“Quem estava na rua fez certo, mas quem decidiu ficar em casa também estava certo”, disse a vice-presidente da CUT Rio, Duda Quiroga, convidada a avaliar as manifestações de domingo, 7 de junho.
Na opinião da dirigente, é compreensível “o lado de quem não consegue ficar em casa enquanto vêem fascistas tomando as ruas, domingo após domingo”. “Da mesma forma”, acrescentou, “entendemos que ficar em casa neste momento é uma questão de saúde pública”.
Duda Quiroga reafirmou a posição da CUT contra toda forma de flexibilização das regras de isolamento social, “mas não podemos nos opor aos que legitimamente necessitam expor o contraponto à barbárie. Ficar em casa ou não ficar é uma decisão individual nesta batalha coletiva”, disse.
Os brasileiros somaram-se aos protestos que vêm ocorrendo em todo o mundo pela igualdade racial nos últimos 10 dias. Mas as manifestações incorporaram o “Fora Bolsonaro”. Os atos tomaram 20 capitais. Rio e São Paulo concentraram as principais manifestações de rua em oposição ao governo, a defesa da democracia e contra o racismo, que ocorreram ainda em Brasília e em outras capitais. Os atos pró-governo, menores, foram ofuscados.
O ato no Rio concentrou-se na Avenida Presidente Vargas, na altura do movimento Zumbi dos Palmares, e seguiu até a Candelária. A atuação violenta da Polícia Militar, resultando na morte predominantemente de jovens negros, e Jair Bolsonaro foram os principais alvos dos manifestantes. Eles lembraram também a morte da vereadora Marielle Franco.
Se depender da Câmara, o Future-se não terá futuro no Congresso, vaticina a deputada Margarida Salomão (PT-MG), coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Federais. Rechaçado pela comunidade universitária quando foi apresentado pelo governo em julho do ano passado, o Future-se, projeto que abre portas para a privatização do ensino superior foi enviado, agora, para apreciação do parlamento.
Segundo a parlamentar, não há chance, sequer, de a proposta vir a ser pautada. “Há a indisposição de Rodrigo Maia com esse tema, sendo que o projeto não tem apoio na casa. Estamos voltados para as questões que envolvem a pandemia. E se eventualmente por uma medida administrativa vier a ser pautado excepcionalmente, será rechaçado pela Câmara”, avalia.
Segundo ela, o projeto enviado pelo governo Bolsonaro ao Congresso Nacional é a mesmo que foi reapresentado em janeiro deste ano e com suas premissas originais voltadas para o mercado. “Não tem nada de novo. Continua a conter uma visão economicista e produtivista da educação pública”, critica a parlamentar que já foi reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora e presidente da Associação Nacional dos Dirigentes de |Instituições de Ensino Superior (Andifes).
O “Programa Institutos e Universidades Empreendedoras e Inovadoras – Future-se” foi recebido dia 2 de maio na Câmara dos Deputados. O texto foi analisado pela Câmara, recebeu um número o qual passará a tramitar: PL 3076/2020. O texto está disponível no sistema e aguarda despacho do presidente da casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), para tramitar.
Recusa
O Future-se foi lançado em agosto de 2019 pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, em meio ao contingenciamento de verbas para as universidades federais. Foi criticado por mais de 40 instituições com rejeição imediata dos conselhos universitários de cinco, entre elas a UFRJ. Assembleias estudantis e de técnico-administrativos país afora rejeitaram, com ênfase, o projeto. I
Propostas
O Future-se acaba com o sentido público das universidades, institutos federais e Cefets. Altera eixos históricos que sustentam o caráter público e socialmente referenciado das instituições. A produção do conhecimento estaria submetida aos interesses do mercado e não mais voltada à necessidade da sociedade.
O programa propõe garantir a “autonomia financeira” através da captação de recursos junto ao setor privado, através de fundos de investimento, parcerias público-privadas e privatização do patrimônio imobiliário das Instituições Federais de Ensino.
Até as carreiras do magistério superior, do ensino básico e tecnológico e dos técnico-administrativos seriam desmontadas, haveria a cessão de atuais servidores para as organizações sociais e, ainda, para a contratação via essas organizações e não mais através de concursos públicos vinculado a regime jurídico Único dos Servidores Públicos Federais.
