Paralisação no dia 18 de maio com realização de assembleias simultâneas nos campi do Fundão, Praia Vermelha e Macaé foi decidido pela categoria presente na assembleia-ato no salão nobre do IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais), em 28 de abril. Com essa agenda, tem início uma nova etapa da luta pela recomposição emergencial salarial de 19,99%, que inclui a construção de uma greve, além de mobilizar para o enfrentamento da pauta interna na UFRJ.

Os técnico-administrativos também decidiram pela criação de uma comissão com participação da atual direção do Sintufrj e dos eleitos para a nova gestão, e de servidores da base da categoria. Objetivo: definir prioridades da pauta interna a ser negociada com a Reitoria.

A comissão deverá pôr em discussão nas reuniões por local de trabalho, os pontos da campanha salarial unificada e as questões internas da universidade. O fortalecimento pelo #forabolsonaro continuará como agenda constante.

Luta salarial e interna

A luta salarial foi o foco da assembleia-ato, que foi marcada pelo  consenso entre as forças que atuam no movimento dos trabalhadores na universidade. A mesa que conduziu a reunião foi formada pelos coordenadores atuais do Sintufrj, Neuza Luzia e Jessé Mendes, pelo coordenador da diretoria que assume em 25 de maio, Esteban Crescente, e pela representante da Fasubra, Val Ribeiro.

Em relação à pauta interna, foram listados a resistência a adesão à Ebserh, ponto eletrônico, implantação do trabalho externo,  condições adequadas para o retorno em segurança e melhoria das condições de infraestrutura da universidade.

Unidade

A primeira assembleia-geral dos servidores da UFRJ após a eleição da nova direção transcorreu num clima de unidade, visando o fortalecimento da luta do funcionalismo pela recomposição salarial e com vistas a greve, a mobilização da base  nos seus locais de trabalho e ao avanço da campanha Fora Bolsonaro!

Quem quiser mudar o nome social para incluir novo nome no título ou resolver pendências eleitorais, também tem até o dia 4 acessar o site do TSE e resolver tudo sem sair de casa. Confira como

Termina nesta quarta-feira (4), o prazo para os jovens entre 16 e 17 anos no dia 2 de outubro emitirem o primeiro título de eleitor. Este também é o prazo  para os que já têm o documento e precisam transferir domicílio eleitoral, regularizar o título pagando multas eleitorais atrasadas, solicitar a revisão de dados no caso de título cancelados e mudar ou incluir o nome social no título de eleitor – no caso de pessoas transsexuais e travestis.

Esse é o prazo legal para que a Justiça Eleitoral conclua o cadastro de todo o eleitorado apto a votar este ano para escolher o presidente da República, governadores, senadores e deputados federais e estaduais (distritais, no caso do Distrito Federal).

Todo o procedimento para tirar o 1º título ou regularizar o que já tem pode ser realizado inteiramente online, sem a necessidade de sair de casa, por meio do Atendimento Online ao eleitor.

Jovens eleitores

Para os jovens que terão entre 16 e 17 anos no dia 2 de outubro, data do primeiro turno, o voto é facultativo. A partir dos 18 anos, torna-se obrigatório.

Aqueles que tiverem o documento em mãos poderão votar nas eleições deste ano, marcadas para 2 e 30 de outubro – primeiro e eventual segundo turno, respectivamente no caso de presidente e governadores.

Como emitir o título de eleitor?

Para tirar seu título de eleitor, o primeiro passo é digitalizar os seguintes documentos:

  • Documento oficial de identidade com foto (frente e verso).
  • Comprovante de residência recente (no caso de transferência, prazo mínimo de três meses de residência no novo endereço).
  • Comprovante de pagamento de débito com a Justiça Eleitoral (quando houver débito).
  • Comprovante de quitação do serviço militar, para o alistamento, sendo o requerente do sexo masculino (para homens com 19 anos que ainda não tenham título eleitoral)

Feito issoacesse a página do Título Net e clique no link iniciar seu atendimento a distancia.

Veja o vídeo do passo a passo.

No site, o interessado primeiro deve informar a unidade federativa (UF) em que reside. Feito isso, a página irá direcioná-lo ao preenchimento de alguns dados, como nome dos pais e data de nascimento. Nessa etapa, é necessário escolher a opção “Não tenho” na caixa “Título de eleitor”.

Depois, o sistema irá pedir mais dados e o envio de documento oficial com foto e comprovante de residência.

