Governo anuncia que o salário mínimo subirá em 2021 dos atuais R$ 1.045,00 para R$ 1.088,00. Valor necessário é de R$ 5.005,00, para suprir necessidades de uma família de quatro pessoas, segundo Dieese

Matéria retirada do site da CUT.

O valor do salário mínimo, em 2021, deverá ser de R$ 1.087,84 levando em conta o reajuste apenas pela inflação, projetada em 4,1% para este ano. Como normalmente o valor é arredondado para cima deve chegar aos R$ 1.088,00.

Em setembro, o governo federal enviou ao Congresso Nacional, dentro da proposta de orçamento de 2021, que o salário mínimo deveria ser de R$ 1.067,00 para uma inflação de 2,1%. Como este índice praticamente dobrou, o governo revê agora os cálculos e sobe em R$ 21,00, o valor a ser pago aos trabalhadores, a partir de fevereiro do próximo ano.

Ainda assim, os R$ 1.088,00 são infinitamente menores do que o valor necessário para o sustento de uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças), se levarmos em consideração o preço da cesta básica em São Paulo de R$ 595,87. Para o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) o salário mínimo ideal é de R$ 5.005,91.

“O reajuste apenas com base na inflação tem um impacto negativo na distribuição de renda no Brasil, na redução das desigualdades salariais, particularmente entre maiores e menores salários, entre homens e mulheres e entre brancos e negros”, afirma a técnica do Dieese/subseção CUT Nacional, Adriana Marcolino.

Bolsonaro acabou com Política de Valorização do Salário Mínimo

Um dos primeiros atos de Jair Bolsonaro (ex-PSL) ao assumir a presidência da República foi acabar com a Política de Valorização do Salário Mínimo, uma conquista da CUT e dos trabalhadores e trabalhadoras, durante o governo do ex-presidente Lula.

Na política de valorização, o reajuste era previsto com base no índice da inflação mais o Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores. Se esta regra estivesse ainda valendo o salário mínimo em 2020 seria de R$ 1.057,92 e não os atuais R$ 1.045,00, dado por Bolsonaro. Para 2021, o valor também seria maior: R$ R$ 1.113,41 e não R$ 1.088,00, como oferece o atual governo.

Com a redução em R$ 12,92 em 2020 e de R$ 25,41 previstos para 2021, em apenas dois anos, os trabalhadores e trabalhadoras deixarão de receber R$ 38,33 a mais, desde que Bolsonaro acabou com a política implantada por Lula.

“Manter a política de valorização do salário mínimo significaria que todos os brasileiros, que contribuíram para gerar a riqueza do país ao longo de um ano , teriam, além da reposição da inflação, o direito de receberem parte da riqueza que foi produzida por eles”, afirma Adriana Marcolino.

 

 

O Centro de Referência de Mulheres da Maré Carminha Rosa (CRMM/UFRJ) convida para a programação da Campanha dos 16+5 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher do ano de 2020.

A programação será em formato remoto, através do instagram do CRMM (@crmmmare): https://www.instagram.com/crmmmare/ 

Confira a programação de lives, sempre às terças-feiras, às 19h:

1ª Live: Dia 24 de novembro a converesa será sobre “Mulheres Negras e Violências” com Josie Azevedo @elevajo.

2ª Live: Dia 1º de dezembro a discussão será sobre “Políticas Públicas e Violências de Gênero” com Erika Carvalho @erika.crmm

3ª Live: Dia 8 de dezembro, a convidada  será a assistente social Viviane Santos, do @lutapelapaz, que refletirá sobre “Direitos Humanos e Maré”.   

Todas as lives serão mediadas pela extensionista do CRMM e graduanda em Pedagogia pela UFRJ Evelyn Alves @evelynscalves.

O Grupo de Trabalho Multidisciplinar da UFRJ para o Enfrentamento da Covid-19 e o Complexo de Formação de Professores divulgaram um alerta conjunto sobre as condições para reabertura de escolas no contexto da pandemia. O texto foi enviado aos integrantes do Conselho Universitário da UFRJ pelo coordenador do GT, Roberto Medronho, no dia 18 de novembro.

