Na audiência pública na Assembleia Legislativa do estado do Rio (Alerj), o Sintufrj reivindicou que a Reitoria da UFRJ retire da pauta a discussão sobre a adesão à Ebserh e denuncie à sociedade a situação de precariedade em que se encontram os hospitais da universidade que precisam continuar funcionando com excelência 

“Hospitais universitários da UFRJ versus Ebserh” foi o tema da audiência pública promovida pelas comissões de Educação e de Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do estado do Rio de Janeiro (Alerj) nesta quinta-feira, 21. 

Participaram parlamentares, Sintufrj, Andes-SN, DCE Mário Prata/UFRJ, Movimento Barrar a Ebserh na UFRJ e dirigentes das unidades hospitalares da UFRJ. Nas mais de três horas de debates prevaleceram os argumentos sobre as consequências nefastas que a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) como gestora dos HUs na universidade, acarretaria para o atendimento à população pelo SUS, para a formação de novos profissionais na área da saúde e para a pesquisa.  

A audiência foi transmitido pelo Facebook do deputado Flávio Serafini (PSOL) e pelo Youtube do deputado Waldeck Carneiro (PT), propositores do evento, pela TV Alerj e reproduzido em canais de diversas entidades, como na página do Facebook do Sintufrj (https://www.facebook.com/SintufrjOficial/videos/266483265255029). 

Posicionamento do Sintufrj 

“O Sindicato reivindica que a UFRJ retire de pauta essa discussão e que a gente faça, sim, como há alguns meses, quando o governo suspendeu os recursos da universidade e a Reitoria foi para os jornais alertando sobre o perigo de a universidade fechar suas portas por falta de dinheiro. Cabe (agora) à administração da UFRJ ir à imprensa dizer que seus hospitais vão perder recursos, mesmo com toda excelência que têm e com o que representam para a sociedade”, disse a coordenadora-geral do Sintufrj, Gerly Miceli.  

A dirigente sindical chamou a atenção para o fato de que em muitas das universidades a adesão à Ebserh ocorreu a portas fechadas, portanto, uma decisão imposta, antidemocrática, e os prejudicados foram os servidores e os estudantes. “É importante sempre registrar que o Sintufrj e a Fasubra se posicionaram desde logo contra a Ebserh, porque a Educação e a Saúde não são mercadorias”, afirmou.  

Segundo Gerly, o Sintufrj tem mostrado nas discussões sobre o tema que, com a Ebserh, há a possibilidade de as unidades de saúde da universidade serem privatizadas ou se resumirem a unidades assistenciais submissas a metas de produtividade e não mais a hospitais-escolas, que desenvolvem pesquisa, ensino e extensão.

 “A Ebserh não traz dinheiro novo; não tem orçamento melhor (para os HUs) para o ano que vem. E o orçamento da universidade também está estrangulado, porque o atual governo é inimigo da educação, dos servidores e do serviço público, não reconhece os direitos do cidadão”, frisou Gerly. 

Contradição 

Enquanto dirigentes sindicais, docentes e técnico-administrativos da Universidade Federal do Maranhão e da Universidade Federal Fluminense, cujos hospitais são gestados pela Ebserh, mostravam os enormes danos causados às unidades, à população, aos servidores e aos estudantes pela Ebserh, o coordenador do Complexo Hospitalar da UFRJ, Leôncio Feitosa, e os diretores de duas unidades de saúde da universidade, Marcos Freire, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, e Cesar Andraus, do Instituto de Neurologia Deolindo Couto, se revezaram em argumentos na tentativa de convencer que a entrada da empresa na instituição não significava a privatização dos HUs, que se encontravam em situação grave, tanto pela falta de recursos humanos quanto financeiro.  

Todos contra a Ebserh

Flavio Serafini (PSol) apontou que o estrangulamento econômico (dos HUs) é uma forma de chantagem para que se sucumba a esta forma de privatização (os HUs serem geridos por uma empresa), que não tem se traduzido em melhora para os indicadores de saúde, como o aumento de leitos e de profissionais. Apenas  atende a pressão por lucratividade do serviço público. O deputado lembrou também que o momento da pandemia não favorece esse tipo de debate, que deve envolver o maior número de pessoas. Concluindo com a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS). 

“Como entregar nossos hospitais a um governo inescrupuloso, descompromissado e negacionista, que coloca a saúde da população em risco?” questionou Marinalva Oliveira, do Movimento Barrar a Ebserh na UFRJ, reiterando a importância de suspender o debate sobre a adesão da universidade a empresa.

A representante do Fórum de Saúde do Rio de Janeiro, Fatima Siliansky, apresentou dados que comprovando que a Ebserh é prejudicial aos trabalhadores e estudantes das universidades, como também para a pesquisa científica. 

O deputado federal Glauber Braga (Psol) disse que o desejo do governo Bolsonaro é “pôr granada no bolso dos servidores ou de quem defende o que é público” para alertar à comunidade universitária da UFRJ que é temerário decidir sobre a Ebserh neste momento. 

