A luta em defesa dos serviços públicos e contra a proposta de reforma administrativa de Guedes e Bolsonaro, a PEC 32/2020, segue firme em Brasília e nas capitais com pressão aos parlamentares nos aeroportos, gabinetes, assembleias legislativas, nos municípios onde moram e guerrilha virtual nas redes sociais. Nesta segunda-feira, 18, acontecerá a plenária virtual nacional cutista dos servidores municipais, estaduais e federais para intensificar as ações vitoriosas contra a PEC. 

A PEC 32 foi aprovada há quase dois meses em comissão especial e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), aliado de Bolsonaro, posterga a sua inclusão na pauta para votação pelo plenário, porque pode ser derrotado no voto. Lira continua à caça de no mínimo 308 votos – está oferecendo emendas aos parlamentares no valor de R$ 20 milhões – mas sua intenção não vai à frente por conta da forte campanha contrária do funcionalismo público. 

De acordo com o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), ainda que Lira e o governo Bolsonaro “convençam” todos os deputados indecisos a votarem a favor da reforma administrativa, ficam faltando dois votos para aprová-la na Câmara, antes de remetê-la ao Senado. Segundo dados do Diap, 251 deputados são favoráveis  à Reforma administrativa, 207 contra e 55 indecisos. 

O placar apertado reflete a pressão dos servidores públicos, que há quatro semanas estão em vigília no Aeroporto Internacional de Brasília e no Anexo II da Câmara pressionando os indecisos e os favoráveis à PEC 32 a votarem com os trabalhadores. A palavra de ordem “Se votar, não volta!” tem ecoado nos ouvidos de deputados e senadores diariamente e a pressão tem conquistado a adesão até mesmo de deputados integrantes da base de sustentação de Bolsonaro. De olho nas eleições do próximo ano e na forte rejeição popular à Bolsonaro, eles não querem arriscar os próprios mandatos.

Desde a apresentação da PEC 32, há mais de um ano, oposição, servidores, suas entidades e centrais sindicais lutam contra esta proposta que irá destruir e privatizar os serviços públicos, exterminar direitos e carreiras e fazer dos servidores públicos espécie em extinção. De lá para cá a campanha fez estrago na base de apoio do governo Bolsonaro.

A Plenária Nacional CUTista dos Servidores das Três Esferas de Governo contra a Reforma Administrativa, acontece nesta segunda-feira, 18 de outubro, das 15 às 18h. Inscrições no link https://forms.gle/rpixucKhPjUYrmBX7

 

ANA LUIZA VACCARIN/MGIORA.

 

 

Ao mestre com carinho

Não há palavras que definam com precisão a importância dos professores na vida de todos nós. São eles que nos abrem as portas para o conhecimento, nos inspiram, orientam a seguir em frente, seja quais forem os obstáculos. Por isso, no seu dia, só há uma frase a ser dita: “Muito obrigada (o)”

Direção do Sintufrj – Gestão Ressignificar

 

Causa arrepios a invasão do Instituto Philippe Pinel protagonizada pelo vereador Gabriel Monteiro. Em um verdadeiro show de horrores, Monteiro utilizou como pretexto uma “visita de inspeção” e, abusando da truculência, invadiu a instituição psiquiátrica, assediando trabalhadores, expondo pacientes, provocando aglomeração em setores exclusivos para o tratamento de covid-19 e, inclusive, tumultuando enfermarias onde encontravam pessoas em crise e com transtornos graves. Para piorar, Monteiro encontrava-se armado e acompanhado de capangas que vestiam uma espécie de farda.

É inadmissível que um vereador se utilize do cargo para desrespeitar uma instituição de referência às vésperas do Dia Mundial da Saúde. Monteiro mostra seu desprezo pelo SUS, pelos servidores públicos e pelas mais de 600 mil vítimas da pandemia.

O Sintufrj repudia a atitude criminosa do vereador Gabriel Monteiro e se solidariza com os trabalhadores e usuários do Instituto Philippe Pinel. Atitudes autoritárias e que flertam abertamente com o fascismo não podem ser toleradas. Exigimos que Monteiro responda pelas suas atitudes que configuram explícita quebra de decoro.

Sintufrj – Gestão Ressignificar

 

 

A despeito de promoções das plataformas para estimular o furo dos breques, paralisações seguem no interior paulista

Gabriela Moncau/Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 14 de Outubro de 2021

Em contexto de alta no preço do combustível, entregadores reivindicam melhores taxas de entrega, o fim da coleta dupla e dos bloqueios de conta sem justificativa – Gabriela Moncau

A onda de greves de entregadores de aplicativos, que começou no feriado de Nossa Senhora Aparecida em Paulínia (SP), Jundiaí (SP) e São Carlos (SP) e que inicialmente tinha término previsto, mudou de curso diante do silêncio por parte das empresas de aplicativos. 

