A Convenção 190 foi aprovada após dez anos de debates entre o movimento sindical, empregadores e governos

 

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) aprovou a Convenção 190 que trata da violência no mundo do trabalho. O texto aprovado é fruto de um debate, iniciado por movimentos de mulheres, que começou em 2009, na Confederação Sindical Internacional (CSI), e venceu resistências dos empregadores que consideravam o tema uma questão a ser resolvida por políticas públicas.

A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Junéia Batista, considerou a elaboração da Convenção uma vitória, ainda que o texto aprovado não seja o ideal para o movimento sindical. Ela explica que os debates, que envolveram também governos, foram duros e houve a necessidade de se chegar a um consenso para que a Convenção fosse criada.

“Não era o texto dos sonhos porque queríamos destacar os vulneráveis, quem sofre racismo, sexismo, discriminação, mas não conseguimos especificar, só conseguimos especificar que trabalhadores sofrem assédio e que devem ter reparação”, diz Junéia.

A Convenção 190 será aprovada oficialmente nesta sexta-feira (21), quando o relatório final da 108ª Conferência Internacional do Trabalho for apresentado para votação em plenário.

Mas, de acordo com a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, as diretrizes da Convenção só passarão a valer “mais do que as leis nacionais” a partir da ratificação pelos países. É após a adoção da Convenção que os tribunais passam a se pautar pela norma aprovada.

Junéia espera que durante a Conferência ao menos dois ou três países adotem a Convenção. Isso dá força ao trabalho que precisa ser feito para adoção em outros países, explica.

No Brasil, a luta para que o país, que elegeu Jair Bolsonaro, um presidente de extrema direita, fascista e homofóbico, adote e ratifique a Convenção 190 será árdua, avalia a dirigente da CUT.

“Acredito que será difícil, mas faremos o que for possível, com campanhas de conscientização e pressão junto a parlamentares e governo para que coloquem em suas agendas o tema da ratificação”.

A construção da Convenção 

Junéia conta que a Convenção começou a ser ‘pensada’ em 2009, para tratar de casos específicos de violência contra a mulher, mas ao longo desses anos, por pressão de empresários, que também queriam ser incluídos no texto como vítimas, o texto teve que ser alterado para violência de gêneros e não somente de mulheres.

Segundo ela, a alegação dos empresários é que eles podem também ser vítimas de violência, como assédio e ameaças, no mundo trabalho. “Mesmo não concordando com essa justificativa, aceitamos mudar o caráter para violência de gêneros”.

Junéia lamenta também que outros grupos não possam ter sido especificados na Convenção como vulneráveis, como trabalhadores e trabalhadoras negras, os LGBT´s e as mulheres que, “historicamente, são trabalhadores que sofrem perseguição no ambiente de trabalho”.

“Tivemos que nos conformar em colocar as pessoas vulneráveis como trabalhadores e empregadores para não termos problemas e travarmos o processo. Tivemos de aprovar um texto generalizando os trabalhadores”, critica a dirigente.

Em 2014, o tema ganhou destaque na OIT e começou a ser discutido nas conferências da entidade. Em 2017 um grupo formado por especialistas de vários países fez uma análise sobre o que é violência no mundo do trabalho e recomendou que a OIT pautasse a Convenção 190, elaborada de forma tripartite.

Em 2018, foi aprovado um texto preliminar pelo Conselho de Administração da OIT. Este texto foi debatido ao longo dos anos pelos trabalhadores, empregadores e governo e, em comissão formada pela OIT, foi alterado com acordo entre as partes.

 

O papel da Convenção

A Convenção terá o papel de proteger todos os trabalhadores, do setor público e privado, e casos externos como violências sofridas no caminho do trabalho, ou por decorrência dele.

Um exemplo é o caso de mulheres assediadas em transportes públicos e que precisam de proteção, explica a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT.

“A responsabilidade é de alguém. Seja do Estado ou do empregador, isso será definido caso a caso”, diz Junéia.