Avaliação 

Para a coordenadora-geral do Sintufrj Gerly Miceli, os argumentos dos dirigentes dos hospitais (como de falta de recursos e de pessoal, que aderir a Ebserh não é privatização, apenas um debate para apresentação de uma proposta de contrato) não condizem com a realidade. Conforme foi mostrado pelas universidades, cujos hospitais são dirigidos pela Ebserh. 

 

 

 

Sindicalistas de todo o pais participam da 16º Plenária Nacional da CUT com o objetivo de construir um novo plano de lutas para enfrentar a precarização e defender direitos dos trabalhadores

Publicado: 21 Outubro, 2021 – 18h15 | Última modificação: 21 Outubro, 2021 – 20h00 | Escrito por: Érica Aragão

 

ROBERTO PARIZOTTI (SAPÃO)

A nova realidade das relações trabalho foi destaque nesta quinta-feira (21) durante os primeiros debates da 16ª Plenária Nacional da CUT, evento que tem por objetivo reorganizar a atuação da central no próximo período e reúne mais de 950 delegados e delegadas sindicais de todo o país.

“Há um novo cenário no mundo do trabalho no pós-pandemia e com o avanço das tecnologias. O trabalho home office, a precarização do trabalho, o ataque aos serviços e servidores públicos e o avanço de um governo de morte e mentiroso só prova o quanto os sindicatos são importantes neste momento”. A afirmação foi feita pelo secretário de Administração e Finanças, Ariovaldo de Camargo, em nome de toda direção da CUT, na apresentação do Texto Base da Conjuntura.

De acordo com o dirigente, para enfrentar os ataques e garantir os direitos da classe trabalhadora e o bem-estar social, é necessário construir um novo modelo organizativo sindical que fortaleça as entidades que representam os trabalhadores.

Para isso, ele destaca a parceria e unidade com movimentos sociais, representados pelas frentes Brasil Popular, Povo Sem Medo e com a Campanha Fora Bolsonaro.

Ariovaldo ainda apontou para a necessidade de construir uma nova relação com as bases, trazendo os trabalhadores para os sindicatos, garantindo sua adesão já nos acordos coletivos. “Nossa tarefa neste encontro é pensar este novo modelo organizativo, mas não dá para usar os mesmos métodos do século passado”, disse Ari.

 

ROBERTO PARIZOTTI (SAPÃO)Roberto Parizotti (Sapão)
da esquerda para direita: Vagner Freitas, Carmen Foro e Ariovaldo de Camargo

Abertura dos trabalhos

A abertura desta primeira etapa da plenária, intitulada “Organização e Unidade para Lutar: João Felício e Kjeld Jakobsen” contou com a participação de duas importantes lideranças na conferência “Os desafios da classe trabalhadora na atual conjuntura e perspectivas futuras”. A ex-presidente Dilma Rousseff falou sobre os efeitos do golpe contra seu governo e como isso se refletiu em ataques aos trabalhadores e o ex-ministro de Relações Exteriores e da Defesa do governo Lula, Celso Amorim falou o principal desafio da classe trabalhadora – vencer a precarização.

A plenária homenageia dois dirigentes históricos da entidade. João Felício e Kjeld Jakobsen, são dois companheiros que presidiram a Central e nos deixaram no ano passado. A trajetória de ambos foi mostrada na abertura do evento, na noite da quarta-feira e, nesta quinta, nas vozes de Vagner Freitas, vice-presidente da CUT e Carmen Foro, Secretária-Geral da Central, foram lidas duas cartas emocionadas das ex-companheiras de Felício e Kjeld em homenagem a eles e em agradecimento à CUT

Kjeld Jakobsen morreu em dezembro de 2020, aos 65 anos, depois de longa batalha contra um câncer no pâncreas. Kjeld era especialista em relações internacionais, doutor na área pela Universidade de São Paulo e atuava como consultor. Dinamarquês radicado no Brasil desde os 9 anos, ele cresceu em Holambra, interior de São Paulo, e tornou-se um dos mais respeitados dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que ajudou a organizar e a construir nacionalmente. Presidiu a central entre maio e agosto de 2000.

João Antônio Felício, que faleceu vítima de um câncer, foi presidente da CUT por duas vezes, entre os anos de 2000 e 2003, professor de Educação Artística e História da Arte na rede oficial de ensino do Estado de São Paulo, desde 1973 até se aposentar. Em 1980, foi eleito para o Conselho de Representantes da APEOESP, pela Região Norte da cidade de São Paulo e foi presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI).

Nesta sexta-feira, a CUT debaterá a estratégia sindical com a participação de Rafael Freire, Presidente da Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA), Rafael Freire.