É necessário anexar pelo menos quatro fotos ao requerimento para comprovação da identidade. A primeira é uma selfie segurando um documento oficial de identificação.

Os dados informados serão analisados pela Justiça Eleitoral. O requerimento poderá ser acompanhado pela guia “Acompanhar Requerimento” ao informar o número do protocolo gerado na solicitação do documento.

Quem não emitir o documento até 4 de maio poderá solicitar o título somente após as eleições. O prazo é o mesmo para a transferência de local de votação e a atualização de dados pessoais.

Quem tem mais de 18 anos e for tirar o 1º título tem de apresentar comprovante de pagamento de débito com a Justiça Eleitoral, se tiver; e comprovante de quitação do serviço militar no caso dos homens.

Como transferir o título?

O passo a passo é o seguinte: Antes de iniciar o atendimento a distância, além de digitalizar ou tirar fotografia da documentação necessária (frente e verso, quando for o caso) para a transferência de domicílio eleitoral, é preciso anexar ao requerimento uma selfie segurando, ao lado de sua face, o documento oficial de identificação com o lado da foto voltado para a câmera.

É proibida a utilização de qualquer adereço, vestimenta ou aparato que impossibilite a completa visão de sua face, tais como óculos, bonés, gorros, entre outros.

Para a transferência (mudança de domicílio eleitoral), é preciso apresentar, além do documento oficial de identidade com fotografia, um comprovante de domicílio eleitoral (um ou mais documentos que comprovem a existência, pelo tempo mínimo de 3 meses, de vínculo residencial, afetivo, familiar, profissional, comunitário ou de outra natureza, com o município escolhido pela pessoa para exercer seus direitos políticos.

 

Acesse a página do Título Net e clique no link iniciar seu atendimento a distancia.

Na página do TSE tem o passo a passo em textos e vídeos expllicando o que fazer em cada uma das situações.

Outros serviços via internet

Por meio da internet também é possível pagar multas eleitorais atrasadas e solicitar a revisão de dados no caso de título cancelados. De acordo com a Justiça Eleitoral, mais de 6 milhões de títulos foram cancelados de 2018 a 2021.

Isso pode acontecer, por exemplo, quando o eleitor não comparece à votação nem justifica a ausência por três eleições consecutivas, apesar de se enquadrar nos critérios de obrigatoriedade do voto.

Onde verificar e resolver pendências?

Para verificar e resolver pendências relativas ao título, o eleitor deverá ter em mãos documentos como cadastro de pessoa física. Em alguns casos é necessário tirar fotos de rosto e de documentos, entre eles RG e comprovante de residência, para solicitar determinados procedimentos. Todas as informações estão disponíveis no portal da Justiça Eleitoral.

Cadastro biométrico  

O cadastro biométrico continua suspenso pelo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por causa da  pandemia de Covid-19. A utilização da identificação biométrica, no entanto, não está descartada para aqueles que já realizaram o cadastro. A decisão dependerá da evolução da pandemia no Brasil ao longo do ano.

O que acontece com quem teve o título cancelado?

Como a coleta de biometria foi suspensa, mesmo quem teve o título cancelado por ter faltado à revisão do eleitorado e à coleta de biometria em seu estado poderá votar normalmente em outubro.

Dias de votação

No dia da votação, serão aceitos os seguintes documentos oficiais com foto para comprovar a identidade: e-Título; carteira de identidade, identidade social, passaporte, certificado de reservista, carteira de trabalho e carteira nacional de habilitação.

Outras datas

Mudar local de votação

Eleitores com algum tipo de deficiência ou mobilidade reduzida que queiram mudar o local da votação devem fazer o pedido entre os dias 18 de julho e 18 de agosto no cartório eleitoral.

Mesários

Entre os dias 5 de julho e 3 de agosto, os juízes eleitorais irão nomear os eleitores que serão mesários.

Voto em trânsito

As regras para o voto em trânsito serão publicadas até 3 de agosto. O voto em trânsito é permitido para cidadãos que estejam no território nacional, mas fora do domicílio eleitoral.

O eleitor deve solicitar o voto indicando em qual município estará no dia do pleito, com até dois meses de antecedência.

Aqueles que estiverem fora do estado poderão votar, no entanto, somente para presidente da República. Já aqueles que se encontram somente fora do município, mas ainda dentro do estado, poderão votar para todos os mandatos.

