O delegado divisionário da Delegacia de Crimes Eletrônicos do Deic, Laércio Ceneviva Filho, determinou a instauração de inquérito policial para apurar ameaças de morte ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O inquérito vai ser aberto após uma petição do advogado Cristiano Zanin.
Uma pessoa que se identifica como Luiz Carlos Prestes enviou ao site do PT as mensagens que provocaram a investigação. À GloboNews, o delegado indicou se tratar de uma tentativa de incriminar a própria esquerda.
Nas mensagens, de 24 de março, 5 e 7 de abril, o autor diz ainda que vão ser as pessoas do próprio partido que irão matar Lula. E que a morte vai acontecer no estado de São Paulo (“talvez no interior”) e ainda neste ano. O petista é pré-candidato à Presidência da República e lidera os cenários da disputa ao cargo, segundo todas as pesquisas eleitorais.
Ataques em outdoor
Além reagir às ameaças de morte, o PT também ingressou com três representações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O partido denunciou outdoors que veiculam “propagandas difamatórias” contra o ex-presidente Lula. A legenda afirma que o ato configura “propaganda eleitoral extemporânea e por meio vedado”.
Uma das representações trata de três outdoors em Divinópolis-MG, que, segundo o PT, exibem imagens de Lula com a frase: “Nós aqui odiamos este ladrão comunista. Fora maldito”. Outra questiona uma placa em Rondonópolis (MT), com a mensagem: “Rondonópolis – MT: Aqui esse bandido é reconhecido com ‘O Traidor da Pátria’ Fora… Maldito”. Um “movimento conservador” assume o patrocínio à instalação do outdoor.
A terceira reclamação denuncia o patrocínio de outdoors em Imperatriz (MA). O PT reivindica a remoção dessas propagandas pelos seus responsáveis e dos posts na internet que dão visibilidade aos outdoors. A sigla também apresentou notícia-crime com pedido de instalação de inquérito policial, na Polícia Civil de Mato Grosso, para apurar a veiculação de outdoors em Rondonópolis e a prática dos crimes de injúria, difamação, ameaça e associação criminosa.
Alckmin também na mira
O presidente do PSDB, Bruno Araújo, fez críticas duras ao seu ex-colega de partido Geraldo Alckmim, que será vice na chapa de Lula. De acordo com o blog da jornalista Bela Megale, de O Globo, durante um jantar na última segunda-feira (11), em São Paulo, com cerca de 20 empresários do Grupo Esfera, Araújo afirmou que Alckmin terá uma participação “absolutamente irrelevante” na campanha de Lula.
Ele também chegou a dizer que o virtual pré-candidato a vice na chapa de Lula correrá “risco de vida” se andar pelo interior de São Paulo. “Na campanha, eu garanto, será absolutamente irrelevante a participação dele. No Nordeste ele não teve 1%, não vai fazer nada. No interior de São Paulo, não pode andar, porque corre risco de vida”, disse o presidente tucano.
Em coluna no UOL, o jornalista Reinaldo Azevedo criticou a fala do tucano. E classificou o que pode ser entendido também como ameaça de morte como “incompatível com a democracia e a civilidade política”. “Como Araújo está obviamente criticando Alckmin, tratando-o como se tivesse feito algo impróprio, vê-se que considera o seu assassinato um desdobramento possível, quem sabe até lógico”, escreveu.
Balanço do Centro Feminista de Estudos e Assessoria mostra que muitas propostas visam piorar a situação das mulheres
Thayná Schuquel | Brasil de Fato | Cataguases (MG) |
No ano passado, poucas propostas legislativas contribuiram significativamente para uma maior igualdade de gêneros, segundo o balanço anual sobre as proposições legislativas no campo de interesses das mulheres, feito pelo Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea). O estudo, “Mulheres e Resistência no Congresso Nacional – 2021”, foi apresentado nesta quarta-feira (13).
“Ao observarmos o conjunto dos projetos, chamou atenção o fato de que grande parte trata de ações pontuais ou tem semelhanças com propostas já em tramitação. Também parece haver pouco diálogo com o Executivo para garantir a implementação de políticas públicas”, diz o relatório.
