Ao som de boleros, foxtrote, pagodes, canções inesquecíveis da música popular brasileira tocados pela Banda Milênio, a categoria foi recepcionada nesta quarta-feira, 26 – Dia L na UFRJ — no Espaço Cultural do Sintufrj para uma tarde (e noite) dançantes. O evento também fez parte das celebrações do sindicato pelo Dia do Servidor Público, comemorado na sexta-feira, 28 de outubro.

Uma das atrações foi o lançamento da Minha Rádio Sintufrj. FM, e sorteios de uma bicicleta e produtos com a marca da entidade, como camisetas, copos e bonês. Alunos da Oficina Dança de Salão, acompanhados pelo professor Luiz Ferreira, deram um show de ritmo e leveza no salão.

A intenção da direção resgatar as trabalhadoras e trabalhadores técnicos-administrativos para o Espaço Cultural, promovendo, uma vez por mês – conforme acontecia em anos anteriores –, atividades prazerosas e de encontros e reencontros.

Balile dançante dos Sevidores>
Rio,26/10/22
Fotos de Elisângela Leite

Livro relata como Bolsonaro se valeu da política para aumentar seu patrimônio que saiu de uma Fiat Panorama para 107 imóveis, sendo 51 comprados em dinheiro vivo

Escrito por: Rudolfo Lago / Congresso em Foco

Todo empreendimento, para funcionar bem, precisa ter um organograma, uma detalhada organização de tarefas. A família Bolsonaro atua na política como se tal atuação fosse um empreendimento. No topo da organização, está o presidente Jair Bolsonaro. E abaixo seus três filhos com mandato parlamentar. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) é o seu braço de relacionamento político de fato, com partidos e parlamentares. Não por acaso é agora o coordenador da sua campanha à reeleição. O vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) é o responsável pela sua estratégia de comunicação via redes sociais. E o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o responsável pelas conexões internacionais, com os ideólogos dos movimentos de direita que crescem pelo mundo.

Abaixo dos três, há uma extensa rede de operadores. Funcionários fantasmas. Outros parentes da família e parentes dos demais operadores que atuam nos bastidores. Para recolher parte dos salários de outros funcionários ou para atuar de forma velada em determinadas atividades. Um negócio no qual, por uma década, teve papel de destaque a ex-mulher de Bolsonaro Ana Cristina Siqueira Valle, mãe de Jair Renan, o filho 04 de Bolsonaro. A toda essa organização, foi Ana Cristina quem a batizou de “O Negócio do Jair”, conta a jornalista Juliana Dal Piva, do portal UOL. E foi assim que Juliana batizou o livro que escreveu sobre o esquema, recém-lançado pela editora Zahar.

“É, sim, um esquema de corrupção e desvio de dinheiro público”, assegura Juliana Dal Piva nesta entrevista ao Congresso em Foco. Em O Negócio do Jair – A História Proibida do Clã Bolsonaro, Juliana relata como Bolsonaro valeu-se da política, colocando também nela seus três filhos mais velhos, para fazer com que seu patrimônio e o de sua família crescessem de um automóvel Fiat Panorama e uma linha telefônica, quando se elegeu pela primeira vez vereador, para a posse de 107 imóveis, dos quais 51 comprados, pelo menos em parte, com dinheiro vivo.

O livro é o resultado das apurações que Juliana, como repórter, veio colhendo desde que começou a cobrir, antes de 2018, o nascimento da candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência da República. Uma candidatura que, desde o início, chamava a atenção por ter contornos diferentes. Bolsonaro não tinha um marqueteiro, como os demais candidatos, e construía sua campanha especialmente no uso massivo das redes sociais, de uma forma muitas vezes agressiva, com fake news, desinformação e ataques contra os adversários.

Logo no início, destacou-se nesse sentido a atuação de Tércio Arnaud Tomaz. Oficialmente, ele era então assessor do gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara de Vereadores do Rio. Mas, na prática, trabalhava na campanha de Bolsonaro à Presidência. Arnaud depois viria a ser um dos nomes associados ao chamado Gabinete do Ódio na Presidência depois da posse de Bolsonaro. “Quando explodem as informações do Coafi [sobre o esquema de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro como deputado estadual no Rio de Janeiro], várias coisas que eu vinha apurando começam a fazer sentido”, afirma Júlia, referindo-se a essas conexões e à forma como atuavam figuras como Tércio Arnaud Tomaz.