Em faixas, cartazes o que mais teve foi pedido pelo fim do governo Bolsonaro – e que leve Guedes junto, pediu o povo no Rio 

Milhares de trabalhadores e trabalhadoras foram às ruas do país neste domingo (1º) protestar contra o desemprego, a fome, a miséria, a inflação e o arrocho salarial. Os discursos foram unânimes em todas as cidades: é preciso dar um basta no governo de Jair Bolsonaro (PL), responsável por todas as tragédias do povo e se unir para impedir sua reeleição, cada vez mais difÍcil segundo as pesquisas de intenção de votos que colocam o ex-presidente Lula na liderança pela presidência da República nas eleições de outubro deste ano.

Teve reivindicação por emprego decente, protesto contra corrupção no Ministério da Educação (MEC) e pelo pagamento do reajuste do piso do magistério de 33,24% em estados como Minas Gerais, onde o governador Romeu Zema (Novo) não quer pagar nem negociar com os professores e professoras. Teve ainda reivindicação pela aprovação do PL da Enfermagem que está tramitando no Congresso Nacional há dois anos e muitas outras pautas e críticas a miséria em que o povo foi jogado desde o golpe de 2016 que destituiu a presidenta Dilma Rousseff (PT).

Tudo aumentou. A gente sente no bolso e as estatísticas confirmam. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo, divulgou, em 27 de abril, a prévia da inflação daquele mês, que acelerou para 1,73%, a maior variação mensal do indicador desde fevereiro de 2003 (2,19%). Também foi a maior para um mês de abril desde 1995 (1,95%). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos 15 primeiros dias de abril foi de 4,31%.

Resultado influenciado, principalmente, pelo aumento no preço da gasolina (7,51%), reflexo do reajuste no preço médio do combustível nas refinarias, e por pressões inflacionárias por causa da alta do petróleo no mercado internacional, em consequência do choque de oferta provocado pela guerra na Ucrânia. O preço dos alimentos também está à mercê das variações internacionais.

Efeitos evitáveis

A população sempre sofre os efeitos de qualquer política econômica, para o bem ou para o mal, afirma o professor do Instituto de Economia (IE) da UFRJ João Sicsú. Porém, segundo ele, embora haja uma inflação internacional do petróleo e dos alimentos, o Brasil poderia se defender com políticas internas que garantissem certa autonomia diante dessa inflação internacional. Só que o governo foi no sentido oposto.

Sicsú foi diretor de Políticas e Estudos Macroeconômicos do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), entre 2007 e 2011, e integra o Observatório do Banco Central, grupo de pesquisa sediado no Instituto de Economia da UFRJ.

Inflação generalizada

“Os preços atuais dos alimentos e combustíveis são a origem de uma inflação que a gente está vivendo agora”, observa o especialista. Mas na verdade, explica, “está havendo elevação de quase todos os preços da economia simplesmente porque os combustíveis e os alimentos contaminam todo o resto da economia na cadeia de preços. É uma inflação generalizada”.

O que fazer

De acordo com Sicsú, seria preciso, por exemplo, que a Petrobras tivesse uma política de acompanhamento e controle dos preços dos combustíveis para evitar que a cada aumento do petróleo no mercado internacional a gasolina e seus derivados subissem também no Brasil.

Já no caso dos alimentos, seria preciso mudar completamente a política econômica do governo para que o país voltasse a ter estoques reguladores de alimentos. De forma que, quando o preço começasse a subir, disponibilizasse o estoque, e quando o preço caísse, voltasse a fazer o estoque. Com preços internacionalizados, portanto, são necessárias políticas para garantir a autonomia nacional.

No entanto, diz o especialista, o governo Bolsonaro fez o caminho contrário ao vincular totalmente o preço da gasolina às variações internacionais do petróleo e abandonar a ideia de estoques reguladores.

“Sem estoques reguladores é impossível manter preços de alimentos estáveis. O Brasil poderia se defender, ainda que não totalmente, dessa variação. Mas está totalmente conectado às variações internacionais de preços, com todos os prejuízos que esta política pode trazer”, afirma Sicsú.

Aumento de juros

só enfraquece

A política do Banco Central de aumento de juros para conter preços não é eficaz, avalia Sicsú, e leva sempre a um enfraquecimento da economia: “Eu penso que o combate à inflação não se faz com (ou através da) elevação de juros, porque isso causa um efeito direto sobre o lado real da economia – ‘leva a uma contração na produção e no investimento (do produto)’, explica –. Exemplo, se uma empresa só consegue produzir mais se tomar empréstimo, os produtos se tornam mais caros.”