“Nenhuma resposta, a greve continua!”. A frase estampa a faixa pendurada em frente ao Jundiaí Shopping: o breque na cidade, que ia terminar no feriado de 12 de outubro, agora segue por tempo indeterminado, até que as reivindicações sejam negociadas.

Em Paulínia, onde o serviço de delivery está travado desde a última sexta-feira (8), os trabalhadores dizem que seguirão de braços cruzados ao menos até a próxima sexta (15).

Nesse dia está marcado o início do breque dos entregadores de Bauru (SP). Greves também estão agendadas para começar em Niterói (RJ) e São Gonçalo (RJ) em 15 de outubro. 

Os trabalhadores não receberam ainda contato de nenhuma das empresas que os contratam, entre as quais iFood, Uber Eats, Box Delivery, Rappi e James Delivery. 

A decisão dos entregadores de São Carlos, tomada em assembleia na noite desta quarta-feira (13) foi de dar uma trégua temporária. “Muitos alegaram estar passando por necessidades”, explicou José Carlos*, um dos entregadores organizados na cidade.

“Então decidimos parar a greve por alguns dias, para a galera trabalhar e juntar uma grana e daqui a 15 dias vamos parar de novo”, ressalta. Segundo ele, a organização é para que a próxima paralisação seja “mais radical”.  

Até o ano passado, como foi o #BrequeDosApps em julho de 2020, os protestos da categoria tinham a característica de paralisação de um dia, com manifestações. Foi o que aconteceu nessa terça (12) com um ato feito em Rio Claro (SP) das 14h às 17h. 

Porém, desde que entregadores de São José dos Campos (SP) fizeram um breque de seis dias em setembro, a estratégia de parar por um período mais longo e pré-definido passou também a ser adotada. Os entregadores de Jundiaí agora inauguram a greve sem data para acabar.  

“Um recado para o iFood: enquanto vocês não responderem, é indeterminado. Motoboy tudo fechado, tudo parado. Não dá para a gente rodar por R$ 5,31 se a gasolina está R$ 6”, afirma um grevista de Jundiaí em vídeo divulgado nas redes sociais, se referindo ao valor da taxa mínima de entrega paga pela plataforma.

Além do aumento da taxa, o fim da coleta dupla e da suspensão da conta sem justificativa estão entre as demandas principais da greve. 

As plataformas de entrega na hora do almoço dessa quarta (13), com todos os restaurantes dos dois shoppings de Jundiaí aparecendo como fechados, demonstravam que o bloqueio seguia eficaz.

 

 

Brasil de Fato conversou com o autor, Cesar Calejon, que lançará a obra no próximo dia 15 em São Paulo (SP)

Daniel Giovanaz. Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 13 de Outubro de 2021

Jair Bolsonaro cumprimenta o vice Hamilton Mourão: sob o governo deles, Brasil enfrenta uma das piores crises de sua história – Sergio Lima / AFP

“Todo líder populista reza para que exista um inimigo externo, que seja capaz de unir a nação em torno dele. Bolsonaro teve o ‘melhor’ inimigo que a história poderia providenciar, mas foi tão estúpido que conseguiu se aliar ao vírus, contra a população brasileira.”

A afirmação é do jornalista Cesar Calejon, autor do livro Tempestade Perfeita: o bolsonarismo e a sindemia covid-19 no Brasil, que será lançado na próxima sexta-feira (15) pela Editora Contracorrente.

Calejon tem especialização em Relações Internacionais pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e é mestrando em Mudança Social e Participação Política pela Universidade de São Paulo (USP).

O livro é uma análise detalhada de como o bolsonarismo e a instabilidade política agravaram as consequências da covid-19 no país. Na última semana, o Brasil atingiu a marca de 600 mil mortes em decorrência do novo coronavírus.

Mais do que uma crise sanitária, criou-se um colapso social, em um contexto de recessão econômica, com as instituições sob ataque e um governo incapaz de dar respostas às necessidades da população.

“Quando existe uma liderança sólida, sobretudo utilizando o simbolismo presidencial de forma adequada no combate ao patógeno, os resultados são absolutamente mais favoráveis”, ressalta o autor, em entrevista ao Brasil de Fato.

“Não quer dizer que não existiria a pandemia, não quer dizer que pessoas não seriam contaminadas e morreriam, em alguma medida. Mas isso mostra que a atuação do bolsonarismo catalisou muitas vezes o estrago que a covid-19 causou no Brasil.”