O levantamento indica que o tema “violência contra as mulheres” foi destaque em 2021, com 244 projetos apresentados, de um total de 555. No entanto, o Cfemea diz que esses textos, em sua grande maioria, são desarticulados de proposta de políticas públicas e pouco auxiliam efetivamente as pautas necessárias à população feminina.
“Esse foi um ano de retrocessos nas agendas mais estruturais. Embora não tenhamos nenhum grande retrocesso na legislação, na prática a vida das mulheres está pior. Cresceram a miséria e o desemprego, afetando principalmente mulheres negras. No entanto, o Congresso parece não estar preocupado com isso”, pontua o documento.
Aborto
O balanço destaca as tentativas de mudança na legislação sobre o aborto, a maioria no sentido de restringir ainda mais os casos em que é permitido – anencefalia, risco de vida para a mulher ou em decorrência de violência sexual. Em 2021, foram 26 projetos tratando do tema.
Entre as propostas apresentadas no tema do aborto, o subtema “criminalização e punição” é o primeiro da lista, com 10 projetos no total. Seguido por “normas, portarias e notas”, com 6 propostas; “direito à vida desde a concepção”, com 5 projetos; “reafirmação do direito ao aborto”, com 4 projetos; e “agitação e propaganda contra o aborto”, com 1 proposta.
“O quadro de propostas não é nada favorável às mulheres. São projetos que aumentam as penas do crime de aborto, criminalizam quem fizer ‘campanhas de incentivo ao aborto’, tornam obrigatória a apresentação de Boletim de Ocorrência para realização de aborto decorrente de violência sexual e proíbem qualquer forma de manipulação experimental, comercialização e descarte de embriões humanos”, aponta o relatório.
Em 2021, foram apresentados 77 projetos tratando de saúde das mulheres. O subtema gestação e parto se destaca, com 37 projetos noticiados, seguidos de saúde menstrual (23) e câncer de mama (11).
Os projetos sobre gestação e parto tratam principalmente do direito a licenças (8), assistência pré e pós-natal (7) e prioridade para gestantes na vacinação contra a Covid-19 (7).
Perspectivas para 2022
Em ano de eleição, o documento prevê um cenário de problemas. “Haverá aumentos de casos de violência política, perseguição de mulheres jovens, de negras e LGBTI+s candidatas”, diz o texto.
O relatório também estima que, nos próximos anos, caso o país continue sendo governado por Jair Bolsonaro (PL), a invisibilidade das pautas autonomistas, que lutam pelo direito à vida das mulheres e da população negra e indígena, tende a crescer, colocando muitos desafios às minorias.
“Seguiremos atuando para que o aumento da representação feminina negra seja para candidatas compromissadas com as pautas feministas antirracistas e dos direitos humanos, que atuem em defesa da democracia e contra todas as formas de opressão”, conclui o relatório.
A assembleia do Sintufrj para discutir os rumos da Campanha Salarial, nesta quarta-feira, 13, reafirmou o estado de greve da categoria pela recomposição salarial de 19,99% e aprovou:
Adesão ao calendário de Jornada de Lutas proposto pela Fasubra;
Encaminhar orientação à Fasubra para que esta convoque, o mais rápido possível, uma plenária nacional para discutir sobre uma data para deflagração de greve; e
Realização de uma assembleia-ato do Sintufrj no dia 28 de abril, data apontada pela Federação para realização de paralisação (onde for possível), em defesa da recomposição salarial de 19,99%. Nesta assembleia a categoria construirá a pauta de reivindicações interna para levar à Reitoria.
Calendário da Fasubra para o mês de abril:
De 18 a 22 – Realização de ações de mobilização nos locais de trabalho.
De 25 a 29 – Vigília de terça a quinta-feira, das 11h às 13h, em Brasília, e mais ampliada na semana de 25 a 29 de abril.
De 25 a 29 – Jornada de Lutas nos estados e reforço da vigília em Brasília.