Ele acha estranho alguém dizer que se eleva juros para conter inflação. “A gente viu que as principais fontes (do aumento do custo de vida) são o preço internacional do petróleo e dos alimentos. Como a elevação da taxa de juros pelo Banco Central do Brasil vai combater a elevação de preços? A maior parte dos alimentos está vindo com preço internacional. Então, não vejo como a política de juros pode combater a inflação”, frisa o professor.

Outra forma de

enfrentar a inflação

Se os juros altos impedem o desenvolvimento da economia real e não contêm a elevação de preços, é preciso conter a inflação de outra forma. A fórmula proposta por Sicsú é simples:

“Com uma política de geração de investimentos, de estímulo ao consumo e de geração de emprego. Porque é necessário que a gente tenha juros baixos para que a economia volte a ter estímulo para o crescimento.”

João Sicsú espera que daqui a dois anos (quando muda a direção do BC) se resolva de fato baixar a taxa de juros, aumentar a liquidez da economia e o investimento, trabalhando de forma coordenada com o Ministério da Fazenda (que este seja reorganizado), da Previdência e do Trabalho, com juros baixos, investimentos públicos e estímulos aos privados. “É disso que precisamos daqui para a frente. Mas será um caminho longo”, acredita o economista.

Para chegar lá, ele aponta que, primeiro, é preciso derrotar as políticas que levam à atual estagnação (da economia) e à inflação. “Depois temos que ter políticas no sentido oposto, que levem o Brasil ao desenvolvimento. Não só da economia, mas no sentido mais amplo da palavra”, conclui.

A eleição para nova diretoria e Conselho Fiscal do Sintufrj foi decidida em primeiro turno, depois de três dias de votação, e mais de 8 horas de apuração dos votos, numa maratona iniciada na noite de quarta-feira e que varou a madrugada e início da manhã desta quinta-feira, 21 de abril, feriado de Tiradentes. Três chapas disputaram o pleito e a vencedora foi a chapa 20. Veja a cobertura completa do sindicato no Facebook ou no canal da entidade no Youtube e leia a matéria Jornal do Sintufrj.

COMISSÃO ELEITORAL enfrentou jornada exaustiva de trabalho

 

Seguindo o calendário da UFRJ, a sede e subsedes voltam a funcionar a partir de segunda-feira, 25.

Medida anunciada pelo governo Bolsonaro, muda regras para trabalhadores, colocando vidas em risco e prejudica repasses de verbas a estados e municípios para enfrentamento à Covid-19

 Publicado: 20 Abril, 2022 – 07h00 | Última modificação: 20 Abril, 2022 – 07h46 | Escrito por: Andre Accarini | Editado por: Marize Muniz

TOMAS SILVA/AGÊNCIA BRASIL

 

 

Governo federal zera impostos para importação de veículos para turismo enquanto carga tributária cresce

Vinicius Konchinski | Brasil de Fato | Curitiba (PR) | 
Governo Bolsonaro corta imposto para bens de luxo e não cumpre promessa sobre IR no salário – Marcos Corrêa/PR/Divulgação

O presidente Jair Bolsonaro (PL) assumiu o governo em 2019 prometendo reduzir impostos. Sob sua gestão, no entanto, a carga tributária no Brasil cresceu e atingiu 33,9% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com relatório divulgado neste mês pelo Tesouro Nacional.

Mas a carga de impostos não aumentou para todos. Enquanto Bolsonaro entra no último ano de seu mandato presidencial sem cumprir sua promessa de corrigir a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), seu governo isentou nos últimos meses a importação de jet skis, veleiros, dirigíveis, planadores e balões.

O benefício tributário foi concedido para, em tese, fomentar o turismo no Brasil. Segundo especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato, porém, beneficia, na verdade, poucos cidadãos ricos, os quais deixam de pagar os impostos que deveriam e poderiam pagar.

“Quem pode comprar um veleiro não pode pagar o imposto? Claro que pode. Quem pode comprar um jet ski não pode pagar imposto? Claro que pode”, criticou Mauro Silva, presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco). “Isso é mais um privilégio tributário para quem já tem muito.”

“Isentar esse tipo de bens só vai beneficiar quem vai usar isso”, complementou a auditora da Receita Federal aposentada e diretora do Instituto Justiça Tributária (IJT), Clair Hickmann, defensora de uma ampla reforma dos impostos cobrados no Brasil.