A nota, também foi assinada pelas direções da Faculdade de Educação e do Colégio de Aplicação, da UFRJ, aponta que, “oito meses depois do início das medidas de isolamento social e após a liberação de muitas atividades não essenciais, sem protocolos específicos ou indicadores científicos que justificassem essa decisão, a discussão sobre a reabertura das escolas volta à ordem do dia, trazendo mais uma vez para a cena política os efeitos perversos da injustiça social”. 

De acordo ainda com o texto, “a avaliação de que o retorno às aulas presenciais pode ser realizado com segurança está longe de ser consensual”. São citados como exemplos estados e cidades norte-americanas que enfrentam muitas dificuldades para manter o retorno escolar durante a pandemia, como Nova Iorque, que enfrenta o dilema frente ao aumento de casos, entre restringir as escolas ou a vida social. 

“Certamente a reabertura das escolas oferece riscos, principalmente se as medidas de precaução não forem adotadas. Por isso, nessas grandes cidades, as autoridades de saúde, a despeito de debates, avaliam fechar esses estabelecimentos. Quanto maior a taxa de transmissão do vírus na comunidade, maior é esse risco e maior é o número de medidas de contenção da importação e transmissão do vírus que precisa ser sistematicamente adotados pela escola”, pondera o documento. 

Os signatários reconhecem que “a escola protege as crianças e jovens vulneráveis; garante a sobrevivência física e mental de muitos; permite a manutenção de vínculos sociais em tempos de isolamento e contribui de forma direta para que os pais da juventude escolarizada possam trabalhar” e admitem “que este é o momento de aprender a viver com o vírus”, mas alertam que “isso jamais será possível sem investimento público sério em redes de suporte”. 

“…Riscos são minimizados ou amplificados segundo marcadores sociais que, por sua vez, condicionam de forma desigual a experiência social concreta de crianças e adultos e de cada comunidade escolar”, destaca ainda a nota. Para os signatários do documento, a decisão e o planejamento sobre a reabertura de escolas não podem prescindir do diálogo com os professores e os demais profissionais das unidades escolares, pais e responsáveis dos estudantes. “Além disso, é fundamental a responsabilização do Estado no sentido de garantir as condições necessárias para que a abertura aconteça de forma segura”, pontuam. 

Por fim, o documento conclui que todas as condições citadas para o retorno às atividades escolares presenciais “exigem, obrigatoriamente, investimento emergencial na educação pública por parte dos governos, que deve ser desde já considerado e imediatamente planejado em conjunto com o Parlamento, as instituições científicas, secretarias de educação, dentre outros órgãos, a fim de que seja possível viabilizar os ajustes de estrutura física e de redimensionamento de pessoal docente e de apoio técnico”. 

 

 

 

Começou nesta segunda-feira, 23, o VIII Seminário de Integração dos Servidores Técnico-Administrativos em Educação (Sintae) da UFRJ, Toda a programação deste importante evento para os trabalhadores da universidade, que será encerrado na sexta-feira, 27, está sendo realizada virtualmente e transmitido pelos canais de comunicação da instituição.  

Para celebrar a importância da participação da categoria na construção da excelência da universidade, o tema da mesa de abertura do seminário, às 14h, foi “Os servidores técnico-administrativos em educação e seu papel nos 100 anos da UFRJ”. O Sintae é um espaço para fomentar a reflexão e a troca de experiências entre os técnico-administrativos e a discussão sobre temas relevantes para a categoria, como a carreira. 

Sintufrj

“O Sintae simboliza um momento em que o técnico-administrativo pode mostrar um pouco da sua produção intelectual para além do cotidiano de seu trabalho e percebemos o quanto ele tem carinho e amor pela UFRJ”, afirmou a coordenadora-geral do Sintufrj, Neuza Luzia, que fez parte da mesa de abertura do seminário. 