22 da família de Bolsonaro. 18 de Ana Cristina

Segundo Juliana, além dos funcionários fantasmas, há também muito nepotismo. O próprio Jair Bolsonaro chegou a ter 22 pessoas da sua família trabalhando no seu gabinete e nos gabinetes dos filhos. Ana Cristina Valle chegou a ter 18.

Andréa Siqueira Valle, ex-cunhada de Bolsonaro, irmã da Ana Cristina Valle, afirmou que entregava todo mês R$ 7 mil do seu salário de volta. André, outro irmão, acabou sendo exonerado porque, segundo o relato, não devolveria a quantia certa. “Andréa foi funcionária fantasma da família Bolsonaro por cerca de 20 anos”, diz Juliana.

Hoje, há uma investigação sobre esquema de rachadinha envolvendo Flávio Bolsonaro, que é acusado pelo Ministério Público de peculato, lavagem de dinheiro e de ser líder de uma organização criminosa. Há outra ação por razão semelhante contra Carlos Bolsonaro. E há uma ação civil pública, do Ministério Público de Brasília, contra o próprio Jair Bolsonaro, por causa da história de Walderice da Conceição, a Wal do Açaí, que seria funcionária fantasma do gabinete do hoje presidente quando deputado federal enquanto, na verdade, atuava como uma espécie de caseira na casa de veraneio que ele tem na cidade de Mambucaba, região de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.

Segundo Juliana, na primeira campanha política de Bolsonaro, para vereador, ele declarou à Justiça Eleitoral ser proprietário somente de um automóvel Fiat Panorama, de uma linha telefônica e de dois terrenos, que formalmente nos cartórios não constavam.

Depois, em 1995 e 1996, ele comprou a casa em Mambucaba e um apartamento no bairro do Maracanã, no Rio de Janeiro. De acordo com Juliana, é somente depois que ele se une a Ana Cristina Valle que se inicia uma enorme expansão patrimonial. No período em que os dois estiveram juntos, eles compram 14 imóveis, cinco com dinheiro vivo.

Ao mesmo tempo, os filhos entraram para a política. Ele chegou a dizer na época que ia “sarneyzar” o Rio de Janeiro, numa referência a José Sarney, cujos filhos Roseana e Sarney Filho também seguiram na política.

“Dia L – Em Defesa da Educação Pública, da Democracia e Contra o Fascismo” reuniu, nesta quarta-feira, 26, técnicos-administrativos, estudantes e professores na passeata que saiu de frente da Faculdade de Letras e percorreu toda a extensão externa do Centro de Tecnologia (CT), na Cidade Universitária.

A atividade foi convocada pelo Sintufrj, DCE Mário Prata, Adufrj e APG (Associação de Pós-Graduandos da UFRJ). As lideranças sindicais e estudantis se revezavam no carro de som do sindicato relacionando os problemas que as universidades públicas estão enfrentando com cortes no orçamento promovidos pelo governo Bolsonaro. Como, por exemplo, redução do número de bolsas de ajuda estudantil e demissão de trabalhadores terceirizados.

Os discursos eram encerrados com o apelo à comunidade universitária para que, no domingo, 30 de outubro, votem no único candidato comprometido com as instituições públicas de ensino; os serviços públicos, que atendem principalmente as necessidades da população mais vulnerável economicamente; com a criação de emprego e renda; em tirar o país novamente do mapa da fome e em garantir as liberdades democráticas.

Contra a PEC

da reforma

O coordenador-geral do Sintufrj Esteban Crescente alertou: “Temos que nos mobilizar em defesa da universidade pública e do serviço público para derrotar esse governo fascista nas urnas”.