Roberto Medronho observa que “nenhum país do mundo flexibilizou na ascendência da curva”
“Não é para abrir. É para fechar mais”. O alerta é do epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da UFRJ, Roberto Medronho, diante da flexibilização do isolamento social pelos governos. “Nenhum país do mundo abriu na ascendência da curva; eu tenho muito medo que exploda”. As autoridades, segundo ele, deveriam esperar: “É hora da gente dar uma boa segurada para quando liberar, (a situação) está mais tranquila”,
Medronho coordena o Grupo de Trabalho (GT) Multidisciplinar para Enfrentamento da Covid-19 GT da UFRJ, que recomendou a adoção do Lockdown (bloqueio total) para o município e o Estado do Rio de Janeiro. “Isso significa que é para aumentar ainda mais o nível de isolamento social. Mas, a prefeitura e o governo estadual, pressionados por questões econômicas e políticas, resolveram adotar o sentido contrário do que estamos propondo”, lamenta.
O especialista prevê que a flexibilização terá como impacto o aumento do número de casos e de óbitos, e postergará ainda mais o “momento de retorno a um nível de atividade próximo do normal.”
“Espero que autoridades estejam corretas, embora tenha certeza que não estão tomando decisões baseadas na ciência, mas em interesses econômicos e políticos. Isso pode trazer mais sofrimento, mais mortes. Eles não pensam é que um povo adoecendo e morrendo não recupera nenhuma economia, nem aqui e em nenhum outro lugar do mundo”.
Com relação a UFRJ, que tem autonomia universitária, Medronho acredita o retorno total às atividades presenciais somente ocorrerá quando houver realmente segurança para os técnicos-administrativos, docentes e alunos.
A flexibilização, segundo Medronho, é a mais clara expressão do desprezo que os governos e a elite econômica têm para com o povo. “Espero que nossa elite econômica, em sua maioria discriminatória, preconceituosa, resultado de uma sociedade marcadamente escravocrata e que nunca se preocupa especialmente com o povo negro, não pela vontade dela, mas pela luta do povo, deixe de ficar morando de frente para o mar e de costas para o Brasil”, apontou o professor.
“No mundo, e nós, no Brasil, vamos ter que refletir profundamente sobre que mundo é esse que estamos vivendo e qual mundo queremos. Não será a última pandemia que viveremos, principalmente se não mudarmos nosso modo de produção, de organização social, o nosso modo de vida”, ponderou.
Retorno às aulas
Ainda não dá, segundo Medronho, para prever quando poderá haver aulas presenciais e nem em grandes anfiteatros. Principalmente com o afrouxamento do isolamento social, cuja tendência, alertou, é que haja um repique da Covid-19, prolongando ainda mais a volta à normalidade.
Na avaliação do epidemiologista, a volta das atividades acadêmicas só de forma remota. “E, quando voltarmos, é muito provável que não seja como antes da pandemia, com salas de aulas lotadas e aglomerações acontecendo na hora do almoço, como fila nos bandejões, todo mundo sem máscara. Nada disso será possível. Talvez (a normalidade) possa ir retornando aos poucos, num mix de modo remoto e presencial, com as pessoas tomando o devido cuidado com relação ao uso de máscara e a higiene das mãos”.
Medronho é favorável a instalação do ensino remoto o mais depressa possível “para que possamos estar em contato com os alunos, discutindo questões, inclusive, sobre a pandemia, e entender como ela afeta diversas áreas da ciência. A volta remota de atividades acadêmicas permitirá que possamos, através do conhecimento, elaborar propostas mais precisas para nós e toda a sociedade”.
Mas, ele defende que a universidade tem que garantir suporte para que todos os alunos tenham acesso aos conteúdos remoto.
