Depois de mais de oito horas de discussões e muita polêmica, enxurrada de manifestações de estudantes pelo chat – “#Porum ensinoremotocommaisdireito”/”#Estudantetemvoz,merecerespeit”/”#PormaisdemocracianaUFRJ”– e com várias ressalvas, o  Conselho de Ensino de Graduação (CEG), na quarta-feira, 7, aprovou, por unanimidade, a Resolução XX/2021, que dispõe sobre as regras de funcionamento do ano letivo de 2021 na modalidade remota.

A proposta inicial de resolução foi elaborada pela Comissão Especial de Acompanhamento das Atividades Não Presenciais (CEAANP), que é paritária, mas a versão final da CLN é que foi levada para a aprovação, cuja maioria dos membros é de professores.

“No dia 23 de junho, os conselheiros do CEG receberam a proposta da CLN com vários artigos suprimidos da resolução atual. Integrantes da CLN alegaram que os artigos tratavam de temas fora da competência do CEG e, por isso, foram retirados, informou a representante técnica-administrativa no CEG e coordenadora do Sintufrj, Damires França.

Na avaliação da conselheira, “numa composição com mais de 70% de docentes, as votações serão sempre contrárias ao que nós,  técnico-administrativos, questionamos”.

Supressões importantes

“O artigo 8º da resolução anterior e que foi retirado da aprovada, falava sobre as atividades práticas, que deveriam seguir algumas condicionantes. E como a bancada supôs que a intenção com a supressão era fazer os técnicos-administrativos voltarem a trabalhar presencialmente, eu me manifestei na sessão defendendo que o Conselho Universitário deveria construir uma resolução que promovesse o retorno presencial gradual, a partir de uma regra. Mas, isso ainda deveria ser debatido pela comunidade universitária e no colegiado máximo da universidade”, relatou a representante da categoria no CEG.

Segundo Damires, “a questão era se os atos acadêmicos desparecessem da resolução em aprovação, as secretarias e as coordenações acadêmicas, que atendem o público interno e externo, poderiam voltar a atuar presencialmente. E, por enquanto, todos os atos acadêmicos são na forma remota. Eu coloquei, inclusive, no chat, porque isso constava da resolução anterior”.

Entre outros artigos retirados da resolução aprovada, alguns tratavam da obrigatoriedade da UFRJ disponibilizar chips para os alunos e se preocupar com a acessibilidade das pessoas com deficiência física. “A justificativa deles é que existem setores específicos para isso, portanto, o CEG não deve ter essa responsabilidade e, também, porque, não sabem sobre o orçamento. A bancada dos técnicos acreditava que esses artigos deveriam ser mantidos porque era de bom tom”, afirmou a conselheira.

Aprovação retrancada

“A nova resolução foi aprovada com todas essas ressalvas. O CEG não garantia o direito dos estudantes, principalmente os pobres, de acompanhar o ensino remoto, porque não assegurava para eles sequer chips. E o servidores técnicos-administrativos ficaram sem o amparo do artigo falando que o calendário acadêmico tem que ser todo feito de forma remota. Para não se correr o risco de haver alguma pressão para que retornem presencialmente”, avaliou a conselheira e dirigente sindical.

 Solicitação ao

Conselho Universitário

Assim como a bancada estudantil pretende solicitar ao Conselho Universitário que seja garantido aos estudantes os direitos retirados da resolução aprovada, a bancada dos técnico-administrativos também pretende fazer o mesmo em relação a garantir que todos os atos acadêmicos permaneçam na forma remota.

“A bancada estudantil se sentiu bastante frustrada, porque várias proposições nossas não foram aceitas e que levariam a um avanço institucional grande, em relação à posição política do CEG com os discentes”, resumiu a representante da bancada estudantil e dirigente do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira, da Faculdade Nacional de Direito, Isabela Coimbra Carlim.

Ela citou como exemplo de proposta recusada, a disponibilização de material didático, no mesmo valor das aulas gravadas em vídeo, caso as aulas sejam síncronas.

O Sindicato do Trabalhadores em Educação da Universidade Federal Fluminense (Sintuff) denunciou a tentativa de cessão de servidores técnico-administrativos da UFF para a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) – responsável pela gestão do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap). 