Confira a agenda:

Dia 22/10 – Estratégia

-Painel com Rafael Freire (CSA) e Carmen Foro, com apresentação do texto-base

-Grupos de Trabalho para aprofundar debate sobre 3 Eixos e apresentação das Emendas

-Plenário para votação das Emendas

-Apresentação de Pesquisa sobre Trabalhadores em aplicativos

Dia 23/10 – Estratégia – Projeto Organizativo

– Pronunciamento do presidente da CUT, Sergio Nobre, e grupos de trabalho para aprofundar o debate, com apresentação das emendas.

Dia 24/10 – Apreciação das Emendas do Eixo 4

-Plano de Lutas, Moções e Encerramento

 

*Edição: André Accarini

 

 

 

 

A Editora UFRJ lança A terra sem mal: uma saga Guarani, do antropólogo Rafael Mendes Júnior, na quarta-feira, 27 de outubro, às 17h, com transmissão pelo YouTube: https://www.youtube.com/c/EditoraUFRJ.  O livro já está à venda no site da Editora e nas lojas da Livraria da Travessa.

Resultado de quase dois anos de trabalhos de campo do antropólogo ao longo de quinze anos de convivência com os Guarani, o livro relata o cotidiano vivido atualmente por esse povo em aldeias localizadas em duas regiões distintas: o sul fluminense e o norte do país, especificamente o sudoeste do Pará, e o noroeste do Tocantins.

O autor também faz uma descrição inédita da saga de um grupo guarani que na década de 1930 partiu da fronteira do Paraguai com o Brasil em busca da terra sem mal, onde se pudesse viver plenamente, e que, entre as décadas de 1980 e 1990, se fixou no Pará e no Tocantins. O relato dá voz àqueles que fizeram parte da migração desde seu início e a seus descendentes.

As relações com espíritos, deuses, o tema da morte e seus rituais fúnebres, migrações guiadas por xamãs, nominação, casamentos interétnicos e a conversão de uma parcela deste grupo ao cristianismo evangélico pentecostal estão entre as questões etnológicas desenvolvidas ao longo de 430 páginas por Rafael Medes Júnior, que aprendeu a língua Guarani nas aldeias onde realizou suas pesquisas.

Durante a live de lançamento o autor, que atualmente é pesquisador no programa de Pós-Graduação em História da UFF, debaterá o tema do livro com as antropólogas Elizabeth Pissolato (UFJF)  e Valéria Macedo (UNIFESP).

 

 

 

 

Nesta quinta-feira, 21, às 10h, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), a Ebserh X o HUCFF – as consequências para a saúde e a educação do Estado do Rio de Janeiro — é tema de uma audiência pública, que será transmitida pelo Facebook do deputado Flávio Serafini (PSOL) e pelo Youtube do deputado Waldeck Carneiro (PT).  O Sintufrj será representado nesse debate pela coordenadora-geral da entidade, Gerly Miceli. Participe! 

 

 

Ao todo, nove delitos foram relacionados ao presidente da República no documento elaborado pelo senador Renan Calheiros

Publicado: 20 Outubro, 2021 – Escrito por: Felipe Mascari | RBA

ALAN SANTOS/PR

A proposta de relatório da CPI da Covid, apresentada nesta quarta-feira (20), aponta o presidente Jair Bolsonaro como o principal responsável pelo agravamento da pandemia no Brasil. Ao todo, nove crimes são atribuídos ao chefe do Executivo pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Os pedidos de indiciamento do presidente da República se relacionam a crimes nacionais e também contra a humanidade, que são sujeitos à jurisdição internacional. Caso sejam julgadas procedentes todas as imputações, Bolsonaro poderia pegar até 78 anos e nove meses de prisão, segundo o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Durante a leitura do relatório, Calheiros afirmou que as conclusões da CPI apoiaram-se nas provas produzidas ao longo dos últimos meses, em especial nos depoimentos tomados nas sessões presenciais e nos documentos recebidos pelo colegiado. A comissão propôs diferentes encaminhamentos para que os órgãos competentes deem prosseguimento às investigações e eventuais responsabilizações, inclusive no Tribunal de Haia.

“O conteúdo do relatório e de todos os documentos relevantes da investigação deverá ser compartilhado com as autoridades responsáveis pela persecução criminal, quer em primeiro grau quer no âmbito dos tribunais para pessoas com foro por prerrogativa de função. Além disso, haja vista a caracterização de crimes contra a humanidade, os documentos também serão remetidos ao Tribunal Penal Internacional, tendo em vista a inação e incapacidade jurídica das autoridades brasileiras na apuração e punição desses crimes”, afirmou o relator.

Bolsonaro, o maior responsável

Ainda no caso de Bolsonaro, o relator da CPI da Covid pede seu indiciamento pelos seguintes crimes: epidemia com resultado morte; infração de medida sanitária preventiva; charlatanismo; incitação ao crime; falsificação de documento particular; emprego irregular de verbas públicas; prevaricação; crimes contra a humanidade; e crimes de responsabilidade (violação de direito social e incompatibilidade com dignidade, honra e decoro do cargo).

