“Não dá para ser somente o secretário do colegiado. Precisamos ser voz ativa e ser atores nos colegiados da universidade”. A frase partiu não de um dirigente do Sintufrj, mas do assistente em administração da UFRJ, Luiz Felipe Cavalcanti, em sua apresentação on line na quarta-feira, 16 de setembro, segundo dia do curso de extensão “O Ser e o Fazer Técnico-Administrativo em Educação na Universidade Pública”, organizado pelo Núcleo de Bioética e Ética Aplicada (Nubea).
Luiz Felipe, que trabalha na Escola de Educação Física e Desportos (EEFD/UFRJ), participa do curso com colegas da UFRJ e de outras instituições de ensino do país. Para mostrar a diversidade e a qualidade do trabalho técnico-administrativo na universidade ele reproduziu o vídeo do Sintufrj Retrato do Trabalho na UFRJ. “Simpatizo com o vídeo pela apresentação dos técnico-administrativos em seus variados locais de trabalho e as suas narrações sobre o seu fazer diário”, elogiou.
O assistente em administração, que é também representante da categoria no Conselho de Ensino de Graduação (CEG) da UFRJ, fez a apresentação “O fazer técnico-administrativo e a luta contra a alienação do trabalho. Quem garante o funcionamento da universidade”. Luiz Felipe apresentou dados traçando o perfil da categoria, discorreu sobre o trabalho do técnico-administrativo, a identidade deste trabalhador em educação, o seu lugar dentro da instituição (colegiados) e as relações de poder existentes: reconhecimento e alienação.
Luiz Felipe abriu sua fala informando sobre a intervenção na UFRGS, com a nomeação de um reitor não eleito pela comunidade universitária, como forma de alerta para a conjuntura adversa que vive a universidade pública com a política empreendida pelo atual governo.
Ao tratar da reforma administrativa, ele fez outro alerta: “Vai gerar castas. Vamos ser submetidos a uma lógica policialesca, de quem trabalha mais ou trabalha menos, produz ou não produz, que nos colocará na lógica de mercado. Precisamos entender que a reforma vem para nos colocar em uma situação de mais vulnerabilidade”.
Ao analisar a hierarquização da categoria afirmou que “todos os técnicos e de todos os níveis são fundamentais para o funcionamento da universidade”. E enaltecendo a diversidade da categoria, observou: “Temos uma pluralidade enorme. Isso que dá a riqueza de nossa categoria e sua relevância.”
Em suas considerações finais, Luiz Felipe falou aos seus pares que o momento é de resistência para os trabalhadores da educação: “Precisamos garantir que não se retroceda, pois infelizmente estamos num governo que trilha o caminho para a extinção do serviço público e a sua privatização.”
E finalizou conclamando à tradição combativa da categoria: “Não importa o governo. Não vamos nos dobrar aos desvarios da lógica mercantilista e neoliberal.”
Reflexão
As reflexões e o debate da categoria técnico-administrativa sobre a sua realidade e o seu papel na universidade é uma importante iniciativa neste momento delicado da vida pessoal e profissional dos servidores públicos decorrente da pandemia, a maioria está em trabalho remoto, ainda mais diante da proposta de mudanças profundas para o serviço público e para seus trabalhadores na reforma administrativa do governo Bolsonaro.
O curso de extensão “O Ser e o Fazer Técnico-Administrativo em Educação na Universidade Pública”, que se realiza através da plataforma AVA@UFRJ, é transmitido pelo canal do Nubea no YouTube, semanalmente, às quartas-feiras, 14h. Ele foi iniciado no dia 9 de setembro, já com o acúmulo de debates na categoria com a realização do 1º Fórum Técnico-Administrativo da UFRJ promovido pelo Sintufrj nos dia 1º , 2 e 3 de setembro.
Este curso abordará temas como a história da categoria, carreira, a homofobia e o sexismo entre outras diferentes formas de violência no local de trabalho, organização, a defesa da universidade pública e a Universidade para os Trabalhadores, dentre outros. A previsão de término está marcada para 2 de dezembro. Participam técnico-administrativos de todo o país.