Ele apontou também a ameaça que representa a reforma administrativa (PEC 32), que tramita no Congresso Nacional, que ataca a estabilidade do servidor público e deixa seus cargos à mercê da indicação dos governantes de plantão. “Não é por acaso que Bolsonaro defende essa política; ele quer o domínio total da máquina pública”, disse.  Esteban citou o editorial da revista científica Nature publicado na terça-feira, 25, que afirma que só há uma escolha na eleição do Brasil, e que um segundo mandato para o presidente Jair Bolsonaro (PL) representaria uma ameaça à ciência, à democracia e ao meio ambiente.

A publicação é uma das mais prestigiadas do mundo e o texto aponta que Bolsonaro atacou a ciência e os cientistas e desmontou as instituições destinadas a reduzir a pobreza e o meio ambiente.

Mais críticas

A dirigente do DCE Mário Prata e do Centro Acadêmico de Engenharia, Camila Paiva, apontou que os estudantes decidiram, neste segundo turno, defender a eleição da Lula contra os ataques às universidades públicas.

“Continuamos acreditando na universidade pública, gratuita e de qualidade para todos. Vamos juntos eleger Lula presidente para tirar o país das mãos desse genocida destruidor da pátria”, conclamou a coordenadora de Comunicação do Sintufrj Marly Rodrigues.

O técnico-administrativo do Instituto de Biologia e colaborador do atual mandato, Francisco de Assis, afirmou: “Essa luta é para que o filho do trabalhador possa virar doutor numa universidade pública”.

João Batista Oliveira (Babá), professor da UFRJ, denunciou que o governo Bolsonaro privilegia o pagamento de trilhões aos bancos,  enquanto retira direitos dos trabalhadores.

A representante da APG Nathália Trindade, disse que é filha das políticas de democratização da universidade propiciadas pelos governos Lula, mas com Bolsonaro a UFRJ vive seus quatro piores anos de sua existência. “Sou a primeira pessoa da família a cursar pós-graduação; estou no doutorado e sou um orgulho para os meus avós nordestinos”, concluiu a estudante.

 Passeata

Os manifestantes percorreram o longo corredor do CT entoando palavras de ordem: “Hoje é Dia L de luta e dia 30 é 13 nas urnas para derrotar o governo fascista!”, “A nossa luta unificou: é estudante junto com trabalhador”, “Fora Bolsonaro, genocida” e “Não tem dinheiro para a educação, mas tem dinheiro para o Centrão”. Os manifestantes seguiram até os pilotis do bloco A, onde fica o bandejão.

A manifestou foi encerrada com colocação da enorme faixa com os dizeres “Em defesa da educação pública e da democracia”, no hall do bloco A do CT.

Passeata em defesa de mais verbas pela educação e saúde.
Rio de Janeiro, 26/10-2022.
Fotos de Elisângela Leite
Passeata em defesa de mais verbas pela educação e saúde.
Rio de Janeiro, 26/10-2022.
Fotos de Elisângela Leite

Tendo como tema “Ações da UFRJ durante a pandemia”, o Centro de Tecnologia (CT/UFRJ) organizou roda de conversa com a participação de lideranças de entidades representativas que atuam na universidade. O evento se inseriu nas atividades relacionadas à celebração do Dia do Servidor Público comemorado no dia 28 de outubro. Esteban Crescente fez suas observações mergulhado na conjuntura. Ele criticou Bolsonaro e lembrou a importância da ciência e do conhecimento no combate ao vírus como a produção de ventiladores mecânicos e a produção de vacinas nacionais. A vice-presidente da Adufrj, Mayra Goulart, fez um rápido inventário das ações solidárias desenvolvidas pela entidade durante a pandemia. Mayra definiu como  ‘contrassenso’ de quem estuda ou trabalha na universidade votar em Bolsonaro.

Mesa de evento de Sevidor no CT
Mesa de evento de Sevidor no CT

Uma manhã especial foi dedicada aos profissionais do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) nesta quarta-feira, 26, como parte das celebrações pela Semana do Servidor Público, e foi conduzida pela coordenadora-geral do Sintufrj e técnica de enfermagem há 40 anos da unidade, Laura Gomes.