Para Hickmann, o Brasil cobra impostos demais dos pobres e pouco dos ricos –exatamente o contrário do que é consenso sobre um sistema tributário justo e eficiente.

Ela lembrou que entregadores pagam Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) sobre as motos que usam no trabalho, por exemplo. Criticou o fato de um rico interessado em comprar um veleiro para passear hoje consiga importá-lo sem recolher tributos, graças ao governo Bolsonaro.

Turismo náutico

No caso da isenção para importação de veleiros, especificamente, ela foi concedida a pedido do Ministério do Turismo pelo Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex), em 17 de novembro de 2021. O comitê é vinculado ao Ministério da Economia. Todos seus membros são representantes do governo federal.

De acordo com a Economia, a isenção “tem o potencial de ampliar o uso dessas embarcações como ativos econômicos e instrumentos de trabalho, como no caso de charters náuticos e da condução de turismo de pesca”. Questionado se a isenção já surtiu algum efeito prático, nem a Economia nem o Turismo se pronunciaram.

Os ministérios também não se pronunciaram sobre a redução de 18% para 0% do imposto de importação sobre a compra de jet skis. A isenção foi definida em fevereiro e passou a valer em março. Também tem como objetivo declarado o incentivo ao turismo náutico.

A isenção para importação de dirigíveis, planadores, balões e outros itens aeronáuticos foi resultado de uma consulta pública realizada pela Camex, informou o Ministério da Economia. Segundo o órgão, na consulta, foram constatadas “evidências concretas de benefícios” a cadeias produtivas do setor. Só não informou quais.

Segundo Silva, da Unafisco, a falta de dados precisos sobre os supostos benefícios das isenções e seus impactos sobre a arrecadação foge aos padrões de transparência da administração pública. Ele explicou que a Lei de Responsabilidade Fiscal (101/2000) exige que governos calculem e compensem toda isenção concedida.

Segundo o Ministério da Economia, isso não foi feito nesses casos já que o imposto sobre importação tem natureza regulatória (extrafiscal). A lei não exige o cálculo para isenção desse tipo.

Silva reforçou que, enquanto uns deixam de pagar impostos, trabalhadores continuam contribuindo. Por isso, para ele, a isenção é injusta.

“Se o governo deixa de arrecadar dos mais ricos, vai arrecadar de quem? Do assalariado, da população que consome”, afirmou. “Então essa é uma medida alta que tem todas as características para ser considerada altamente injusta.”

Privilégios tributários

Cálculos da Unafisco estimam que o Brasil concederá, até o fim de 2022, R$ 367 bilhões em privilégios tributários só na esfera federal, sem levar em conta estados e municípios.

Segundo o órgão, a característica essencial desses privilégios é não trazer, na prática, retorno em desenvolvimento econômico –geração de emprego e renda, por exemplo. Os privilégios não contribuem, assim, para a redução das desigualdades.

Com esses recursos dos privilégios tributários, de acordo com a Unafisco, seria possível construir 23.743 escolas para 225 alunos cada ou 207.088 unidades básicas de saúde.

A Unafisco informou que o principal privilégio tributário em vigor no país é a isenção de impostos sobre lucros e dividendos. De acordo com o órgão, a Constituição prevê a taxação desses pagamentos, mas o Brasil abre mão de R$ 58,9 bilhões ao não fazê-lo.

Hickmann, da IJT, disse que só o Brasil e a Letônia não cobram impostos sobre os dividendos. Para ela, isso é uma das coisas que precisam mudar para que o país tenha um sistema tributário mais justo.

Segundo Hickmann, entretanto, o governo Bolsonaro não dá sinais de que esteja disposto a fazer isso. Alegando falta de recursos, continua cobrando imposto de renda sobre o salário de trabalhadores que ganham a partir de R$ 1.903 por mês. “Precisamos de uma reforma profunda e socialmente comprometida do sistema tributário”, afirmou ela.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

 

Levantamento aponta uso indevido de recursos da saúde pública para aviões e unidades militares no exterior

Paulo Motoryn | Brasil de Fato | Brasília (DF) | 
Muito além do Viagra: uso indevido de recursos do SUS pelos militares disparou com Bolsonaro, diz publicação do CNS – Marcos Corrêa/PR

O Ministério da Defesa gastou mais de R$ 150 milhões em verbas do Sistema Único de Saúde (SUS) com despesas que não estão ligadas à saúde pública, como o conserto de aviões e a compra de equipamentos para escritórios das Forças Armadas no exterior.