A coordenadora-geral do Sintuff, Bernarda Gomes, afirmou que o reitor Antônio Cláudio Nóbrega confirmou que recebeu o documento da Ebserh solicitando a cessão de servidores da UFF. “O reitor informou que não aceitou. Solicitamos então que ele oficializasse essa posição e a torna-se pública”, completou a dirigente.

A Assembleia Virtual do Huap realizada na segunda-feira, 5 de julho, debateu a ameaça de cessão dos servidores estatutários integrantes do Regime Jurídico Único (RJU) para a empresa e deliberou por reforçar campanha pela revogação do contrato da Ebserh. Para os servidores, a tentativa de aquisição de funcionários pela via da cessão é um descompromisso da empresa com sua obrigação contratual de contratar pessoal por via própria. 

A assembleia aprovou ainda “reacender a campanha pela abertura de concurso pelo RJU ao HUAP e pela devolução das vagas dos que se aposentaram”. E que o Sintuff se articule com outros sindicatos e entidades nacionais para elaborar um documento a ser entregue no Congresso Nacional e no STF, com abaixo-assinado dos servidores RJU lotados nos hospitais universitários contra a cessão de RJUs para a EBSERH – solicitando as entidades FASUBRA, ANDES-SN, UNE e ANDIFES que encampem essa campanha.

O Hospital Universitário Antônio Pedro, pertencente a UFF, é a principal referência de média e alta complexidade da região de Niterói, cidade da região metropolitana do Rio de Janeiro, e sua gestão pela Ebserh desde 2016, vem trazendo problemas para os seus trabalhadores. 

Episódios mais recentes, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFF (Sintuff), se relacionam com a tentativa de redução de direitos, como o pagamento da insalubridade em índice a menor, e a contaminação cruzada de Covid-19 dentro do hospital.

Insalubridade 

O reconhecimento de direitos pela Ebserh motivou uma greve de 400 profissionais do Huap em maio deste ano. A empresa na época tentou retirar 50 cláusulas do acordo coletivo, sendo uma delas o índice aplicado de insalubridade que redundaria em perda salarial. Além disso, os trabalhadores relataram problemas com o sistema de ponto e a existência de assédios.

Covid

A própria Ebserh divulgou um documento admitindo e assumindo ser responsável pela contaminação cruzada da Covid-19 dentro do Antônio Pedro, isso no fim de 2020. Nessa época o Sintuff lutava para restituir a insalubridade dos profissionais de saúde do Antônio Pedro que são do RJU (Regime Jurídico Único), e foi cortada antes da pandemia.   

A Ebserh não respeitou as recomendações sobre os grupos de riscos. “Foi uma luta para que a Ebserh e a UFF reconhecessem o direito desses servidores ficarem em casa”, informou a coordenadora-geral do Sintuff, Bernarda Gomes, acrescentando que a falta de acesso às informações sobre os trabalhadores dificulta a ação da entidade em defesa da categoria. “Fazemos documentos e ofícios, mas muitas vezes a gente só consegue a informação entrando na Justiça”, disse ela.

Entenda

Após meses de debate — e de muita polêmica, com protestos dos servidores que se posicionaram contra a Ebserh —, o compartilhamento da gestão do Huap com a Ebserh foi aprovado no dia 16 de março de 2016 pelo Conselho Universitário da UFF. Em 6 de abril foi assinado o contrato. 

A época a empresa anunciou que haveria um plano de reestruturação da unidade hospitalar, executado de forma conjunta entre a universidade e a empresa, e entre as ações previstas a adoção de medidas para a recuperação da infraestrutura física e tecnológica, assim como a recomposição do quadro de pessoal através de concurso público.

“O contrato com a Ebserh também garante redimensionamento da força de trabalho com provimento de pessoal necessário ao pleno funcionamento do Huap, por meio de concurso público, controle social da gestão com pleno funcionamento do Conselho Deliberativo, aumento de leitos e serviços beneficiando usuários, com melhoras qualitativas no cuidado das pessoas”, informou a Ebserh na ocasião da assinatura do contrato.

