Servidores públicos federais, que amargam arrocho salarial enquanto veem aumentos de militares explodindo no governo Bolsonaro, farão ato em Brasília, nesta terça (31) por 19,99% de aumento

Enquanto os servidores públicos federais amargam arrocho salarial, com reajuste zero no governo de Jair Bolsonaro (PL), os militares foram agraciados com 76% de reajuste que serão pagos até 2023, fora inúmeros benefícios.

A desigualdade no tratamento dos civis em relação aos militares, estimulou a categoria a lançar mais uma ofensiva para conseguir um reajuste de 19,99% em seus salários, congelados há quatro anos. Os servidores não aceitam o aceno do governo de reajuste de apenas 5% de reajuste, que ainda não está sequer confirmado.

Na manhã deste terça-feira (31), a partir das 9 horas da manhã, entre 1.000 e 1.500 servidores de diversos estados e de Brasília são esperados numa manifestação que será realizada ao lado do Bloco C, conhecido como “espaço do servidor”, em frente à Esplanada dos Ministérios em Brasília.

Em seguida, por volta das 10h eles seguirão em passeata até a Praça dos Três Poderes e às 14h estarão no auditório Nereu Ramos, da Câmara Federal para um ato que conta com o apoio de deputados do PT e demais parlamentares de oposição ao governo.

Além da falta de reajuste, a Confederação Nacional dos Servidores Públicos (Condsef), denuncia o desmonte do serviço público. Quando Bolsonaro assumiu a presidência da República, o Brasil tinha 675 mil servidores e hoje conta com apenas 501 mil – ou seja 174 mil a menos, o que prejudica o atendimento à população. É uma estratégia do governo para tentar ganhar a simpatia dos brasileiros revoltados com a queda na qualidade do atendimento na hora de entregar o serviço público ao mercado financeiro, como no caso do fim do Sistema Único de Saúde (SUS), defendido por militares.

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“O governo federal faz uma reforma silenciosa, ao não realizar concursos públicos e não oferecer reajustes que a categoria tem direito. A contrário, se preocupa apenas em dar reajustes aos militares, base de apoio de Bolsonaro”, denuncia Sergio Ronaldo da Silva, coordenador-geral do Condsef.

Além do reajuste, os militares têm outro benefício, desde abril do ano passado, que é o acúmulo de salários acima do teto de R$ 39 mil. Com isso, os militares, incluindo o próprio presidente Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão, podem receber até R$ 78,6 mil por mês. Somente os ministros militares receberam em média R$ 350 mil a mais do que ganhariam se o teto salarial fosse respeitado.

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“Todos esses anos os militares tiveram reajuste, mas em 2019, sob o governo Bolsonaro, com a reestruturação de carreira, e por terem ficado de fora da reforma da Previdência, eles ganharam muito mais do que qualquer servidor civil”, diz o coordenador-geral da Condsef.

As patentes mais baixas continuam, porém, sem receber o mesmo reajuste das altas patentes e devem ficar com os 5% assinalados pelo governo. Segundo Sérgio Ronaldo, os policiais da Polícia Federal (PF), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e os agentes penitenciários, também devem fazer uma manifestação em Brasília na quarta-feira (1º/6).

O governo Bolsonaro disse que colocaria o país no rumo, mas colocou no rumo da mamata, da boquinha pros amigos. O copo dessa turma só enche, nunca fica vazio- Sérgio Ronaldo da Silva

De acordo com o dirigente, diferentemente dos salários milionários dos militares, os servidores civis recebem em média R$ 4.000 de rendimento bruto mensal, e a desculpa do governo federal de que não pode dar o reajuste de 19,99% por não ter verba é uma mentira.

“Por lei o governo pode executar 50% da Renda Corrente Líquida (RCL), com pagamentos de salários de servidores, mas hoje está em apenas 27,5%. Ou seja, dinheiro tem, não tem é disposição para fazer garantir a lei”, diz Sérgio Ronaldo.

A RCL é a soma das receitas tributárias de um governo. São referentes a contribuições patrimoniais, industriais, agropecuárias e de serviços, deduzindo os valores das transferências constitucionais.

Os servidores públicos precisam conquistar o reajuste para recomporem suas rendas até a data limite de 2 de julho, por causa da lei eleitoral que prevê que o governo só pode conceder reajustes 90 dias antes das eleições. (DA CUT NACIONAL)

 

 

Dez instituições de ensino do Rio (entre elas a UFRJ) repudiaram em nota a proposta (PEC 206) de mensalidade em universidades públicas em trâmite na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal. A ideia é mais uma excrescência dos inimigos da educação pública e que diariamente conspiram contra o povo.