A dirigente sindical, que também é graduada em educação física, reuniu as trabalhadoras e trabalhadores em uma sala no 10º andar do hospital e mostrou que, mesmo sentada, qualquer pessoa consegue fazer ginástica que lhes traz benefícios. Ela fez junto com os servidores vários exercícios de ginástica laboral para que repitam cotidianamente.

“Mesmo os profissionais de saúde, sempre muito atarefados, têm que dar uma parada entre 10 a 15 minutos diários durante o expediente para se exercitar. É muito importante para a saúde física e mental, a qualidade de vida, incorporar na rotina esse hábito”, orientou a especialista. A recomendação vale também para quem a maior parte do tempo sentado em frente ao computador, acrescentou ela.

A ginástica laboral, segundo Laura Gomes, consiste em  exercícios de curta duração que utilizam técnicas de respiração, alongamento e correção de postura, que evitam doenças ocupacionais e o surgimento de dores e lesões.

Antes da pandemia de covid-19, Laura ministrava a dinâmica tanto no HUCFF como no Centro de Ciências da Saúde (CCS).

Pedal Sindical em defesa de mais verbas oara educação e saúde.
Rio de Janeiro, 26/10/22
Fotos de Elisãngela Leite

Pedal Sindical reuniu servidores em passeio pela Cidade Universitária exigindo saúde

 

Passeio ciclístico pelas avenidas e alamedas da Cidade Universitária se incorporou à paisagem do Fundão na manhã desta quarta-feira, 26 de outubro, primavera de 2022.

O Sintufrj chamou servidores para participar dessa forma lúdica de marcar a semana do servidor público e exigir mais educação, mais saúde e valorização dos trabalhadores.

A ação ganhou sentido especial diante de um governo que “ataca direitos e estrangula verbas”, como destacou Francisco de Assis (Chiquinho) organizador do passeio e colaborador da diretoria do sindicato.

Ele lembrou desvio de recursos do orçamento pelo governo para financiar ilegalmente aliados (o chamado orçamento secreto).

“Essa nossa manifestação tem esse sentido de protesto e luta, mas especialmente estamos aqui para defender a democracia. Sem democracia não podemos por políticas públicas do interesse dos trabalhadores”, disse o ativista.

A equipe do Espaço Saúde do Sindicato foi fundamental para o êxito do Pedal Sindical, envolvendo seus frequentadores. O apoio da Prefeitura criou a logística adequada e o Fundo Verde, da UFRJ, cedeu suas verdinhas, as bicicletas que dão visibilidade ao projeto.

Pedal Sindical em defesa de mais verbas oara educação e saúde.
Rio de Janeiro, 26/10/22
Fotos de Elisãngela Leite
Pedal Sindical em defesa de mais verbas oara educação e saúde.
Rio de Janeiro, 26/10/22
Fotos de Elisãngela Leite
Pedal Sindical em defesa de mais verbas oara educação e saúde.
Rio de Janeiro, 26/10/22
Fotos de Elisãngela Leite
Pedal Sindical em defesa de mais verbas oara educação e saúde.
Rio de Janeiro, 26/10/22
Fotos de Elisãngela Leite
Pedal Sindical em defesa de mais verbas oara educação e saúde.
Rio de Janeiro, 26/10/22
Fotos de Elisãngela Leite

Faltando menos de 10 dias para a eleição veio à tona mais uma granada que Bolsonaro e o ministro da Economia Paulo Guedes querem jogar em cima dos trabalhadores e aposentados. A notícia mais séria e perigosa justamente para as pessoas que já têm a renda combalida.

O mais novo pacote de maldade de Bolsonaro-Guedes prevê desatrelar a correção do salário-mínimo e da aposentadoria da inflação (isso que todo mundo chama de desindexação).

Não foi à toa que hashtag “#nãomexanomeusalário” estourou entre os trending topics (assuntos mais comentados) do Twitter depois que Guedes admitiu o plano de desvincular o mínimo da inflação.

Em miúdos, isso significa que aquilo que você compra hoje com o salário-mínimo, se este não for reajustado pela inflação, no ano seguinte poderá não mais comprar.