 

Diversidade

Junéia lembra também que pessoas LGBT são consideradas vulneráveis por sofrerem violência psicológica, moral e constrangimentos no ambiente de trabalho.

 

A gente vive numa sociedade predominantemente heteronormativa em que o patriarcado impõe que menino veste azul e menina veste rosa. E quando as pessoas saem dessa ‘caixinha’, são violadas em seu direito de ser o que querem

Junéia Batista

 

Até mesmo na Conferência o preconceito esteve presente: países africanos, além de Rússia e Bielorrússia, ameaçaram deixar o plenário caso o termo LGBT fosse incluído no texto.

Mas de acordo com a Convenção 190 da OIT, no mundo do trabalho, a discriminação, as piadas homofóbicas, as chacotas e perseguições a LGBT´s serão consideradas agressões, afirma Junéia.

“As pessoas vão pensar 500 vezes antes de fazerem chacota com a natureza das pessoas”.

 

Mulheres

Mesmo que o texto não tenha sido ideal por não ser específico sobre a violência contra as mulheres, Junéia acredita que a Convenção trará avanços. Ela afirma que “o mundo machista pode começar a ter um outro tipo de comportamento, a partir da divulgação dessa Convenção. E o momento que vivemos nos faz brigar ainda mais para que nosso país ratifique a 190.

O Sintufrj comunica aos sindicalizados titulares do plano de saúde Unimed que a nova administradora do contrato é a Allcare Benefícios. Sendo assim, o sindicato orienta que qualquer correspondência (telegrama ou e-mail) de outra administradora deverá ser desconsiderada.

Sintufrj – Gestão Ressignificar

A reitora eleita, Denise Pires, será empossada em Brasília no dia 2 de julho e levará na bagagem o estudo detalhado sobre a situação orçamentária da UFRJ. Ela pretende apresentá-lo à Secretaria de Ensino Superior, cujo canal de diálogo abriu em maio, e também ao ministro da Educação. A intenção é que seja revista a situação financeira da universidade.

Segundo Denise, na reunião em maio, o MEC se comprometeu a liberar a verba do projeto executivo para a execução da primeira etapa de  recuperação do Museu Nacional, cerca de R$ 900 mil, e cumpriu e liberou também cota de limite de empenho.

Valor da cota

Em nota, a Pró-Reitoria de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças (PR-3) informou que requereu, no dia 4 de junho, a liberação de R$23,5 milhões de cota de limite de empenho (autorização para uso do orçamento), “para que a UFRJ pudesse indicar os créditos orçamentários para a cobertura das despesas do mês de competência de abril”. No dia 10, a UFRJ e demais instituições receberam cerca de 8% de cota de limite de empenho que, “no nosso caso, correspondeu a R$ 25,7 milhões”, informou a PR-3.

Correção feita – Originalmente, esta matéria informou um valor maior tomando como base o montante reportado pela PR-3 em matéria anterior sobre a falta de autorização para uso da cota de limite de empenho.

Posse na UFRJ

Na quarta-feira, dia 19, seriam distribuídos os convites para a posse cerimonial, no dia 8 de julho, às 10h, no auditório do Centro de Tecnologia (CT). A equipe organizadora do evento estava preparando algumas surpresas para o público, como a apresentação do coral infantil da UFRJ cantando o Hino Nacional. “Queremos recuperar um pouco de nosso orgulho, da nossa autoestima”, disse o futuro vice-reitor Carlos Frederico Rocha.

Segundo Carlos Frederico, a gestão que assumirá pretende marcar para o dia 4 de julho a sessão do Conselho Universitário (Consuni) na qual serão submetidos os nomes dos  novos pró-reitores. Também serão apresentados aos conselheiros os programas de trabalho dos pró-reitores de Graduação; Pós-Graduação e Pesquisa e Planejamento, Desenvolvimento e Finanças. E no Consuni do dia 11 serão apresentados os programas das Pró-Reitorias de Pessoal; Extensão; Gestão e Governança; e  Políticas Estudantis.