Segundo a dirigente, “o Sintae é um momento também que a universidade pode perceber, mais atentamente, a diversidade dos nossos saberes e o quanto cada saber tem seu valor”. Neuza Luzia conclui acrescentando: “precisamos repetir isso muitas vezes, porque infelizmente existe um preconceito de que um saber vale mais do que o outro, seja no ambiente dos técnico-administrativos ou na academia como um todo”.

“É na diversidade que avançamos”, disse a reitora Denise Pires de Carvalho ao abrir o VIII Sintae

“É uma grande honra estar aqui abrindo o Sintae em comemoração aos 100 anos da UFRJ, em comemoração à participação dos técnico-administrativos em educação nesses 100 anos. Participação que não é periférica, não é ao lado, não é de ajuda. É uma participação fundamental para tecer esse tecido que é a UFRJ de hoje. Somos um tecido fortalecido, um tecido social que forma a comunidade universitária muito coesa porque nós temos servidores técnico-administrativos em educação de excelência, com muita dedicação a nossa universidade. E que tecem juntamente com nossos estudantes e docentes essa universidade que tem um tecido forte e colorido”, destacou a reitora. 

“A importância desse seminário é estar exatamente na congregação dos saberes, da expectativa de vários trabalhos – mais de 102. Para o momento que estamos vivendo de pandemia o recado principal é mostrar que a UFRJ continua unida e se integrando cada vez mais. Esse Sintae é fruto da participação e da integração de todo o grupo, não só da PR4”, complementou a diretora da Divisão de Desenvolvimento da Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4), Mônica Marques.

A técnica em assuntos educacionais da Divisão de Desenvolvimento da PR-4, Viviane Oliveira, apresentou dados da sua pesquisa sobre a atuação das mulheres nos 100 anos da UFRJ. A cerimônia de abertura do seminário foi encerrada com a participação artística da cantora e compositora Marcela Sá. 

Luzia Araújo, pró-reitora de Pessoal, também estava presente na abertura do seminário com outros integrantes da PR-4, a  superintendente de Planejamento, Rita Anjos, e a coordenadora de Políticas de Pessoal, Rejane Barros. 

Programação

As atividades, entre vídeo e pôsteres, comunicação oral, oficinas, minipalestras, e momentos artísticos no fim da tarde prosseguem aaté sexta-feira, 27. A programação completa do VII Sintae pode ser acessada pelo endereço: https://bit.ly/sintae2020

As sessões de vídeo-pôsteres serão realizadas ao longo do período de 24 a 27 de novembro, no formato assíncrono e por meio do canal do Youtube da Pró-Reitoria de Pessoal. A ferramenta de chat da plataforma estará ativa durante esse período para interação entre público e autores.

Confira algumas atividades: 

24/11, terça-feira

Minipalestras

15h – Universidade para os trabalhadores, um projeto para uma gestão democrática. Apresentação: Ana Maria Ribeiro, técnica em assuntos educacionais do CFCH. Moderadora: Adriele Ribeiro.

15h – Promoção da saúde física e funcional em tempos de pandemia e orientações da fisioterapia. Apresentação: Samantha Alegria, fisioterapeuta da CPST/PR4. Moderadora: Mônica Marques.

16h – Momento Artístico. Exibição do vídeo Canção “Aquele Barco”, de Fábio Frohwein. Apresentação: Rafael Barcellos, assistente em administração da DVDE/PR4.

25/11 – Quarta-feira

15h – Minipalestra: Finanças Pessoais. Apresentação: Luiz Antônio Ochsendorf Leal, professor de Finanças Pessoais da FACC/UFRJ. Moderador: Alexandra Santos, técnica em assuntos educacionais do NIDES/CT.

15h – Oficina – Escrita Acadêmica: o que é um projeto de pesquisa? com Isabelle Nobre, técnica em assuntos educacionais do Serviço de Epidemiologia do HUCFF. Moderador: Leonardo Pereira, assistente em administração da DVAP/PR4. 

16h – Momento Artístico – Exibição do vídeoo da Companhia Folclórica do RJ-UFRJ. Apresentação: Rafael Barcellos, assistente em administração da DVDE/PR4.