Para os senadores da CPI, o governo federal, que tinha o dever legal de agir, “assentiu a morte de brasileiros”. Durante as investigações, eles identificaram omissão, prevaricação e até intenção do governo Bolsonaro em prejudicar o combate à pandemia no país.

No relatório, Renan Calheiros apontou que a CPI colheu elementos de prova demonstrando que o governo federal foi omisso e optou por agir de forma não técnica no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. Ele acrescentou ainda que o governo ignorou medidas não farmacológicas, o que auxiliou na disseminação do vírus.

“Especialistas internacionais concordam sobre o fracasso do presidente da República em lidar sobre a pandemia, insistindo no tratamento precoce em detrimento da vacinação, apontando para Bolsonaro como o principal responsável pelos erros de governo cometidos durante a crise sanitária”, afirmou o relator.

Gabinete paralelo e fake news

Após os seis meses de investigações, Renan afirma ter sido comprovada a existência de um gabinete paralelo de assessoramento na área do combate à pandemia, composto por médicos, políticos e empresários. O grupo dava orientações ao presidente da República e também participava das decisões de políticas públicas, segundo o senador.

“A CPI também pode concluir que um dos principais objetivos do gabinete era o aconselhamento para atingir a imunidade de rebanho. Essa estratégia levou o presidente a resistir à implementação de medidas não farmacológicas, dando ênfase à cura através de medicamentos do chamado “tratamento precoce”. Em particular, Bolsonaro, com a máquina pública, estimulou a população a seguir a rotina sem cautela, apesar do alto risco dessa estratégia”, explicou o relator.

A veiculação de notícias falsas também é considerada como um dos pilares do negacionismo do governo Bolsonaro. Segundo Calheiros, a CPI apurou que não houve apenas omissão dos órgãos oficiais de informação, mas também existiu “forte atuação do governo, em especial do presidente, no fomento e disseminação de fake news que matou muitas pessoas”.

“As notícias falsas sobre a covid-19 envolveram diversos tópicos, como a origem do vírus, ataques xenófobos sobre a China, ataques contra o isolamento social, a divulgação de que o STF proibiu que o governo de atuar, o incentivo ao tratamento precoce, a desinformação sobre o número de mortes e a propaganda antivacina. As consequências dessas ações foram trágicas”, lamentou o parlamentar, durante a sua leitura.

Falta de estratégias

Para o relator, a mais grave omissão do governo federal foi o atraso deliberado na compra de vacinas. Renan classificou a atuação como “negligente” e citou estudos estimando que 12.663 pessoas, com 60 anos ou mais de idade, não teriam morrido nos meses de março, abril e maio de 2021 caso o Ministério da Saúde tivesse contratado as 70 milhões de doses da vacina Pfizer.

“A mais grave omissão do governo federal foi o atraso na compra de vacinas. Através das oitivas, foi possível concluir que a aquisição de imunizantes deveria ser a principal forma de prevenção ao vírus, mas infelizmente foi negligenciada. Dada a curva de infecções do coronavírus, a vacinação é o principal método de combate à pandemia”, acrescentou.

Renan Calheiros enfatizou os erros de estratégia que teriam sido cometidos pelas gestões de Eduardo Pazuello, no Ministério da Saúde, e de Ernesto Araújo, então titular das Relações Exteriores, nas sucessivas comunicações diplomáticas relacionadas ao enfrentamento da covid-19.

“Todos sabem que quando a OMS ofereceu a possibilidade de comprar, através do consórcio Covax Facility, imunizantes equivalentes a 50% da população brasileira, o governo optou pela compra de 10%”, disse ele, que criticou também a falta de testagem em massa. “Isso impediu o adequado monitoramento da evolução da doença. A falta de táticas demonstra a inexistência de um planejamento para o combate à pandemia. Até maio de 2021, o país não tinha uma estratégia de detecção.”

Corrupção do governo federal

As irregularidades relacionadas à negociação de imunizantes da Covaxin também são mencionadas no relatório final da CPI. O caso chegou ao presidente da República por um funcionário de carreira do Ministério da Saúde, Luís Ricardo Miranda, e por seu irmão, o deputado Luís Miranda. Bolsonaro, entretanto, teria ignorado a denúncia.

A CPI também identificou a presença de uma série de indícios que demonstram a possível ocorrência do chamado “jogo de planilha”, principalmente na contratação da VTCLog. O relator explicou que o artifício é utilizado para possibilitar que um licitante vença o certame de maneira aparentemente legal e, posteriormente, ao longo da execução contratual, passe a manipular preços unitários com o intuito de aumentar demasiadamente o valor do contrato, mediante termos aditivos.

“O uso desse artifício aponta para a tentativa de ocultar a destinação do dinheiro, que provavelmente serviu para o pagamento de propina. Verificou-se também que boletos de Roberto Ferreira Dias (ex-diretor do Ministério da Saúde) foram pagos pela VTCLog com dinheiro proveniente desses saques, o que constitui sério indício de corrupção nas transações entre o Ministério da Saúde e a empresa”, explicou o senador.