As informações constam em documento divulgado pela Comissão de Orçamento e Financiamento do Conselho Nacional de Saúde (CNS), em fevereiro deste ano. Na semana passada, o Brasil de Fato mostrou que o uso de recursos do SUS pela Defesa bateu recorde no governo de Jair Bolsonaro (PL).

O documento aponta gastos exorbitantes dos militares com o reparo de aeronaves. A Comissão Aeronáutica Brasileira em Washington, na capital dos Estados Unidos, gastou R$ 61 milhões com itens ligados ao conserto ou a suprimentos de aviação.

O Centro de Aquisições Específicas do Ministério da Defesa utilizou cerca de R$ 49 milhões do Ministério da Saúde com manutenção, reparo e combustível para aeronaves. A Comissão Aeronáutica Brasileira na Europa gastou R$ 25 milhões com o mesmo tipo de despesa.

Outro lado

A reportagem entrou em contato com o Ministério da Defesa e apontou os gastos “suspeitos” denunciados pelo comissão do CNS. O órgão acusou recebimento da demanda e perguntou para qual veículo seria a resposta. Depois que foi informado que era para o Brasil de Fato, não houve mais resposta do ministério.

Leia a lista dos gastos denunciados pelo CNS


Execução de despesas do Ministério da Saúde pelo Ministério da Defesa, segundo Conselho Nacional de Saúde / Conselho Nacional de Saúde

Boletim mostra explosão de gastos pela Defesa

O levantamento foi divulgado em uma publicação sobre a evolução dos gastos federais do SUS, produzida pelo CNS, órgão que reúne representantes da sociedade civil e do poder público. Clique aqui e faça o download da íntegra do boletim.

O estudo foi produzido por dois consultores técnicos da Comissão de Orçamento e Financiamento do CNS, os economistas Francisco Funcia, vice-presidente na Associação Brasileira de Economia da Saúde, e Rodrigo Benevides, mestre em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Os números levantados na plataforma SigaBrasil mostram a explosão de verbas do SUS para a Defesa. O órgão fica atrás apenas do Ministério da Educação, que conta com uma rede de hospitais universitários pelo país. No mesmo período, no entanto, houve queda nas verbas recebidas pelo MEC.

Em 2019, o valor anual de verbas do SUS direcionadas à saúde dos militares foi a R$ 350 milhões. Dois ano depois, em 2021, a cifra chegou a R$ 355 milhões, quebrando novamente o recorde da série histórica, de 2013 a 2021. O governo Bolsonaro dedicou, em média, R$ 325 milhões por ano ao Ministério da Defesa.

Na gestão da presidente Dilma Rousseff (PT), a média anual do uso de recursos do SUS pelos militares era de R$ 88 milhões, considerando o período analisado, de 2013 a 2015. Sob o comando de Michel Temer (MDB), o valor já havia dado um salto, com média de R$ 245,5 milhões anuais.

Leia a tabela com a comparação do orçamento de diferentes órgãos durante a pandemia:


Comparativo de gastos de recursos da saúde, por órgão / Conselho Nacional de Saúde

“Isso nos remete à necessidade de auditoria”

Um dos autores do estudo, Francisco Funcia apontou, em entrevista ao Brasil de Fato, que o CNS enxerga com preocupação o uso de recursos da saúde de forma indevida pelos militares desde fevereiro, quando o boletim foi publicado pela comissão de orçamento do órgão.

De acordo com Funcia, o documento precede a análise do relatório anual de gestão do Ministério da Saúde, entregue ao CNS no final de março, e que deve embasar pedidos de auditoria e o encaminhamento de denúncias mais concretas para os órgãos de controle.

“Nós já havíamos levantado no boletim que há uma série de despesas que são consideradas como ações de serviços públicos de saúde, definidas pela Lei Complementar 141, que são considerados aqueles serviços de acesso universal, sem clientela fechada ou específica, que estão sendo computadas para o cálculo da aplicação mínima federal em saúde, mas que precisam ser questionados, precisam ser objeto de auditoria do próprio Departamento Nacional de Auditoria da SUS (DenaSUS), uma estrutura criada na própria legislação do SUS”, afirmou.