27/11 – Sexta-feira

9h30 – Encerramento. Momento Artístico com a exibição do  Vídeo: Jongo de Casa, pela Companhia Folclórica do RJ-UFRJ. Apresentação: Rafael Barcellos, assistente em administração da DVDE/PR4.

9h30 às 11h30 – Mesa de encerramento: “A UFRJ debatendo a diversidade nas Instituições de Ensino Superior”, com Denise Góes, coordenadora da Câmara de Políticas Raciais da UFRJ; Daniele Balbi, professora da Escola de Comunicação/UFRJ; Amélia Rosauro, diretora da DIRAC/UFRJ; Adriana Santos, do Centro de Referência para Mulheres CRM-SSA/NEPP-DH/UFRJ; Leda Francisco, professora aposentada de Geografia do Estado do RJ; Jaqueline Gomes de Jesus, professora de Psicologia da IFRJ do Campus Belford Roxo. Moderadora: Luzia Araújo Marques, enfermeira e Pró-Reitora de Pessoal da UFRJ.

11h30 – Momento artístico: MPB com os Irmãos Roberto e Ricardo Crespo. Apresentação: Mônica Marques, diretora da Divisão de Desenvolvimento da PR4/UFRJ. 

 

 

 

 

A contribuição sindical não aumentou, nem houve dupla cobrança.

A confusão se deve ao fato de que, como o pagamento da 2ª parcela do décimo-terceiro passou a ser realizado separado em folha suplementar (a 1º parcela recebemos no salario de junho ou férias, a critério do servidor), o desconto de 1% sobre o décimo-terceiro aparece no contracheque de novembro, incidindo sobre este salário. Não há desconto sobre a 1ª parcela e nem na folha da 2ª parcela.

Esta mudança vem ocorrendo desde 2016 e ainda gera dúvidas. Ao receber a prévia, o servidor verifica um desconto de 2%, o dobro do valor da mensalidade. Porém, o décimo-terceiro é recebido sem o desconto da mensalidade. Na prática, é o de sempre: 1% em cima de cada salário.

A contribuição sindical sobre o décimo-terceiro é uma decisão da categoria e existe desde os tempos de Asufrj. É estatutária, definida em congresso pelos sindicalizados, e só pode ser alterado por decisão congressual.

Esta contribuição estatutária é importante para manter a saúde financeira da nossa entidade, garantir o pagamento do décimo-terceiro dos funcionários do sindicato (departamento jurídico, administrativos, jornalistas, professores dos diversos cursos que o Sintufrj oferece aos sindicalizados etc) e pagar todas as despesas extras existentes como IPVA dos veiculos.

A diretoria do SINTUFRJ, como vem procedendo desde de sua posse, disponibilizará no Portal da Transparencia do SINTUFRJ o balanço financeiro e utilização desse recurso, sempre revertido para a luta e conquista da categoria.

Direção do Sintufrj
Gestão Ressignificar

 

Estão suspensas as internações eletivas (quando há necessidade de uma investigação ou uma biópsia, por exemplo) no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), da UFRJ, por causa superlotação na emergência (o que inclui casos de covid). As cirurgias eletivas seguem normalmente.

O HUCFF se destacou recentemente no atendimento de pacientes de covid-19, mas com o recrudescimento dos casos vive uma situação grave: parte dos contratos emergenciais (que garantia e pessoal necessário para a quantidade de leitos) terminou e o Hospital do Fundão, como é conhecido, fechou 60 leitos. Com menos leitos, a emergência está lotada.

O diretor médico do hospital, Alberto Chebabo, disse que os leitos foram fechados porque não há mais recursos do MEC para covid que garantia os contratos firmados meses atrás. 

“Se é primeira ou segunda onde, não faz diferença. A questão é que está aumentando o número de casos, as pessoas estão se expondo mais e a gente tem menos leito de covid em relação ao que tínhamos há seis meses”, disse. “Os hospitais voltaram a operar e atender outras patologias e acabaram os contratos temporários”.