Durante a produção da obra, Calejon realizou dezenas de entrevistas com pesquisadores de diferentes áreas, incluindo profissionais de saúde, entre março de 2020 e junho de 2021.

O lançamento de Tempestade Perfeita ocorrerá às 18h de sexta, na Livraria Martins Fontes, na Avenida Paulista, em São Paulo (SP).

Confira os melhores momentos da entrevista:

Brasil de Fato: O que significa o termo “sindemia”, e por que você considera essa definição adequada para definir o momento que o Brasil enfrenta?

Cesar Calejon: O conceito de sindemia não é meu, mas de um pesquisador estadunidense [o antropólogo médico Merrill Singer]. Ele dá conta de diferentes e múltiplas crises que se somam para criar uma única grande calamidade.

No Brasil, essa crise começa com os movimentos de 2013, passa pelo conluio midiático que se formou em torno da Lava Jato, pela subversão do jogo democrático que levou à destituição da presidenta Dilma sem crime de responsabilidade em 2016, e pelo impedimento da candidatura de Lula em 2018.

Com a interseção entre o bolsonarismo e a covid-19, que é o que meu trabalho se propõe a analisar, formou-se a “tempestade perfeita”: a gente passa a ter não só uma crise sanitária, mas uma crise social, política, econômica. Ou seja, diferentes crises interagindo simultaneamente, que caracterizam esse processo sindêmico.

É uma situação calamitosa, que engloba todas as áreas. Não é questão de achismo ou de “ser de esquerda”. É só pegar o preço do gás de cozinha, da gasolina, da taxa de conversão do dólar, o Índice de Gini [que mede a desigualdade], o Índice de Desenvolvimento Humano, etc.

Qualquer parâmetro ou indexador que faça o acompanhamento da vida pública brasileira vai mostrar uma crise muito aguda – que tem todas as dimensões que mencionei, além de ser uma crise ética, como mostram os relatos escabrosos sobre a Prevent Senior na CPI da Covid.

Houve países em que a pandemia não deu origem a uma catástrofe social, por conta de ações tomadas pelo Estado?

Todos os países governados por líderes com viés autocrático – Orban [primeiro-ministro da Hungria], Trump [ex-presidente dos EUA], Duda [presidente da Polônia] – tiveram desempenho infinitamente pior no combate à pandemia.

Como exemplo positivo, eu citaria a Nova Zelândia, liderada pela [primeira-ministra] Jacinda Ardern, que foi muito forte e coerente no enfrentamento à pandemia. Ao menor sinal de contágio comunitário, ela fechou o país, avançou de forma muito séria e não estimulou remédios ineficazes: o oposto do que fez Jair Bolsonaro.

Na Alemanha, a [primeira-ministra] Merkel também fez um bom trabalho.

Quando existe uma liderança sólida, sobretudo utilizando o simbolismo presidencial de forma adequada no combate ao patógeno, os resultados são absolutamente mais favoráveis.

Não quer dizer que não existiria a pandemia, não quer dizer que pessoas não seriam contaminadas e morreriam, em alguma medida. Mas, isso mostra que a atuação do bolsonarismo catalisou muitas vezes o estrago que a covid-19 causou no Brasil.

A extrema direita, em cada país, lidou de diferentes formas com a pandemia. Na Índia, por exemplo, o primeiro-ministro Narendra Modi reagiu de forma agressiva, com quarentenas rígidas e violência policial contra quem descumprisse os protocolos. Na Europa e nos EUA, movimentos antivacina continuam nas ruas. Enquanto isso, no Brasil, os bolsonaristas criticam desde o início as medidas de isolamento social, mas quase todos tomaram vacina. A que você atribui essas diferentes reações dos movimentos ultraconservadores pelo mundo diante do coronavírus?

Essa é uma ótima reflexão. Cada país tem suas idiossincrasias, suas peculiaridades locais, e isso influencia a maneira como esses eventos se manifestam no contexto doméstico de cada país.

No meu primeiro trabalho, A Ascensão do Bolsonarismo no Brasil do Século XXI [Kotter Editorial], eu uso cinco vetores para explicar por que um movimento tão extremista foi capaz de ascender à chefia do nosso Poder Executivo.

O primeiro vetor é o antipetismo. O segundo, é o que chamo de elitismo histórico-cultural. O terceiro aspecto é o dogma religioso. Quarto: a negação da política anti-institucional, do “sistema”. E, por fim, as estratégias de disseminação de mentiras e ódio nas redes.