Conversa

Eles dizem que isso não significa que o reajuste vá ser menor. Que vai aumentar. Se fosse mesmo para aumentar mais que a inflação, não precisaria desindexar nada poque a lei permite que o reajuste seja maior que a inflação. Então é para quê?  “A única coisa que se ganha desvinculando é diminuir”, explica Eduardo Moreira, escritor e membro do Instituto Conhecimento Liberta.

Quase 80 milhões

Ele anunciou o lançamento de estudo do professor o economista Eduardo Fagnani, que já coordenou o Instituto de Economia da Unicamp, que revela que a quantidade de pessoas que vão ser afetadas por esta mudança na regra de correção do salário-mínimo.

A previsão é que esta decisão do governo federal prejudique mais de 75 milhões de pessoas, divididas em 45 milhões pela corrosão do valor real de benefícios sociais, e outros 30 milhões que recebem o salário mínimo, de acordo com o economista em entrevista a Carta Capital.

Ele conta que o projeto joga no lixo um dos principais avanços da Constituição, que vinculou os benefícios previdenciários e sociais ao salário-mínimo e alerta que aposentados, recebedores de benefícios sociais e trabalhadores ativos, que compõem a parcela mais pobre da sociedade, serão sacrificados ainda mais no caso de reeleição de Bolsonaro, alerta

Golpe final

Em entrevista ao Instituto Humanitas Unisinos (IHU), o professor explicou que a proposta do ministro “é um dos golpes finais que falta dar no contrato social da Constituição”. Significará não só um arrocho salarial, mas uma “nova reforma da Previdência”, com implicações para aposentados e pensionistas.

“Se o governo desvincular a Previdência do salário-mínimo, em dez anos será possível reduzir o poder de compra da aposentadoria em termos reais, em 30, 40, 50%. Portanto, essa proposta é uma nova reforma previdenciária. É uma reforma da Previdência que tiraria as tensões sobre o teto de gastos”.

Ele faz as contas de mais ou menos 16,6 milhões de beneficiários do INSS urbanos, 9,1 milhões rurais, que correspondem a 25,7 milhões de pessoas. Mais 4,8 milhões de benefícios de prestação continuada, e 5,4 milhões com seguro-desemprego, totalizando mais de 40 milhões de pessoas que vão ter o poder dos seus benefícios corroídos ao longo do tempo. Isso diz respeito somente aos que recebem benefícios. E tem ainda mais de 36,1 milhões de trabalhadores ativos que recebem um salário-mínimo.

Carros de trabalhadores com adesivos da campanha de Lula são vetados; veículos com alusão à campanha de Bolsonaro, não

Felipe Mendes
Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

 

Trabalhadores e trabalhadoras da Petrobras denunciaram para sindicatos da categoria episódios de discriminação eleitoral em ambientes de trabalho da empresa. Segundo as entidades, veículos particulares de trabalhadores com adesivos da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm tido acesso vetado a algumas unidades, enquanto eleitores do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL) não passam por qualquer constrangimento.

Um trabalhador que atua na Replan, refinaria de Paulínia (SP), conversou com o Brasil de Fato sob condição de anonimato após fazer denúncias às entidades sindicais. Ele disse que chegou a ter o acesso vetado nesta terça-feira (25). Após conversar com agentes de segurança interna, conseguiu entrar para trabalhar, mas disse que aguarda ser notificado pela direção da empresa.

Segundo o trabalhador, as abordagens começaram na última semana. Ele contou que o segurança da unidade, cumprindo ordens “de certa forma até truculenta”, reconheceu que carros com bandeiras do Brasil, que têm sido usadas como símbolo da campanha de Bolsonaro, não seriam abordados, já que não seria possível saber se se tratava de manifestação de campanha.

Após dialogar com os agentes e entrar para trabalhar, o funcionário disse que teve contato com setores internos, como o de recursos humanos, e que não havia clareza sobre de onde partiram as ordens. Após o contato com o sindicato, ele relatou ter entrado para trabalhar com o mesmo veículo sem sofrer qualquer incômodo durante a última semana. Porém, a cobrança voltou a acontecer nesta terça.