De acordo com a nota, “a aprovação dessa PEC aceleraria o desfinanciamento e a retirada do compromisso do Estado com a educação pública do Brasil, uma vez que as instituições públicas de ensino dependem de investimentos públicos para manutenção e existência”.

Ainda conforme a nota dos dirigentes das instituições, “as universidades públicas são instituições do Estado brasileiro responsáveis pela formação dos melhores profissionais do país, oriundos dos cursos de maior qualidade, conforme avaliação do MEC”.

E mais, diz a nota: “O pagamento de mensalidades seria um equívoco por vários motivos, dentre os quais: 1) a mensalidade não seria suficiente para garantir e manter o modelo de universidade que defendemos, com carreira dos servidores em dedicação exclusiva e laboratórios de pesquisa em pleno funcionamento; 2) o pagamento por parte dos estudantes geraria falta de isonomia nos bancos das universidades, o que seria péssimo para a democracia interna e fonte de injustiças”.

Além da UFRJ, assinam o documento a direção-geral do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ) e as reitorias do Colégio Pedro II, Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), Instituto Federal Fluminense (IFF), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

 

 

 

A posse pública da nova diretoria será no dia 14 de junho no auditório do Centro de Tecnologia (CT)

Uma rápida solenidade marcou a assinatura da ata e o termo de posse da nova direção do Sintufrj eleita para um mandato até 2025. Neuza Luzia assinou o documento pela direção que deixa o Sintufrj. O novo coordenador-geral Esteban Crescente representou os novos dirigentes da entidade.

O ato no Espaço Cultural do Sintufrj na manhã/tarde desta quarta-feira  (25) foi precedido da apresentação dos coordenadores que estão à frente do sindicato pelos próximos três anos aos funcionários – convidados para um café da manhã. Cada coordenador explicou suas motivações à frente de suas pastas.

No discurso de abertura, Esteban Crescente fez um rápido mergulho na conjuntura de inflação, que pune os trabalhadores, enquanto a concentração de renda aumenta no Brasil injusto.

DIRIGENTES COORDENADORES do Sintufrj se apresentam aos funcionários da entidade
ESTEBAN CRESCENTE assina termo de posse diante de Neuza Luzia, Noemi de Andrade, Dulcinéa Souza e Ivânia Severo

O dirigente destacou o papel dos sindicatos como o ambiente no qual a classe trabalhadora encontra a possibilidade de brigar por suas posições para a solução de seus problemas imediatos e buscar soluções coletivas na criação de um projeto coletivo.

A posse pública da nova diretoria será no dia 14 de junho no auditório do Centro de Tecnologia (CT) com toda a comunidade universitária convidada!

GALERIA – PRIMEIROS MOVIMENTOS

DIRETORES DO SINTUFRJ atualizam com advogados do escritório Rudi Cassel informações sobre as ações judiciais dos 26,06% (Plano Bresser), dos 26,05% (Plano Verão) e dos 28,86%.

De 3 a 5 de junho, os técnico-administrativos em educação realizam plenária nacional para deliberar sobre a greve da educação

Na próxima terça-feira, 31 de maio, o funcionalismo federal realiza o Dia Nacional de Luta em Brasília (DF), em convergência com a Campanha Salarial Unificada 2022. O movimento foi  construído pelo Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) e o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado (Fonacate).

Mantendo a pressão, os trabalhadores do serviço público irão para as ruas, mais uma vez, cobrar a abertura de negociações com o governo Bolsonaro, o reajuste salarial de 19,99%, a revogação da Emenda Constitucional (EC) 95/16 — do Teto dos Gastos — e o arquivamento da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/20, da contrarreforma Administrativa.

Roteiro 

Pela manhã, no dia 31 de maio, a concentração será no Espaço do Servidor que fica na Esplanada dos Ministérios. De lá, por volta das 10h, os servidores seguem em marcha até o Ministério da Economia, localizado no bloco P, e depois em direção ao Supremo Tribunal Federal (STF) articulados com os servidores da Justiça. 

À tarde, às 14h, ocorre uma audiência pública em defesa do serviço público no auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados. A atividade foi articulada pelos fóruns com a liderança da Minoria na Casa, que conquistou também a realização de uma audiência pública na Comissão de Trabalho, Administração e Serviços Públicos (CTAS) da Câmara, no dia 24 de maio para debater o reajuste. 

