Bloqueio total das atividades não essenciais. Lockdow! É o que recomenda um grupo de pesquisadores da UFRJ, caso não haja a redução rápida da velocidade de transmissão do novo coronavírus no Estado do Rio. Segundo os especialistas, esta é a forma mais eficaz para poupar vidas e evitar o colapso do sistema de saúde.

A recomendação dos pesquisadores se baseia no modelo computacional desenvolvido pela Coppe, que leva em conta os casos da Covid-19 confirmados pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio e a constatação de que cada pessoa infectada é capaz de transmitir o vírus para outras 2,46 pessoas em média.

 

Dados

 

De acordo com os cientistas da universidade, o número de infectados no estado poderá chegar a 40 mil no pico da pandemia, previsto para a primeira quinzena de junho.

O modelo da Coppe tem condições de fazer estimativas diárias sobre todo estado, com base na evolução dos casos notificados desde o início da pandemia. A projeção no momento é de que, mantido o cenário atual e com apenas 50% da população em isolamento, o número de óbitos poderá chegar a 30 mil pessoas até o final da pandemia.

Pesquisa

A pesquisa em curso é coordenada por Guilherme Travassos (coordenador do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (Pesc) e do grupo de Engenharia de Software Experimental da Coppe,  Roberto Medronho, (Faculdade de Medicina) e Claudio Miceli de Farias, da Coppe e do Instituto Tércio Pacitti de Aplicações e Pesquisas Computacionais (NCE).

Medronho, que lidera o Grupo de Trabalho Multidisciplinar para Enfrentamento da Covid-19 da UFRJ, explica que as medidas de isolamento social adotadas têm contribuído para reduzir o número de casos, mas não são suficientes.

Ele defende como necessária a adoção do lockdown, tendo em vista o comportamento da população até o momento e a insuficiência de infraestrutura hospitalar do Rio de Janeiro. Segundo Medronho, no ritmo atual, seriam necessários novos 800 respiradores para todo o Estado do Rio.

De acordo com Guilherme Travassos, o trabalho desenvolvido inicialmente pelo grupo multidisciplinar da UFRJ para subsidiar tomada de decisões, por exemplo quanto ao Complexo Hospitalar, ganhou dimensão diante da gravidade da situação no estado. O grupo de pesquisa indicou o lockdown às autoridades de saúde no dia 22 de maio.

“Estamos falando de salvar vidas. Neste cenário temos que ser conservadores. O lockdown é uma atitude conservadora, de preservação da vida”, afirma Guilherme. O bloqueio reduz a chance de propagação do vírus, avisa.

Acessível à população 

O modelo computacional da Coppe consegue  recalcular automaticamente o cenário atual e projetar consequências de medidas adotadas 15 dias antes, o que o torna uma ferramenta importante para embasar decisões de gestores públicos. E ainda oferece uma espécie de “velocímetro” para que a população possa ver a evolução dos casos e das previsões, todos os dias.

Essas informações serão disponibilizadas em breve no site https://dadoscovid19.cos.ufrj.br e sinalizará o risco de colapso no sistema de saúde.

“No fundo, a maioria das pessoas quer saber se (o quadro) está bom ou ruim. E foi o que a gente tentou fazer. Junto com o modelo, bolou um marcador de risco justamente para tentar passar para a população a velocidade da propagação e contágio, indicada pela movimentação de um ponteiro. Quanto mais veloz, maior o risco. Quando passa do número dois, esse indicador (que aponta quantas pessoas tem a chance de se infectar com cada caso positivo), informa uma evolução exponencial.

Falsa ilusão

Segundo o coordenador da pesquisa, nesse momento há uma falsa ilusão de que os indicadores estão melhorando. “Na realidade, não estão. São ciclos. Quando diminui a movimentação da população, em torno de uma semana, uma semana e meia, há redução do número de casos e atendimentos”. Para ele, portanto, a quarentena é necessária.