Como e quando serão retomadas as aulas na UFRJ? O Conselho de Ensino de Graduação (CEG) constituiu um Grupo de Trabalho (GT) para discutir a organização da retomada das atividades acadêmicas na universidade, que foram interrompidas desde 23 de março, por conta da chegada da pandemia da Covid-19 no país. As entidades representativas dos docentes (Adufrj) e dos estudantes (Centros Acadêmicos, DCE e APG) também estão debatendo o tema. Veja a posição das entidades:
Adufrj
A presidente da Adufrj, Leonora Ziller, disse que a entidade ainda não tem posição definida, porque o debate só está no início e o tema é complexo. Ela adiantou que entre os professores há posições divergentes, porque a retomada das atividades acadêmicas envolve a realidade heterogênea e diversa das unidades de ensino na UFRJ. A dirigente defende que a categoria discuta com a máxima urgência a reorganização do seu trabalho, mas tendo como foco os estudantes sem condições de acompanhar aulas não presenciais (ensino remoto).
“É urgente que a gente comece a discutir a nossa reorganização, mas isso pressupõe uma preocupação com aquela parcela de estudantes que não vão poder nos acompanhar completamente se o ensino for o ensino emergencial remoto, como está sendo chamado. As discussões estão se iniciando. As unidades são muito variadas, têm exigências muito diferenciadas, desde práticas de laboratório até salas de aula com muitos alunos e relações individuais de aluno e professor, como no caso da Escola de Música.
Enfim, o quadro é muito diversificado e muito heterogêneo.
Estamos caminhando no sentido de escutar e conversar nessa primeira fase. Estamos começando a pensar sobre o assunto, mas com delicadeza e cuidado, porque o que a gente menos precisa no momento é tensionar ou exigir respostas muito rápidas da universidade.
Acho que precisamos construir uma proposta segura, que englobe a grande maioria da universidade e possa ser seriamente inclusiva, ou seja, precisa ser uma proposta que inclua todos”, pontuou Ziller.
DCE Mário Prata
Principalmente depois de a reitora Denise Pires declarar que a UFRJ não tem como voltar à sua normalidade este ano, e da proposta de oferta de matérias eletivas por atividade remota, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) Mário Prata tem se debruçado sobre essa nova realidade. Uma universidade com 56 mil alunos, sendo mais de 10 mil com perfil para a assistência estudantil, portanto, com dificuldades para acesso remoto (internet banda larga) pleno às aulas, preocupa os dirigentes estudantis. “Porque ninguém pode ficar para trás.”
“Estamos pensando em termos de alternativas para esse momento, entre as propostas de modelo híbrido e de atividades remotas. Integramos todos os grupos de trabalho compostos pela Reitoria e temos pontuado nas discussões que necessitamos encontrar alguma alternativa com o foco de que nenhum estudante da universidade fique para trás.
“A UFRJ tem mais de 10 mil alunos perfil PNAES (Programa Nacional de Assistência Estudantil), temos muitos alunos com dificuldade de acesso remoto, muitos que perderam sua fonte de renda, como estágios, e muitos que estão perdendo familiares devido à Covid-19. Então, temos que pensar como dar uma resposta para que a gente tenha a UFRJ na sua totalidade caminhando em conjunto”, disse a dirigente do DCE Nathália Borges.
Segundo Nathália, no momento o DCE está voltado para encontrar uma solução para não prejudicar os alunos formandos. “Muitos precisam completar sua formação para serem efetivados no trabalho; entrar em programas de pós-graduação ou até mesmo nos programas de residência na área da saúde, que começam em março do ano que vem. Entendemos que esse grupo exige uma resposta mais rápida, e estamos fazendo um levantamento com o objetivo de vislumbrar perspectivas. Precisamos pensar em todos os estudantes para que nenhum seja prejudicado”, frisou.
APG
A Associação dos Pós-Graduandos (APG) defende a aprovação de um calendário unificado da pós-graduação para toda a UFRJ.
“A APG está integrando o GT Calendário do CEPG (Centro de Ensino de Pós-Graduandos) e estamos construindo uma proposta para apresentar ao plenário na próxima sessão. Acreditamos que a existência de múltiplos calendários simultâneos traria o prejuízo de transferir a responsabilidade, que é do CEPG, para os Programas de Pós-Graduação, a respeito de prazos dos procedimentos de matrícula, cancelamento, registro de avaliações etc. Por isso, defendemos a aprovação desse calendário para toda a UFRJ”, afirmou Kelimy Toledo, dirigente da associação.