Nos dias 1º de junho, os servidores públicos intensificam a vigília em frente ao Ministério da Economia, e de 3 a 5, os técnico-administrativos das universidades federais se reúnem em plenária nacional para tratar da campanha salarial e da greve da educação.

 

Mobilização em defesa da Educação e do reajuste salarial *

Fasubra, Andes e Sinasefe, entidades que representam os técnico-administrativos das universidades federais, professores federais e técnicos das Instituições Federais de Ensino, em Reunião Ampliada Unificada da Educação, no dia 21 de maio, avaliaram a necessidade de construção de uma greve unificada e de uma pauta de reivindicações conjunta. O encontro reforçou também a necessidade de continuar a mobilização dos servidores públicos federais pelo reajuste salarial emergencial de 19,99%. 

A reunião definiu uma pauta unitária que será protocolada no MEC (Ministério da Educação) e apontou como encaminhamentos: solicitar reunião com o ministro da Educação e as entidades; participar de forma unificada do ato do Fonasefe no dia 31 de maio; organizar uma jornada de lutas para a primeira quinzena de junho e realizar reuniões com as entidades da educação federal (Andes, Sinasefe, DCEs e APGs) nos estados.

Unidade histórica

A direção da Fasubra avaliou que é histórico as entidades da educação retomarem o processo de realizar atividades conjuntas e que só unidos conseguirão derrotar o governo Bolsonaro, que tem na sua centralidade o desmonte da educação brasileira, o ataque ao ensino, o ataque à pesquisa e todo um processo preparatório para a reforma do estado brasileiro.

A Federação lembrou que embora já tenha posição de sua plenária desde dezembro 2021 sobre o tema, há um descompasso entre as entidades. E esclareceu que desde fevereiro apontava a necessidade da construção de uma greve unificada, no mínimo, da educação nas reuniões das entidades que compõem o Fonasefe. As demais entidades, no entanto, sempre apontaram dificuldades em construir a greve naquele período.

A Fasubra então, por entender que a derrota da política de desmonte do estado do governo Bolsonaro passa pela construção de uma greve unitária do segmento, manteve a posição de seguir o calendário unificado do Fórum dos SPF. E reforçou que mesmo o Sinasefe apontando a deflagração de sua greve no dia 16/5, o Andes ainda não conseguiu construir condições suficientes para apontar uma data conjunta.

A Fasubra destacou que apenas uma greve da Federação e do Sinasefe não mudará o quadro para derrotar o governo e conseguir a recomposição salarial. Na sua avaliação, a medida também colocará as entidades em situação desvantajosa frente aos ataques do governo.

Diante desse descompasso das entidades, a Plenária Nacional dos dias 3, 4 e 5 de junho cumprirá um papel importante para definir estratégias de atuação nos próximos meses. Os representantes das entidades da educação federal em reunião na semana passada em conjunto com as entidades do movimento estudantil acertaram a agenda de mobilização em junho e também discutiram ações coletivas de pressão junto ao MEC.

*  Texto Fasubra Sindical – Facebook

 

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 206/19, que prevê a cobrança de mensalidades das universidades públicas, foi retirada da pauta na terça-feira, 24 de maio, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados. Entidades da educação e do movimento estudantil, entre elas a Fasubra Sindical, protestaram no Congresso Nacional contra mais este ataque ao setor. 

A PEC é de autoria do deputado bolsonarista General Peternelli (União-SP) e tem como relator o deputado Kim Kataguiri (União-SP). O motivo da retirada de pauta foi que o relator informou que estava de licença médica, o que postergou a leitura do parecer. A CCJ vai analisar a admissibilidade do texto na próxima semana. 

A Fasubra, em sua página no Facebook, rechaçou a proposta e afirma que vai aumentar a mobilização em defesa do ensino superior público, gratuito e de qualidade. “É urgente pressionar os parlamentares para barrar e derrubar este ataque. Educação é um direito do povo. Querem acabar com a universidade pública e, assim, prejudicar milhões de brasileiros e brasileiras”, sustenta a Federação.

A deputada federal Maria do Rosário (PT/RS) protocolou solicitação para a realização de audiência pública para discutir detalhadamente a proposta. O pedido foi subscrito por outros deputados da oposição e foi aprovado. A Fasubra participará da audiência, ainda sem data definida. 