“Não dá para pensar em relaxar. Como Medronho colocou, o pico será no início de junho e precisamos de algumas medidas para controlar isso. O modelo da Coppe indica a gravidade do problema, e o resultado  reforça ainda mais a necessidade deste isolamento. Mas a decisão não cabe a nós”, conclui Guilherme.

PARA PESQUISADORES, o isolamento social rigoroso é o caminho para codnster a expansão descontrolada da epidemia e mais mortes

 

🗣 O programa Sintufrj Linha Direta conversa nessa quarta-feira, 27, com o professor Guilherme Travassos, um dos coordenadores da pesquisa desenvolvida no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) em que se recomenda o lockdown no estado do Rio.

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A queda de Wanderson Oliveira deixa a pasta menos técnica e liga o alerta para possíveis maquiagens nos dados

Matéria retirada do site Brasil de Fato.

 

No último sábado (23), o epidemiologista Wanderson Oliveira anunciou sua saída do Ministério da Saúde. Dessa forma, a pasta perde sua principal referência técnica e o profissional que desenvolveu o planejamento do governo brasileiro para o enfrentamento à pandemia. Em contrapartida, de acordo com o jornal O Estado de São Paulo, o ministério deve receber mais 20 militares em cargos estratégicos, que farão companhia a outros 20 já nomeados.

Nenhum dos militares que trabalham no ministério possui formação técnica para atuar na área da saúde, nem mesmo o general Eduardo Pazuello, chefe temporário da pasta, que substituiu dois médicos no cargo, Nelson Teich e Luiz Henrique Mandetta. Quem atua no setor alerta para os perigos das mudanças.

“A subnotificação já afeta os dados hoje, minha preocupação é que passe a haver uma ação deliberada para produzir subnotificação e atraso na divulgação do avanço da epidemia”, explica Leandro Gonçalves, professor do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal Fluminense (UFF).

“Se eles quiserem, eles vão conseguir manejar a narrativa da extensão da pandemia no Brasil. Hoje, caiu o Wanderson da Silva, que é o cara que planejou o enfrentamento à pandemia no Brasil, cai com ele também o planejamento. Virá alguém que irá conduzir de outra maneira. Teremos os balanços diários e a mesma postura de alerta com relação ao vírus? Ou será que vai começar a mudar a narrativa?”, pergunta Gonçalves.

Além de Wanderson Oliveira, o Ministério da Saúde já havia perdido seu secretário-executivo João Gabbardo, que trabalhava na pasta havia mais de 40 anos e que foi exonerado no dia 22 de abril. Para o seu cargo, foi nomeado justamente o general Pazanello, que agora chefia o setor. Em 4 de maio, o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos, Denizar Vianna, também foi demitido.

“Até aqui, as pessoas responsáveis pela divulgação dos dados eram técnicas, que caíram para os militares entrarem. Eles podem dar um jeito de maquiar a cobertura do avanço da epidemia pelo Brasil”, afirma Gonçalves.

Militares na Saúde

Sem experiência técnica que justifique as indicações, os militares colocados pelo governo federal no Ministério da Saúde fizeram surgir o questionamento sobre a intenção de Jair Bolsonaro com as nomeações.

Para Ana Penido, cientista social de formação, mestre em Estudos Estratégicos de Defesa e doutora em Relações Internacionais pela Unesp, os militares já controlam o Brasil. “Os militares se organizaram como um partido tradicional. Eu tenho muitas dúvidas sobre qual o projeto que eles tem de construção [do país]. Hoje, eles são o principal partido do governo e cada vez mais eles querem postos estratégicos, como as áreas de controle orçamentário e fiscalização, com a lógica de ocupação em massa.”

Ainda de acordo com a pesquisadora, não há justificativa, senão o respaldo político, para a ascensão de militares no ministério. “Os militares que vem da Amam (Academia Militar dos Agulhas Negras) são formados para serem guerreiros. Não existe quadro técnico entre os militares para o quadro da Saúde e nem para outros, só tem sentido que eles estejam no Ministério da Defesa. É o mesmo que colocar um médico para comandar o Exército.”