Dia 28 – Dia Nacional de Paralisação em defesa da recomposição salarial (onde for possível).
A indignação só cresce entre os trabalhadores técnico-administrativos pela postura do presidente Jair Bolsonaro em se negar a negociar com as entidades representativas dos servidores públicos federais, a pauta emergencial, cujo principal item é a reposição da inflação acumulada nestes três anos de governo Bolsonarista. Há cinco anos as categorias do funcionalismo federal que participam da campanha salarial unificada estão com os salários congelados.
Na assembleia desta quarta-feira, 13, às 10h, nas escadarias do Centro de Ciências da Saúde (CCS) os trabalhadores da UFRJ se reúnem em assembleia para discutir os rumos das campanhas salarial e Fora Bolsonaro. São cinco anos de salários congelados com o poder de compra engolido diariamente pelo aumento do custo de vida e pela inflação galopante. Nos três anos de governo Bolsonaro as perdas inflacionárias chegaram a quase 20%.
Uma nova jornada de lutas neste mês de abril movimenta os servidores públicos que vêm cobrando uma resposta do governo para a reposição salarial emergencial de 19,99%. Nas próximas duas semanas haverá vigília no Ministério da Economia, em Brasília, e atos nos estados para culminar no dia 28 de abril com paralisação nacional pela reposição emergencial já.
Como Bolsonaro não quer negociar com a massa do funcionalismo e não respeita os servidores a mobilização segue com vistas à construção da greve unificada do funcionalismo, sendo esse o caminho apontado pelo Fonasefe (Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais), do qual a Fasubra faz parte.
Recursos existem para que o governo atenda a reivindicação de reposição salarial emergencial do funcionalismo. Só no ano passado, a arrecadação federal cresceu 17,3%. Além disso, as contas públicas tiveram um superávit de quase R$ 65 bilhões. Em contrapartida, despesas de pessoal tiveram uma redução de cerca de R$19 bi sob o discurso de ‘contingenciamento’ pregado pelo governo.
Servidores
Segundo informações da imprensa que cobre o governo, o Planalto trabalha com três caminhos em relação aos servidores.
1- Reajuste linear de 4% a 5%
2- Dividir o orçamento aprovado de R$ 1,7 bilhão apenas para a área de segurança e servidores de carreiras típica de estado;
3- Conceder novo auxílio emergencial no valor de 400,00 reais;
A direção da Fasubra alerta que esse balão de ensaio só está presente internamente no Palácio do Planalto, e traz divergências com o ministro da Economia: “Guedes mantém posição contrária em atender as reivindicações dos SPF. Portanto, não há nada de concreto.”
Greve segue em construção
As entidades que compõem o Fonasefe avaliaram em sua reunião dia 8 de abril, que apesar do crescimento na campanha salarial e com algumas entidades em greve, o patamar de mobilização e organização não é suficiente para garantir uma greve unificada forte dos servidores públicos federais.
A direção da Fasubra, por sua vez, em sua avaliação reforça que para forçar o governo a atender à reivindicação do funcionalismo é preciso uma forte greve unificada dos servidores. E segue na construção deste movimento paredista unificado e na construção da greve do setor da educação, com Andes e Sinasefe que realizarão nova rodada de assembleias para definir a posição sobre a deflagração da greve. Na base da Fasubra quatro entidades já se encontram em greve, seja por pauta específica, seja pela pauta dos servidores públicos federais.
Calendário Fasubra/Fonasefe
18 a 22/4 – Realizar ações de mobilização nos locais de trabalho.
25 a 29/4 – Nas próximas duas semanas vigília de terça a quinta das 11 às 13h no Ministério da Economia, em Brasília. Jornada de lutas nos estados e reforço da vigília em Brasília.
28/4 – Dia Nacional de Paralisação em defesa da recomposição salarial emergencial.
Neste segundo dia de retorno presencial na Cidade Universitária, a comunidade reviveu um pouco as dificuldades do dia anterior: grandes filas nos restaurantes universitários do Fundão e ônibus cheios, principalmente nos chamados horários de pico. A enorme fila causada pelo grande intervalo de saída dos ônibus da Linha Del Castilho-Fundão, do Shopping Nova América, revelou o tamanho da encrenca para quem tem que chegar à Cidade Universitária.