Presidente Jair Bolsonaro promove hidroxicloroquina como remédio contra a covid-19, durante posse de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde -16/09/2020 / Carolina Antunes/Presidência da República

Para responder a sua pergunta, eu chamaria atenção especialmente para o elitismo histórico-cultural e como ele se organiza no país no começo do século XXI. Ele traz todo o legado do Brasil Colônia e do Brasil Império, com dimensões de mandonismo, de patrimonialismo, de racismo estrutural, que reverberam na forma como nosso arranjo social está composto.

O dogma religioso também é um fator importante para essa reflexão. Não trabalho contra nenhuma religião, mas contra o dogma religioso no cerne da vida política do país. Isso é um problema. Qualquer nação que se organiza de forma teocrática, invariavelmente, se torna intolerante.

Bolsonaro se apoiou na proposta neoevangélica no Brasil. É uma abordagem muito dogmática, centralizada em um tipo de fé que não remete a qualquer raciocínio, e que tem aderência forte no próprio elitismo histórico-cultural.

Essas são as duas propriedades mais peculiares dessa proposta autoritária no Brasil. E elas não se encerram em si mesmas, mas são meios para se avançar em questões relacionadas à economia política.

No fim do dia, sempre vai ter um sujeito como Paulo Guedes. E, se as pessoas não entendem como funciona a economia política, fica muito difícil construir um pensamento crítico. O mesmo vale para o direito constitucional: se as pessoas não entendem como funciona a República, a arquitetura institucional, fica impossível avançar.

Conforme a CPI da Covid levantou indícios de propina na compra de vacinas, parlamentares de oposição utilizaram várias vezes a frase “não era negacionismo, era corrupção”. Você concorda com essa afirmação? O que mais justificaria a postura negacionista de Bolsonaro sobre máscaras, vacinas e distanciamento social?

O bolsonarismo é a expressão mais aguda de um modelo de sociabilidade que tem a competição desenfreada como principal organizador da vida social. Ou seja, a expressão mais agressiva dos intentos neoliberais na periferia do capitalismo global.

Essa proposta ascendeu com base no ódio, na discriminação, a tal ponto que casos de corrupção na compra de vacinas em meio à maior pandemia do século são normalizados entre os bolsonaristas.

Ele pratica uma necropolítica, que tem como alvo principal todos os grupos historicamente usurpados pela colonização europeia nas Américas.

Não há nenhuma restrição ética, nenhum parâmetro moral. Essa gente não respeita a ciência, se baseia em parâmetros pseudocristãos. Eles têm como base uma fé descabida e utilizam o que quer que seja para manter seus poderes.

Então, sem dúvida, existe um elemento de negação da ciência, temperado pela corrupção. Porque não é única e exclusivamente negacionismo: essas pessoas sabiam o que estavam fazendo e negligenciaram deliberadamente a vacinação.

Bolsonaro defende há décadas políticas como controle populacional, integrou a “bancada da bala” e tem relação histórica com as milícias no Rio de Janeiro. Na sua visão, a pandemia contribuiu para acelerar seus objetivos, ao exterminar milhares de trabalhadores? Ou, pelo contrário, a crise sanitária expôs o fracasso do desmonte do Estado promovido pelo atual governo?

Eu trago essa reflexão no posfácio de Tempestade perfeita. Bolsonaro ascende com uma proposta absolutamente baseada na necropolítica.

Em 2010, ele foi eleito deputado federal com cerca de 500 mil votos nos bairros com forte presença da milícia no Rio de Janeiro. Em 2014, chegou a 1,5 milhão de votos. Existem gravações de Bolsonaro dizendo “minha especialidade é matar”. Então, não é preciso ser um gênio da ciência política ou da semiótica para entender que ele pratica uma necropolítica, que tem como alvo principal todos os grupos historicamente usurpados pela colonização europeia nas Américas.

A pandemia expõe tudo isso. Em interseção com o bolsonarismo, ela evidenciou um modelo de funcionamento da sociedade que já era agressivo antes, mas com certo nível de hipocrisia.

Quem antes era um meritocrata convicto e aderiu ao bolsonarismo, ou vai defendê-lo até o fim, ou vai negar que apoiou Bolsonaro.

Você com certeza tem amigos ou parentes que eram racistas, homofóbicos, mas até a ascensão do bolsonarismo se escondiam atrás da proposta do que antes chamávamos de social-democracia – que era o PSDB. Hoje, as pessoas se referem a esse partido não mais como social-democracia, mas como direita liberal.