Para Gonçalves, Bolsonaro move os militares em uma tentativa de “ocupar o executivo e render os poderes”. “Não é uma tentativa de resistir a um impeachment, é um movimento ativo de tomada de poder e isso me preocupa mais. Ele não está numa posição defensiva, ele está atacando”, finaliza.

 

 

Ao celebrar 120 anos de serviço à saúde pública (completados nesta segunda-feira, 25 de maio de 2020), a Fundação Oswaldo Cruz, orgulho da ciência produzida no Brasil, tem à frente pela primeira vez uma mulher, a socióloga Nísia Trindade. Não é difícil imaginar o alcance do papel da Fiocruz, uma instituição que nasceu para combater epidemias, neste momento de devastadora crise sanitária.

Nesta breve entrevista por e-mail, Nísia descreve o papel histórico da Fiocruz na defesa da saúde pública. Ela destacou a parceria da fundação com a UFRJ e agradeceu a solidariedade da comunidade científica diante dos ataques que a instituição que dirige e ela, pessoalmente, foram alvos das forças do obscurantismo.

Quais os desafios enfrentados pela Fiocruz, em pleno aniversário, e no meio da maior crise sanitária enfrentada pelo mundo?

Nísia – Eu vejo essa crise sanitária como uma crise humanitária. Este é o grande desafio do século 21 e a resposta a esta emergência se relaciona com o papel histórico desta instituição. É clara que gostaríamos que este fosse um momento de festa e comemoração, mas a Fiocruz tem um papel central no combate a epidemias no Brasil e vejo este momento como reafirmação desse compromisso.

A Fiocruz nasceu há 120 anos como Instituto Soroterápico Federal para combater as epidemias que a capital federal, o Rio de Janeiro, vivia no começo do século XX: a febre amarela, a peste bubônica e a varíola. Oswaldo Cruz foi um pioneiro em diversas medidas sanitárias nesta época, como o isolamento de doentes, a notificação compulsória dos casos positivos, a captura dos vetores – mosquitos e ratos -, e a desinfecção dos moradores e áreas de focos.

A instituição também esteve à frente do combate à gripe espanhola, com Carlos Chagas liderando este esforço. Como na pandemia que enfrentamos hoje, a gripe espanhola também tinha na quarentena e no isolamento sua principal forma de combate. Foi a partir da contribuição destes pioneiros, que a população brasileira passou a valorizar a ciência, ao ver que ela poderia trazer benefícios para a saúde e melhoria de vida da população.

Recentemente, vivemos outras epidemias, como o HIV, a dengue, a Chikungunya e a Zica, que teve o Brasil como epicentro. A luta pela saúde pública está no DNA desta instituição e desta vez não é diferente, toda esta experiência está sendo mobilizada para o combate ao novo coronavírus.

 

O Brasil alcançou o terceiro lugar em número de casos no mundo. O país não tem uma política definida nacionalmente para o combate à pandemia. O que acredita que pode ser feito?

Nísia – O Brasil é um país continental, com enormes desigualdades. É importante notar que a doença não chega da mesma forma a todos. Existem regiões com carência de leitos de UTI e populações que vivem sem acesso à saneamento adequado. O que isso nos impede de seguir uma das principais medidas de prevenção: lavar bem as mãos.

Nosso maior desafio é olhar para essas desigualdades e vulnerabilidades e dar respostas adequadas para cada região. Isto requer um esforço de coordenação e também políticas e comunicação adequadas para cada grupo. Tivemos medidas importantes, como o auxílio emergencial, mas essas políticas precisam ser aprofundadas para contemplar também pequenas empresas e grupos específicos, para permitir que as pessoas possam seguir as orientações sanitárias.