Mas as adversidades não abatem o entusiasmo de Bruna Tavares, 18 anos, caloura, feliz com o fato de estar ingressando na UFRJ. “Eu sou apaixonada pela área da educação, então é tudo muito bom. É tudo novo para mim”.
Mas ela não deixa de reclamar do transporte. “É realmente muito lotado, tanto para chegar ao Fundão quanto o circular (interno)”, diz ela, que mora na Ilha do Governador. “No horário de pico, hoje mesmo, estava muito cheio. Estamos na Semana de Integração e tenho que chegar às 8h, mas minhas aulas começarão mais cedo, às 7h30”, disse a jovem.
No primeiro dia de Fundão (segunda-feira, 11) ela conseguiu almoçar, depois de 40 minutos de espera na fila do bandejão da Letras. Mas nesta terça a aula acabou ao meio-dia, e com a fila muito grande (“disseram que estava demorando uma hora”) e ela não conseguiu refeição.
Parte readaptação, parte aumento da demanda
Parte disso, na visão do Diretório Central dos Estudantes, pode ter a ver mesmo com o processo de readaptação inerente ao retorno. Mas, certamente, também, com o aumento da demanda: há uma quantidade enorme de estudantes nestes espaços, muitos pela primeira vez no modo presencial, e não apenas os calouros. E toda essa gente precisa se adaptar, conhecer horários e itinerários DCE levou a questão dos ônibus à Prefeitura Universitária.
A entidade dos estudantes comemora a instalação de mais um bandejão (onde era o Burguesão) no CT, mas pede a ampliação desta política, por exemplo, com a distribuição de quentinhas em locais como a Reitoria, para diminuir as filas.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) lançou a campanha “Quem defende a Educação não teme investigação! CPI do MEC Já!”, para pressionar o Senado a instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar denúncias de corrupção no Ministério da Educação (MEC).
A instalação da CPI sobre o “balcão de negócios” no MEC está sendo obstruída por membros do governo federal e aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Senado. Eles alegam que uma CPI em ano eleitoral pode ter fortes consequências para os projetos de reeleição de Bolsonaro.
O resultado é que no fim de semana, três dos 27 senadores que haviam assinado requerimento do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para instalação da comissão, retiraram os nomes. São eles: Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), Styvenson Valentim (Podemos-RN) e Weverton (PDT-MA).
O documento tem agora 24 assinaturas e não pode ser protocolado junto à Mesa Diretora do Senado, o que significa que a Casa optou por ignorar as denúncias de liberação de verbas sem transparência e sem controle em órgãos comandados por apadrinhados políticos do políticos do Centrão como no caso do gabinete paralelo de pastores bolsonaristas que atuavam para liberação de recursos para educação, na compra superfaturada de ônibus escolares, e liberação de verbas para escolas fakes.
No centro de tudo está o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão ligado ao Ministério da Educação, presidido por Marcelo Lopes da Ponte, que foi chefe de gabinete do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP). O PP, um dos maiores partidos do Centrão no Congresso, é formado por aquele grupo que a turma de Bolsonaro insinuava ser formado por ladrões. Em 2018, durante a campanha, o general Augusto Heleno, cantou: “Se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão”, se referindo aos políticos do Centrão, que hoje manda no FNDE. Heleno hoje é ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência.
No mesmo ano, em uma transmissão ao vivo na véspera da realização do segundo turno da eleição presidencial, Bolsonaro citou a Constituição Federal para classificar a prática de compra de parlamentares para garantir sustenção do governo e aprovação de projetos de Congresso como crime.
Na ocasião, ele se comprometeu a não distribuir cargos ao Centrão e afirmou que poderia ser cobrado se cedesse. “Qualquer um pode então me questionar que eu estou interferindo no livre exercício do Poder Legislativo”, afirmou, na mesma transmissão ao vivo. Se os partidos cobrarem alguma coisa, eu espero que a grande mídia nos apoie e fale ‘se ele der um ministério para esse partido, ele está então infringindo o artigo 85 da nossa Constituição”.