“Nós estamos colocando isso porque tem lá despesas com combustíveis de aeronaves de unidades militares no exterior. Tem gastos que eram para o combate à covid-19, por exemplo, que foram para peças e equipamentos para aeronaves, e até para escritórios e estruturas de comandos militares que estão sediados no exterior. A gente observa, inclusive, o crescimento que vem tendo a descentralização de gastos com saúde sendo realizadas pelo Ministério da Defesa. O boletim tem um gráfico que mostra isso”, disse.

Evolução das despesas da Defesa com recursos do Ministério da Saúde:

Evolução das despesas do MEC com recursos do Ministério da Saúde:

Edição: Rebeca Cavalcante

 

Relembre onde estão cada um dos envolvidos em um dos crimes mais chocantes da história da capital federal

Paulo Motoryn | Brasil de Fato | Brasília (DF) | 
Indígenas do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe fazem homenagem a Galdino em registro de 2011 – Marcello Casal Jr/ABr

No aniversário de 25 anos da morte do índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, em Brasília, em 1997, os cinco assassinos responsáveis pelo crime bárbaro estão na elite do funcionalismo público, com altos salários e uma série de privilégios.

No ano passado, o Brasil de Fato mostrou com exclusividade que o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) designou um dos cinco condenados por matar o índio pataxó, para um cargo comissionado na Polícia Rodoviária Federal.

Gutemberg Nader de Almeida Júnior, servidor que ingressou na corporação por concurso público em 2016, foi agraciado em janeiro de 2020 com o posto na PRF e permaneceu na função até dezembro do mesmo ano.

Nos 11 meses em que esteve no cargo de substituto do chefe da Divisão de Testes, Qualidade e Implantação, ele recebeu gratificações mensais de aproximadamente R$ 2 mil (o comissionamento é identificado pelo governo federal pelo código FCPE 101.2). Os ganhos foram acrescidos ao seu salário bruto, de mais de R$ 9 mil.

A portaria com a designação de Gutenberg foi assinada por André Luiz Marçal da Silva, coordenador de Recursos Humanos do Ministério da Justiça e Segurança Pública, então chefiado pelo ex-juiz Sérgio Moro. O comando da PRF, à época, era de Adriano Marcos Furtado.

Depois da saída de Moro da pasta, em abril de 2020, Gutemberg se manteve na função por cerca de oito meses. Em maio, com o Ministério da Justiça sob chefia do atual ministro do Supremo Tribunal Federal, André Mendonça, a direção-geral da PRF passou a ser de Eduardo Aggio de Sá.

A medida perdeu validade apenas em dezembro daquele ano, quando a dispensa do servidor do cargo comissionado foi assinada por Silvia Regina Barros, atual diretora de Gestão de Pessoal da corporação. Veja o trecho das portarias que citam a concessão do cargo comissionado:

O policial rodoviário é um dos cinco condenados pela assassinato de Galdino, que foi brutalmente queimado enquanto dormia em um ponto de ônibus na W3 Sul, avenida em um bairro nobre da capital federal. Ele era o único menor de idade na cena do crime cometido na madrugada 19 de abril de 1997.

Gutemberg foi libertado em 12 de setembro de 1997, por decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). Em sessão secreta, os desembargadores trocaram a internação de três anos por liberdade assistida. Ao completar a maioridade, o registro do crime praticado na adolescência foi apagado, como determina a legislação brasileira.

Os outros assassinos (Tomás Oliveira de Almeida, Max Rogério Alves, Eron Chaves Oliveira e Antônio Novely Cardoso Vilanova) foram condenados, em 2001, em júri popular, a 14 anos de prisão em regime fechado por homicídio doloso. Em 2004, sete anos depois do caso, nenhum deles permanecia preso.

::: Leia a íntegra dos autos do processo que condenou os responsáveis pela morte de Galdino :::

Em seus depoimentos à Justiça, os criminosos disseram que o objetivo era “dar um susto” em Galdino e fazer uma “brincadeira” para que ele se levantasse e corresse atrás deles. Um dos rapazes disse à imprensa que ele e seus amigos haviam achado que Galdino “era um mendigo” e que, por isso, cometeram o crime.

Em 2014, Gutemberg foi aprovado em um concurso para agente da Polícia Civil do Distrito Federal. Ele passou por todas as etapas até chegar à análise de vida pregressa. Nesse momento, a morte de Galdino teve peso e a candidatura foi barrada pela corporação. O condenado questionou a decisão na Justiça e chegou a levar o caso ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ), mas a determinação foi mantida.