Indiciados no relatório da CPI

Renan Calheiros acrescentou que os senadores conseguiram “comprovar as digitais” do presidente Jair Bolsonaro na morte de vítimas da covid-19. Ele afirmou que o colegiado foi “pioneiro” na reclassificação de documentos considerados sigilosos pelo Poder Executivo.

“A CPI foi a única no mundo a eviscerar as mazelas do chefe de uma nação. Esta CPI é a primeira a comprovar as digitais de um presidente da República na morte de milhares de cidadãos”, afirmou.

O relatório pede o indiciamento de outras 65 pessoas, envolvendo empresários, políticos, médicos e blogueiros. Ao longo de 1.180 páginas, o documento relata o cometimento de mais de 20 crimes. Entre os nomes indiciados estão os ministros Marcelo Queiroga (Saúde), Onyx Lorenzoni (Trabalho); Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União); Braga Netto (Defesa).

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e os filhos de Bolsonaro, Eduardo, Carlos e Flávio também estão na lista. Deputados bolsonaristas, como Ricardo Barros (PP-PR), Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli (PSL-SP) e Osmar Terra (MDB-RS) foram incluídos.

Os empresários Carlos Wizard, Luciano Hang e Marcos Tolentino também foram indiciados. Os médicos Paolo Zanotto, Nise Yamaguchi e Pedro Benedito Batista Junior também integram a lista. Ex-membros do governo federal, como Elcio Franco, Mayra Pinheiro, Fábio Wajngarten e Roberto Ferreira Dias estão entre os listados.

 

 

 

Há um ano das eleições, atual presidente propõe MP para substituir o popular programa de transferência de renda

Gabriela Moncau/Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 20 de Outubro de 2021

De acordo com o IPEA, entre 2003 e 2018 o programa reduziu em 25% a extrema pobreza no Brasil – Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Há exatos 18 anos – completos nesse 20 de outubro – o Bolsa Família surgia. Na data em que atinge sua maioridade, no entanto, o popular programa de transferência de renda é citado em artigos e manifestos, não apenas por seu impacto em diversas esferas da sociedade brasileira ao longo dos anos, mas também pelo fato de estar sendo aniquilado pelo governo Bolsonaro.  

No lugar do Bolsa Família, nome comumente vinculado aos governos petistas, o presidente Jair Bolsonaro propôs ao Congresso Nacional, em agosto deste ano, a criação do Auxílio Brasil por meio da Medida Provisória (MP) 1061/2021.  

Em manifesto lançado nessa quarta-feira (20), trabalhadores estaduais e municipais do Cadastro Único e do Programa Bolsa Família anunciaram ser contra o que consideram um “retrocesso da transferência de renda no Brasil”. 

Ao citar que trabalham diretamente com mais de 30 milhões de famílias inseridas no Cadastro Único, o equivalente a 35,6% da população brasileira, os trabalhadores afirmam que visitam essas pessoas em suas casas, as recebem nos postos fixos ou em mutirões e que são, portanto, “testemunhas oculares de suas realidades”.  

Atualmente, 44 milhões de pessoas são beneficiárias do programa. Ainda no manifesto, os trabalhadores ressaltam que não são contrários a mudanças no Bolsa Família e que, inclusive, consideram ter contribuições a fazer nesse sentido. “O que não concordamos é acabar com um programa exitoso”, alertam, “para impacto eleitoral”. 

Medida Provisória que cria o Auxílio Brasil 

A não apresentação dos perfis a serem considerados em pobreza ou extrema pobreza, a não definição dos valores dos benefícios e a não resolução da fila de espera, são algumas das críticas feitas no manifesto à MP de Bolsonaro.  

Em artigo publicado na Folha de S. Paulo, as economistas Sandra Brandão e Tereza Campello – que foi ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome durante o governo Dilma – criticam com veemência o “silêncio dos arautos da austeridade” diante da mutação imposta ao Bolsa Família.  

Para as economistas, a MP 1061/2021 torna o programa oneroso e complexo ao criar nove benefícios diferentes; dificulta o acesso ao centrar a atuação do Estado no aplicativo e abandonar o Cadastro Único; desqualifica a relação humanizada e secundariza a cooperação federativa.  

“A proposta enviada pelo governo Bolsonaro, além de frágil tecnicamente, é ainda ilegal”, sustentam as pesquisadoras. Isso porque a MP cria uma despesa continuada sem que se saiba qual será seu gasto, sem proposta orçamentária e, caso seja criada por meio da postergação do pagamento de precatórios, pode ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal.  

“Há um crime em curso contra os pobres do Brasil, e o silêncio é ensurdecedor”, denunciam Campello e Brandão.  

O Bolsa Família ao longo de seus 18 anos 

De acordo com o IPEA, entre 2003 e 2018 o Bolsa Família diminuiu em 15% os índices de pobreza no Brasil e em 25% os de extrema pobreza.  