Precisamos abandonar o falso dilema entre saúde e economia. Uma população saudável é a base de qualquer economia. O SUS tem uma importância fundamental neste momento e precisa ser valorizado e fortalecido. Apesar do grave problema de subfinancia mento, esse é um importante aliado da sociedade brasileira, um sistema universal que tem dado respostas que podem e devem ser aprofundadas.

Entre os vários obstáculos, destaco a dependência tecnológica. Atualmente, importam-se 90% de fármacos, 80% de ventiladores e equipamentos, como os equipamentos de proteção individual (EPIs), a dependência chega a 90%. Por isso na Fiocruz, defendemos a criação de um Complexo Econômico-Industrial da Saúde no Brasil, que permitirá um modelo de desenvolvimento com foco na saúde e no bem estar da população.

 

 

 

 

 

 

Testes com pacientes no HUCFF podem começar esta semana, mas a estimativa é que o modelo final fique pronto só no início de junho

PESQUISADORES do Programa de Engenharia Biomédica (PEB) da Coppe/UFRJ desenvolveram no Laboratório de Engenharia Pulmonar e Cardiovascular um protótipo de ventilador pulmonar mecânico

Estão em fase final os testes dos ventiladores pulmonares – o chamado Ventilador de Exceção para a Covid-19 (VInCo) –  desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Engenharia Pulmonar e Cardiovascular (LEP) da Coppe. Os equipamentos são   destinados para uso quando não houver disponível aparelhos convencionais.

Os pesquisadores desenharam ventiladores para produção em massa, simples e rápida, a custo quase dez vezes mais barato que um equipamento convencional (que custa em média R$ 50 mil). A meta é produzir mil aparelhos em um mês, mas até lá algumas etapas terão que ser cumpridas.

Os testes in vitro foram concluídos e os resultados submetidos à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para obtenção do parecer da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), para que o equipamento possa ser testado em pacientes do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). A Comissão apresentou a exigência de testes prévios em animais.

“Hoje (dia 25 de maio) está saindo o relatório sobre os testes em animais e estamos enviando à Conep, que nos prometeu resposta em dois dias”, explica o coordenador do projeto, Jurandir Nadal, chefe do Laboratório. Ele, no entanto, não pode prever quando exatamente vão começar os testes no HUCFF, porque além da resposta do Conep, a equipe depende também da disponibilidade de pacientes. “Vamos esterilizar tudo. Deixar tudo pronto para quando o Conep autorizar, comecemos a fazer testes em humanos. Espero que tudo aconteça esta semana”.

Mas o modelo final para a linha de produção, se tudo correr como o esperado, deve ficar pronto no dia 5 ou 6 de junho. Está dependendo da entrega de peças que só devem chegar no início do próximo mês. E aí começam novos prazos: para treinamento de pessoas para a produção e para outros testes e etapas necessárias até o registro pela Anvisa como equipamento para unidades de terapia intensiva (UTI).

“Quando a Anvisa aprovar, estaremos com a linha de produção pronta, com as peças compradas e esperamos produzir 100 equipamentos por dia”, projeta Jurandir Nadal. “Estamos a 35 dias, mais ou menos de começar a produção”, garante.

Campanha continua

Para que a produção em massa se inicie, são necessários recursos para que as peças sejam compradas. A Fundação Coppetec lançou a campanha receber doações através de depósito bancário, pelo Banco do Brasil – Agência: 2234-9, conta: 55.622-X. CNPJ: 72.060.999/0001-75.

Além disso, a Assembleia Legislativa (Alerj) aprovou, no dia 30 de abril, projeto de lei que permite a destinação de R$ 5 milhões para a produção do VexCo, mas os recursos ainda não chegaram. Este era o valor previsto em contrato para a produção de mil aparelhos para instituições públicas do Estado do Rio, mas, com o passar do tempo, o custo aumentou, está em torno de R$ 7 mil. Portanto, captar recursos é fundamental.

Demandas aumentam

Além do HUCFF, estão surgindo demandas de outros estados. “Pode ser que, dependendo como estiver a pandemia do novo coronavírus, a gente produza mais”, explica o coordenador do projeto. Ele projeta a produção de outros mil equipamentos.