Aquele tio que era racista, que fazia piadinhas na hora do almoço sobre gays, que dizia que a mulher não sabia dirigir, votava historicamente no PSDB, mas em 2018 precisou “botar a cara”. Ele votou no Bolsonaro, e hoje não pode mais se esconder atrás da hipocrisia tucana, ou apenas da meritocracia.

Vale lembrar que, de modo geral, quem assume essa postura é branco, heterossexual e tem ascendência europeia.

Então, quem antes era um meritocrata convicto e aderiu ao bolsonarismo, ou vai defendê-lo até o fim, ou vai negar que apoiou Bolsonaro. E é sempre importante lembrar que MBL [Movimento Brasil Livre], PSDB, Lava Jato, são todos artífices do bolsonarismo – assim como todos que apoiaram o golpe parlamentar de 2016.

Essas pessoas, obviamente, não queriam Jair Bolsonaro na presidência. Elas preferiam alguém como Geraldo Alckmin, Sergio Moro, Luciano Huck. O problema é que, quando se estimula ódio e elitismo histórico-cultural, você sabe como começa, mas não sabe como termina.

A pandemia, além de evidenciar tudo isso, ofereceu a medida perfeita para que Bolsonaro se consolidasse como líder genuíno, para seus apoiadores, capaz de “unificar” a nação. Mas ele é uma figura tão unilateral e tão pouco resiliente que se mostrou incapaz de dançar conforme a música.

Quando surgiu a pandemia, em março de 2020, ele tinha a faca e o queijo na mão. Ele poderia ter vindo a público e dito:

“Caros brasileiros, sei que temos divergências, mas existe um patógeno letal, que constitui a maior pandemia do século, e não podemos nos dar ao luxo de nos atermos a nossas dissonâncias. A gente precisa se unir pela solidariedade, pela ciência, para combater um inimigo externo.”

Todo líder populista reza para que exista um inimigo externo, que seja capaz de unir a nação em torno dele. Bolsonaro teve o “melhor” inimigo que a história poderia providenciar, mas foi tão estúpido que conseguiu se aliar ao vírus, contra a população brasileira. Se tivesse sido mais hábil, poderia garantir um projeto de poder para mais 20, 30 anos.

Dialeticamente, a pandemia ofereceu essa possibilidade, e ao mesmo tempo evidenciou a tragédia do modelo neoliberal, em sua expressão mais agressiva.

Para além do eleitor que vota há décadas na esquerda e dos bolsonaristas convictos, em que medida o fracasso desse modelo já foi internalizado pela população?

Há um mês, escrevi um artigo em minha coluna no UOL que a suposta “equivalência” entre Lula e Bolsonaro, como se os dois fossem extremos, é o novo antipetismo.

É verdade que Lula representa a antítese do bolsonarismo, mas não é verdade que ambos sejam tão deletérios para a vida sociopolítica do país, como a “terceira via” quer caracterizar. E isso não depende de achismos. Temos uma série de indicadores e parâmetros que nos mostram que as duas propostas não se equivalem.

O bolsonarismo está na contramão do processo civilizatório e emancipatório que vivemos.

Pela primeira vez, nesta década, negros e pardos são maioria entre os que ascendem ao ensino superior. Há uma maior quantidade de mulheres e gays ocupando cargos parlamentares. Tudo que o bolsonarismo preconiza vai em sentido contrário à ascensão das forças contra-hegemônicas. Falo sobre isso no penúltimo capítulo do livro.

O contexto histórico-cultural que dá origem ao bolsonarismo vem sendo consolidado no Ocidente ao longo dos últimos 350, 400 anos, e não é possível mudar isso em uma década. É um processo muito mais profundo. No começo do século XXII, propostas semelhantes ao bolsonarismo possivelmente serão inviáveis, porque o subconsciente coletivo estará orquestrado de maneira distinta.

Está na natureza do dogma religioso não aceitar a reflexão, não discordar, não debater. Sobretudo o neopentecostalismo, como está organizado no Brasil, se baseia na lógica do “funciona assim”, “você tem que aceitar”. E, no fim do dia, homens, brancos e heterossexuais é que mandam – o resto obedece.

Por isso, é tão importante fomentar o pensamento crítico, estudar economia política, arquitetura institucional. É por isso que o marxismo assusta tanto. Já imaginou ensinar na escola como se reproduz o capital enquanto determinante de relações sociais, dentre as quais a exploração da classe trabalhadora?

A classe empresarial, sobretudo a que vive da dimensão financeira do capitalismo, não tolera isso. Manter parte da população ignorante, para eles, é uma questão de sobrevivência. Eles não produzem nada, e por isso vão continuar apoiando os impropérios do bolsonarismo.