Vejam quem são os indicados:

Pró-Reitoria de Graduação (PR-1):  Gisele Viana Pires, professora associada do Departamento de Clínica Médica e diretora adjunta de Graduação da Faculdade de Medicina. Ela foi superintedente e pró-reitora de Graduação na gestão de Carlos Levi.

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PR-2): Denise Maria Guimarães Freire, professora titular do Instituto de Química e ex-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica.

Pró-Reitoria de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças (PR-3): Eduardo Raupp de Vargas, professor da Coppead e pesquisador do Centro de Estudos em Gestão de Serviços de Saúde. Foi decano de Assuntos Comunitários e de Administração e Finanças (2011-2012) na UnB.

Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4): Luzia Araújo, técnica-administrativa da Divisão de Enfermagem do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho.

Pró-Reitoria de Extensão (PR-5): Ivana Bentes, professora titular e  pesquisadora do Programa de Pós Graduação em Comunicação e diretora da Escola de Comunicação da UFRJ. Foi secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura do Brasil, onde fez a gestão nacional do Programa Cultura Viva dos Pontos de Cultura do Brasil.

Pró-Reitoria de Gestão e Governança (PR-6): Permanece à frente da pasta o técnico-administrativo André Esteves da Silva. Antes de assumir a PR-6, em 2017, ele estava cedido ao Inmetro, onde coordenava a área de contratos e convênios.

Pró-Reitoria de Políticas Estudantis (PR-7): Roberto Vieira, técnico- administrativo, atual superintendente executivo da PR-1, com graduação em administração de empresas e mestrado em Avaliação pela Fundação Cesgranrio.

Conselho e CPST

Em entrevista para o Jornal do Sintufrj em maio, a futura reitora confirmou a criação do Conselho de Administração, que será constituído dentro da Pró-Reitoria de Pessoal e funcionará como um fórum para discussão de políticas de pessoal, com câmaras para tratar de assuntos específicos, como assédio moral e acessibilidade. Também está em seus planos reformular a Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador (CPST), com olhar especial para a segurança e a saúde no trabalho, e com uma equipe envolvida com o projeto das Comissões Internas de Saúde do Servidor Público (Cissp).

 

Numa mesma mãozada, o governo Bolsonaro atacou a autonomia de duas universidades federais. No dia 18 de junho, foi publicado, no “Diário Oficial da União” (DOU), o decreto nomeando Ricardo Cardoso para reitor da Unirio e Luiz Fernando Resende para reitor da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).

Na Unirio, a nomeação desrespeita a decisão da comunidade universitária, que na consulta aberta (entre os dias 3 e 6 de abril) escolheu, por maioria dos votos, o professor Leonardo Castro para reitor e Maria do Carmo para vice-reitora. O nomeado nem participou da consulta. Na UFTM, Resende foi derrotado em todas as formas de eleição realizadas (na consulta e via conselho).

A situação repete outra intervenção: no dia 11 de junho, o governo designou a professora Mirlene Damázio como reitora temporária da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Ela não participou nem da consulta à comunidade nem do processo eleitoral nos colegiados da instituição.

A diretoria da Associação Docente da Unirio (Adunirio), da Associação dos Servidores da Unirio e do DCE convocaram assembleia comunitária para debater a resistência contra o golpe. Será no dia 25 de junho, às 16h, no jardim do Centro de Letras e Artes (CLA).

 

“Gestão de resíduos eletroeletrônicos: oportunidades e desafios na perspectiva de uma cooperativa de catadores” foi um dos temas discutidos no 12° Evento em Homenagem ao Dia Mundial do Meio Ambiente, realizado pelos Programas Ambientais do Centro de Tecnologia com sua Decania, na terça-feira, 18, no salão nobre da unidade.

Quem falou sobre o tema foi Hanna Rodrigues, técnica de projetos da Cooperativa Popular Amigos do Meio Ambiente (Coopama), uma organização sem fins lucrativos de reciclagem e gestão de resíduos, cujo objetivo principal é gerar trabalho, renda e inclusão social através das atividades de coleta, triagem, reciclagem, prestação de serviços e comercialização de materiais recicláveis.