Entre alguns de seus impactos indiretos, segundo relatório do Banco Mundial, estão a redução das taxas de repetência escolar, a diminuição no tempo de trabalho doméstico para meninas, a maior autonomia financeira das mulheres, o aumento no consumo de alimentos, a queda nas taxas de anemia e a redução em 58% na mortalidade de crianças por desnutrição.  

Além disso, estudos recentes apontam que, com a melhoria das condições de vida, 69% das famílias que foram pioneiras em serem contempladas já abriram mão do programa e se mantêm atualmente com outros rendimentos.  

Edição: Leandro Melito

 

 

Programação:

17 DE NOVEMBRO

11h às 13h – Comunicação e Geopolítica

Flávia Braga (UFRRJ), Maria Julia Gimenez (UNICAMP), Rejane Carolina Hoeveler (UFF)

17h às 19h – A “plataformização” do trabalho

Cassio da Silva Calvet (UFRGS), Lucia Garcia (Dieese), Marcio Pochmann (Unicamp)

19h às 21h – Comunicação de Resistência no Brasil

João Paulo Rodrigues (Brasil de Fato), Claudia Santiago (Núcleo Piratininga de Comunicação), Elaine Tavares (IELA), Geremias dos Santos (Abraço)

——————————————-

18 DE NOVEMBRO

11h às 13h – Comunicação, Subjetividades e Hegemonia

Luis Henrique Gonçalves (Pesquisador PUC/FIOCRUZ/USP), Carla Luciana Silva (UnioEste), Rozinaldo Miani (UFPEL)

17h às 19h – Comunicação e pedagogia colonial

Beto Almeida (TeleSur), Maria Lucia Fattorelli (Auditoria Cidadã da Dívida), Pedro Pinho (Aepet)

19h às 21h – Precarização, Pandemia, Religião e Luta

Maria dos Camelôs (Muca), Arlei Medeiros (Fetquim), Fábio Py (UENF) e Elton Corbanezi (UFMT)

——————————————-

19 DE NOVEMBRO

11h às 13h – A esquerda na internet

Najla Passos (NPC/Notícias Gerais), Scarlett Rocha (Esquerda Online), Guilherme Mikami (Abridor de Latas) e Diego Dorgan (UNB)

17h às 19h – Comunicação, Trabalho e Capital no Séc. XXI

Paulo Leal (UFJF), César Bolaño (Clacso), Laurindo Lalo Leal Filho (Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé)

19h às 21h – Internet, polifonia, caos e controle social

Jonas Valente (Intervozes), Helena Martins (Intervozes) e Thiago Firbida (Artigo 19)

——————————————-

20 DE NOVEMBRO

11h às 13h – Propostas para a Comunicação Sindical na Década de 20 do Séc. XXI

Roni Barbosa (Secretário de Comunicação da CUT e do FNDC), Kátia Marko (NPC/SINDJORS) e Rodrigo Correia (Sind. dos Metalúrgicos de São José dos Campos), Hélcio Duarte (jornalista sindical).

15h às 17h – Mesa redonda: Como fortalecer a Comunicação Sindical e conversar com a classe trabalhadora?

Marcio Kieller (CUT-PR), Mauro Borges (Sintep-PA), Tadeu Porto (FUP), Moacir Lopes (Fenasps), Laiana Horing Nantes (ACP) e Natália de Moura (Sind. Químicos Unificados – Osasco)

18h às 21:30h – Comunicação e cultura

Adenilde Petrina (Coletivo Vozes da Rua), Wilson Rabelo (Ator), Renato Aroeira (Chargista, cartunista e músico) Raphael Calazans (MV)Tânia Farias

MAIS INFORMAÇÕES: https://nucleopiratininga.org.br/37638-2/

 

 

O segundo dia do seminário “10 anos de Políticas de Cotas – Experiências das Comissões de Heteroidentificação nas Universidades”, nesta terça-feira, 19, reuniu integrantes das comissões de heteroidentificação da UFRJ e da Universidade Federal de Goiás (UFG), e o debate foi mediado pela coordenadora da Câmara de Políticas Raciais da UFRJ, Denise Góes. O evento é on line e prosseguirá até sexta, 22. Confira: https://youtu.be/i1DN8TQK9yU

A experiência da UFRJ foi relatada pelos representantes dos três segmentos da comunidade universitária na Comissão de Heteroidentificação da universidade: o técnico-administrativo Vitor Matos, que também faz parte da Câmara de Políticas Raciais na universidade; a professora da Escola de Enfermagem Anna Nery, Cecília Izidoro, e por Rafaela Nascimento, doutoranda de Biotecnologia. 

Importância do debate  

Vitor fez um breve histórico sobre a formação da Comissão de Heteroidentificação na UFRJ, em 2020, de composição paritária e com 54 participantes. Segundo ele, resultado da pressão de coletivos negros da universidade, onde militam estudantes e servidores, para que houvesse a apuração das fraudes nos processos de acesso dos cotistas aos cursos de graduação. 