 

 

Desde que assumiu a presidência em 2019, Jair Bolsonaro só vem aumentando sua rejeição. Entre 11 e 12 de maio era de 45% e agora sobe para 51%.

Publicado: 08 Julho, 2021 – 17h51 | Última modificação: 08 Julho, 2021 – 18h12 | Escrito por: Redação CUT

EDSON RIMONATTO

Nem as bravatas de Jair Bolsonaro ( ex-PSL) dizendo que se não ganhar as eleições é porque houve fraude, tira do brasileiro o ânimo em dizer que votará em Lula. Diversas pesquisas publicadas nos últimos dias mostram o ex-presidente à frente de todos os seus possíveis adversários, inclusive, com possibilidade de ganhar a eleição de 2022, já no primeiro turno.

Para piorar o inferno astral do ex-capitão do Exército, a  rejeição ao seu governo só aumenta. A pesquisa Datafolha, publicada na tarde desta quinta-feira (08), mostra que 51% dos brasileiros consideram seu governo ruim e péssimo. A última pesquisa de 11 e 12 de maio deste ano apontava 45% de rejeição. Já este levantamento do Datafolha, presencialmente, foi feito nos dias 7 e 8 de julho com 2.074 pessoas acima de 16 anos em 146 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.

Segundo a pesquisa, a rejeição aumentou entre os que antes o consideravam regular.  Neste estrato caiu de 30% para 24%, comparando com o levantamento de maio.

A análise é que os recentes protestos nas ruas e as denúncias de corrupção nos casos das vacinas tenham ajudado a abrir os olhos da população sobre o governo Bolsonaro.

Parte do seu eleitorado continua fiel e desde março os que têm avaliação positiva de Bolsonaro se mantem em 24%. Ainda assim ele segue sendo o presidente com a segunda pior avaliação num primeiro mandato. Ele só perde para Fernando Collor, que tinha 68% de ruim/péssimo. O resultado da rejeição dos brasileiros foi a sua renúncia em 1992.

Rejeição por grupos socioeconômicos

Os mais ricos continuam apoiando o capitão. A rejeição diminuiu seis pontos  entre quem ganha de 5 a 10 salários mínimos e cinco, entre os que ganham mais de 10 salários.

Empresários seguem sendo o único grupo (de apenas 2% da amostra) em que Bolsonaro goza de apoio maior do que rejeição: 49% o consideram ótimo ou bom.

Entre os que ganham até 2 salários, que compõem 57% da população, a rejeição alo presidente subiu 9%, de 45% para 54%.

Avaliação por regiões

No Norte/Centro-Oeste (15% da amostra), Bolsonaro é visto com um presidente ótimo ou bom por 34%. No Sul (15% da amostra), por 30%.

No Nordeste sua rejeição chega a impressionantes 60%. Um crescimento também de 9%. Subiu de 51% para 60%.

Avaliação por gênero, religião e faixa etária

As mulheres e os jovens de 16 a 24 anos tem avaliação negativa de Bolsonaro em 56%. Pessoas com ensino superior e os mais ricos também empatam na rejeição, com 58%.

Já seu desempenho é visto como mais positivo por quem tem mais de 60 anos (32% de ótimo ou bom), mais ricos (32%) e entre quem ganha entre 5 e 10 mínimos (34%).

Entre os evangélicos que representam 24% da amostra do Datafolha, a sua rejeição cai para 34% e a aprovação sobe para 37%.

Bolsonaro é rejeitado por 72% dos homossexuais e bissexuais (8% da amostra, dividida igualmente entre os dois grupos).

Os pretos tem maior rejeição a Bolsonaro (57%), com certa homogeneidade entre os demais grupos (brancos, pardos e amarelos).

Com informações da Folha de São Paulo

 

 

 

Em audiência pública, oposição questionou números sobre “economia” de gastos

A proposta do governo de “reforma” administrativa não tem “dogmatismo”, segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes. Durante aproximadamente cinco horas, ele participou de audiência pública, ontem (7), na comissão especial da Câmara que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32. Cobrado, disse concordar com algumas mudanças.