Atuação do GT do CEG
De acordo com a representante do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) no GT do CEG, Rejane Amorim – em entrevista para o site do Centro –, o Conselho de Ensino de Graduação debate propostas para o que tem sido chamado de “nova normalidade” que virá após a pandemia. A intenção é estudar e projetar cenários possíveis de retorno às atividades acadêmicas a pós a fase crítica da crise sanitária no país.
Para isso, os integrantes do grupo de trabalho estariam fazendo o mapeamento, junto às decanias e unidades, das limitações e possibilidades existentes para a organização do retorno. O mapeamento considera, principalmente, a realidade dos estudantes, corpo docente e da equipe técnica da universidade. A preocupação do GT é com a segurança de todos diante da possibilidade de contágio da Covid-19.
O GT CEG também discute questões estruturais relatadas por dirigentes das unidades, como a adoção de protocolos de segurança, higienização, circulação de ar nas salas, quantitativo de estudantes por sala, reorganização de espaços administrativos para acolher com segurança a equipe técnica.
“Quando se fala em atividades remotas, a principal preocupação tem sido o acesso dos estudantes, que estão representados nesse GT, o que para nós é de máxima importância. Independentemente da forma pela qual optaremos para o retorno a essa normalidade, devemos garantir que todos estejam incluídos, tenham acesso e estejam em segurança, desde o nosso servidor que abre o prédio até o último a sair. E isso inclui nossos funcionários terceirizados, nossa equipe técnica, professores, estudantes e todo os que circulam pela universidade”, complementou Rejane na entrevista ao site do CFCH.
O presidente Jair Bolsonaro sofreu mais uma derrota. Perdeu a validade hoje (2) a Medida Provisória (MP) 914/2019, que dava a ele a prerrogativa de escolher – e não apenas referendar – o nome do reitor de universidades, institutos federais de ensino superior e do Colégio Pedro 2º. Uma comissão mista (senadores e deputados) chegou a apresentar 204 emendas à MP, mas não passou disso.
Pela medida provisória, Bolsonaro mudava a atual regra para escolha do reitor, pela qual professores, alunos e funcionários das unidades federais indicam nomes que comporão uma lista tríplice. O nome mais votado é confirmado pelo presidente, para um mandato de quatro anos.
O texto de Bolsonaro tornava obrigatória a consulta à comunidade acadêmica para a formação da lista tríplice, mas caberia ao presidente escolher o nome, independente de ser o mais votado ou não. Acabava também a paridade no peso de estudantes, professores e funcionários na indicação.
Danos
Outra mudança: permitia ao presidente da República nomear reitores pro tempore caso houvesse “irregularidades no processo de consulta”. Foi o que aconteceu na Universidade Federal da Grande Dourados e no Centro Federal de Educação Tecnológica Cefet do Rio de Janeiro (Cefet-RJ) durante a validade da MP.
“Os danos provocados pela MP 914 não poderão ser sanados, pois as nomeações ocorridas não serão revistas. Preocupa-nos as consultas previstas para o período de isolamento social e as seções sindicais devem estimular esse debate conforme o cenário local, diante da diversidade que há nas IES”, disse em nota o presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Antonio Gonçalves.
Também em nota, o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) se manifestou. Para o conselho, a MP 914 surgia na contramão da democracia, ferindo a lei de criação dos institutos federais e, de forma inadequada, se sobrepondo à autonomia das instituições.
O Conselho Universitário em sessão extraordinária realizada por teleconferência na manhã e início da tarde desta terça-feira, 2 de junho, aprovou por 46 votos e um contrário Projeto de Resolução que regulamenta o trabalho remoto na UFRJ durante o tempo que durar o isolamento social na pandemia.
Um dos principais pontos incluídos na resolução aprovada pelos conselheiros foi a adoção do instrumento da falta justificada, proposta do Grupo de Trabalho do Sintufrj sobre o assunto.
A proposta (falta justificada) foi sustentada por mecanismos legais como o Regime Jurídico Único e a lei da Covid-19, nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020 , que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública.