“Uma nova reunião está prevista para a próxima semana na CCJ. É importante seguirmos mobilizados pois, o que está em curso, é o início de uma agenda de privatização total do ensino superior no Brasil, muito bem explicitada no plano “Projeto Nação”, desavergonhadamente apresentada por militares integrantes do governo que planejam, entre outras coisas, o fim da gratuidade do SUS já em 2025. A intensão golpista jamais ficou tão evidente, uma vez que esse projeto desconsidera os demais poderes da República e simula o comando do poder nacional pelos militares até o ano de 2035. A sociedade civil precisa dar uma resposta política robusta, derrotando esse governo no 1º turno, para fazer forte contraponto à ousadia de desafiar nosso sistema democrático”, avalia João Paulo Ribeiro, o JP, dirigente da Fasubra.

(Foto: Twitter/@uneoficial)

Em janeiro de 2019, litro da gasolina custava, em média, R$ 4,27. Em abril deste ano, chegou a R$ 7,25. Já o litro do óleo diesel pulou de R$ 3,54 para R$ 6,73, aumento de 90% no mesmo período

 Publicado: 25 Maio, 2022 – 09h02 | Última modificação: 25 Maio, 2022 – 16h54 | Escrito por: Tiago Pereira, da RBA

AGÊNCIA PETROBRAS

Em três anos e quatro mês de governo Bolsonaro, o preço da gasolina aumentou cerca de 70% e o do óleo diesel, 90%. segundo dados de um levantamento divulgado pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) nessa terça-feira (24).

Em janeiro de 2019, quando o atual presidente assumiu, o litro da gasolina nos postos do país custava, em média, R$ 4,27. Em abril, chegou a R$ 7,25.

Já o litro do óleo diesel pulou de R$ 3,54 para R$ 6,73, aumento de 90% no mesmo período.

De acordo com especialistas do Ineep, a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), que a Petrobras adotou no final de 2016, é a principal responsável pela explosão dos preços dos combustíveis no Brasil.

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O economista Eduardo Costa Pinto destaca que, somente em 2021, a alta dos preços dos derivados respondeu por quase metade da inflação, que fechou o ano em 10,06%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Ele afirma que, com o PPI, a Petrobras vem estabelecendo os preços dos combustíveis no Brasil com o objetivo de obter o máximo de lucros possível. “É como se a Petrobras tivesse funcionando como um monopólio privado”, afirmou.

Nesse sentido, Costa Pinto classificou apenas como “bravata” as supostas investidas de Bolsonaro contra a escalada dos preços dos combustíveis. Isso vale tanto para as sucessivas trocas no comando da Petrobras, como também para as mudanças “paliativas” que o governo federal realizou nos impostos que recaem sobre o diesel e a gasolina.

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Se realmente quisesse, Bolsonaro poderia mudar a política de Preços da Petrobras. “Mas porque ele não faz? Pois, assim, ele sinaliza para o pessoal da grana que vai manter esse tipo de política que garantiu R$ 101 bilhões em dividendos no ano passado”, afirmou o economista.
Lucros obscenos

“Com o PPI, é como se a Petrobras estivesse importando tudo, sem produzir nada por aqui. Quando, na verdade, ela produz entre 75% e 80%, a depender do trimestre, de todos os derivados do país”, disse Costa Pinto, em webnário promovido pelo Ineep. Nesse sentido, ele estimou em cerca de US$ 46 o custo do barril de derivados produzidos pela Petrobras. Mas, no primeiro trimestre deste ano, esses mesmos derivados foram vendidos pela estatal a US$ 104 o barril.

Vem daí os “lucros obscenos” que a companhia distribui aos acionistas, enquanto o povo sofre com os impactos da inflação. “No ano passado, a Petrobras teve margem de lucro de 27%, enquanto a das grandes petroleiras foi de 8%”, comparou o economista.

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Somente em relação aos três primeiros meses deste ano, a companhia vai pagar R$ 48,5 bilhões aos acionistas. Desse total, apenas 38% ficam com a União. “O estado pode fazer o que com esse dinheiro? Nada. Ele tem que abater dívidas, por causa do Teto de Gastos”. O restante vai para o bolso dos investidores privados. Destes, 40% são estrangeiros.