No primeiro semestre de 2020, entre os 4.093 candidatos que passaram pelo processo de heteroidentificação, 64,2% foram considerados aptos, 12% não aptos e 23,8% faltaram. Para Vitor, o número baixo de não aptos se deveu a inibição de potenciais fraudadores.

Na avaliação de Vítor o debate sobre a importância das comissões de heteroidentificação, à luz das várias experiências nas universidades, se torna ainda mais importante pelo fato de que, em 2022, “em meio a um ambiente hostil patrocinado pelo governo federal e em um panorama geral da política de ataques a direitos”, a Lei das Cotas, a 12.711, passará por avaliação. Para  Cecilia, a discussão sobre o tema têm papel educativo e formativo. 

Experiência da UFG

A UFG foi pioneira na reserva de vagas raciais antes mesmo da Lei de Cotas, disse Pedro Cruz, presidente da Comissão de Heteroidentificação da instituição. A experiência exitosa da UFG foi compartilhada no seminário por ele, por Igor Silva, da Coordenação de Ações Afirmativas e pela estudante de Ciências Sociais Josileide de Souza. 

A comissão da federal de Goiás é composta não apenas por servidores e estudantes da universidade, mas também por membros do movimento negro, da Comissão Especial de Promoção da Igualdade, entre outros coletivos e organismos públicos de direitos humanos.

Os números de indeferimentos nas aferições na UFG aumentaram: Em 2018, foram 13% dos 2.099 entrevistados pela comissão; em 2019, 18,6% dos 456 entrevistados e, em 2020, 24% dos 2.240 entrevistados. Em 2021, com a mudança no acesso, houve 1.244 entrevistados e 22% de  indeferimentos.

Revisão da Lei de Cotas 

Para Denise Goés, a revisão da Lei 12.711 não deveria se dar em meio a um governo negacionista e que empurra o povo para níveis de pobreza nunca vistos: “Temos que unir forças, fazer pressão e trancar essa pauta”, propôs.

A desinformação, segundo Pedro Cruz, é o maior desafio hoje em relação às cotas, acrescentando que e preciso uma comunicação eficaz com a sociedade sobre o tema. Ele citou pesquisa recente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais der Ensino Superior (Andifes), dando conta que mais de 50% dos matriculados nas universidades eram negros, e que embora confie na idoneidade da entidade, questiona esse resultado: “se não havia comissão de heteroidentificação até 2017, como podemos garantir que esse percentual é de fato de negros?”

A mesma pesquisa, disse Cruz, informa que, ao contrário dos detratores das cotas, os cursos (nas Ifes) seguem com notas 4 e 5 (no sistema de avaliação do MEC). Na UFG, em 27 cursos, cotistas têm rendimentos maiores que os não cotistas. “É preciso ainda mais negros nas universidades e esse direito ser defendido.  As comissões (de heteroidenticação) estão aí para fazer essa defesa”, concluiu.

 

 

 

Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 32, da chamada reforma Administrativa, pode acabar com o serviço público no País

Publicado: 19 Outubro, 2021 – Escrito por: Redação CUT

REPRODUÇÃO

O aeroporto de Brasília ficou lotado de servidores municipais, estaduais e federais desde às 7h da manhã desta terça-feira (19). Eles lutam contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 32, da chamada reforma Administrativa, que pode acabar com o serviço público no País.

E a primeira mobilização do dia foi a recepção aos deputados federais que chegavam de seus estados, a quem os trabalhadores e trabalhadoras lembraram que quem votar contra o povo e os trabalhadores não voltará para o Congresso após as eleições de 2022. À tarde, às 14, os servidores vão de concentração no Anexo II da Câmara dos Deputados.

Confira a ação no aeroporto de Brasília 

Pressão nas redes e nas ruas! Estamos mostrando aos deputados e deputadas que o Brasil é CONTRA A PEC 32! Diga não ao desmonte dos serviços públicos! No vídeo, o deputado Vinicius Poit (Novo-SP) recebeu o recado. #PEC32Não #LiraEngavetaPEC32

Nesta quarta-feira (20) tem mais mobilização dos servidores das três esferas e sindicalistas da CUT e demais centrais, além de sindicatos, federaçoes e confederações que defendem a categoria.

A concentração ocorre a partir das 14h, no Anexo II da Câmara dos Deputados

PEC 32, a deforma Administrativa

Ruim para o povo, que pode perder o serviço público gratuito, e para os servidores, que podem perder direitos, a PEC 32 abre ainda a possibilidade de contratar milhares de pessoas terceirizadas que responderão a seus indicados, podendo, inclusive, normalizar o esquema das rachadinhas e aumentar a corrupção.

Indiferente a tudo isso, o presidente da Câmara, Arthur Lira, que é um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) no Congresso Nacional, está se esforçando para conseguir apoio dos parlamentares e até prometeu votar a PEC 32 depois do feriado de 12 de outubro. Ele precisa de 308 votos em dois turnos e sabe que vai ser difícil conseguir, mas como tem recursos de emendas parlamentares para distribuir, é preciso ficar atento aos seus passos e não parar de pressionar, dizem os sindicalistas. 