O advogado de Gutemberg na ocasião era o então presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF), Ibaneis Rocha. Em 2018, tornou-se político e foi eleito para o cargo de governador do Distrito Federal, com apoio do atual presidente Jair Bolsonaro.

Mesmo com a recusa da Polícia Civil, Gutemberg insistiu no projeto de integrar uma força de segurança. Em 2016, foi aprovado em um concurso da Polícia Rodoviária Federal. Depois de disputa judicial por ter sido barrado novamente análise de vida pregressa, conseguiu tomar posse no cargo. Ele é agente da corporação desde novembro daquele ano. Até o governo Bolsonaro, Gutemberg não havia recebido nenhuma gratificação ou ocupado cargos em comissão dentro da corporação.

No ano passado, o Brasil de Fato procurou a Polícia Rodoviária Federal para fazer questionamentos sobre a promoção de Gutemberg durante o ano de 2020. A corporação não especificou os motivos, mas enviou a seguinte nota (reproduzida na íntegra):

“O servidor Gutemberg Nader foi alvo de investigação social como qualquer outro candidato, durante o certame de 2016. Por ocasião da investigação social, houve decisão para que ele fosse desligado do Curso de Formação Profissional – CFP, de 2016, pelos fatos que são de conhecimento geral, qual seja, o evento com o Índio Galdino, quando ele era ainda menor de idade. Contudo, ele retornou ao CFP, concluiu e tomou posse como PRF, por força de decisão judicial. O servidor Gutemberg está lotado na Superintendência do Distrito Federal. Sua remuneração está no Portal da Transparência.”

Condenados têm cargo público

Em 2001, os quatro adultos que participaram do crime ao lado de Gutemberg foram condenados a 14 anos de prisão. Em 2002, receberam benefício de liberdade assistida, que foi revogado após vídeos do Correio Braziliense que mostravam os condenados bebendo cerveja e namorando no horário em que deviam estar trabalhando ou estudando.

No início de 2004, o benefício foi concedido novamente. Em novembro do mesmo ano, dois deles foram agraciados com a liberdade condicional. Em dezembro, os outros dois que permaneciam presos saíram da prisão pelo mesmo benefício. A pena de 14 anos foi cumprida pelos quatro completamente em 2011.

Mesmo após terem sido condenados por um crime hediondo (homicídio triplamente qualificado), todos possuem certidão negativa de antecedentes criminais. O artigo 202 da Lei de Execução Penal garante sigilo em caso de condenações já cumpridas.

“Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou referência à condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou outros casos expressos em lei”, aponta o artigo da lei de 1984.

Veja onde está cada condenado

Tomás Oliveira de Almeida, servidor do Senado Federal

Irmão mais velho de Gutemberg, é um dos quatro condenados a 14 anos de reclusão por homicídio qualificado. É técnico legislativo no Senado Federal, onde ingressou por concurso público em 2012. No ano seguinte, passou a receber, além do salário, um valor por ocupar uma função comissionada na Casa. Atualmente, ele soma todo mês R$ 5.763,32 ao salário bruto de R$ 21.476,11. Tomás trabalha na Coordenação de Comissões Permanentes do Senado e, em 2017, chegou a ser alocado na chefia de gabinete do ex-senador Ataídes Oliveira, então do PSDB. Neste ano, no aniversário de 25 anos da morte de Galdino, tirou licença para estudar no exterior.

Eron Chaves Oliveira, agente de trânsito no Detran do Distrito Federal

Primo de Gutemberg e Tomás, é agente do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF). Recebe salário de R$ 15.699,20 brutos. Formado em Direito por uma universidade em Brasília, chegou a atuar na profissão, mas parou de advogar depois que uma emenda constitucional proibiu o acúmulo de funções, em 2014.

Antônio Novély Vilanova, fisioterapeuta da Secretaria de Saúde do Distrito Federal

Filho do desembargador federal Novély Vilanova, formou-se em fisioterapia pelo Centro Universitário de Brasília (UniCeub) e hoje é servidor da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, lotado no Hospital Regional de Santa Maria. Por mês, ele recebe salário mensal de R$ 15.196,46 brutos.

Max Rogério Alves, servidor do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios

Em outubro de 2017, o advogado Max Rogério Alves foi nomeado para cargo no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), após ser aprovado em concurso público. Desde então, após anos atuando em prestigiados escritórios de advocacia em Brasília, atua como analista judiciário da Corte Distrital, onde recebe mensalmente cerca de R$ 16.091,40 de salário bruto.

Edição: Vivian Virissimo