Um dos pontos em questão é o que amplia cargos comissionados no serviço público. O relator da PEC, Arthur Oliveira Maia (DEM-BA), já havia adiantado que mexeria nesse artigo. Ontem foi o último dia para apresentação de emendas ao texto original.

Parasitas e direitos

O ministro negou que se referia a servidores quando usou o termo “parasita”, em evento no ano passado. Mas chegou a ser condenado judicialmente, após um sindicato mover ação na Justiça da Bahia. E disse que o governo tem um “pacto pela preservação dos direitos adquiridos” dos atuais funcionários públicos. Segundo ele, a reforma tem foco na melhoria da qualidade dos serviços e visa a “recalibrar o futuro”.

“A minha visão era de uma reforma realmente radical, mas, quando você chega aqui, você vai ver que é um mundo que tem suas regras e ordenamentos”, declarou aos deputados. “Então, você começa a compreender que não precisa mexer no passado.” Guedes disse garantir a estabilidade para o funcionalismo atual, mas para os próximos é preciso ter critérios de avaliação. A PEC limita a estabilidade a carreiras típicas de Estado, que é outro item controverso e deverá exigir regulamentação posterior.

Desempenho e economia

Segundo Maia, seu relatório deverá se concentrar, principalmente, na questão da melhoria do serviço e na gestão do desempenho – e não em “eventuais economias fiscais”. Deputados da oposição fizeram questionamentos sobre a suposta “economia” que seria proporcionada com a implementação da reforma.

Rui Falcão (PT-SP), por exemplo, reclamou de diferentes projeções de impacto apresentados pelo governo. Ontem, Guedes chegou a falar em uma economia de R$ 300 bilhões com a menor contratação futura de servidores. “A PEC 32 é a desestruturação de carreiras”, criticou Ivan Valente (Psol-SP). Isso pode trazer inclusive o aumento da corrupção e a facilitação da captura do Estado por agentes privados.”

Coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Serviço Público, o deputado Professor Israel Batista (PV-DF) chamou a proposta de perversa. “O servidor público não tem medo de avaliação de desempenho. O servidor público só não aceita perseguição, só não aceita que todas as mazelas do serviço público sejam jogadas nas suas costas.” E o coordenador da Frente Parlamentar da Reforma Administrativa, Tiago Mitraud (Novo-MG), defende a inclusão de “todos os poderes” na PEC.

Maia fará alterações no texto. Guedes garantiu que defende direito adquirido

 

 

 

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, mais uma vez foi a audiência pública na Câmara para mentir sobre a proposta do governo e fazer discurso sem apresentar números. Uma estratégia para confundir a população e esconder a sua real intenção que é “privatizar tudo” como disse pela manhã na Comissão de Finanças.

Na audiência da comissão especial que analisa a proposta de reforma administrativa de Bolsonaro/Guedes – PEC 32 ­– iniciada às 15h30, nesta quarta-feira, 7, os deputados da oposição indignados cobraram os cálculos do governo sobre a suposta economia propagada por Guedes. Eles protestaram que o prazo final para apresentação de emendas à proposta encerra-se amanhã, e sem o impacto não haveria tempo hábil para análise dos números para sugestão de emendas e ou alterações.

O ministro disse novamente que a reforma não mexe com direitos dos servidores atuais e argumentou que os dados feitos pelo IPEA estão públicos desde 12 de setembro do ano passado. Mas o que esconde é que propositalmente não colocou o impacto na apresentação da PEC 32/20 – em setembro de 2020 – e não o fez em nenhuma reunião realizada com os parlamentares em inúmeras audiências desde o início da tramitação na Comissão de Constituição e Justiça em fevereiro deste ano.

Vários parlamentares questionaram as diferentes cifras sobre o impacto já divulgadas publicamente por Guedes, como a de R$ 300 milhões e R$ 450 milhões em dez anos. O ministro justificou a diferença levando em consideração os diferentes parâmetros que poderão ser aprovadas na PEC. Os parlamentares da oposição lembraram também que o ministro é recorrente em errar cálculos, dando o exemplo da reforma da previdência, cujos cálculos apresentados por Guedes estão sendo questionados pelo Tribunal de Contas da União.