O adiamento da votação da PEC é apenas uma estratégia de Lira para tentar desmobilizar a categoria, que tem obtido êxito na pressão junto aos parlamentares, avisando que “quem votar, não volta”, alerta o secretário de Finanças da Confederação Nacional dos Servidores Públicos Federais (Condsef), Pedro Armengol, se referindo ao slogam usado pelos trabalhadores e trabalhadoras em referência as eleições do ano que vem.

Atentos às estratégias do presidente da Câmara, os servidores públicos municipais, estaduais e federais mantiveram as mobilizações contra a PEC 32 nos aeroportos, nas bases dos deputados e em Brasília, conscientizando a população sobre o perigo que a medida representa e alertando os deputados e deputadas sobre os riscos que correm de não se reelegerem porque traíram a classe trabalhadora e os direitos do povo.

“Os servidores públicos estão lutando pelos interesses de toda a população que poderá, a partir da PEC 32, ficar sem escola pública, sem o SUS, sem as políticas públicas tão essenciais ao povo brasileiro”, afirmou o secretário de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e vice-presidente mundial da Internacional da Educação, Roberto Leão.

Saiba como pressionar os parlamentares contra a PEC 32

Todos podem pressionar os deputados, não importa a cidade onde estiverem. Para isso foi criado o site Na Pressão, ferramenta que disponibiliza canais de comunicação com deputados e senadores. É fácil e rápido lutar contra essa e outras reformas que prejudicam o povo.

E você pode mandar seu recado contra a PEC 32 de qualquer lugar pelo WhatsApp, e-mail ou telefone.

Participe da luta e pressione os parlamentares para que votem NÃO à reforma Administrativa (PEC 32).

 

 

 

Governo diz que vai lançar novo programa de transferência de renda, mas número de pessoas beneficiadas vai diminuir

Publicado: 19 Outubro, 2021 – Escrito por: Nara Lacerda/Brasil de Fato

MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

As últimas parcelas do auxílio emergencial, pago a famílias em situação de vulnerabilidade durante a pandemia, começaram a ser depositadas na segunda-feira (18), mas o governo federal ainda não oficializou qual será o futuro do programa. A menos de duas semanas do fim do mês, a indefinição traz insegurança a milhões de pessoas.

Diretora de Relações Institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica, a ativista Paola Carvalho alerta para o clima de incerteza entre quem recebe o benefício: “Os relatos que nós recebemos, pelo atendimento que a gente faz às pessoas em relação ao auxílio emergencial, são de completo desespero”.

Ela alerta para o risco de aumento ainda mais intenso da extrema pobreza. Para a ativista, a perspectiva de muitas famílias “é de não saber o que fazer para sobreviver a partir do mês que vem”.

Paola Carvalho ressalta que é preciso discutir não apenas o auxílio emergencial, mas um programa de renda permanente, frente às cenas de horror da busca da população por alimentos, “É a fila do osso, os pés de galinha e as pessoas buscando comidas vencidas e estragadas no caminhão de lixo. Um Brasil que muitas vezes o governo finge não existir”.

Governo confuso

Nesta segunda, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que “Se Deus quiser, nesta semana resolveremos a extensão do auxílio emergencial”. Ele não deu qualquer detalhe, não especificou valores ou prazos. As afirmações foram vistas como uma sinalização de que o benefício será prolongado, mas vão contra o discurso atual do governo.

O plano oficial é substituir o auxílio e o Bolsa Família por um novo programa de transferência de renda, que seria pago a partir de novembro. No domingo (17), o ministro da Cidadania, João Roma, reafirmou essa intenção. 

O número de pessoas atendidas, no entanto, ficará bem abaixo do que abrange o benefício da pandemia atualmente. Em entrevista para a TV Brasil, Roma disse que o governo pretende pagar o novo auxílio a 17 milhões de trabalhadoras e trabalhadores.

Paola Carvalho lembra que o número de atendidos hoje, oficialmente, é superior a 30 milhões. “Mesmo a ampliação do auxílio emergencial por um mês – para ganhar tempo na discussão da Medida Provisória do Auxílio Brasil – ou a transformação para o Auxílio Brasil, significaria o atendimento de apenas 17 milhões de famílias”.

Ela destaca também o processo de enxugamento do benefício: “Nós começamos com o auxílio emergencial para 68 milhões de pessoas. Ainda em 2020, reduziu-se em 14 milhões de pessoas. Significa que o país, ainda durante o auge da pandemia, perdeu um Bolsa Família inteiro”, relata.

“Na virada para 2021, nós passamos os quatro meses em que a mortalidade foi maior sem o auxílio emergencial. Ele foi retomado em valores muito menores do que a necessidade da população. Lembrando que R$ 150 pagam aproximadamente um botijão de gás e um saco de arroz”, finaliza a ativista.

Edição: Vinicius Segalla