Além de vontade, falta “articulação”

Carla Ferreira, também pesquisadora do Ineep, listou uma série de medidas “paliativas” que o governo Bolsonaro vem adotando para tentar conter a alta dos combustíveis. Em vez de abandonar o PPI, Bolsonaro resolveu mexer na tributação. Primeiro, no início do ano passado, zerou a alíquota do PIS/Cofins sobre o diesel. “O que a gente observa é que essa medida não chegou na bomba. Significaria uma redução de 33 centavos no preço final, mas de alguma forma foi engolida por outros aumentos”, disse a especialista.

Na sequência, Bolsonaro passou a culpar o ICMS, comprando briga com os governadores. “O que também foi equivocado, porque os percentuais do ICMS não eram alterados há alguns anos”, ela ressaltou. Diante dessa pressão, no final de 2021, os governadores, através do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação nos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz), resolveram congelar o preço de referência dos combustíveis sobre o qual recai o ICMS. “Se a gente observar a evolução dos preços, também não teve efetividade”.

Apostando no aumento da concorrência, o atual governo também privatizou a refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia. Trata-se de outro argumento “falacioso”, já que as refinarias foram estruturadas para atender a mercados regionais, e não competem entre si. “Essa medida também não se efetivou. O novo controlador da Rlam tem implementado reajustes, por vezes, superiores aos da Petrobras.”

Todas essas medidas fracassaram, segundo Carla, pela falta de articulação entre os vários atores que compõem a cadeia de preços. Além disso, seriam apenas “paliativas”, já que a escalada dos preços dos combustíveis está ligada fundamentalmente ao PPI. Ainda assim, a especialista afirma que Bolsonaro “se omite” em fazer a articulação política necessária para a resolução do problema, tentando, assim, se eximir das suas responsabilidades.

Assista ao webnário do Ineep

Instituto Sagres, chefiado por oficiais da reserva, recebeu verba de estatal do governo federal para realizar evento, revela BdF. Codevasf é chefiada pelo Centrão de Arthur Lira e Ciro Nogueira

 Publicado: 25 Maio, 2022 – 10h47 | Última modificação: 25 Maio, 2022 – 16h57 | Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

REPRODUÇÃO

Instituto Sagres, uma das organizações militares que ajudaram a elaborar o chamado Projeto de Nação que defende o fim do Sistema Único de Saúde (SUS) e das universidades públicas, pressupondo a permanência dos militares no poder até 2035, recebeu R$ 170 mil da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), em junho de 2021, revela o repórter Paulo Motoryn, do Brasil de Fato.

Militares propõem fim da gratuidade no atendimento do SUS e do ensino superior a partir de 2025 

A Codevasf, que aparece em mais essa ação entre amigos, é presidida por Marcelo Moreira Pinto. Ele foi indicado para o cargo pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP) e pelo ministro-chefe da Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro (PL), Ciro Nogueira (PP-PI), líderes do Centrão.

Desde que foi ocupada pelo Centrão, a Codevasf se envolveu em vária denúncias de corrupção, entre elas, a venda superfaturada de veículos compactadores de lixo, a compra de kits robótica para escolas sem internet e sem água de Alagoas e o #BolsolãoDoAsfalto – uma construtora com sede em Imperatriz (MA) ganhou todas as licitações, inclusive em estados onde não atuava, concorrendo sozinha ou com empresas de fachada registrada em nome do irmão dos sócios.

De acordo com a reportagem do BdF, o Instituto Sagres, que formalmente é uma empresa chamada Sagres – Política e Gestão Estratégica Aplicadas, recebeu os R$ 170 mil do Executivo em duas ordens de pagamento diferentes, uma de R$ 161,5 mil e outra de R$ 8,5 mil.

Vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, então chefiado pelo ex-ministro Rogério Marinho (PL), que se exonerou do cargo para ser candidato ao Senado pelo Rio Grande do Norte, a Codevasf enquadrou o gasto como apoio ao “desenvolvimento sustentável local integrado”. Marinho também foi ciitado no Bolsolão do Asfalto.

Ainda segundo a reportagem, de acordo com a descrição que consta no Portal da Transparência, a Codevasf repassou a verba ao Instituto Sagres como patrocínio pela realização do Fórum de Desenvolvimento do Semiárido, uma iniciativa em parceria com a Frente Parlamentar Mista em Prol do Semiárido. O evento foi realizado em Mossoró (RN) em dezembro de 2020, com a participação do vice-presidente Hamilton Mourão.