O deputado Gervásio Maia (PSB-PB), indignado, disse que o governo não tinha honestidade no debate e nem credibilidade. “É difícil dialogar com um governo que não gosta de servidor público. Lamentavelmente coloca esse debate de forma atropelada e não está havendo lealdade. Estamos tendo que propor emendas sem ter todo acesso aos números alegados pelo governo. Não está havendo lealdade e transparência”.

A audiência prolongou-se para após as 19h.

“Estou cansado de mentiras. Pedi à polícia do Senado para que o senhor seja preso”, disse o presidente da comissão

O presidente da CPI do Genocídio, senador Omar Aziz, (PSD-AM) deu voz de prisão ao ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, nesta quarta-feira (7). A medida foi tomada após divulgação de novos áudios mostrando que Dias mentiu na comissão.

“Estou cansado de mentiras. Pedi à polícia do Senado para que o senhor seja preso. Ele está mentindo desde de manhã. Vai ser preso por perjúrio”, disse Aziz.

Alguns senadores pediram para o presidente da comissão mudar de ideia e promover uma acareação entre Dias e Elcio Franco, ex-diretor da Secretaria Executiva do ministério. Aziz respondeu: “Não vou colocar dois mentirosos frente a frente. Estamos aqui pelo Brasil, pelos mortos da Covid. Quem vier aqui e achar que pode brincar com a CPI vai ter o mesmo destino dele”.

A advogada do depoente tentou interceder: “Isso é uma ilegalidade sem tamanho”. Porém, a sessão foi encerrada por volta de 17h50 com a ordem prisão mantida. “Pode levar”, disse Aziz.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) concordou com a decisão de Aziz, assim, como Fabiano Contarato (Rede-ES). “Se o depoente esteve aqui, jurou dizer a verdade e mentiu está justificada a prisão em flagrante”, disse Contarato.

Contradições

Áudios e mensagens do celular de Luiz Paulo Dominghetti, em poder da CPI, levaram à decisão de Aziz e contradizem o depoimento de Dias.

No dia 23 de fevereiro, dois dias antes do suposto pedido de propina, Dominghetti enviou um áudio a um interlocutor, Rafael, às 16h22. “Rafael, tudo bem? A compra vai acontecer, tá? Estamos na fase burocrática. Em off, pra você saber, quem vai assinar é o Dias mesmo, tá? Caiu no colo do Dias… e a gente já se falou, né? E quinta-feira a gente tem uma reunião para finalizar com o Ministério”, disse Dominghetti.

Dois dais depois deste áudio, quando Dominghetti cita já ter uma reunião marcada para “finalizar com o ministério”, é justamente quando houve o jantar em um restaurante de Brasília, no qual Dias teria pedido propina.

 

 

Até esta quarta-feira, 7, aproximadamente 6.100 profissionais e estagiários da área de saúde da UFRJ haviam sido vacinados nos pontos de vacinação no Fundão. 

Desse total, cerca de 4.300 pessoas já completaram as duas doses de CoronaVac. As demais, 1.720, receberam a primeira dose de AstraZeneca e serão chamadas para completar o esquema no CTD, entre 19 de julho e 2 de setembro.

A informação é da coordenadora do Centro de Triagem Diagnóstica para a Covid-19 da UFRJ (CTD-Covid19) e chefe do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina, Terezinha Marta Castiñeiras

Os pontos de vacinação foram criados pelo Centro de Ciências da Saúde (CCS), onde também houve a vacinação, além de no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) e no  Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG). 

Percentual de vacinados é alto no HUCFF

“A imunização favorece fatores como a produtividade, porque o profissional se sente mais seguro em estar exposto no ambiente hospitalar e estão voltando ao trabalho presencial. Hoje, o HUCFF está praticamente 100% vacinado”, afirma Marcos Freire, diretor-geral da unidade hospital.

“Tem gente que ainda não tomou por questões pessoais e outros optaram por tomar fora da UFRJ”, acrescentou.

A assessoria de imprensa informou que dados de maio relacionados à vacinação dão conta de que dos três mil profissionais do HUCFF, 1.982 já estão imunizados com as duas doses, 858 com uma dose e 160 não buscaram o Serviço de Saúde do Trabalhador (Sesat) para se vacinar.