Parceria

A intenção da Coopama é firmar uma parceria com a UFRJ que envolvesse estudantes. Para atrair o interesse da comunidade universitária, Hanna destacou o trabalho realizado pela cooperativa e seus propósitos. Um deles é o aprimoramento das  atividades profissionais por meio de uma organização coletiva, prestando serviços e atuando principalmente na área de coleta, transporte, triagem, reciclagem e comercialização de resíduos sólidos.

Segundo Hanna, a Coopama tem comprometimento com o recebimento de materiais recicláveis e com o seu encaminhamento adequado para as indústrias de recicláveis, de modo a não promover contaminação do meio ambiente ou gerar danos à saúde pública.

Trabalho

O contato com as comunidades e o objetivo social também são marcantes no dia a dia da cooperativa. É tarefa destacada a proteção ao trabalhador, ou seja, proporcionar aos associados da Coopama postos de trabalho mediante esforço pessoal e direto, além de a cooperativa ser propagadora da cultura de evitar desperdício de recursos naturais e da consciência ecológica.

Uma das metas de Hanna é profissionalizar cada vez mais a cooperativa, para que as pessoas deixem de pensar em coleta de resíduos recicláveis como uma ação de caridade, ignorando as condições precárias em que vive a categoria de catadores: na informalidade (sem carteira de trabalho assinada e outros benefícios trabalhistas) e sem seguridade social (não recolhem para a aposentadoria).

“É preciso compreender a ação das cooperativas como um serviço  à comunidade e não como uma (ação) voluntarista que acaba em si mesma. As ações precisam ser remuneradas e esses trabalhadores, assegurados”, defende Hanna.

 

O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar analisou mudanças apresentadas à PEC 6/2019 proposta na comissão especial da Câmara

“Há aspectos positivos no substitutivo, mas as melhorias são insuficientes para que mereça aprovação. Pelo contrário, há apenas, em alguns aspectos, a manutenção da situação vigente, como no caso do benefício de prestação continuada (BPC) e dos segurados especiais (trabalhadores rurais), mas as regras permanecem extremamente prejudiciais aos segurados do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e servidores públicos”, afirmou o consultor legislativo do Senado Luiz Alberto dos Santos na síntese que elaborou sobre o substitutivo apresentado e lido pelo relator da reforma da Previdência (PEC 6/2019), deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), na comissão especial da Câmara dos Deputados, no dia 13 de junho.
Segundo ele, “há grandes obstáculos a serem enfrentados pelo governo para obter a aprovação da PEC”. Além disso, chamou a atenção, o governo promete restabelecer, em plenário, a autorização para o “regime de capitalização” a ser instituído por lei complementar, que é, efetivamente, o que mais interessa ao mercado financeiro e traduz a “Nova Previdência”, que o ministro da Economia, Paulo Guedes, defende, substituindo o regime de repartição por um regime baseado em contribuições individuais”, destaca o consultor.
O consultor do Senado acrescentou, ainda, que “o grau de ‘desconstitucionalização’ da PEC é [foi] reduzido [no substantivo], mas permanece elevado, notadamente no caso dos RPPS [regimes próprios de Previdência Social], cujas regras são totalmente remetidas a legislação ordinária, tornando a situação ainda pior do que a originalmente prevista”.