A solução preserva direitos dos servidores, técnicos-administrativos e docentes, protegendo os trabalhadores de reduções remuneratórios durante o período dessa devastadora crise sanitária.
Houve entendimento consensual sobre a condição de efetivo exercício dos trabalhadores durante a pandemia no Projeto de Resolução que resultou de uma construção coletiva dos segmentos que atuam na universidade.
GT do Consuni
A resolução foi elaborada por um Grupo de Trabalho (GT) formado pelo Consuni que tabulou sugestões enviadas pela comunidade e entidades representativas dos segmentos.
O Sintufrj deu contribuições substantivas nas discussões para organizar o trabalho não presencial no período de isolamento social sem causar impacto nos contracheques dos servidores.
Nas suas discussões, o GT do Sintufrj expôs conceitos e argumentos como as evidências segundo as quais o trabalho remoto é contingência imposta pela pandemia e que os servidores estão em efetivo exercício e não devem sofrer prejuízo remuneratório. O centro da proposta apontou a falta justificada como referência na organização do trabalho remoto com lastro em prerrogativas legais.
Falta justificada
A adoção da ferramenta da falta justificada, resumida no artigo 5º da Proposta de Resolução, orienta que para servidores em atividade presencial não haverá alterações nos registros de frequência. Mas para aqueles em atividades não presenciais, os registros serão caracterizados de acordo com o Artigo 2º (que define a caracterização das atividades pelo gestor, cabendo recursos aos órgãos colegiados) observado o estabelecido pela legislação específica, no caso, o artigo 44 do RJU, o artigo 3o da Lei do enfrentamento à COVID 19 (Lei nº 13.979/2020) e o artigo 6º do Decreto nº 1.590/1995, que dispõe sobre a jornada de trabalho dos servidores.
“Estamos resguardados pela legislação”, disse Joana de Angelis, conselheira e diretora do Sintufrj. Ela lembrou que o RJU define a falta justificada como efetivo exercício, além da Lei da Covid-19, que permite a ausência para cumprimento das medidas de contenção da epidemia.
Segundo explica, a legislação mencionada na resolução abre a possibilidade de utilização de outras alternativas legais para resguardo do servidor, “desde que mantendo a orientação de que não vamos ter nenhum lançamento de código novo, a partir do que sustentam as leis”.
Como
Com o entendimento de que a resolução cria diretrizes e que seria necessário detalhá-las para orientação dos gestores, por solicitação dos conselheiros, a Reitoria se comprometeu a se renuir com os membros do GT para detalhar a resolução e emitir instrução sobre a aplicação das normas para os departamentos pessoais imediatamente após a sessão, de modo que não restassem dúvidas sobre a aplicação.
A reitora Denise Carvalho agradeceu o trabalho do GT do Consuni e destacou a unidade com a qual o texto da resolução foi construído.
ACESSE PELO LINK ABAIXO O TEXTO DA RESOLUÇÃO DO CONSUNI QUE AINDA SOFRERÁ AJUSTES DE REDAÇÃO
Diretora do Sintufrj e conselheira da bancada dos TAE no Consuni, Joana de Angelis defende falta justificada na live Linha Direta, do Sintufrj, na véspera da aprovação da resolução pelo Consuni. Veja o vídeo
Até o fim desta semana, o Sintufrj conclui o levantamento das condições de trabalho dos servidores nas unidades hospitalares, que será entregue à Reitoria. O objetivo da entidade é garantir o pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo para todos os profissionais das unidades de saúde da UFRJ que estão na linha de frente do combate à pandemia do novo coronavírus.
O trabalho pericial para consubstanciar o pleito – visita às unidades hospitalares para constatar a exposição dos trabalhadores à contaminação do vírus – está sendo feito pelo assessor para segurança do trabalho do Sintufrj, engenheiro Rafael Borher. O levantamento também será entregue aos diretores dos hospitais, para ajudá-los na listagem dos trabalhadores sob risco de contaminação.
Rafael já periciou as condições de trabalho no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) e no Instituto de Ginecologia. Nesta quarta-feira, 3, será a vez do Hesfa e da Maternidade Escola.