Para quem você escreveu Tempestade Perfeita?

Escrevi o livro para qualquer pessoa que esteja disposta a avaliar a interseção entre bolsonarismo e covid-19 sob um prisma científico, com um viés acadêmico e jornalístico.

Todo meu esforço enquanto comunicador, escritor, jornalista, é fomentar o pensamento crítico. E isso não significa “votar no Lula”. Não me refiro a nenhuma orientação político-partidária, mas a três dimensões.

A primeira é a capacidade de questionar, não aceitar as propostas de forma passiva. Em segundo lugar, questionar com base em parâmetros científicos, na materialidade dos fatos. Por último, ser capaz de, com base nisso, entender a dinâmica de funcionamento que organiza o seu arranjo social e qual a sua posição ou função dentro dele.

Para desenvolver esse pensamento crítico, como já ressaltei, considero a economia política e o direito constitucional como centrais. Isso precisa ser introduzido já no ensino médio, para adolescentes. Na minha visão, esses aspectos resumem todos os meus esforços como escritor e como jornalista ao longo de 20 anos.

Edição: Leandro Melito

 

 

 

 

📌 Dia 18 – Mediador: Edmilson Ferreira – 14 horas às 15:45
Mesa de Abertura:
Magnífica Reitora da UFRJ, Professora Dr.ª Denise Pires
Magnífica Reitora da UEZO, Professora Dr.ª Luanda Silva de Moraes
Vossa Senhoria Vice Reitor da UEZO, Professor Dr. Dario Nepomuceno da Silva Neto
Vossa Senhoria Pró-reitora de Pessoal, Professora Dr.ª Luzia Araújo
Representante Discente do Coletivo Preto Virgínia Bicudo- Maiza Kister
Representante do Coletivo de Docentes Negros, Professora Dr.ª Gracyelle Costa
🔗 Link para o YouTube: https://youtu.be/XIDyopPkPBQ

📌 15:45 às 18:00 h – Conferência:
Prof Dr Rodrigo Ednilson de Jesus/UFMG
Prof Dr Sales Augusto/UFMG
🔗 Link para o YouTube: https://youtu.be/cXYyY9pJecE

📌 Dia 19/10 – Mediador: Denise Góes – 13:30 às 15:30 h – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ / Universidade Federal de Sergipe – UFS / Universidade Federal de Goiás – UFG
🔗 Link para o YouTube: https://youtu.be/i1DN8TQK9yU

📌 Dia 20/10 – Mediador: Mônica Gomes – 13:30 às 15:30 h – Universidade Federal Fluminense – UFF / Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB / Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL
🔗 Link para o YouTube: https://youtu.be/rAzBXarnEws

📌 Dia 21/10 – Mediador: Pedro Gonzaga– 13:30 às 15:30 h – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB / Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA / Instituto Federal do Sudeste de Minas – IF Sudeste MG
🔗 Link para o YouTube: https://youtu.be/ezCeBm4yvLc

📌Dia 22/10 – Mediadores: Vitor Matos e Denise Góes – 13:30 às 15:30 h – Universidade Federal do Oeste da Bahia – UFOB / Universidade Federal de Grande Dourados – UFGD
🔗 Link para o YouTube: https://youtu.be/G7w_Ev9snEs

 

 

Para participar, é necessário se inscrever! Você receberá no seu email um link personalizado para participar da assembleia. INSCREVA-SE AQUI: https://bit.ly/3mS7961

 

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Em mais uma etapa de seu esforço para envolver a comunidade universitária na discussão sobre a proposta de adesão da UFRJ à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), o Sintufrj reuniu três debatedores e uma coordenadora-geral da entidade numa live na manhã/tarde desta quarta-feira 13 para responder à seguinte provocação: ‘Ebserh é alternativa?’.

Eloiz Cristino, técnico-administrativo em educação da UFSM; Nelson Souza e Silva, professor emérito da Faculdade de Medicina; e Camilla Vaccariello, estudante de Biomedicina e diretora da pasta de Saúde do DCE Mário Prata, foram os convidados do Sindicato.

A coordenadora-geral do Sintufrj, Gerly Miceli, reafirmando a posição da entidade contrária à transferência da gestão da rede de hospitais da UFRJ à empresa, abriu o programa.

A proposta de adesão à Ebserh já chegou à Comissão de Desenvolvimento do Conselho Universitário (Consuni). Da apreciação sairá um relatório (ou mais de um) que será encaminhado aos conselheiros em sessão plenária do órgão colegiado. 

O relato detalhado sobre a live ‘Ebserh é alternativa?’ será publicado num encarte especial que o Sindicato está preparando sobre o assunto.