Os retrocessos

1) Desconstitucionalização de regras previdenciárias: embora anunciado que o relator teria abandonado a proposta de desconstitucionalização ampla das regras dos RPPS e regimes próprios, trata-se de uma meia verdade. Em alguns aspectos, o texto constitucional atual é preservado, com a manutenção de regras permanentes, mas, no caso dos RPPS, em lugar de remeter as regras sobre aquisição de direitos para lei complementar, o substitutivo passa a permitir que sejam objeto de lei ordinária, e até mesmo medida provisória, quanto a idades mínimas, carência e tempo de contribuição e cálculo dos proventos. Nesse aspecto, o substitutivo é ainda pior do que a PEC original;
2) Exclusão dos RPPS de estados e municípios das regras a serem fixadas para a União sobre aposentadoria e pensão. Regras de transição também serão fixadas por lei de cada ente;
3) Lega a cada ente dispor sobre aspectos essenciais dos direitos previdenciários de seus servidores, rompendo o equilíbrio e paridade de regimes e comprometendo a unidade do Ministério Público e da magistratura nacional;
4) Explicita que a aposentadoria de empregado público acarreta a extinção do vínculo empregatício, criando regra anti-isonômica; e
5) Suprime a vedação de tratamento favorecido para contribuintes, por meio da concessão de isenção, da redução de alíquota ou de base de cálculo das contribuições sociais ou das contribuições que as substituam.
Tramitação – Nessa nova fase pós-apresentação do parecer em forma de substitutivo, não são admitidas emendas ao novo texto, exceto emendas aglutinativas em plenário, as quais, porém, dependem da existência de “destaques sobre emendas apresentadas” que lhes deem sustentação.

Os números são das centrais sindicais e celebram o desdobramento da luta unitária dos setores progressistas da sociedade contra a reforma da Previdência e em defesa da educação

 

MASSA NAS RUAS. A greve geral foi encerrada no Rio de Janeiro com uma passeata depois da concentração na Candelária

Da rodovia que liga Guanambi a Malhada, no interior da Bahia, no Nordeste profundo, aos centros das maiores metrópoles do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, a força da greve geral mostrou seu fôlego.
O movimento desta sexta-feira, 14 de junho, é o desdobramento da frente unitária que envolve centrais sindicais, movimentos sociais, o amplo leque de setores progressistas contra a reforma da Previdência e na defesa da educação pública.
Pelas estimativas das centrais sindicais, pelo menos 45 milhões de trabalhadores participaram da greve geral em 380 cidades. São números impressionantes que autorizam sustentar que a política alinhada às conquistas sociais voltou às ruas com força.
A força da oposição nas ruas é o fato que explica que os protestos pacíficos no Rio e em São Paulo tenham sido dissolvidos com bombas de gás e balas de borracha disparadas por policiais militares, a milícia fardada de Wilson Witzel e João Dória.
Houve manifestações em todas as capitais e no Distrito Federal. Trabalhadores e trabalhadoras protestaram contra a reforma da Previdência de Jair Bolsonaro (PSL) desde as primeiras horas da manhã dessa sexta-feira (14).
No Rio, a alvorada dos protestos foi puxada por sindicalistas e estudantes da UFRJ, que fecharam logo cedo uma das pistas da Linha Vermelha.
No início da manhã, motoristas e cobradores de ônibus e trabalhadores dos metrôs de várias capitais cruzaram os braços. Em São Paulo, parte das linhas de ônibus, trens e várias estações do Metrô estiveram paradas, especialmente nas zonas Norte e Leste da capital paulista.
Em capitais de estados como Ceará (Fortaleza) e Pernambuco (Recife) e no Distrito Federal (Brasília), ônibus e metrôs pararam. Nas capitais João Pessoa, Curitiba, Maceió, Rio de Janeiro e Salvador, protestos bloquearam vias da cidade e saídas dos ônibus das garagens.
No ABC paulista, 98% das fábricas do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC estiveram fechadas, 65 mil trabalhadores cruzaram os braços contra o fim da aposentadoria e por mais empregos.
No início da madrugada, o presidente da CUT, Vagner Freitas, e o secretário-geral, Sérgio Nobre, estiveram com os trabalhadores da Volks, em São Bernardo do Campo.
Em praticamente todo o país, as agências bancárias amanheceram fechadas. Em São Paulo, principal centro financeiro do país, os bancos não abriram. Trabalhadores e trabalhadoras da educação também aderiram massiçamente à greve geral. Escolas públicas e particulares, universidades e institutos técnicos permaneceram fechados nessa sexta-feira.