CNTE exige CPI
A mobilização proposta pela CNTE tem o objetivo de cobrar dos senadores e das senadoras a assinatura para a instalação da CPI do MEC para apurar todas das denúncias do que ficou conhecido como “bolsolão do MEC”.
A campanha pede para que as pessoas que defendem a educação pública marquem senadores e senadoras nas redes sociais – Facebook, Instagram e Twitter – e enviem e-mails aos parlamentares exigindo a adesão à CPI do MEC.
Para isso, basta acessar a lista dos contatos dos parlamentares (clicando aqui).
E também baixar (clicando aqui) os cards e divulgar nas redes sociais:
“Temos de fazer o embate nas ruas, ganhar a opinião pública para o Brasil que queremos construir”, diz presidente da CUT. Centrais sindicais entregam documento unitário ao Senado e Judiciário, nesta terça
“As agendas que estamos entregando ao Congresso Nacional e ao Judiciário são fruto da unidade do movimento sindical, do trabalho conjunto das centrais sindicais, e devem servir como bandeira, guia e instrumento de luta de toda a classe trabalhadora para o próximo período”. Dessa forma, o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, definiu o objetivo das Agendas das Centrais Sindicais para o Legislativo e o Judiciário, que serão entregues, nesta terça-feira (12), em Brasília, aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheto (PSD-MG) e do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Emmanoel Pereira, em audiências presenciais com os sindicalistas.
Sérgio Nobre e os presidentes da Força Sindical, UGT, CTB, CSB, NCST, Intersindical Central da Classe Trabalhadora, Intersindical Instrumento de Luta, CSP-Conlutas e Pública Central do Servidor estão em Brasília desde segunda-feira (11). Eles participaram de audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, na qual falaram da importância da unidade, das agendas e também da Pauta da Classe Trabalhadora, aprovada na Conferência da Classe Trabalhadora (Conclat), no último dia 7, em evento realizado em São Paulo para 500 dirigentes sindicais.
REPRODUÇÃO
Ao destacar que, desde o golpe de 2016, a classe trabalhadora enfrenta precarização do trabalho e um desmonte sem precedentes dos direitos, Sérgio Nobre afirmou que “construímos toda uma agenda de lutas que precisamos implementar em todo o país, nesses meses que nos levam até outubro; sabemos o que está em jogo e temos clareza de que as eleições deste ano vão definir como será o país para os próximos 10, 20 anos. E não é este país do desemprego, da fome, da miséria, da mentira, do negacionismo, do ódio, das milícias, das privatizações, ou seja, desse governo que está aí, que queremos”.
Segundo Sérgio Nobre, as agendas unitárias das centrais sindicais para o Legislativo e Judiciário têm o objetivo de chamar a atenção da classe trabalhadora, “porque precisamos fazer o embate nas ruas, ganhar a opinião pública para o Brasil que a gente quer construir”. “E, para isso, os trabalhadores e as trabalhadoras têm que ter consciência que somente na luta e com solidariedade conseguiremos garantir essa construção”.
Sergio Nobre disse ainda que é preciso lutar para reverter esse processo de precarização que tem sido feito nas relações de trabalho e no sistema de contratação. “Hoje, um terço do nosso povo ou está desempregado ou no desalento – o que é trágico, porque são pessoas que perderam a esperança e nem procuram mais emprego -, ou tem um tipo de trabalho que mal dá para sustentar a família, isso não pode continuar assim”.
Nenhuma nação do mundo, afirmou o presidente nacional da CUT, conseguiu alto grau de desenvolvimento sem ter uma classe trabalhadora organizada e portadora de direitos. E o que geram empregos são crescimento e investimento no país, em especial o investimento público.