A organização do evento foi delegada ao instituto pelo deputado federal General Girão (PL-SP), coordenador da Frente Parlamentar Mista em Prol do Semiárido, criada em maio de 2019. O Sagres é presidido pelo general-de-divisão Raul José de Abreu Sturari, reformado em 2003. De fevereiro de 2019 a abril de 2021, ele foi secretário parlamentar na Câmara, justamente no gabinete de Girão.

Leia aqui a íntegra da reportagem do Brasil de Fato.

 

Petista teve oscilação positiva de 1 ponto percentual na pesquisa; entre evangélicos, alta de Lula foi de 8 pontos

Paulo Motoryn | Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Ex-presidente durante a entrevista à Rádio Mais Brasil News, transmitida para Brasília (DF) e Manaus (AM), na terça-feira (24) – Ricardo Stuckert

O cenário da corrida eleitoral pelo Palácio do Planalto tem sinais de estabilidade, de acordo com nova pesquisa PoderData divulgada nesta quarta-feira (25). O levantamento aponta que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a corrida eleitoral no primeiro com folga.

O petista figura com 43% das intenções de voto contra 35% de Jair Bolsonaro (PL). Na sequência, aparecem Ciro Gomes (PDT), com 5%, André Janones (Avante), com 3%, e Simone Tebet (MDB), com 2%.

O ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) foi mantido no estudo porque só desistiu de concorrer na segunda-feira (23). O anúncio, porém, já foi suficiente para o tucano cair para 1% nas intenções de voto (ele pontuava de 2% a 4% em levantamentos anteriores). O efeito geral na corrida eleitoral foi pequeno.

Leia o resultado:

Evangélicos: Lula diminui diferença

A nova rodada da pesquisa PoderData mostra que também que Bolsonaro ainda lidera entre os evangélicos, mas viu a sua vantagem para o ex-presidente Lula diminuir para 13 pontos percentuais.

De acordo com o levantamento, o ex-capitão soma 46% das intenções de voto no segmento para o primeiro turno das eleições de 2022. Já o petista tem 33%. Na pesquisa anterior, realizada de 8 a 10 de maio, Bolsonaro aparecia com 52% entre os evangélicos.

Segundo turno: Lula lidera com folga

O levantamento aponta Lula tem uma vantagem de 11 pontos percentuais sobre Bolsonaro no segundo turno. O petista soma 50% das intenções de voto contra 39% de Bolsonaro. Na pesquisa anterior, realizada entre os dias 10 e 12 de maio, Lula aparecia com 49% e Bolsonaro, 38%.

Em levantamentos do PoderData, Lula já esteve 25 pontos à frente do atual presidente. Os índices foram registrados no final de agosto e início de setembro de 2021. A menor diferença entre os favoritos da eleição ocorreu no último mês, e foi de 9 pontos.

A pesquisa foi realizada pelo PoderData. Os dados foram coletados de 22 a 24 de maio de 2022, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 3.000 entrevistas em 301 municípios nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95%. O registro no TSE é BR-05638/2022.

Edição: Rodrigo Chagas

 

Chacina resultante da ação policial foi a terceira mais letal da história recente da região metropolitana da capital fluminense

 

Operação na favela Vila Cruzeiro (Foto: Reprodução/Reuters)

O Ministério Público do Rio (MPRJ) deu um prazo de dez dias para que o Batalhão de Operações Especiais (Bope) encaminhe os dados da averiguação sumária da operação policial que resultou na chacina de ao menos 25 pessoas na Vila Cruzeiro na terça-feira (24).

De acordo com O Globo, o prazo consta do procedimento instaurado pela 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada para investigar o caso, que teve agentes da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) envolvidos na operação.

“Pelo procedimento do MP, o comando do Bope terá de ouvir todos os policiais militares envolvidos e indicar os agentes responsáveis pelas mortes, além de esclarecer se foram lícitas as ações da polícia que terminaram em mortes na favela. A Promotoria enviou ofício ao Ministério Público Federal (MPF) para que tome as medidas cabíveis em relação aos agentes federais envolvidos na operação”, diz a reportagem.

O MP também pediu informações sobre os inquéritos relacionados à ocorrência abertos pelo Departamento-Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil e recomendou à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) a apreensão e realização de perícias das armas dos policiais envolvidos na ação

Em nota, o Ministério Público Federal (MPF) informou que irá “apurar as condutas, eventuais violações a dispositivos legais, as participações e responsabilidades individualizadas de agentes policiais federais” durante a operação.