REPRESSÃO. PMs atacam professoras indefesas na marcha

 

Governo em crise, povo na luta!

Uma fresta de sol revigorante para os que sonham e lutam por democracia, direitos sociais e liberdade. Esta é a síntese dos acontecimentos de uma semana iniciada com o bombástico escândalo da #VazaGate, revelando os bastidores repletos de ilegalidades e armações da operação Lava-Jato e a conduta parcial e criminosa do juiz Moro, passando pela crise do governo com o Congresso motivada pelas alterações no relatório da reforma da previdência e culminando com atos políticos em 350 cidades, mobilizando milhões de trabalhadores para rechaçar com veemência a política assassina do governo: extinção da aposentadoria, cortes na educação, fim da soberania nacional e dos direitos do povo, tendo como tempero um blá-blá-blá ideológico fascista de quinta categoria.
A greve geral de 14 de junho catalisou a insatisfação popular com um governo que acumula fracassos. O desemprego segue em galope acelerado; a troca de ministros mantém a média: o general Santos Cruz, em rota de colisão com o filho tuiteiro (e dublê de vereador) do presidente, deixou a secretaria de governo e foi substituído pelo general Ramos, apresentado como o “pitbull” do presidente; e Moro, o principal pilar de legitimidade do governo Bolsonaro, enfrenta o escândalo do vazamento das suas conversas com os promotores da Lava-Jato, mostrando que atuou, na verdade, como coordenador da acusação e não como juiz. A sequência de matérias publicadas pelo portal The Intercept desnudou Moro perante o país e deixou governo e Rede Globo batendo pino.
Neste cenário de terra arrasada, é alvissareiro que a luta popular recupere, passo a passo, a dimensão de luta de massas. Os atos de #15M e #30M foram sinais inequívocos da retomada das ruas e praças como espaços privilegiados da disputa política e de exercício ativo da cidadania. A Greve Geral de 14 de junho dá um passo além: sua dimensão nacional, a combinação de atos de impacto nos serviços e na produção com grandes passeatas e a ação solidária da classe trabalhadora e da juventude esquentam a possibilidade de derrota do governo na tentativa de extinguir a previdência social. É preciso organização, unidade e ação política cotidiana para aproveitar as fissuras e bloquear os ataques de Bolsonaro e sua gangue. É hora de arregaçar as mangas e reagir!

 

SINTUFRJ PRESENTE. Na Presidente Vargas, a presença da comunidade universitária da UFRJ

 

Educação com forte presença

A greve geral dessa sexta-feira vem na sequência de duas manifestações puxadas pelo setor de educação. Milhares de pessoas foram às ruas nos dias 15 e 30 de maio.
A mobilização de estudantes, técnicos-administrativos e professores nos atos anteriores explica a forte presença deles na greve geral. Havia muitos estudantes secundaristas.
Cabe destaque à participação dos três segmentos da UFRJ nos protestos de combate ao governo Bolsonaro, ao desemprego, à tentativa de pôr fim à previdência pública e contra os cortes nos recursos da educação.
Como nos atos públicos anteriores, o pessoal da UFRJ se concentrou no Largo de São Francisco, diante do IFCS. Depois do aquecimento – o que nessa sexta-feira envolveu a distribuição de cartazes pelo Sintufrj –, o bloco da universidade se dirigiu à Candelária.

 

Solidariedade

Na esteira da repressão covarde do pelotão de choque da PM que dissolveu o protesto pacífico, os técnicos-administrativos Ygor Alves e Esteban Crescente, trabalhadores da UFRJ, foram detidos. O Sintufrj se solidariza com os companheiros.

 

Começou, na manhã desta terça-feira, dia 11, e segue até o dia 13, mais uma edição do Conhecendo a UFRJ, maior evento de extensão da universidade que abre as suas portas para estudantes do ensino médio de escolas públicas e particulares para que conheçam seus cursos e a produção em ensino, pesquisa e extensão.