Objetivo é
ampliar o benefício
“A Reitoria limitou a concessão do adicional de insalubridade nas unidades hospitalares às funções de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas. Nas visitas aos hospitais colhemos informações para mostrar à Reitoria que outros profissionais também estão expostos ao vírus, como maqueiros, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas e até mesmo os técnico-administrativos que atuam na recepção”, explica Rafael.
“O objetivo do Sintufrj é, com base nesse levantamento técnico, garantir a ampliação do benefício, que se justifica pela exposição rotineira dos trabalhadores sob risco de contágio ao atender a população e na realização cotidiana de tarefas e ações para o combate à pandemia, na universidade.
Desde o início da pandemia no país, o Sintufrj pleiteia, administrativamente, que a Reitoria garanta o adicional de insalubridade em grau máximo para todos os servidores que estão atuando no combate à Covid-19. Por duas vezes, a entidade formalizou o pedido através de requerimento administrativo à Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4).
No dia 27 de maio a direção do Sintufrj se reuniu com a Reitoria para discutir sobre o tema. O diálogo foi importante, porque resultou em vitória parcial do pleito – o reconhecimento do direito ao adicional para médicos, fisioterapeutas e profissionais de enfermagem da linha de frente hospitalar – em algo maior: o direito à insalubridade para todos os envolvidos no trabalho de combate à pandemia.
A garantia do pagamento retroativo do adicional foi anunciada na reunião, assim como o entendimento de concessão aos servidores em desvio de função. Mas para avançar mais, o Sintufrj quer desburocratizar os processos de solicitação e concessão da insalubridade para garantir que todos aqueles que enfrentam riscos ao exercer seu ofício sejam contemplados.
Por isso, o Sindicato está realizando as visitas para auxiliar os diretores de unidades para o fortalecimento desse entendimento ampliado e tecnicamente defensável, como também está agindo para construir ações necessárias para o pleno atendimento dos direitos dos trabalhadores.
Urgência
O objetivo final do Sintufrj é a extensão do adicional para todos os servidores da UFRJ que estão realizando trabalho presencial durante a pandemia. Sem os trabalhadores que dão suporte na retaguarda de todo o trabalho que é realizado, não há como a UFRJ fazer funcionar a assistência aos pacientes nesta complexa luta durante a pandemia.
Os trabalhadores da UFRJ que estão nessa luta estão colocando suas vidas em risco. Todos podem se contaminar. Muitos de nossos companheiros já foram vítimas deste vírus. Ele não escolhe fronteiras. Por isso, a direção do Sintufrj insiste e está lutando para que todos, todos os servidores em trabalho presencial tenham direito ao adicional.
A direção do Sintufrj está buscando então o atendimento integral da reivindicação com a extensão da insalubridade aos demais trabalhadores envolvidos nas diversas atividades relacionadas em várias unidades da UFRJ para enfrentar a Covid-19.
O programa Linha Direta do Sintufrj desta segunda-feira, 1º de junho, debateu o trabalho remoto na UFRJ durante a pandemia. Os convidados foram dois representantes dos técnicos-administrativos no Conselho Universitário, Joana de Angelis e Roberto Gambine; a coordenadora-geral do Sintufrj, Neuza Luzia; e a técnica-administrativa Ana Maria Ribeiro.
A transmissão foi pela página do Sintufrj no Facebook e pelo canal do Sindicato no Youtube, redes nas quais o programa está disponível.
O centro da proposta considera a falta justificada como referência na organização do trabalho remoto, argumento com lastro em prerrogativas legais.
A sessão do Conselho Universitário em sessão remota extraordinária tem início previsto para as 9h30.
“Eles têm compulsão e gozo pelo jorro do nosso sangue. Eles não nos deixam respirar, quebram nosso pescoço e se regozijam com nossa dor. Eles atiram em nossos meninos rendidos dentro de casa, pelas costas.
Eles fazem publicidade do genocídio como mecanismo de controle, de domesticação dos corpos negros-alvo.
Eles nos matam por prazer e sadismo, investidos da condição de heróis, exterminadores do inimigo gestado nos porões de seu imaginário branco, podre e encurralado.