Segundo ele, a produção em si não é difícil, mas há necessidade de testes. “Todos os equipamentos vão ser testados antes do uso e terão que ser esterilizados para chegar ao hospital”. A prioridade são os hospitais da UFRJ e de outras instituições federais de ensino, depois, se possível, estados mais carentes, informa Jurandir Nadal.

 

O vídeo da reunião ministerial do Governo Bolsonaro, levada a público na tarde de hoje, é o retrato nu e cru da tragédia que assola o país.

A reunião, ocorrida em 22 de abril, quando o país já contava 3 mil mortes por covid-19, não trata em momento algum do combate à pandemia que, hoje, já soma mais de 20 mil mortos. A citação mais importante ao coronavírus é feita pelo ministro do meio ambiente, que defende que o governo aproveite que a imprensa está com a atenção voltada para a pandemia para mexer na legislação ambiental e avançar sobre a Amazônia.

As 4 horas de vídeo mostram um verdadeiro show de horrores. Um presidente que persegue governadores e tenta interferir diretamente na Polícia Federal para atrapalhar investigações sobre o envolvimento da sua família com as milícias cariocas; ministros preocupados em impedir investimentos públicos, legalizar cassinos, avançar no desmatamento, tudo isso em um espetáculo regado a palavrões, arroubos autoritários e racismo.

Na manhã de ontem, mais de 400 movimentos, personalidades e partidos políticos protocolaram o mais amplo e relevante pedido de impeachment de Bolsonaro até agora. O vídeo de hoje joga luzes sobre a ameaça que paira sobre o país e aumenta os motivos para exigir a interrupção deste governo.

O Sintufrj se soma ao coro cidadão e democrático de “Fora Bolsonaro! Impeachment já!”, em defesa da vida e do futuro do povo brasileiro.

 

Direção Sintufrj 

Gestão Ressignificar

 

Desde março as universidades federais foram obrigadas a readequar sua forma de trabalho devido a pandemia do coronavírus e do estado de calamidade pública decretado pelos entes federativos no país. Muitos servidores, técnico-administrativos e professores, por sua vez, tiveram que exercer suas atividades remotamente desde então. Mas estão sendo punidos por isso.

O governo de Jair Bolsonaro, com a justificativa de normatizar o trabalho remoto durante a pandemia, está promovendo cortes em benefícios e adicionais ocupacionais. As três federais do Rio de Janeiro – UFF, Unirio e Rural – foram atingidas pela medida agora no fim de maio. Isso significa dizer que os servidores receberão seus salários agora em junho, em pleno ápice da pandemia no país, reduzidos.

Isto foi constatado pelas entidades nas prévias dos contracheques. O desconto incidiu no auxílio transporte e nos adicionais ocupacionais de insalubridade e periculosidade. Nestas universidades não houve debate nos seus Conselhos Universitário sobre a normatização do trabalho remoto com os servidores. Houve apenas a aplicação das Instruções Normativas (INs) do Ministério da Economia que suprime direitos.

Rural

Na Universidade Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), segundo o Sintur, não ouve nenhuma discussão com os servidores. Apenas um informe foi dado pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas, em reunião do Conselho Universitário, de que a universidade adotaria o trabalho remoto e isto estaria oficializado em portaria; com isso, haveria corte de adicionais.

O corte foi oficializado através de memorando circular de 18 de maio. O Sintur então entrou na justiça dia 21 de maio. Os cortes incidiram sobre o vale transporte e a insalubridade, e não foram retroativos. Quem trabalha em escala foi descontado parcialmente. Os professores também recorreram à justiça, mas perderam em primeira instância.

“O que o governo está fazendo é uma grande covardia com os servidores das universidades. É desconsiderar o nosso trabalho. Estamos afastados para preservar nossa saúde e a dos outros. Estamos pagando para trabalhar em casa e trabalhando muito mais para manter a universidade funcionando, principalmente em prol do combate à pandemia. E agora estamos sendo punidos. O pior são os pró-reitores acatando tudo o que o governo vem impondo e através das instruções normativas justificam essas medidas”, declara a coordenadora-geral do Sintur, Ivanilda Reis.