Os contratos tinham três meses de validade. Alguns terminaram em novembro, outros terminam em dezembro.  O contrato com a empresa pública Rio Saúde, por exemplo, termina dia 31 de dezembro e não há certeza de que será renovado. E em janeiro é possível que mais leitos venham a ser fechados. 

“Temos menos leitos como um todo, por isso a emergência está superlotada, Além disso, o hospital teve que redirecionar leitos (que serviam a pacientes de covid) para atender a outros pacientes como do CTI Cirúrgico”, diz o médico, ponderando que o certo seria abrir leitos a mais para covid e não utilizar os que já existem. 

Chebabo afirma que o hospital tem espaço e material para manter os leitos, só não tem pessoal, como enfermeiros, médicos e fisioterapeutas que compõem a estrutura necessária. “Todos estes foram embora. Os contratos com as empresa acabaram”, diz o diretor explicando que entre eles, estavam 140 técnicos de enfermagem, 64 enfermeiros e 38 médicos. 

O diretor lembra outros fatores para a falta de pessoal, como as aposentadorias que não foram repostas, a falta de concursos, pessoal de licença e férias que foram suspensas no primeiro semestre, mas que agora precisam ser tiradas.

Grave

“Está muito grave a situação, por isso tivemos que suspender internações eletivas clínicas porque é preciso dar fluxo aos pacientes que estão na emergência. É preciso ter leito nos andares para desafogar a emergência”, disse Chebabo explicando que os pacientes não são todos de covid-19, embora reconheça que de fato está tendo um aumento de casos: “isso é nítido”.

Se a alta de casos se mantiver, disse o médico, pode acontecer um estrangulamento. “Ficar sem leito mesmo. Vai sobrecarregar as Upas sem capacidade de internação”, diz ele, alertando que a população precisa entender que se está enfrentando um momento crítico e deixar de se expor. 

Essa situação (fim de contratos, queda no número de leitos), como lembra o diretor médico, não acontece só no Rio de janeiro, embora em nossa cidade, o cenário esteja crítico, com hospitais públicos e privados lotando leitos. Assim, lembra ele, prefeitura, governo do estado e Ministério da Saúde, deveriam estar se preocupando em liberar recursos para os contratos emergenciais. 

 

 

“A situação da população negra no Brasil” – evento que destacou como a identidade negra é preciosa e deve ser defendida – foi o tema da live promovida pelo Centro de Tecnologia (CT) da UFRJ, na quarta-feira, 18, para celebrar o 20 de Novembro: Dia da Consciência Negra.  

Alunas da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ, Jacki e Gabi  abriram a live coreografando a música “My Powe”, da Beyonce, e o coral do CT cantando “Kizomba” encerrou o evento. A transmissão foi pelo Facebook e o canal da unidade no Youtube, entre às 15 e 17h, e está disponível para qualquer pessoa. 

Participaram do debate a coordenadora do Sintufrj, Noemi Andrade, a cientista política do Núcleo de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-DH) da UFRJ, Fernanda Barros, e a pesquisadora e organizadora do livro Mulheres Negras Brasileiras, Sandra Colemann. Atuou como mediadora a técnica-administrativa e integrante da Câmara de Políticas Raciais e da Comissão de Heteroidentificação da UFRJ, Selma Ribeiro.  

Políticas públicas

Fernanda Barros defendeu a aplicação de políticas públicas para a população negra:

“A gente precisa de medidas antirracistas pontuais, que sejam implementadas de fato pelo Estado brasileiro de forma a subtrair da população negra dados sócio-econômicos que trazem uma série de desigualdades relacionadas ao grupo. Termos uma comemoração de fato sobre a importância cultural e em termos ideológicos da identidade negra. Mas temos a morte da juventude negra que ainda é um quadro bastante desanimador. Medidas públicas precisam ser diferenciadas e colocadas em vigor. Então esse discurso da meritocracia, da democracia racial e que o Brasil não apresenta conflitos de raça é uma grande falácia”. 