Imunização desde janeiro

A partir de 21 de janeiro, em parceria com o Centro de Vacinação de Adultos da Divisão do Trabalhador (CVA-CPST), o Centro de Triagem Diagnóstica iniciou a vacinação para os profissionais da área da saúde, no CCS. 

“Seguindo as determinações do Ministério da Saúde e da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, a vacinação foi iniciada dando prioridade aos profissionais e estagiários que estavam em atividade presencial direta no HUCFF, IPPMG, CTD e nos laboratórios do CCS, que trabalham com materiais biológicos obtidos de indivíduos potencialmente infectados com SARS-CoV-2, no CCS”, lembra Terezinha Castãneiras. Ela acrescentou que a estratégia de vacinação se baseou em critérios técnicos ligados à exposição ocupacional.

Além das equipes diretamente envolvidas no atendimento de pacientes das unidades hospitalares, no Fundão, foram chamados para serem vacinados – de acordo com bases racionais e científicas, segundo a docente –, equipes de profissionais e estagiários de laboratórios que preenchiam critério de risco de exposição, “seja em decorrência do recebimento direto de materiais biológicos coletados no CTD, seja pelas informações registradas no Setor de Biossegurança do CCS”, informou.

Segundo etapa – Ainda seguindo a estratégia traçada pelo Ministério e voltada para a área da saúde, na segunda etapa foi realizada a vacinação complementar para os profissionais e estagiários em atividades presenciais relacionadas direta ou indiretamente ao enfrentamento da pandemia de Covid-19. 

Positividade alta – Segundo Terezinha, a partir de maio foi observada uma redução no número absoluto de atendimentos no CTD, mas a positividade para a doença ainda está elevada (maior que 20%): a carga viral estimada é alta nos infectados e foram registrados casos em vacinados.

Objetivo é reduzir formas graves

“É importante ressaltar que a vacinação tem como principal objetivo reduzir as formas graves e óbitos por Covid-19, efeito que é possível perceber pela redução de internações e óbitos nas pessoas com idade mais avançada, cuja cobertura vacinal foi mais ampla no município do Rio de Janeiro como um todo”, constata especialista. 

Devido ao impacto da vacinação em impedir à infecção seja  discreto, Terezinha destaca “a relevância de se manter as medidas de precaução respiratória e distanciamento social para frear a transmissão, enquanto ainda resta um percentual substancial de indivíduos não vacinados ou incompletamente vacinados”. 

 

 

“O presidente da República apenas não sabia da negociação e da bandalheira, ele tinha participado. É muito pior’, afirmou o relator da CPI

Publicado: 7 Julho, 2021 / Escrito por: Carta Capital

O relator da CPI da Covid no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou durante a sessão desta quarta-feira (7), que o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) participou da compra superfaturada de vacinas Covaxin.

Segundo destacou, ele acredita ter elementos que indicam não apenas que o Bolsonaro foi informado de possíveis irregularidades na compra do imunizante, mas que participou diretamente da negociação com a Índia.

“Do pedido ao contrato houve um aumento de 50% do preço da vacina. Vacina, repito, cujo pedido ao primeiro-ministro da Índia foi feito pelo presidente da República. O presidente da República apenas não sabia da negociação e da bandalheira pela conversa dos irmãos Miranda, ele tinha participado. É muito pior”, destacou o relator.

Segundo Calheiros, o pedido de Bolsonaro para comprar 20 milhões de doses de Covaxin feito diretamente ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, indicam que o presidente estava ciente da negociação e dos preços em 2020, antes mesmo da denúncia levada por ele pelos irmãos Miranda.

Sobre a acusação, Calheiros foi questionado pelo governista Fernando Bezerra (MDB-PE) se tinha provas da mudança repentina de preços na Covaxin.

O relator disse que sim, indicando que iria reexibir o memorial de reunião com o Ministério da Saúde ocorrida em 20 de novembro de 2020, no qual está registrada a informação de que a vacina seria negociada a 10 dólares, podendo ainda ter o valor reduzido se a quantidade de doses fosse ampliada.