Ainda de acordo com o trabalhador, instâncias internas da empresa informaram que a decisão foi pautada no Código de Conduta Ética da companhia. Procurada pelo Brasil de Fato, a Petrobras confirmou.

“É de amplo conhecimento de todos os empregados da Petrobras a vedação expressa no Código de Conduta Ética da companhia de que colaboradores não podem promover ou participar de atividades ou propaganda político partidária nas dependências da empresa ou em seus canais de comunicação”, informou a empresa, em nota. Consultada sobre as denúncias de que eleitores de Bolsonaro não sofreram constrangimento, a Petrobras não voltou a se manifestar.

Leia mais: Ministério Público do Trabalho confirma aumento de registros de assédios eleitorais

O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, afirmou que “proibir a entrada de automóveis com adesivos de somente um candidato trata-se de característico caso de odioso assédio eleitoral, em benefício de outra candidatura. O que serve para Chico, serve para Francisco”.

Segundo a FUP, casos como esse já tinham sido registrados no contexto do primeiro turno da eleição, mas se tornaram mais comuns às vésperas do segundo turno. Episódios de assédio foram registrados em refinarias e edifícios administrativos da Petrobras em diversas partes do país. Houve denúncias na Bahia, no Ceará, no Espírito Santo, em Pernambuco e no Rio de Janeiro, além de São Paulo.

Refinaria de Paulínia (REPLAN). Petrobras. Paulínia (SP). 24.06.2014. Foto: Marcos Peron | Virtual Photo

Ex-deputado disparou 50 tiros de fuzil contra agentes da PF, que quase foram assassinados e clima é de revolta com o fato de Bolsonaro ter protegido um bandido de alta periculosidade, diz a jornalista 

Redação CUT/Gibran Mendes | Editado por: Marize Muniz

O presidente Jair Bolsonaro (PL) é o culpado pela tentativa de assassinato dos agentes da Polícia Federal (PF) que foram recebidos com 50 tiros de fuzil e granadas pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) quando tentaram cumprir uma ordem de prisão no domingo (23).

A afirmação foi feita pela jornalista Míriam Leitão, em sua coluna publicada no jornal O Globo desta terça-feira (25).

Para Mirian, os decretos presidenciais que escancararam a compra de armas e munições servem como estímulo para casos como o do último domingo, quando dois agentes federais saíram feridos por estilhaços de granadas.

Após mais de 40 decretos de Bolsonaro, brasileiros compram 1.300 armas por dia

“O caso Roberto Jefferson jogou um holofote sobre uma parte tenebrosa do governo Bolsonaro. O incentivo a que seus aliados se armem levou o Brasil a uma situação explosiva. Há um milhão de armas nas mãos dos integrantes dos clubes de trio. O total de pessoas nos CACs é mais do que o efetivo de todas as PMs somadas”, diz a jornalista em sua coluna.

Ainda de acordo com a jornalista as armas liberadas não são para defesa pessoal, tampouco para coleção, pois tratam-se de equipamento antigos nestes casos.

Ela ainda criticou o Exército e a própria polícia pelas falhas na fiscalização. “Esse submundo da loucura armamentista teve em Roberto Jefferson um exemplo. Ele não poderia ter aquelas armas todas, dos fuzis com mira a laser a granadas, nem poderia sequer ser CAC. Pelas normas da sua regulamentação, o Exército teria que ter cassado a licença de Jefferson. Falhou a polícia que permitiu aquele arsenal e falhou o Exército que não tirou a licença”, destacou. Se de um lado Bolsonaro facilita o acesso às armas, do outro, desestimula a fiscalização pelos órgãos de controle.

A coluna de Mirian Leitão ainda traz análises de especialista em segurança pública que criticam duramente as medidas de Jair Bolsonaro. A própria Federação dos Delegados da Polícia Federal, em nota, posicionou-se sobre o tema afirmando que a prisão de Roberto Jefferson foi “flagrante por crime hediondo” e exige que a Polícia Federal esclareça os “protocolos adotados no planejamento, na execução e no gerenciamento da crise”.