Nesse sentido, a “unidade das centrais é decisiva para a classe trabalhadora, principalmente neste momento tão difícil, e foi essa unidade que garantiu a construção das agendas coletivas em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras”
“Há 29 anos eu morava na rua quando aconteceu a chacina da Candelária (julho de 1993), no centro do Rio de Janeiro. Estava há poucos metros dali. Conhecia as vítimas e ainda tenho contato com alguns sobreviventes, mas não deixei esse episódio me derrubar. Estudei, passei na UFRJ e na UERJ, tomei chá com a então primeira-dama dos Estados Unidos Hillary Clinton, na Casa Branca, em Washington (EUA), e tenho minha arte espalhada pelo mundo.
Eu morei com meus pais e mais três irmãos em Honório Gurgel, na zona norte, até os 8 anos. Meu pai era sócio de uma empresa de ônibus e nossa situação era boa. Mas ele teve um primeiro derrame cerebral, com graves sequelas. Minha mãe trabalhava em um hospital, mas os gastos com a recuperação dele nos deixaram sem nada.
Fomos então morar na comunidade Fazenda Botafogo, em Acari, e no mês que eu ia completar 15 anos ele teve o segundo derrame e morreu.
Minha família é da igreja batista tradicional, e no templo que frequentávamos eu fazia aula de música. Além disso, nos incentivavam a estudar e a praticar esportes, então entrava em todos os cursos e projetos sociais que apareciam.
Mas fiquei revoltada com a morte do meu pai porque éramos muito amigos. No dia do enterro, em Irajá, quando o vi, fiquei desestabilizada e saí correndo. Peguei um ônibus atrás do outro e não queria mais voltar para casa. Larguei estudos, cursos, tudo.
A relação com a minha mãe não era boa. A gente discutia por tudo, e estava em uma fase muito difícil da adolescência. Ela chegou a me colocar para fora de casa por ter trocado aula de piano por violino. E não deixava eu e meu irmão, que éramos os mais novos, a praticar esportes em um projeto do bairro. Mas a terapia me ajudou a reconhecer que deve ter sido muito difícil para ela perder um marido aos 42 anos e com quatro filhos para criar.
Passei a dormir no Aterro do Flamengo, na zona sul, porque meu pai levava muito a gente ao Monumento dos Pracinhas para ver os barcos ancorados.
Eu ficava com o grupo da Candelária, mas eles criavam muito problema para os lojistas no centro da cidade. Eu já tinha discernimento do que era errado, então muitas vezes andava sozinha para não ser pega por eles nem com eles.
Também preferia dormir sozinha, ao lado de bares que ficavam 24h abertos, porque com o movimento pensava que não seria violentada. Nunca consegui relaxar, deitar e dormir por medo de tomar uma tijolada na cabeça ou dos anjos da noite, que eram seguranças da rua que davam porrada à toa.
Reencontro com a arte
Na hora em que aconteceu a chacina, estava a poucos metros dali, conversando com os taxistas do aeroporto Santos Dumont. Quando cheguei, vi a movimentação da polícia e fui embora porque percebi o terror e fiquei com medo que dissessem que eu fazia parte do grupo assassinado.
FUI PARA A MURETA DA URCA (ZONA SUL) E VOLTEI TRÊS DIAS DEPOIS. AINDA TINHA MARCA DE SANGUE NO CHÃO. PENSEI MUITO QUE PODERIA ESTAR ALI NA HORA QUE TUDO ACONTECEU.
Depois do episódio, descobri que um grupo de uma igreja ensaiava canto erudito em uma escola inglesa que fica rua Real Grandeza, em Botafogo, e ao final eles distribuíam lanches, então passei a cantar lá também.
Ali conheci uma jornalista alemã, a Astrid Prange, que estava no Brasil pelo jornal “Deutsche Welle”, e que fez uma entrevista com a Yvonne Bezerra (primeira defensora dos direitos humanos a chegar à Cinelândia após a chacina e que acolheu os sobreviventes). Essa jornalista passou a me dar aulas de violino.
Ela não sabia que eu morava na rua. Eu dormia na sua casa às segundas após o ensaio do coral, e na manhã seguinte ela me dava aula. Eu chegava a passar mal no café da manhã porque ela servia croissant, suco, e como ficava horas sem comer, quando a comida caía no estômago vazio, tinha vontade de desmaiar. Acho que meu corpo levava um susto.