Noemi de Andrade destacou a importância de identificar a população de trabalhadores negros na UFRJ e informou sobre a  realização do censo na universidade com este objetivo:

“É importante que a gente traga para esse mês a reflexão sobre essa realidade desigual e o quanto temos que fazer para a implementação de ações afirmativas e de políticas públicas para a  população negra no Brasil. É importante também trazer essa discussão para a UFRJ. Pelo racismo institucional e estrutural até hoje a universidade não consegue ter um dimensionamento da população de trabalhadores negros que possui, entre técnicos e professores. O NEPP-DH fará um censo para saber onde estão os negros na UFRJ; quantos somos e onde estamos localizados. Essas informações são necessárias para sabermos até aonde a gente tem que chegar e qual é o tamanho do espaço ocupado pelos negros na UFRJ, traçar seu perfil étnico”.

Segundo a dirigente, há 30 anos a discussão sobre racismo não ocorre na universidade, mas que a população negra luta no dia a dia para que a UFRJ seja mais transparente nas questões de raça.  Ela afirmou que 20% de reserva de vagas para negros e pardos (conforme determina a lei) ainda é muito pouco. “Em 2022 a política de cotas será revista e nós temos que ter esse balanço para apresentar à sociedade e para termos uma universidade muito mais colorida, com muito mais representatividade do povo negro”, concluiu.

A pesquisadora Sandra Colemann compartilhou sua experiência nos Estados Unidos, onde produziu uma exposição em 2017 na Universidade do Estado de Nova Iorque, instituição na qual também cursou seu mestrado, colocando em evidência o racismo vivido pelas mulheres negras brasileiras. 

“Resolvi fazer a exposição para mostrar que temos mulheres negras acadêmicas no Brasil e revelar casos de racismo de 50 mulheres negras brasileiras. Muitas das narrativas destas mulheres estão no livro “Mulheres Negras Brasileiras – Presença e poder”,  sendo que 13 dessas mulheres são divas e participam ativamente do movimento negro no Rio de Janeiro”.

 

Nesta quinta-feira, 19, o Sintufrj Itinerante estará atendendo as demandas das trabalhadoras e trabalhadores do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), das 10h às 16h.

Faça a sua lista (serviços, esclarecimentos sobre processos, convênios, entre outras demandas) e leve-a até a van do Sintufrj. Profissionais da entidade, entre os quais advogados, e coordenadores sindicais estarão à sua disposição.  

 

O Instituto de Anatomia Patológica da Faculdade de Medicina foi uma das unidades que aderiu ao Programa de Qualificação Institucional (PQI), e os resultados não podiam ser melhores. Mas a continuidade das pesquisas depende de apoio financeiro.

A biomédica Caroline Barros foi uma das aprovadas na seleção para doutorado oferecido pelo programa no final de 2019, porém soube no início deste ano que a UFRJ iria suspender o PQI. Ela disse que a notícia não a surpreendeu, porque já sabia, por colegas, que as bolsas não estavam sendo pagas. 

CAROLINE Batista: pesquisa sobre como ajudar pessoas com glioblastoma

Como representante dos técnicos-administrativos no colegiado do Instituto de Ciências Biomédicas, ela considera que seria justo que os valores do ano anterior fossem repassados para que os programas possam comprar os subsídios que os alunos necessitam para as pesquisas em andamento. 

Salvar vidas 1

A servidora, com 13 anos de casa, desenvolve estudos sobre o glioblastoma, tumor agressivo, raro e esporádico, mas o mais comum entre os cânceres cerebrais, cujo tratamento envolve cirurgia, radioterapia e quimioterapia. 

“Meu projeto é buscar uma maneira de ajudar o quimioterápico a atingir o tumor de glioblastoma. Esses medicamentos têm dificuldade em atingir algumas regiões do tumor, um dos motivos pelos quais são tão agressivos”, explicou Caroline.  

Segundo a pesquisadora, colegas de outros laboratórios têm dado apoio, contudo seu trabalho chegou a num ponto que necessita de materiais muito específicos. “Uma enorme parte do meu projeto não será desenvolvida. Não tenho condições de comprar os reagentes, que são caros. Eu contava com a verba do programa”, lamentou a técnica-administrativa. Para não parar totalmente o projeto, ela decidiu usar os recursos da bolsa de auxílio técnico para adquirir parte dos reagentes. 