A íntegra está disponível no perfil do Sindicato no Facebook ou no canal da entidade no Youtube.

 

 

 

Inflação e desemprego levam brasileiros à fome e às favelas e empresariado aumenta até os preços de pés e pescoço de galinha. Enquanto isso, Bolsonaro gasta dinheiro público passeando

Publicado: 13 Outubro, 2021. Escrito por: Redação CUT

ANA LUIZA VACCARIN/MGIORA

No país da inflação em disparada, altas taxas de desemprego, de informalidade e recorde de inadimplência, sem que o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) tenha apresentado uma proposta sequer de geração de emprego e proteção aos mais pobres, o número de favelas mais que dobra em nove anos, chega a 13.151, e a fome atinge quase 20 milhões de brasileiros.   

A insegurança alimentar (fome) começou a ser mais notada a partir da alta dos preços dos alimentos quando muitos deixaram de comer até arroz e feijão.

Mas, a tragédia brasileira ficou mais escancarada com a alta acumulada no preço da carne bovina (36%), do frango (40,4%) e dos ovos (20%), entre agosto de 2020 e 2021, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os brasileiros mais pobres, que haviam trocado as carnes de segunda e terceira por frango, depois por ovos, passaram a comprar pés e pesçoco de galinha, que também tiveram alta nos preços. Para muitos, a única saída foi ir atrás de restos como ossos de carne bovina e carcaça de peixe, que eram doados, mas como o aumento da demanda, alguns açougues e supermercados começaram a cobrar até o que antes davam para os cachorros.

A volta da fome

O Brasil, que havia deixado de constar no chamado Mapa da Fome em 2014, voltou ao mapa em 2020, depois que as políticas de distribuição de renda criadas e implementadas pelos ex-presidentes do PT, Lula e Dilma Rousseff, foram reduzidas ou extintas pelo ilegítimo Michel Tmer (MDB) e pelo governo Bolsonaro.

Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), baseado em dados de 2001 a 2017, políticas como o programa Bolsa Família reduziram a pobreza em 15% e a extrema pobreza em 25%.

20 milhões de pessoas com fome

Hoje, o Brasil tem quase 20 milhões de pessoas passando fome 24 horas ou mais em alguns dias e  24,5 milhões que não sabem como vão se alimentar no dia a dia, de acordo com levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).

A situação é mais grave ainda nas regiões Norte, onde a onde a insegurança aliemntar grave (fome) afeta 18% dos domicílios, e Nordeste, onde a fome chega a afetar 14%. A média nacional é de 9%.

De acordo com a pesquisa, publicada nesta quarta-feira (13) pelo jornal Folha de S. Paulo, outros 74 milhões de brasileiros vivem inseguros sobre se vão acabar passando por isso.

Número de favelas mais que dobra

Sem dinheiro nem para comer, milhares de trabalhadores e trabalhadoras não conseguiram pagar aluguel e foram para favelas.

Entre 2010 a 2019, o total de “aglomerados subnormais” (favelas, palafitas etc.) saltou de 6.329 em 323 municípios para 13.151 em 734 cidades, segundo o IBGE.

Pés e pescoço de galinha

Levantamento do G1 mostra que, em São Paulo, estado mais rico do país, nos últimos 12 meses o preço do pescoço de frango subiu 15,79%, segundo a consultoria Safras e Mercados.

A carcaça temperada de frango subiu 45%, o dorso, 60%. Entre os suínos, a maior alta foi no espinhaço (23,91%), que é a “coluna” do porco, e na orelha (20%).

Ainda de acordo com a reportagem, a Rede Mais Açougues, com unidades em 10 estados, informou que as ‘carnes de ossos’ ficaram 100% mais caras entre o início da pandemia e agora.

O dono da rede diz que a venda de carnes de primeira, como a maminha, teve uma queda de 22%.

Por que o preço da carne subiu tanto?

Essa é a pergunta que muitos se fazem já que o  Brasil é um dos maiores produtores de carne.

A explicação é que a carne é uma commoditie, assim como o milho ou a seja, cujos preços são negociados em dólar. Com a alta da moeda americana, as commodities ficam mais caras e os produtores exportam em maior quantidade. A oferta interna da carne cai e os preços ficam cada vez menos acessíveis para a maioria das pessoas.

O que é comoddities?

São produtos de origem agropecuária ou de extração mineral, em estado bruto ou pequeno grau de industrialização, produzidos em larga escala e destinados ao comércio externo.

As principais commodities do Brasil são a soja, a cana-de-açúcar, o café, o minério de ferro, a carne bovina, o cacau e o alumínio.