Já fiquei sete dias me alimentando somente dos frutos das amendoeiras de rua. Mas somente uma amiga sabia da minha situação. Vez ou outra eu visitava alguma família amiga e acabava dormindo por lá, então eu aproveitava para tomar banho e lavar a roupa. Quando você está suja não consegue entrar em lugar nenhum, nem em bar para usar o banheiro.
Graças a Deus participei de projetos sociais até a quinta série. E estudei em uma escola municipal em Acari onde se ensinava técnicas agrícolas e comerciais, artes industriais, educação para o lar e artes. Por isso, nunca fiz nada errado. Até na antiga Funabem (Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor), onde fiquei por oito meses, estudei. Fiz cursos como lapidação em pedra. E nunca sofri violência.
Das ruas para duas universidades de renome
A Astrid tinha uma banda de jazz, e ao me ver rabiscar em um papel, me pediu para ilustrar a capa do CD do seu grupo. Ela pagou ainda um curso de desenho e me fez voltar a estudar. Mesmo não falando bem português, me ensinou química e física, matérias que eu tinha mais dificuldade.
Completei os estudos e passei em artes plásticas na UFRJ e história da arte na UERJ. E voltei para a casa da minha mãe. Mas só consegui estudar nas duas por um ano. Saía cedo de casa com pasta de desenho de um lado e violino de outro. Além disso, não tinha dinheiro e esperava um único motorista de ônibus que me levava para o Fundão (onde fica a UFRJ) sem me cobrar a passagem. Sentia fome o dia inteiro, e muitas vezes, na volta, já de madrugada, dormia no ônibus e passava do ponto onde deveria descer.
A Astrid também pagou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, e ali me tornei assistente do Orlando Mollica [artista plástico]. Até que os alunos começaram a me procurar mais que a ele. Um dia, cheguei para dar aula e ele não deixou. Disse que quem mandava era ele.
Mas me indicaram um curso no próprio Parque Lage, da Maria do Carmo Secco [pintora e desenhista] e fui sua assistente por um bom tempo.
Chá com a primeira-dama americana
Uma vez, a Yvonne foi com a rainha Silvia (da Suécia) ao encontro de representantes do Banco Mundial nos Estados Unidos, e levou meus trabalhos com recorte de jornal e pinturas que fiz sobre tragédias como a chacina de Vigário Geral, a de Madureira e a da Candelária. Dezenove dessas obras fazem parte do acervo permanente da instituição, em Washington DC.
E em 1999 fui convidada pelo Banco para ir aos Estados Unidos. Conheci museus e a cidade por quase 20 dias e fui chamada pela então primeira-dama Hillary Clinton para tomar um chá. Como ela soube de mim, não sei.
Eu nem sabia o que era a Casa Branca. Um dia antes desse encontro, cheguei a visitar o local e achei legal um lugar onde todos queriam tirar foto.
A visita durou uns quatro minutos. Foi numa sala que tem uma lareira. Quando a vejo pela TV, conto que fui lá. Levei para ela quatro aquarelas. Ela queria saber como era o Brasil e o que eu achava das crianças em área de risco, e também o que eu pensava sobre o futuro delas. Não lembro o que respondi.
Na volta ao Brasil, fui fazer licenciatura em educação artística no Bennett, com patrocínio de uma estatal, e comecei a ser mais chamada para exposições. A Astrid arrumou trabalhos na Alemanha, e eu ia para lá duas vezes por ano. Visitava cidades e dava aula em escolas com ajuda de um tradutor.
“A gente tem que escolher qual batalha enfrentar”
Aqui no Brasil, as coisas funcionam diferente, porque primeiro olham sua cor e o sobrenome. Você não vê artista plástico negro famoso.
É muito difícil ser negro num país em que a maioria tem essa cor. Fui a única negra a estudar no Parque Lage há mais de uma década. Os outros pretos eram faxineiros.