Relevância internacional

A bióloga do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Janine Simas Cardoso Rurr, pesquisa um processo eficaz e barato para uso da radiação solar e de um corante não tóxico (o azul de metileno) para obtenção de água potável. 

De acordo com a pesquisadora, a falta de água potável é um grande obstáculo para a saúde pública em países pobres como o Brasil, onde cerca de 35 milhões de pessoas não têm acesso à água tratada. E a água contaminada é a principal causa de diarreia, que leva à morte diariamente sete crianças, cujas moradias não contam com  saneamento básico. 

JANINE Rurr: na apresentação da sua pesquisa na Jornada da Pós-Graduação

Janine é uma das selecionadas pelo Programa de Qualificação Institucional de Anatomia Patológica da Faculdade de Medicina, que aderiu ao PQI. A tese em andamento no seu doutorado é sobre “O processo de desinfecção solar com fotocatálise pelo azul de metileno”, que já foi apresentada no Seminário de Integração dos Técnicos-Administrativos da UFRJ (Sintae) e concorre ao Prêmio ANA (Agência Nacional de Águas) 2020.  

A desinfecção solar (exposição de água não potável em garrafas PET ao sol por um ou dois dias, dependendo da nebulosidade) tem se mostrado eficiente. Mas pode ser acelerada pelo azul de metileno (AM), que permite o uso do método em áreas menos ensolaradas. A pesquisadora investiga agora a segurança para o consumo, como a toxicidade hepática e renal.

Janine ingressou no doutorado no primeiro semestre de 2019, e contava com a bolsa para realizar suas pesquisas. “Eu nunca precisei desse dinheiro porque já estava adiantada nas minhas experiências, mas agora preciso comprar anticorpos, lâmina, mas pelo que estou vendo não tem como”, lamentou a técnica-administrativa, que ingressou na universidade em 1989.

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Claudia de Alencar Santos Lage, orientadora de Janine, disse que a servidora foi selecionada para o programa pela qualidade do projeto e em posição elevada, em março de 2019, e o laboratório se encontrava equipado com todos os recursos necessários para o trabalho. Mas agora as pesquisas entraram em uma fase que exige reagentes mais dispendiosos, anticorpos e outros marcadores. “O que é preciso é financiamento para compra destes reagentes para a finalização do projeto dela”, disse a professora, acrescentando que a coordenadora do programa também está empenhada na busca de recursos.

A orientadora contou que Janine se inspirou na avó – que usava produtos como azul de metileno e violeta agenciada – para criar o projeto. O sucesso angariado, segundo ela, também tem a ver com o catalisador para acelerar o tempo de exposição ao sol (de 48 horas para seis horas) da água contaminada. Um processo que poderia beneficiar, só no Hemisfério Norte – devido à baixa incidência da luz do sol –, cerca de um bilhão e meio de pessoas atualmente sem acesso fácil à água potável. 

Com este projeto, Janine foi convidada, em 2018, para participar do Fórum Mundial da Água, em Toronto, no Canadá – um evento realizado a cada dois anos. Mas ela não pôde ir, porque, acredita a orientadora, a universidade não tinha recursos. “Temos na UFRJ um grande projeto, e tudo indica que é seguro – ainda é preciso apurar, por exemplo, se as células manifestam algum tipo de alteração potencialmente carcinogênica –, mas agora o avanço do processo requer suporte para uma análise mais refinada”, pontuou Claudia de Alencar.

 

 

Por decisão da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, sob a alegação de falta de verbas, desde o dia 9 de março está suspenso o Programa de Qualificação Institucional (PQI), voltado para o desenvolvimento profissional dos técnicos-administrativos em educação e docentes. O ofício é assinado também pelas Pró-Reitorias de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças e de Pessoal.

O PQI foi criado pela Portaria nº 7.555, em 2017, com a concordância das três pró-reitorias, e a proposta era apoiar programas de pós-graduação que admitissem vagas adicionais nos editais de seleção de mestrado ou doutorado para todos os servidores da instituição. 