 

 

 

Segundo especialistas, para atingir a imunidade de rebanho, a vacinação em massa, é preciso atingir entre 70% e 80% da população com o esquema vacinal completo

Publicado: 13 Outubro, 2021. Escrito por: Redação CUT

Foto: FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL

O Brasil ultrapassou a barreira de 100 milhões de pessoas completamente vacinadas contra a Covid-19, com as duas doses da AstraZeneca, CoronaVac ou Pfizzer ou a dose única da Jansen.

Nesta terça-feira (12), cerca de 100.322.894 pessoas tomaram a segunda dose do imunizante ou a dose única, o equivalente a 47% da população brasileira, e mais de 70% tomaram ao menos uma dose da vacina contra a Covid-19.

Mesmo que os números sejam otimistas, ainda falta muito para atingir a chamada imunidade de rebanho. Segundo especialistas, a imunidade de rebanho deve ser considerada quando a vacinação em massa chega a percentuais entre 70% e 80% da população com o esquema vacinal completo. Mesmo que esteja um pouco longe, existem alguns outros problemas relacionados à imunidade de rebanho, como as variantes e, por mais que as vacinas disponíveis mostrem efetividade contra elas, nenhum imunizante é completamente eficaz.

No total, 253.559.287 doses já foram aplicadas no país. Dessas, 3.326.505 correspondem à 3ª dose, que já está sendo aplicada em idosos em todos os estados.

São Paulo é o estado com o ritmo mais avançado de vacinação. Mais de 82,1% da população foi vacinada com a 1ª dose ou dose única.

Pará e Roraima têm os ritmos mais lentos: 52,7% dos habitantes receberam o imunizante.

São Paulo também é o estado com a maior proporção da população totalmente vacinada (61,1%).

O Amapá tem o menor percentual de totalmente vacinados (25,5%).

Mortes de idosos

O avanço da vacinação fez o total de mortes de despencar entre pessoas adultas e jovens nos últimos meses, no entanto, o percentual de mortes de idosos a partir de 70 anos voltou a ser maioria dos óbitos pela doença.

Em setembro, segundo dados UOL, 56,9% das mortes causadas pela Covid-19 foram de pessoas com 70 anos ou mais, média similar àquela antes da imunização.

O aumento no percentual de morte de idosos já era esperado por especialistas como um efeito prático da vacinação avançando em faixas etárias menores, que agora vem reduzindo o número de mortes em todas as idades.

Um dos pontos que explica esse percentual em alta é que, se eles foram os primeiros a serem vacinados, também são os que vão perder a “força” dos anticorpos primeiro, o que justifica a adoção da dose de reforço.

Em junho, quando apenas eles estavam com ciclo vacinal completo no país, idosos com mais de 70 ou mais representaram apenas 29% do total de óbitos.

Para a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabella Ballalai, quanto mais os jovens se vacinarem, mais idosos devem ser salvos da Covid-19.

“A vacinação dos jovens ajuda a diminuir a circulação do vírus. Nenhuma vacina é 100%, por isso a gente fala de proteção coletiva. Com a maioria vacinada, as pessoas imunizadas vão proteger aquelas que não ficaram protegidas”, disse ao UOL.

Para ela, parte das mortes dos idosos pode ser explicada porque há um número de pessoas que não tomaram ou deixaram de receber a segunda dose da vacina.

Dados da pandemia

O Brasil registrou mais 185 mortes e 7.359 novos casos de Covid-19 em 24 horas, segundo dados publicados nesta terça-feira (12) pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

É o segundo menor número diário de óbitos em 2021, atrás das 182 mortes pela doença registradas em 24 horas divulgadas último domingo (10), e em 6 de setembro.

Já a média móvel de óbitos ficou em 367, apresentando redução em comparação com a última terça-feira (5), que registrou 483 vítimas na média de 7 dias. Ao todo, o país acumula 601.398 mortes pela doença e 21.590.097 pessoas infectadas.

Menor número de internados

O estado de São Paulo registrou, no fim de semana, 4,23 mil pessoas internadas por Covid-19, segundo boletim diário divulgado pelo governo.

De acordo com o balanço, o número é o menor desde 5 de abril de 2020, ou seja, o menor dos últimos 18 meses. O indicador também ficou sete vezes menor que o reportado no pico da segunda onda da pandemia, que ultrapassou 31 mil pacientes com a doença.

Do total de hospitalizados, 2.045 estavam ontem em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e 2.185 em enfermaria. A taxa de ocupação de leitos de UTI era de 38,7% na região da Grande São Paulo e 31,2% no estado.