Apesar disso hoje consigo me sustentar com a minha arte. Ilustrei incontáveis livros, e tenho um publicado, “O velho tênis novo”, que já ficou entre oito obras de autores negros mais vendidas no Brasil.
“Não quero voltar para a rua. E hoje, mais do que nunca, tenho que correr atrás. Vendo minha arte pelo boca a boca, nas redes.”
Ainda assim sofro racismo o tempo inteiro, maior e pior do que antes. Sinto que as pessoas escancaram mais o preconceito. Antes, ninguém percebia minha presença, e hoje a percepção é a de que estou em lugares que não são para ser ocupados por pessoas pretas. Mas chego com a cabeça erguida. Minha resposta ao racismo é fazer bem meu trabalho e sair satisfeita com meu desempenho. Confio muito no que faço.
Meu trabalho estará sempre voltado às crianças. E quando vou falar em escolas, dou dicas de como ganhar dinheiro, falo que não precisa ir para o caminho errado, mostro os que eu percorri.
A SUPERAÇÃO É DIÁRIA, AINDA MAIS POR SER NEGRA, ARTISTA, ATIVISTA E GAY. A VIDA É UMA BATALHA E A GENTE TEM QUE ESCOLHER QUAL ENFRENTAR, SENÃO VIRA UM INFERNO.
E as pessoas não ligam. Então você tem que escolher entre ser feliz ou ter razão. Não sou especial, apenas fiz escolhas priorizando as cores, e conheci o mundo com minha arte.”
Elenice Nogueira, artista plástica e ilustradora, do Rio de Janeiro.
Infelizmente, por questões técnicas, não poderemos utilizar o auditório do CT, conforme esperávamos. Mas, esse contratempo não nos impedirá de realizar uma assembleia representativa, porque já está passando da hora de darmos um BASTA ao governo Bolsonaro.
Escassez de ônibus e filas no RU e no Bandejão do CT foram alguns dos problemas enfrentados pelos estudantes e servidores. Mas nada disso interferiu na alegria dos reencontros
A vida intensa voltou a pulsar na Cidade Universitária da UFRJ, nesta segunda-feira, 11 abril. Os estudantes que há dois anos estavam proibidos pela pandemia de pôr os pés no campus do Fundão, voltaram! A eles se misturaram os calouros do semestre e os trabalhadores técnico-administrativos e docentes que, finalmente, todos retomaram o seu cotidiano presencial na universidade.
Com a alegria dos reencontros e estréias espocaram também os problemas – que já esperados. Afinal, foram meses de ausências das milhares de pessoas que sempre povoaram a Cidade Universitária – o maior campi da mais carismática universidade federal do país. A falta de ônibus nas linhas que atendem o Fundão foi a primeira reclamação dos servidores que chegou ao Sintufrj.
Logo cedo, uma fila enorme de passageiros podia ser feita em torno do Shopping Nova América. Segundo a Prefeitura da UFRJ, a demanda para as linhas de ônibus que ligam Del Castilho ao Fundão foi grande e o número de coletivos insuficientes. Houve também denúncias contra a empresa Parapuã, que manteve o intervalo de 40 minutos adotado durante a pandemia por falta de usuários.
O prefeito da UFRJ, Carlos Maldonado, informou que solicitou às empresas que atendem o campus, que aumentassem a frota. Mas pelo jeito foi em vão. Ele espera que nos próximos dias esse sufoco termine.
Com relação a segurança no campus, o prefeito disse que todo sistema de monitoramento (por câmeras) está funcionando, assim como o patrulhamento. “Até o início da tarde”, ele garantiu, “estava tudo tranqüilo”.
Filão
Na hora do almoço, outra maratona para estudantes e servidores: as filas gigantescas no Restaurante Universitário Central (RU), que fica próximo ao Centro de Ciências da Saúde (CCS), e no Bandejão do Centro de Tecnologia (CT).
De acordo com alguns veteranos dos cursos de graduação, antes da pandemia, nas primeiras semanas de aulas acontecia a mesma. A expectativa tanto dos alunos dos trabalhadores é que a rotina nos campi volte ao normal o mais rápido possível.