Ela cita o memorando da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas da Rural onde está escrito: “cumpre informar que os referentes descontos são gerados automaticamente pelo Sistema da Folha de Pagamentos (SIAP), não tendo a UFRRJ ingerência sobre esta ação”.

Tais descontos, segundo Ivanilda, foram justificados em decorrência das Instruções Normativas nº 28 e nº 35, com orientações relacionadas aos servidores e aos empregados públicos cujas atribuições estejam sendo desempenhadas remotamente e àqueles que estejam afastados de suas atividades presenciais. Dentre essas determinações da IN 28 está a suspensão dos pagamentos dos adicionais ocupacionais, adicionais de serviço extraordinário e auxílio-transporte, “em razão da emergência de saúde pública decorrente do coronavírus”.

UFF

Na Universidade Federal Fluminense (UFF) as unidades se organizaram cada uma com os seus servidores para trabalhar remotamente. O município foi o primeiro a declarar estado de calamidade e com isso houve restrição de circulação e a impossibilidade de acesso aos prédios.

A UFF foi uma das primeiras universidades federais a adotar o trabalho remoto e determinou que os servidores preenchessem semanalmente um formulário sobre suas atividades. Esse mês baixou uma norma exigindo dos servidores um plano de trabalho e cumprimento de metas para trabalho remoto, segundo informa o coordenador jurídico do Sintuff, Pedro Rosa. Os adicionais ocupacionais e o auxílio transporte sofrerão desconto no próximo salário.

“Desde o início tentamos um diálogo com a Reitoria que não ocorreu. Atualmente não estamos tendo nenhum espaço de diálogo. Os cortes já foram feitos. Vamos recorrer à justiça por sua nulidade. Já no próximo Conselho Universitário a Reitoria pretende discutir a regularização das aulas remotas e isso implicará também em nossa atuação administrativa a qual não sabemos como poderá se dar”, relata Pedro Rosa.

TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS e professores da Universidade Federal Fluminense em trabalho remoto estão sendo atingidos por cortes na remuneração

Unirio

Na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) a mesma realidade da Rural e da UFF se repete. O trabalho remoto foi informado através de Ordem de Serviço da Reitoria que normatizou o funcionamento da universidade em função da pandemia. Neste mês os servidores foram surpreendidos com notificação informando dos cortes nos salários daqueles que não estão realizando atividades emergenciais.

No dia 19 de maio houve uma reunião reunindo integrantes da estrutura superior da universidade onde se decidiu a criação de grupos de trabalho – docentes, estudantes e técnico-administrativos – para a elaboração de uma minuta para o Plano de Continuidade das Atividades Acadêmicas e Administrativas da Universidade. Este será submetido a discussão no Conselho Superior.

 

A decisão da reitora da UFRJ, Denise Carvalho, de suspender a portaria 3188 sobre o trabalho remoto na universidade durante a pandemia, abre perspectivas de diálogo sobre a questão, após alguns dias de controvérsias.

A criação na última sessão do Conselho Universitário de um Grupo de Trabalho com a participação das entidades para aprofundar o debate sobre tema tão sensível aos servidores estabelece condições mais adequadas para para neutralizar prejuízos à remuneração de quem já vive a angústia de uma crise sanitária sem precedentes.

A portaria baixada no início do mês foi recebida com críticas pelo Sintufrj e da Adufrj por impor restrições a direitos de servidores, técnico-administrativos e docentes, obrigados pela crise sanitária a trabalhar em casa.

Durante os últimos dias, foi intensa a movimentação do Sintufrj que buscou diálogo com sua base para debater o assunto. O Sindicato emitiu notas de orientação os servidores e criou um Grupo de Trabalho que elaborou propostas entregue à Reitora na sessão do Conselho Universitário de 20 de maio.

