir novas ações de denúncia contra Bolsonaro”, ressalta a nota.
“Afirmamos em alto e bom som: não vão nos calar!”, segue a nota que cita as vidas perdidas para a Covid-19, dizendo: “Nos últimos dias, chegamos à marca de 3 pessoas mortas por minuto.
Ultrapassamos as 350 mil vítimas fatais da pandemia. Nada pode ser maior do que combater essa tragédia e seus responsáveis.
Nosso compromisso é com a defesa da vida e da democracia”.
Os trabalhadores da educação da federal do Rio de Janeiro reforçam na nota a importância da organização da classe trabalhadora neste momento. “Contra a violência e o arbítrio, nossa arma é a força organizada das trabalhadoras e trabalhadores que se dedicam todos os dias a salvar vidas, produzir conhecimento e contribuir para a construção de um Brasil melhor”.
O Sintufrj realizou, ao longo da sexta-feira (9 de abril) várias ações coordenadas em defesa da vida e contra o governo Bolsonaro.
Com o mote “vacina no braço, comida no prato: Fora Bolsonaro!”, o sindicato instalou um telão de LED na Praia Vermelha e realizou uma projeção na fachada da Escola de Música, na Lapa, exibindo simultaneamente nos dois pontos um vídeo denunciando as ações do governo na pandemia – falta de vacinas, corte de verbas, ausência de auxílio emergencial decente – e exigindo a saída de Bolsonaro.
O Sintufrj também instalou um outdoor de frente para a Linha Vermelha e 2 grandes faixas na principal passarela da vida exibindo os dizeres da campanha.
A Direção da FASUBRA Sindical manifesta sua solidariedade à direção do SINTUFRJ pelos ataques sofridos de apoiadores do ódio e da violência. As ameaças de extremistas de direita à direção do sindicato são consequência da potente ação política construída pela entidade, seguindo orientação da FASUBRA, no último dia 9 de abril, quando exibiu em pontos diferentes da cidade um vídeo denunciando o governo Bolsonaro pela conduta criminosa na pandemia, responsável pela morte de mais de 350 mil pessoas, fato este que a Federação caracteriza como genocida, ao negar ações concreta, que iniba a proliferação, deste vírus, aliado aos vários ataques através de PECs que visam a destruição dos Servicos Públicos em nosso país, em um momento que salvam vida nesta pandemia.
As ameaças são uma consequência da ação realizada pelo Sintufrj no dia 9 de abril, com ampla repercussão nas redes sociais, denunciando os crimes do governo na pandemia, motivação da recente criação de uma CPI no Senado e de ofício enviado pela OAB à PGR, além de amplamente denunciados pelos movimentos sociais e pela imprensa. A intenção dos apoiadores do governo é intimidar o Sintufrj e tentar impedir novas ações de denúncia contra Bolsonaro.
Nesse sentido orientamos que os sindicatos da base da Fasubra manifestem publicamente sua solidariedade ao Sintufrj. O movimento sindical não se calará frente aos desmandos e crimes de um governo inimigo do povo. Todo apoio à luta das trabalhadoras e trabalhadores!
A FASUBRA Sindical reafirma seu posicionamento em defesa da vida, vacina para todas e todos!
#servidoressalvamvidas
#Vacina no braço, comida no prato!
#ForaBolsonaroeMourão
#BolsonaroGenocida
Desde ontem, vários apoiadores do presidente Bolsonaro estão telefonando para o sindicato e fazendo ameaças, inclusive de ações terroristas. Acusam o movimento sindical de “atrapalhar o Brasil” e prometem invadir e depredar a nossa sede.
As ameaças são uma consequência da ação realizada pelo Sintufrj no dia 9 de abril, com ampla repercussão nas redes sociais, denunciando os crimes do governo na pandemia, motivação da recente criação de uma CPI no Senado e de ofício enviado pela OAB à PGR, além de amplamente denunciados pelos movimentos sociais e pela imprensa. A intenção dos apoiadores do governo é intimidar o Sintufrj e tentar impedir novas ações de denúncia contra Bolsonaro.
Afirmamos em alto e bom som: não vão nos calar! Nos últimos dias, chegamos à marca de 3 pessoas mortas por minuto. Ultrapassamos as 350 mil vítimas fatais da pandemia. Nada pode ser maior do que combater essa tragédia e seus responsáveis. Nosso compromisso é com a defesa da vida e da democracia.
Contra a violência e o arbítrio, nossa arma é a força organizada das trabalhadoras e trabalhadores que se dedicam todos os dias a salvar vidas, produzir conhecimento e contribuir para a construção de um Brasil melhor.