Nós emudecemos. O abate tem mesmo essa função, é diuturno, imparável, incansável, é disparado de todas as direções em nossa direção.
Nós portamos um alfanje para incisões precisas e profundas, uma cabaça com ervas para cuidar da úlcera, punhados de pólvora e sabedoria para fazer fogo, para explodir em fogo esse mundo que nos aniquila.
Nós somos búfalos, uma manada de búfalos. Nós temos a força que faz o leão chorar, e o esmaga, feito barata”.
Esses versos-desabafos são de Cidinha da Silva, autora de # Parem de nos matar! e abrem a série de reportagens e opiniões do site Geledés sobre João Pedro Mattos Pinto, 14, assassinado por agentes das polícias Federal e Civil, dentro de sua casa, na favela do Salgueiro, em São Gonçalo, no dia 18 de maio, e de outro negro por um policial branco, George Floyd, 46 anos, em 25 de maio, em Minneapolis, nos Estados Unidos.
Reação
Em pelo menos 30 estados americanos – com direito a repercussão em outras capitais estrangeiras, como Berlim – a comoção explodiu em sucessivas manifestações, com centenas de prisões e duas mortes até agora, no fim de semana. O presidente americano, Donald Trump, utilizou as mídias sociais com retóricas racistas.
A cena do segurança George Floyd, 46, sendo asfixiado pelo policial Derek Chauvin, chocou a todos. “Mais grave ainda perceber que a história se repete e a vítima continua sendo negra. Não só na megapotência norte-americana, como também no Brasil. A cada 23 minutos, morre um jovem negro no nosso país, segundo levantamento feito pela Anistia Internacional na campanha Jovem Negro Vivo”, registra a diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck – feminista negra, médica, autora e doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ.
“A reação das autoridades também se repete, tanto lá, quanto aqui. Quando as forças de segurança ao invés de proteger os cidadãos, são responsáveis por suas mortes, os governantes se esquivam de suas responsabilidades. No Brasil, a morte de João Pedro, 14, numa operação policial conjunta entre as polícias Federal e Civil causou indignação. E teve mais uma vez o Estado como responsável por encurtar a vida de negros. Por causar dor e sofrimento à família e a toda a comunidade.”
“O que mais falta para que assumam e implementem políticas de segurança pública que respeitem os direitos humanos e que sejam fundamentalmente antirracistas? O uso excessivo da força por agentes do Estado, inclusive o uso desnecessário da força letal, agride os direitos humanos de todas as pessoas, inclusive dos próprios policiais, desrespeita leis e protocolos, e precisa ser controlado com seriedade por todas as autoridades responsáveis pela segurança pública”, indaga, Jurema em seu artigo publicado no site Geledés.
“Não há nada de natural nas incursões das polícias em favelas e periferias brasileiras, sem mandado judicial, sem justificativa plausível de segurança pública e sem resultados efetivos além de mortes evitáveis. O Estado é responsável por essas mortes”, observa. Jurema chama a atenção, também, para o fato de que “muitas vítimas são alvejadas nas costas, à curta distância e nos membros superiores, indicando que estavam fugindo ou rendidas no momento em que foram mortas. Não é raro que, durante essas operações, pessoas que não trabalham no tráfico de drogas também sejam mortas e provas sejam forjadas contra elas. O que vemos, nos dias de hoje, cinco anos depois, é que nada, ou muito pouco mudou”.
“As vidas de George, de João Pedro e de tantos outros negros e negras assassinados pelo Estado, importam e merecem justiça. Enquanto as práticas racistas não forem transformadas em políticas públicas de inclusão e não forem punidas com rigor, as autoridades continuarão a ter suas mãos manchadas de sangue”, conclui Jurema.
Cresce adesão ao #Somos70porcento, e fim de semana tem ainda dois manifestos, de artistas e de juristas, além de ato de torcidas antifascistas na Avenida Paulista
Escrito por: Redação RBA
O economista Eduardo Moreira comemorou neste sábado (30) a adesão popular à campanha #Somos70porcento, lançada por ele. “A hashtag #Somos70porcento imediatamente após o lançamento subiu para o primeiro lugar no Brasil. Fomos terceiro no mundo num dia onde muitas coisas estão acontecendo”, afirmou. Além da adoção imediata nas redes por pessoas conhecidas do campo democrático , a campanha rompeu a bolha e foi replicado por celebridades como Xuxa Meneghel.