 

Terra Indígena foi criada para interromper massacres, mas garimpeiros voltaram com mais força sob Bolsonaro

Murilo Pajolla | Brasil de Fato | Lábrea (AM) | 
“Garimpeiros estão desenterrando as máquinas enterradas na década de 90”, diz Maurício Yekuana (em destaque) – Reprodução/Instituto Socioambiental

Há aproximadamente três décadas, a liderança mais influente dos Yanomami, Davi Kopenawa, encontrava pela primeira vez um grupo de garimpeiros nas terras ancestralmente ocupadas por seu povo. Pintados de preto dos pés à cabeça, os guerreiros indígenas tentavam expulsá-los pacificamente. “Queremos convencê-los com nossas palavras, não com nossas flechas”, disse o jovem aos invasores. O trecho do livro “A queda do céu”, escrito por Davi e o antropólogo francês Bruce Albert, retrata o começo de uma guerra que não terminou, nem mesmo após a demarcação da Terra Indígena (TI) Yanomami ter sido homologada pelo então presidente Fernando Collor de Mello em 25 de maio de 1992.

Com a homologação, o maior território indígena do Brasil passava para as mãos da União. A Constituição garantia aos habitantes originários o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos. Mas faltou combinar com os garimpeiros. Eles haviam sido atraídos pela própria Funai, sob a gestão de Romero Jucá (1986-88), que abriu as terras dos Yanomami à exploração da madeira e do ouro. Sucessivas operações repressivas conseguiram expulsar os invasores, mas só temporariamente.

:: 30 anos da TI Yanomami: “Que nossa luta contra o garimpo seja exemplo para futuras gerações” ::

Hoje, com Jair Bolsonaro (PL) no poder, eles voltam à TI Yanomami com força total. Desta vez, amparados pelo governo federal. “Como diz o Davi [Kopenawa], a gente está na mira da cobra grande. Nós conquistamos um espaço, o direito dos povos indígenas. E hoje a cobra grande está nascendo, cresceu e agora está tentando engolir o que nós conquistamos. Está colocando tudo na barriga dela”, diz Maurício Yekuana, diretor da Hutukara Associação Yanomami, principal organização do povo.

Assista abaixo a primeira das duas partes da reportagem em vídeo:

Políticos e empresários contra a demarcação

Evidências científicas indicam que os Yanomami vieram da Ásia, pelo estreito de Bering, há cerca de 15 mil anos. Eles decidiram morar onde os colonizadores estabeleceriam, milênios depois, a fronteira entre Brasil e Venezuela. Os primeiros contatos com não indígenas foram há mais de 200 anos, mas tudo mudou rapidamente a partir de 1940. Foi quando chegaram os missionários, os colonos, as doenças e as bebidas alcoólicas. Na década de 1980, mais massacres, dessa vez por causa do garimpo ilegal. Pressões internacionais e dos movimentos indígena e indigenista deixaram o governo sem alternativa, a não ser a proteção dos povos.

Quando foi apresentado a Collor, Davi Yanomami relata ter pedido a expulsão imediata dos mineradores ilegais. “São numerosos demais. Não tenho nem aviões nem helicópteros suficientes para tanto! Não tenho dinheiro!”, respondeu o presidente, segundo narra o líder Yanomami em “A Queda do Céu”. Davi não acreditou: “Eu trazia em mim a revolta de minha floresta destruída e de meus parentes mortos. Retruquei que com aquelas palavras tortas ele só queria nos enganar e deixar que nossa terra fosse invadida”.

O então presidente da Funai, Sydney Possuelo, relembra que no período foram demarcadas 166 novas terras indígenas. “Porém a primeira e a que mais teve custo de luta pessoal foi a Yanomami. Porque, além de pegar dois estados, Roraima e Amazonas, ela ficava na fronteira com outro país. Então já havia nisso uma certa dificuldade, pois seria a primeira terra a ser definida onde os militares diziam que era área de segurança nacional”, afirma.

:: Governo boicotou fiscalização contra garimpo em terras Yanomami, diz entidade de servidores ::

Entre os não indígenas, Possuelo foi um dos principais articuladores da demarcação. Ele recorda as muitas pressões contrárias, de elites políticas locais e nacionais, além das Forças Armadas, principalmente o Exército. Enquanto isso, os Yanomami tentavam repelir o que, até então, era o maior ataque de garimpeiros já sofrido pelo povo. Os invasores, representados por políticos e empresários poderosos, eram estimados em 40 mil.