Desta vez, com um novo formato. Em vez de um megaevento concentrado num só lugar, como nas outras edições, as palestras e estandes se dividem em quatro pontos: no Centro de Ciências da Saúde (CCS), no Centro de Tecnologia (CT), no Centro de Ciências Matemáticas e na Natureza (CCMN) e Faculdade de Letras.

Assim, desde o início da manhã até o fim da tarde, cerca de 1800 estudantes do ensino médio (público médio previsto por dia) agitam corredores tomados por estandes com professores e estudantes que se esmeram em explicar cada curso onde atuam.

 Onde é o quê

No CCS, há palestras nos auditórios do Quinhentão e Hélio Fraga, e estandes sobre cursos como Ciências Biológicas, Odontologia, Medicina, Nutrição, Gastronomia, Educação Física e Dança.

No CCMN, há palestras nos auditórios auditórios Roxinho, Novos Ventos e Pangea e estandes no corredor da Geologia sobre cursos como Arquitetura e Urbanismo, Psicologia, Ciências Sociais, História e Astronomia.

No CT, as palestras (no auditório Horta Barbosa, no bloco A) e estandes abordam os cursos das Engenharias, Administração e Comunicação Social.

Na Faculdade de Letras, há  nos auditórios G2 e E3 sobre Música, Música, Belas Artes, Letras e Artes Ciência.

O evento também contou com apresentações de dança e música, oficinas para o teste de habilidade específica (THE), visitas guiadas a laboratórios e exposições.

 

Da trajetória do movimento operário resulta o desenho de uma gangorra, com períodos de crescimento e declínio. Em situações de conflito e quando obtiveram adesão de outros setores engajados da sociedade, os trabalhadores tiveram influência no ritmo da história

 

As greves operárias iniciadas em 1979 no ABC paulista precipitaram os estertores da ditadura civil-militar, que chegou ao fim poucos anos depois. Os metalúrgicos de então – que projetaram Lula e lançaram as bases de um partido político de massas – encontravam sua ancestralidade na saga de greves gerais iniciada pelos sindicatos anarquistas em 1917.
Nesses 100 anos que nos distancia da primeira greve geral no início do século XX, puxada por mulheres no bairro da Mooca (SP), pelo menos dez greves se destacam por sua abrangência, em alguns casos, ou pelas circunstâncias adversas. No segundo caso estão as paralisações de Osasco e Contagem em 1968, que desafiaram a ferocidade dos generais.
Após a redemocratização iniciada em 1985, foram seis greves gerais envolvendo milhões de trabalhadores. Paralisações de grandes proporções aconteceram especialmente na década de 1980. No momento, o país começa a viver a expectativa da greve geral convocada para 14 de junho, na sequência de duas fortes manifestações contra o governo Bolsonaro.

 

1917, mulheres na vanguarda

A primeira greve geral do país foi iniciada por mulheres, no mês de junho, e durou 30 dias. Cerca de 400 operários – a maioria mulheres – da fábrica têxtil Cotonifício Crespi, na Mooca, em São Paulo, paralisaram suas atividades por aumento de salários e redução da jornada de trabalho. Em algumas semanas a greve contagiou outros operários e se espalhou por diversos setores da economia por todo o estado de São Paulo, e em seguida para o Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Em julho, o movimento ganhou mais fôlego no dia 11 com o enterro do sapateiro José Martinez, morto pela polícia, o que mobilizou milhares de pessoas. A partir daí o movimento reivindicatório se alastrou mais ainda: 70 mil trabalhadores, organizados em sindicatos anarquistas, pararam a produção na indústria e as vendas no comércio reivindicando aumentos salariais que compensassem a inflação elevada da época, melhores condições de trabalho e jornada diária de oito horas.

 

1962, greve conquistou o 13º salário

O 13º salário não era uma obrigação legal em 1962. Ele foi conquistado devido à paralisação dos trabalhadores de ferrovias, bancos, portos, refinarias e distribuidoras de combustível, nas capitais e cidades médias. No Rio, os trabalhadores mostraram sua força, parando praticamente toda a cidade. Houve confronto com a polícia e mortes.