 

FOTO: MARCOS OLIVEIRA/AGÊNCIA SENADO

 

 

Em um ano, a pandemia arrastou para a miséria mais 4,3 mi de pessoas, que têm agora faixa de renda do trabalho de ¼ do salário mínimo. Ao todo são 24,5 mi de brasileiros na miséria, nas regiões metropolitanas

Publicado: 7 Julho, 2021 / Escrito por: Redação CUT

A fome e a miséria rondam os lares brasileiros em todas as regiões do país com a pandemia do novo coronavírus que aprofundou a crise econômica; o desemprego (14,7 %); a precarização das relações do trabalho e rebaixou os salários. Além disso, houve a disparada da inflação, especialmente nos preços dos alimentos (a cesta básica chegou a aumentar quase 30% no Distrito Federal); os aumentos nos combustíveis e no gás de cozinha e os cortes no valor do auxílio emergencial e no número de pessoas assistidas.  A soma de todas essas mazelas têm deixado os pobres ainda mais pobres.

O resultado é que em apenas um ano aumentou em 4,3 milhões o número de brasileiros que têm renda per capita mensal, de apenas ¼ do salário mínimo (R$ 275), vivendo nas grandes cidades do país, revela a pesquisa publicada na quarta edição do boletim nº 04 da Desigualdade nas Metrópoles. No primeiro trimestre de 2020, as regiões metropolitanas somavam 20,2 milhões de pessoas nesta situação. Agora este número, no mesmo período, subiu para 24,5 milhões.  

Os pesquisadores levaram em conta as informações da Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo é produzido em parceria entre Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Observatório das Metrópoles e o Observatório da Dívida Social na América Latina (RedODSAL).

Os recursos de benefícios sociais, como aposentadoria ou Bolsa Família, e o  auxílio emergencial também não entram no cálculo. Em parte do período pesquisado, o auxílio não estava sendo pago.

Outros dados da pesquisa mostram queda maior de renda entre os mais pobres

– a parcela dos 40% mais pobres perdeu rendimentos de 33,4%. De R$ 233,94 encolheu para R$ 155,89 ,no começo de 2021;

– os 50% que compõem a faixa intermediária registraram baixa de 7,6%. A renda caiu de R$ 1.313,12 para R$ 1.213,55.

– os 10% mais ricos tiveram queda bem menor, de 4,8%. A renda média do grupo recuou de R$ 6.921,41 para R$ 6.590,05

– em média o rendimento de toda a população nas regiões metropolitanas reduziu em 8,5%, de R$ 1.423,93 caiu para R$ 1.302,79. Essa redução fez a renda do trabalho retornar a patamar semelhante ao do início da série, em 2012.

Desigualdade aumenta na pandemia

No período pesquisado, a diferença entre pobres e ricos também aumentou. Os 10% mais ricos ganhavam, em média, 29,6 vezes mais do que os 40% mais pobres. A diferença subiu para 42,3 vezes.

Os dados são referentes ao índice Gini, que vai de zero a um. Quanto mais próximo de zero menor é a desigualdade. Mas não é isto que se vê no Brasil do governo de Jair Bolsonaro. Na média móvel, o Coeficiente Gini subiu de 0,608 para 0,637,  a maior marca da série histórica, segundo o boletim.

Desigualdade nos estados

A região metropolitana de João Pessoa (PB) é a mais desigual. O Coeficiente de Gini é de 0,729. Em seguida, aparecem Recife (PE) e Rio de Janeiro (RJ), com a mesma marca: 0,687. Para os pesquisadores o elevado nível de informalidade nessas metrópoles ajuda a entender a disparidade nos ganhos com o trabalho.

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, os coordenadores do boletim, Marcelo Ribeiro, do Observatório das Metrópoles e André Salata, professor de pós-graduação em Ciências Sociais da PUCRS, disseram que o quadro pode melhorar se a vacinação contra a Covid-19 tiver impulso nos próximos meses e o país retomar a atividade econômica de forma segura. Para eles, os números do boletim reforçam a necessidade de medidas de proteção a camadas desfavorecidas nos próximos meses. Entre elas, está o auxílio emergencial.

WLADIMIR PLATONOW / AGÊNCIA BRASIL