A apresentadora levantou a hashtag #Somos70porcento em seu perfil no instagram ao lado de um vídeo antigo, de 1998, quando estava grávida de sua filha Sasha. A barriga à mostra exibe uma bandeira do Brasil e a apresentadora, com figurino e cenário com as cores da bandeira, canta “Estamos chegando”. A postagem tem amplo apoio de seguidores.
A ideia de Eduardo Moreira transforma em marca uma probabilidade estatística. É baseada nas pesquisas que apontam um contingente de pessoas que ainda aprovam o governo Bolsonaro na casa dos 30%. Moreira observa que as pesquisas mostram a rejeição ao governo Bolsonaro subindo muito. E indicam também o apoio ao isolamento social se mantendo em patamares altos.
“Estamos chegando”
A sacada de Moreira, como o “estamos chegando” de Xuxa, faz alusão ao fato de que o crescimento da reprovação a Bolsonaro é uma tendência. E que o #Somos70porcento pode chegar a 80% em breve.
Segundo o Datafolha, além de chegar a uma rejeição recorde (ruim péssimo) de 43%, Bolsonaro já vê crescer em pouco mais de um mês e meio os que defendem sua renúncia ou o impeachment. Do início de abril para cá, caiu de 59% para 50% os que acham que ele não deve renunciar, enquanto subiu de 37% para 48% os que acham que devem.
A rejeição ao modo como o governo Bolsonaro conduz a crise do novo coronavírus alcança 50%, enquanto a aprovação está em 27%. A frase dita na reunião ministerial de 22 de abril pelo presidente, sobre distribuição de armas para a “população”, é reprovada por 72%.
“A ficha caiu. Fiquei impressionado que as pessoas estavam desanimadas, olhando para o outro lado e falando ‘poxa, mas é impressionante eles ainda têm 30%’. Foi então que eu percebi que os 30% estavam agindo cheios de firmeza e agressividade, como se fossem 70%. E nós que somos os 70%. Nós, que queremos um país democrático, somos a maioria”, observa, neste vídeo abaixo, postado pelo coletivo Mídia Ninja.
“Fora Bolsonaro”
O #Somos70porcento se soma a outras ações de oposição a Bolsonaro de forte impacto neste fim de semana. Ainda ontem circulou um “Manifesto Estamos juntos“, assinado por personalidades com posições que vão da esquerda à direita.
Assinam nomes como Luciano Huck, Flávio Dino, Fernando Haddad, Fernando Henrique Cardoso, Fernanda Montenegro, Antonio Fagundes, MARCO Nanini, Paulo Coelho, Fernando Meirelles, Oded Grajew, Luiza Erundina, Maria Alice Setúbal, Cristovam Buarque, Jean Willys, Nelson Jobim, Celso Lafer, Tostão, Casagrande, Vahan Agopyan, Marcos Palmeira, Eliane Brum, João Paulo Capobianco, Frei Betto, Lobão, entre outros.
Já neste domingo (31), alguns dos principais jornais do país publicam manifesto de página inteira. No texto, intitulado “Basta!”, os juristas afirmam que “o Brasil, suas instituições, seu povo não podem continuar a ser agredidos por alguém que, ungido democraticamente ao cargo de presidente da República, exerce o nobre mandato que lhe foi conferido para arruinar com os alicerces de nosso sistema democrático.”
Também neste domingo, uma articulação de torcidas organizadas de futebol pela democracia fará ato de repúdio aos “ativistas” bolsonaristas. Alguns grupos têm ocupado, impunemente e sem serem contestados, faixas da Avenida Paulista para hostilizar as instituições, atacar as medidas de isolamento social contra a covid-19 e pedir intervenção militar.
Coletivos do Corinthians, Palmeiras, Santos, São Paulo – se reuniram durante a semana para organizar um ato antifascista, com concentração a partir do meio-dia, no Masp.