As autodeclarações e preenchimentos de formulários foram apontadas como problemas, aponta o Sintufrj.  “Se o servidor pede para ficar afastado a disposição da direção”, caracteriza o instrumento jurídico da disponibilidade e isso traz prejuízo na remuneração dos servidores, sustenta o Sintufrj.

VEJA O TEXTO DA PORTARIA

ATOS DA REITORIA
PORTARIA Nº 3633, DE 21 DE MAIO DE 2020.
Suspende a Portaria nº 3.188 que estabelece orientações
quanto às medidas de proteção e organiza o Trabalho Remoto na UFRJ, para enfrentamento da pandemia de COVID-19.
A Reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, nomeada pelo Decreto de 31 de maio de 2019, publicado no Diário Oficial da União
de 3 de junho de 2019, no uso de suas atribuições legais, estatutária e regimental, resolve:
Art. 1º Suspender a partir de 21/05/2020, os efeitos da Portaria nº 3.188, de 4 de maio de 2020, publicada no BUFRJ nº 18 de 5/5/2020 – Extraordinário 3ª parte.
Art. 2º Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.
Denise Pires de Carvalho

Confira a nota do Sintufrj

REITORIA SUSPENDE PORTARIA DO TRABALHO REMOTO

Em boletim extraordinário publicado ontem, 21 de maio, a reitora Denise Carvalho suspendeu a portaria 3188, que regulava o trabalho remoto na UFRJ.

O Sintufrj considera a medida positiva e uma sinalização importante para o fortalecimento do diálogo interno, cabendo ao Grupo de Trabalho formado no último Consuni o papel de ouvir a comunidade, sistematizar as contribuições e formular um novo texto com diretrizes que preservem os direitos dos trabalhadores e orientem o funcionamento da UFRJ durante a pandemia do covid-19, pois os dias que vivemos são excepcionais e a reorganização do trabalho deve ter como princípio o respeito à vida, distanciando-se da lógica de perseguição a universidade e punição aos servidores que rege o governo federal.

O Sintufrj constituiu um GT próprio e elaborou uma proposta que foi apresentada no Consuni e divulgada amplamente para a comunidade universitária. Levaremos este documento como contribuição ao GT da universidade, dialogando com as propostas apresentadas pelas unidades e contribuindo para que o novo texto contemple todos os segmentos envolvidos.

Direção do Sintufrj

Gestão Ressignificar

 

 

 

Nunca um produto foi tão essencial à vida que do que o álcool 70 no início do combate à Covid-19, principalmente entre os profissionais de saúde nas suas unidades de atuação. Em março, graças ao esforço coletivo e voluntário de vários profissionais da instituição de diferentes unidades, a UFRJ passou a produzir a preciosa substância química para abastecer o Complexo Hospitalar.

Uma das voluntárias nesta guerra contra a epidemia viral empreendida pela UFRJ é a técnica-administrativa Sandra Paula. Com 31 anos de universidade e atuando como assistente em administração no gabinete da direção da Coppe e como gerente do Centro China-Brasil (também da Coppe), ela agora integra a equipe de produção de álcool 70%, no Laboratório do Centro de Pesquisa e Caracterização de Petróleo e Combustíveis (CoppeComb).

Esse laboratório é um dos polos de produção de álcool 70 na universidade, numa ação conjunta com outros centros e unidades, como o Instituto de Química (IQ), a Escola de Química (EQ), a Faculdade de Farmácia (FF) e o Complexo Hospitalar. O produto que sai dali vai direto para as unidades de saúde e a Prefeitura Universitária, que é responsável em levar o álcool 70 para o Restaurante Universitário, Alojamento Estudantil e a Vila Residencial.