“Ainda assim havia uma situação muito clara na política contrária à demarcação. Manifestações de garimpeiros dentro de Roraima e do próprio Romero Jucá. Enfim, quase todos se mostraram contra. Tinham aliados deles no Exército e outras forças da sociedade de Roraima não queriam a demarcação”, afirma o ex-presidente da Funai.

O então presidente Fernando Collor aperta a mão de Davi Yanomami durante cerimônia de homologação da TI Yanomami / Reprodução/Funai

Sob Bolsonaro, garimpo continua de onde parou

Para os Yanomami, o garimpo ainda é sinônimo de morte, fome, doenças e exploração sexual. Segundo a Hutukara Associaçao Yanomami, a praga já se espalhou por metade das comunidades. A entidade divulga frequentemente denúncias de crimes cada vez mais cruéis contra os indígenas.

Dominadas pela lógica mercantil do garimpo, as comunidades deixam de cultivar os próprios roçados, e passam a viver do pouco recurso obtido com a atividade ilegal. Com isso, alienam-se da sua própria cultura para ocupar uma posição subalterna no universo do garimpo. Em 2021, mais de 100 indígenas morreram direta ou indiretamente por causa da mineração ilegal, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT). O relatório “Yanomami sob ataque“, da Hutukara, aponta a maior invasão garimpeira da história do território.

Assista abaixo a parte final da reportagem em vídeo:

“Nos anos 80 e início de 90 teve aquela corrida do ouro na terra Yanomami. E nós estamos voltando para esse tempo. Por quê? Está tendo aumento na quantidade de garimpeiros. Está tendo interesse dos empresários, que vendem maquinário na cidade. Empresários que lucram muito com isso. Políticos partidários crescendo o olho e que financiam muito o garimpo”, constata Maurício Yakuana, da Hutukara.

O garimpo que hoje ameaça o território Yanomami, no entanto, não é o mesmo da época da demarcação. O potencial destrutivo da atividade aumentou. Mais moderno, o maquinário eleva a produtividade da devastação. Pontos de internet facilitam a comunicação entre os invasores. Segundo Yakuana, eles conseguem saber com antecedência sobre operações da Polícia Federal e do Ibama. Difícil de combater, por causa da lucratividade estratosférica, o garimpo está continuando de onde parou na década de 80.

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“Na época os garimpeiros enterraram muitos maquinários pesados, coberto pela lona. E eles estão recuperando isso, quer dizer, levam as peças pequenas e restauram [as máquinas desenterradas]. Muitos pilotos aposentados foram atraídos para ganhar muito dinheiro Eles têm muita experiência de pousar onde tem uma pista pequena e levar muita carga. Dizem que a oferta para o piloto é de R$ 150 mil por mês”, revela Maurício Yekuana.

Possuelo não hesita em dizer que a situação atual é “pior do que anteriormente”. “O que acontece hoje é a mesma coisa de antes, só que mais vultosa. Naquela época, a presidência da república, o governo e todos nós estávamos empenhados em acabar com o garimpo. Vamos delimitar, demarcar e tirar esses garimpeiros. Hoje é exatamente ao contrário. A invasão nasce de uma ação do governo federal e encontra respaldo na sociedade local, nas prefeituras e nos estados”, atesta o indigenista.

Culturas ancestrais resistem

Mesmo sob intenso ataque, as ricas e diversas práticas ancestrais florescem na TI Yanomami. Onde não há garimpo, os indígenas mantêm danças tradicionais, cerimônias da roça e de inauguração das casas. Permanece a prática de caçar, pescar e coletar frutos. Ritos que passam despercebidos em meio ao noticiário que anuncia o fim desses modos de vida.

Além dos Yanomami, o território é habitado pelos Yekuana, um povo especialista na construção de canoas. Eles fazem diálogos cerimoniais e ouvem a experiência dos mais velhos. É assim que Maurício, a jovem liderança Yekuana, quer ver seus parentes nos próximos 30 anos.

“Que a vida do nosso povo seja mais tranquila, os projetos bem executados, a saúde melhore. Que sejam feitas infraestruturas de postos de saúde. E que não tenha mais contaminações dos rios. Que a natureza também se recupere e que nós tenhamos um projeto de recuperar as áreas degradadas. Espero que a nossa terra continue nos próximos 30 anos”, projeta Maurício Yekuana.

Edição: Rodrigo Durão Coelho