No primeiro ano, aderiram à proposta 44 programas de diversas áreas, oferecendo até três vagas; no segundo ano, 23, e até maio de 2019, seis. 

Justificativa

No ofício, as três pró-reitorias justificam a decisão afirmando que o atual modelo do PQI compromete e inviabiliza as demais ações destinadas à capacitação dos servidores. “Nesse sentido”, diz o texto, “optamos por suspender o referido programa até que possamos elaborar um edital estabelecendo novos critérios para o incentivo a este tipo de qualificação na UFRJ em conformidade com o orçamento destinado ao ano de 2020, considerando todos os níveis profissionais.”  

Até o momento, as pró-reitorias envolvidas não acenaram com um novo programa, conforme especifica o ofício que suspendeu o PQI. Mas, segundo a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, um grupo de trabalho está encarregado de apresentar propostas. 

Direito garantido

 O pró-reitor de Finanças, Eduardo Raupp, alegou que o PQI foi criado sem previsão orçamentária para sustentá-lo e que consumia quase toda a verba destinada à capacitação. Porém, como não havia limites, a adesão continuou para muitos programas. 

“Se [o PQI] continuasse, iria ultrapassar o valor previsto [para a capacitação]. Por isso digo que não foi feita previsão orçamentária. Tanto é que nunca conseguimos pagar integralmente as bolsas prometidas pelo programa. Por isso achamos por bem não continuar contraindo dívidas e reformular o programa”, explicou Raupp.

Nas contas do pró-reitor, o PQI estava consumindo dois terços dos recursos de capacitação, inviabilizando qualquer outro programa na área. “Em 2020”, informou, “a verba para a capacitação ficou em torno de R$ 1,45 milhão, e em 2021 vai baixar para R$ 1,185 milhão.”

Raupp garantiu que quem já está cursando uma pós-graduação não será afetado pela decisão. Segundo o pró-reitor, a bolsa era um estímulo ao programa, mas não era destinada ao servidor, portanto, nada tem a ver com o resultado da seleção. “O servidor não deixa de ser aluno e continua no programa”, frisou.

Dívida impagável

Segundo a pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, Denise Freire, apesar de interessante, o programa se tornou inviável economicamente e a dívida foi aumentando, tornando-se impagável. “Não se avaliou que todos os anos entravam alunos. Até que tivemos que parar, porque não havia mais recursos. Mas acho que a qualificação profissional dos servidores é fundamental”, reconhece. 

A pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa (PR-2), Professora Denise Freire, fazendo uma apresentação em sessão do Consuni em julho de 2019.

Para enfrentar a falta de dinheiro, uma das propostas da pró-reitora é organizar cursos em parceria com outras universidades ou com unidades da própria UFRJ, em áreas como gestão pública, além de mestrados acadêmicos ou profissionais e cursos lato sensu

Todavia, ela prometeu lançar em breve um novo PQI, que está sendo discutido por um grupo de trabalho formado por representantes das três pró-reitorias envolvidas com o programa extinto. Denise também garantiu que os atuais beneficiários do PQI prosseguirão com seus cursos. 

Novo PQI

 Marília Lopes, superintendente administrativa da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, explicou que a ideia discutida no grupo de trabalho é lançar um edital que seja plausível. “Não havia condições de pagar uma bolsa de mestrado e doutorado a todo aluno que entrasse no programa. Gostaríamos de já ter tido colocado em funcionamento um novo edital, mas ficou difícil com a pandemia, porém acredito que no próximo ano isso seja possível”, prevê. 

Segundo Marília, o custo mensal de um aluno de mestrado é de R$ 1.500 e de doutorado, R$ 2.200. O repasse foi feito até o primeiro semestre de 2019, e a partir do segundo semestre não houve mais repasses e não foram aceitas mais adesões ao PQI. “Pagamos o máximo que foi possível. Este ano não há como repassar verba, mas os selecionados para os cursos podem cursar normalmente; o programa só não está recebendo recursos”, explicou.