 

1968, metalúrgicos desafiam o regime

Minas Gerais e São Paulo registram as primeiras greves na ditadura (1964-1985). Os metalúrgicos foram a linha de frente do combate reivindicando melhores salários e condições de trabalho. Em Contagem (MG), a mobilização, iniciada em 16 de abril, reuniu 16 mil metalúrgicos; em Osasco (Grande São Paulo), 12 mil metalúrgicos pararam no dia 16 de julho. Foram reprimidos com violência. Dezenas de trabalhadores e alguns dirigentes sindicais foram presos e levados ao Dops (Departamento de Ordem Política e Social). Foi o primeiro movimento de resistência dos trabalhadores em um período de grande repressão.

 

1979, Lula lidera trabalhadores

Mais de cem mil trabalhadores, principalmente metalúrgicos da região do ABC paulista, pararam suas atividades em 13 de março, véspera da posse de João Figueiredo, último ditador do regime militar. A greve marcou o surgimento de Luiz Inácio Lula da Silva como liderança nacional. Lula era então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e liderou a paralisação de cerca de 80 mil trabalhadores, que se recusaram a aceitar a contraproposta patronal de reajuste salarial, numa assembleia histórica realizada no estádio da Vila Euclides, em São Bernardo do Campo.

 

1980, nova greve no ABC

Em fevereiro, o PT é fundado, e menos de dois meses depois uma nova greve teve início. Novamente liderados por Lula, 140 mil metalúrgicos do ABC paulista e de diversas cidades do interior decidem entrar em greve em 1º de abril devido à recusa dos empresários da contraproposta dos trabalhadores. O movimento acabou reunindo ao todo 300 mil metalúrgicos que interromperam as atividades por 41 dias. O governo interveio, e Lula foi preso pela Lei de Segurança Nacional. Ele permaneceu na sede do Dops durante 31 dias.

 

1986, a primeira greve após a ditadura

A primeira greve geral após a ditadura militar, em 12 de dezembro, uniu diversas categorias. O estopim foi o recuo das medidas implantadas pelo Plano Cruzado, entre eles o congelamento de preços, lançado pelo governo Sarney (PMDB) para controlar a hiperinflação. A greve paralisou 15 milhões de trabalhadores. A luta era ainda por salários e não pagamento da dívida externa. Houve prisão de 109 pessoas e realização de um “barulhaço”.

 

1989, a maior greve

A maior greve geral da história do Brasil durou dois dias, 14 e 15 de março. A inflação acumulada chegou a 1.782,9%, a maior taxa registrada na história do Brasil. Diante da perda do poder aquisitivo do trabalhador devido ao Plano Verão do governo José Sarney, o movimento foi convocado pela CUT e CGT. Mais de 30 milhões pararam.

 

1991, a primeira, depois das diretas

Em maio, aconteceu a primeira greve geral realizada após as eleições diretas para a Presidência, vencidas por Fernando Collor de Mello (PRN). Convocada pela CUT e CGT, foi um movimento pela garantia no emprego, reposição das perdas salariais e defesa dos serviços públicos. Mobilizou 19,5 milhões de trabalhadores e interrompeu o transporte coletivo de diversas capitais, como São Paulo, que paralisou completamente o metrô.

 

1996, contra as privatizações de FHC

A greve geral de 21 de junho de 1996, convocada pela CUT, CGT e Força Sindical, esvaziou as grandes capitais: 12 milhões de trabalhadores cruzaram os braços contra as privatizações e para combater a política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em seu primeiro mandato.

 

2017, contra as reformas de Temer

Convocada contra as reformas trabalhista e da Previdência do governo Temer, a greve geral de 28 de abril de 2017 teve manifestações em todos os estados e no Distrito Federal. Houve bloqueios em estradas e vias de acesso ao centro de capitais, como a Ponte Rio-Niterói. Estima-se que 40 milhões de trabalhadores cruzaram os braços.