No CoppeComb é produzido álcool 70%, álcool 70% glicerinado e para limpeza. Em pouco mais de dois meses, a iniciativa já possibilitou a produção de 35 mil litros destinados, beneficiando trabalhadores, em especial da área de saúde, pacientes e estudantes. “A gente está ralando, mas está dando resultado”, comemora Sandra. Ela contou, por exemplo, que o diretor do Hospital Universitário, Marco Freire, já dá como estabilizado estoque do insumo na unidade.

Ambiente “maravilhoso”

A equipe, 11 pessoas ao todo, é formada por três técnicos-administrativos – Sandra, Vanessa Conceição, da diretoria de Planejamento e Adminstração, e Manoel Vilas Boas Júnior, do Laboratório de monitoração de Processos –, docentes, estudantes e técnicos contratados pela Fundação Coppetec, como a engenheira responsável Rejane Rocha. A função de Sandra é dar suporte administrativo à equipe e colaborar com o envasamento e etiquetagem.

Sandra faz questão de destacar o ambiente “maravilhoso” de cooperação entre os profissionais: “Sabe quando a coisa flui? Todo mundo ajuda? O motorista, que entrega o material, o prefeito, que fornece a segurança. Todos. Isso tem tornado a experiência gratificante”.

Satisfação pessoal

“É importante a gente saber que está fazendo uma coisa legal, ajudando, fazendo o bem para os hospitais e para as pessoas. O trabalho na UFRJ é de excelência e a universidade precisa da gente”, afirmou Sandra, acrescentando: “por trás do funcionamento da instituição, ainda que seja uma formiguinha, há o imprescindível trabalho técnico-administrativo”.

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. ORGULHO de estar trabalhando por toda a comunidade universitária
EQUIPE faz parte da luta da UFRJ contra a Covid-19

Equipamentos da unidade têm mais de 10 anos de uso e não há novos para venda no mercado

De acordo com o chefe do Serviço de Engenharia Clínica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) – setor responsável pelo gerenciamento de tecnologia em engenharia médica e compra de equipamentos –, Renan Lombardo, não chegou novos respiradores na unidade, porque não há no mercado para venda. “Ganhamos três de doações e não conseguimos comprar nenhum. O hospital tentou fazer cotação do produto, mas até o momento não há quem o venda”, disse.

Segundo Lombardo, os respiradores do HUCFF são antigos, com cerca de 10 anos de uso, e precisam de reparos constantes. “A gente está com muita dificuldade, porque a equipe de suporte e manutenção do hospital é ínfima. O hospital já dispôs de 10 técnicos, mas hoje há apenas dois atuando. Conseguimos até dar conta, mas não temos muita agilidade nas ações. O serviço se acumula”, informou. “A situação só não é pior, porque o setor conta com voluntários técnicos, embora o ideal era que houvesse profissionais contratados”, acrescentou.

Ele calcula que o setor precisa, emergencialmente, de três engenheiros clínicos e três técnicos. Atualmente, os voluntários também se ocupam de consertar camas hospitalares quebradas, monitores e desfibriladores, e ainda ajudam na logística interna.

Referência

O HUCFF está na lista do Ministério da Saúde e das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde do Rio, como um dos primeiros hospitais a iniciar adequações para o atendimento de pacientes da Covid-19, segundo a própria direção da unidade. Com doações da sociedade civil, continua realizando reformas estruturais em suas instalações e adquirindo equipamentos e materiais, principalmente de proteção individual (EPIs).

O hospital, segundo a direção, contratou empresas para fazer reparos nos respiradores, e cerca de 100 camas elétricas, que estavam com problemas em cabos e circuitos, também foram consertadas. Com a recuperação desses equipamentos e a conclusão das obras de reformas em andamento, prevista para até o início de junho, novos leitos serão abertos.

Apesar dos esforços da universidade e dos recursos enviados pelo governo federal, a direção reconhece que a unidade ainda sofre com alguns gargalos. Atualmente, o HUCFF dispõe de 44 leitos de CTI e 40 de enfermaria, e tem capacidade para receber 84 pacientes da Covid-19.

TRIAGEM de pacientes no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho