FASUBRA, Andes-SN e Sinasefe pedem a imediata demissão do ministro da Educação

Nota conjunta da FASUBRA Sindical, Andes-SN e Sinasefe, divulgada nesta quarta-feira (23/03), pede a imediata demissão do ministro da Educação, Milton Ribeiro, pelo favorecimento a pastores com repasses do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), a pedido do presidente Bolsonaro.

Na segunda-feira (21/03), o jornal “Folha de S. Paulo” teve acesso a um áudio de uma reunião na qual o ministro da Educação declara que a sua “prioridade é atender a todos que são amigos do pastor Gilmar”. Para as entidades, é possível afirmar que existe um verdadeiro “gabinete paralelo”, que atua para atender o interesse de aliados de Bolsonaro, em troca de apoio de políticos de setores dos evangélicos.

“A farra com recursos do FNDE no esquema do “Bolsolão do MEC” é inadmissível! Os recursos do fundo devem ser destinados para ações de reestruturação e modernização das instituições de ensino, para garantir assistência estudantil a estudantes de baixa renda, ampliar o número de escolas, investir em pesquisa e contratar professores, e não para beneficiar a construção das igrejas”, destaca a nota.

Veja a nota na íntegra: O “BOLSOLÃO DO MEC” É CRIMINOSO! EXIGIMOS DEMISSÃO IMEDIATA DO MINISTRO DA EDUCAÇÃO, MILTON RIBEIRO!
Orientamos as entidades base da FASUBRA a discutir nós Conselhos universitários da IPES a aprovação de MOÇÕES de repúdio contra o Ministro da Educação Milton Ribeiro exigindo a imediata demissão.

Fasubra Sindical

MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

Apenas o atual presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, entra na lista com 19 falas racistas

Redação Rede Brasil Atual |

 

Inscrição na frente do Masp, na av. Paulista, em São Paulo: 2020 foi um ano marcado pelo combate ao racismo no país – Alma Preta

Levantamento realizado pelas organizações Terra de Direitos e Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), divulgado nesta terça-feira (22), aponta que desde 2019, primeiro ano da gestão de Jair Bolsonaro (PL), até 31 de dezembro de 2021, 94 discursos racistas foram proferidos por autoridades públicas no Brasil.

O estudo “Quilombolas contra Racistas” mostra que em 2019 foram registrados 16 pronunciamentos racistas de autoridades públicas de diversas esferas, no âmbito municipal, estadual e nacional, com esse número quase triplicando em 2020 e chegando a 42 casos. Já em 2021 foram 36, somando 94 em todo o período analisado.

Entre os episódios, 41% reforçavam estereótipos racistas, enquanto 25% negavam a existência de racismo no país. Titulares de cargos de direção e assessoramento do governo federal responderam por 33% dos casos, com 19 ocorrências proferidas pelo atual presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo. De acordo com o levantamento, 96% dos discursos foram proferidos por homens.

“Para nós, quilombolas e população negra, é muito frequente ouvir termos pejorativos de autoridades que nos insultam e falam palavras horríveis. Escutamos de várias autoridades, desde juízes, promotores a presidente, governadores e prefeitos: pessoas que são formadoras de opinião pública e que deveriam cuidar dos direitos e das pessoas”, aponta no documento a coordenadora executiva da Conaq Celia Cristina Pinto. “Isso causa índices de violência contra pessoas negras e quilombolas.”

A naturalização do racismo

Segundo o levantamento, as eleições de 2018 constituem um período relevante para analisar o posterior aumento das declarações racistas e discriminatórias de autoridades públicas no Brasil, destacando-se o discurso do então deputado federal Jair Bolsonaro no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, em abril de 2017. Na ocasião, ele disse que quilombolas de Eldorado Paulista não “fazem nada” e “nem pra procriador eles servem mais”.

O Ministério Público levou o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF) apontando crime de racismo, mas a Corte arquivou a denúncia. “O discurso racista impune do então deputado federal Jair Bolsonaro é um marco simbólico de uma era em que os discursos racistas ganham visibilidade, reproduzem-se no alto escalão de cargos públicos e passam incólumes. Sem a responsabilização dos autores, cria-se um ambiente de naturalização do racismo e da utilização de interpretações frouxas do direito de liberdade de expressão para autorizar o discurso de ódio racial de pessoas que ocupam altos cargos públicos”, pontua o relatório.

 

 

Os técnico-administrativos em educação da UFRJ realizaram nesta quarta-feira. 23, pela manhã, concentração com panfletagem em frente ao Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). O protesto fez parte do calendário de mobilização da Campanha Salarial Unificada dos servidores públicos federais, iniciada no dia 18 de janeiro, quando as entidades nacionais Fonasefe e Fonacape protocolaram, no Ministério da Economia, a reivindicação de reposição emergencial de 19,99%.

Há cinco anos os servidores públicos da Educação, Saúde e demais setores de prestação de serviços essenciais à sociedade estão com os salários congelados. Os 19,99% reivindicados repõe apenas as perdas com a inflação nos três anos do governo Bolsonaro. A convocatória do Sintufrj para o ato incluiu docentes, terceirizados e estudantes da UFRJ.

Os manifestantes se revezaram no carro de som do Sintufrj para denunciar aos usuários do Hospital Universitário e seus familiares as atrocidades cometidas pelo governo do genocida Bolsonaro contra toda a população brasileira. “O país está em crise, com o desemprego aumentando e o custo de vida explodindo em consequência da política neoliberal do presidente Bolsonaro, cujo projeto é desmantelar os serviços públicos que atendem principalmente às famílias sem quase nenhuma condição financeira”, sintetizou uma companheira.

A coordenadora-geral do Sintufrj, Neuza Luzia, informou aos usuários do Hospital Universitário que os servidores da UFRJ estavam realizando paralisação de 24 horas pela reposição emergencial de 19,99%, mas também contra o sucateamento dos setores essenciais para o atendimento da sociedade. 

“Queremos aplausos da população, porém, precisamos que o governo federal reconheça a nossa importância no combate à pandemia, como o HU foi uma referência na luta contra o vírus da covid-19 e quantos profissionais de saúde perderam a vida para salvar outras vidas”, disse a técnica de enfermagem do IPPMG, Gerly Miceli, também dirigente do Sintufrj. 

 

Nesta quarta-feira, 23/03, os trabalhadores e trabalhadoras da UFRJ vão cruzar os braços por 24h e denunciar os ataques do governo Bolsonaro e os cinco anos de congelamento dos salários. 

Um ato em frente ao HUCFF, às 9h, está sendo convocado pelo Sintufrj. Adufrj, DCE, APG e Attufrj também serão convidadas a participar da atividade de mobilização e denúncia.

No último dia 16, dia nacional de mobilização pela recomposição salarial emergencial de 19,99%, o funcionalismo público realizou diversos atos pelo país.

No Rio de Janeiro, o ato na Praça XV reuniu em sua maioria técnico-administrativos das universidades federais e docentes, além de servidores do IBGE e de outras categorias.

Falas dos representantes das entidades, entre elas, Sintufrj e Adufrj, e de militantes marcaram o ato encerrado num forte brado “Fora Bolsonaro”. 

 

 

Documento de quase 50 páginas contém orientações para todas as áreas da universidade. Mudanças levam em conta o novo cenário da pandemia, mas mantém a exigência de comprovante de vacinação. Veja no site da UFRJ

A Coordenação do GT Pós-Pandemia divulgou, nesta terça-feira, 22, as Diretrizes para o Retorno Presencial Pleno na UFRJ, que ocorrerá no dia 11 de abril. As regras em vigor foram revisadas para que as orientações fossem adequadas ao momento atual da pandemia. O documento aponta o avanço da vacinação contra a covid-19 no Rio de Janeiro e a redução dos riscos de adoecimento ou de incidência de casos graves, de acordo com especialistas da universidade. 

A versão atual contém orientações elaboradas pelas pró-reitorias, áreas da administração e por especialistas em saúde pública e biossegurança. Mas, caso haja alteração na situação da pandemia na cidade e no país, decisões poderão ser revistas. De acordo com a coordenadora do GT Pós-Pandemia, Fátima Bruno, embora adequado às mudanças no cenário epidemiológico, as novas diretrizes seguem exigências já adotadas, como o comprovante de vacinação e o uso de máscaras em locais fechados.

A íntegra está em https://coronavirus.ufrj.br/wp-content/uploads/2022/03/Diretrizes-para-o-Retorno-Presencial-Pleno-da-UFRJ-220322-Copy-2_compressed.pdf

Sem aglomeração — A utilização das instalações da universidade deve respeitar a capacidade estabelecida para cada local sem que haja superlotação, sem a necessidade de adotar distanciamento físico entre os ocupantes e de acordo com o Guia de Ações de Biossegurança (que também está sendo atualizado). “Em complemento”, apontam as diretrizes, “é preciso promover as boas práticas de limpeza das instalações e buscar oferecer ventilação adequada”.

Restaurante — Também é obrigatório o uso de máscaras para circulação nas dependências internas dos Restaurantes Universitários (RU), que deverão ser retiradas no início das refeições e recolocadas após o término. Além disso, durante a permanência no local deverão ser mantidas as recomendações de Biossegurança, incluindo o distanciamento social de pelo menos um metro.

Orientações para unidades

O documento aponta aspectos que devem ser observados pelos gestores de unidades e campi para o retorno pleno das atividades presenciais, como orientar quanto à obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção facial em locais fechados, higienização frequente das mãos e dos ambientes; orientar para que evitem aglomerações, proibindo eventos que reúnam muitas pessoas em um só local.

Organização do trabalho  

As chefias, diz o texto, devem rever processos de trabalho e adotar estratégias para que o retorno presencial transcorra da melhor forma possível; e garantir a realização de trabalho remoto a todos que atendam os critérios dispostos na legislação vigente; organizar os ambientes e os processos de trabalho, a fim de preservar a saúde física e mental de servidores, empregados públicos, colaboradores e usuários. 

Vigilância e segurança 

Manter triagem e controle de acesso às dependências da UFRJ de pessoas externas à unidade ou à universidade; permitir a entrada somente de pessoas com máscaras, inclusive, de tecido (desde que em perfeitas condições) e que apresentem comprovante de vacinação completa para a covid-19 do SUS, o Passaporte Minerva, quando for o caso, o Certificado de Isenção Temporária de Apresentação de Comprovante de Vacinação para a covid-19 emitido pelo Centro de Triagem e Diagnóstico (CTD). 

De acordo com o GT-Coronavírus, considera-se esquema vacinal completo duas doses ou dose única de acordo com o imunobiológico e a dose de reforço, caso indicado, seguindo o calendário vacinal do município onde o campus está localizado. 

Todo corpo social da UFRJ deve ter em mãos o seu comprovante de vacinação contra covid-19. Para a emissão do Certificado Nacional de Vacinação, o Ministério da Saúde criou o app Conecte SUS Cidadão, que permite a visualização e a impressão do referido documento. 

Passaporte Minerva 

A UFRJ criou a aplicação (App) Passaporte Minerva, que permite, a partir da apresentação na Seção de Pessoal da Unidade os comprovantes de vacinação contra a covid-19, a emissão do Passaporte Minerva para acesso às dependências da UFRJ. 

 

 

 

Sem reajuste há cinco anos, o funcionalismo público iniciou 2022 em campanha pela recomposição salarial emergencial de 19,99%, referente às perdas nos três anos de governo Bolsonaro — Ele só acena em dar aumento para os trabalhadores da segurança, sua base de apoio.

Uma agenda de atividades unificadas está em curso visando deflagração de uma greve nacional, mas ainda não há uma data certa para isso, por conta do grau de mobilização das categorias, avaliam o Fonasefe (Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais), do qual a Fasubra faz parte, e o Fórum Nacional das Carreiras Típicas do Estado (Fonacate).   

No dia 16 de março houve paralisação nacional com atos nas capitais e um indicativo de greve para esta quarta-feira, 23, mas foi retirado. O que foi construído para esse momento é mobilização intensa em Brasília na próxima semana, nos dias 28, 29, 30, e 31 de março, pois tem reunião marcada com o governo no dia 1 de abril.

Greves e paralisações

A adesão ao movimento paredista tem sido diferenciado. Nas universidades federais de todo o país o grau de mobilização dos servidores é diverso, como no Rio de Janeiro, e a maioria das entidades de base convocou atos para o dia 23 de março. 

Os técnico-administrativos em educação da UFRJ não aderiram à greve e decidiram participar das paralisações já programadas. Nesta quarta-feira, 23, tem ato pela manhã no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). 

Na Universidade Federal Fluminense (UFF) a greve foi aprovada, mas devido à mudança no calendário de lutas da Fasubra, os técnico-administrativos suspenderam o movimento grevista.  

Na Universidade Rural, a categoria fará paralisação de 24 horas com ato político pela manhã. Na Unirio segue o calendário oficial da Fasubra e do Fonasefe, e a assembleia decidiu reforçar o ato em Brasília a partir de 28 de março.

Os trabalhadores do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) entram em greve a partir desta quarta-feira, 23. Os funcionários do Banco Central seguem de braços cruzados, segundo o sindicato nacional da categoria. Eles cumprem agenda de paralisações que impacta no monitoramento do sistema de pagamentos. Auditores da Receita Federal realizam operação-padrão.

Avaliações

“Nas duas assembleias deliberamos por entrar em greve por tempo indeterminado, conforme havia sido indicado pela Fasubra. Mas, o calendário foi desmontado pela Federação e pelo Fonasefe”, lamentou a dirigente do Sintuff, Alessandra Primo.

“Não vai haver mais greve. O Fonasefe recuou porque não conseguiu mobilizar as categorias. E o governo, através da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia, chamou o Fonasefe e a Fasubra para conversar, nesta terça, 22, mas não deu em nada. Remarcaram para 1º de abril”, disse Oscar Gomes, representante técnico-administrativo da Associação dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Asunirio) no Conselho Universitário.

 

CUT diz que é imoral, inconstitucional, que escancara corrupção no governo Bolsonaro e exige investigação do Congresso Nacional e do Poder Judiciário

Publicado: 22 Março, 2022 – Escrito por: Redação CUT

MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

O ministro da Educação, o pastor Milton Ribeiro, afirmou que o governo federal, a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL), prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados por dois pastores, que não têm cargo, mas atuam em um esquema informal de obtenção de verbas da pasta. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo, que teve acesso a um áudio vazado.

Na reunião no Ministério da Educação (MEC), Ribeiro fala sobre o orçamento da pasta, cortes de recursos da educação e a liberação de dinheiro para obras de creches, escolas, quadras ou para compra de equipamentos de tecnologia. De acordo com a Folha, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura têm, ao menos desde janeiro de 2021, negociado com prefeituras essas verbas federais. “Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, diz o ministro na conversa.

“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do (pastor) Gilmar”, acrescentou o ministro, que também indica haver uma contrapartida à liberação de recursos da pasta. “Então o apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser (inaudível) é apoio sobre construção das igrejas.”

Segundo relatos obtidos pelo jornal, junto a gestores e assessores, os pastores negociam pedidos para liberação de recursos a prefeituras em hotéis e restaurantes de Brasília. Depois, entram em contato com o ministro Milton Ribeiro, que determina ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) a oficialização do empenho. Questionados, o governo e o FNDE não responderam. Os pastores Gilmar e Arilton também optaram por não se manifestar sobre o caso.

“Esse esquema informal de liberação de verbas do MEC é imoral, inconstitucional e escancara corrupção no governo Bolsonaro”, diz o vice-presidente da CUT, Vagner Freitas, lembrando as declarações mentirosas do presidente sobre não haver corrupção em seu governo.

Entre as mais de 5 mil declarações falsas que fez em seus 1.175 dias de governo, Bolsonaro disse “nós estamos a três anos e três meses sem corrupção.”

O site Aos Fatos, que faz levantamento das mentiras, diz que a declaração do presidente é falsa porque membros e ex-membros do seu governo são, atualmente, alvos de investigações e denúncias de casos de corrupção e outros delitos ligados à administração pública.

E lembra: O relatório da CPI da Covid-19 pediu o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro e de seis ministros e ex-ministros por prevaricação, emprego irregular de verbas públicas, falsificação de documento particular, charlatanismo, crime contra a humanidade, crime de responsabilidade e epidemia com resultado de morte.

Outros agentes do governo também foram indiciados por envolvimento em um suposto esquema para a compra da vacina indiana Covaxin. Além disso, atuais e antigos integrantes do governo são investigados pela Polícia Federal ou pelo Ministério Público por suspeitas de corrupção, como o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil), Ricardo Salles, ex-titular do Meio Ambiente, Marcelo Álvaro Antônio, que comandou a pasta do Turismo, e Fabio Wajngarten, que chefiou a Secretaria de Comunicação Social. 

E agora, temos a denúncia de corrupção praticada no MEC, diz Vagner, que complementa: “A CUT exige investigação do Congresso Nacional e do Poder Judiciário”. 

O ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante afirmou por meio de nota que o esquema pode configurar um novo crime de responsabilidade de Bolsonaro e não pode deixar de ser devidamente apurada.

“Não é aceitável que mais essa grave denúncia, envolvendo supostos crimes de tráfico de influência e improbidade administrativa, fique sem resposta. Os órgãos de controle e de investigação, como TCU, Ministério Público, Polícia Federal e CGU, devem à sociedade brasileira uma rigorosa apuração das denúncias. Da mesma forma, o Congresso Nacional deve exercer o papel constitucional e acionar os mecanismos de investigação do executivo”, diz Mercadante na nota. 

O que é improbidade administrativa

A improbidade administrativa é uma conduta inadequada, praticada por agentes públicos ou outros envolvidos, que cause danos à administração pública e está prevista na Lei n. 8.429/1992, conhecida como Lei de Improbidade Administrativa (LIA).

De acordo com o artigo 37 da Constituição Federal, as penas para quem pratica atos ímprobos contra a administração podem ser: perda dos bens ou valores acrescidos indevidamente ao patrimônio, devolução integral dos bens ou dinheiro, pagamento de multa, suspensão dos direitos políticos, perda da função pública e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário.

Investigação

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) apresentou requerimento na Câmara, no último domingo (20), para solicitar a convocação do ministro da Educação, Milton Ribeiro, com o objetivo de obter explicações sobre a operação de um suposto gabinete paralelo de pastores, segundo reportagem da RBA.

O parlamentar aponta possível prática de tráfico de influência e improbidade administrativa. Ele descreve a denúncia como um esquema “escandaloso”. Além disso, o subprocurador Lucas Rocha Furtado entrou com representação no Tribunal de Contas da União (TCU) para que investigue se o governo federal está agindo com “afronta” à Constituição.

O pedido foi feito após publicação de reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, divulgada na útima sexta-feira (18), mostrando a existência do “gabinete paralelo” formado por pastores que, mesmo sem um vínculo formal com a pasta ou com o setor de ensino, controlam a agenda do MEC e do ministro Milton Ribeiro. A matéria mencionava que eles viajam em voos da Força Aérea Brasileira (FAB), fazem intermediação com prefeituras e empresários, discutem as prioridades da pasta e o destino das verbas públicas do setor.

Após o vazamento de áudios, outros parlamentares pediram uma investigação sobre o assunto. “O ministro admite que negocia verbas do MEC com pastores para beneficiar amigos de Bolsonaro a pedido do próprio presidente! Enquanto isso a educação e a pesquisa sofrem com cortes de recursos. Protocolaremos uma representação ao Ministério Público Federal (MPF) contra mais esse crime”, afirmou a deputada federal Natália Bonavides (PT-RN).

O senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) também anunciou que entrará com uma procuração na Procuradoria-Geral da República (PGR). “Não podemos tratar como ‘novo normal’ absurdos e/ou cometimento de crimes. Ainda hoje vamos cobrar providências do PGR contra o ministro da Educação, por possível improbidade administrativa, e investigações do MPF sobre o gabinete paralelo da Educação, por tráfico de influência”, disse.

Os dois pastores já apareceram ao lado de Bolsonaro, participando de agendas oficiais e discursando em eventos como se fossem integrantes do governo federal desde 2019, antes mesmo de Milton Ribeiro tomar posse. Arilton chegou a viajar em avião da FAB ao lado do atual ministro para evento oficial em Alcântara (MA).

 

 

 

Para Dieese, culpa dos carrinhos mais vazios é do aumento de combustíveis,  o maior vilão da alta de preços de alimentos e outros itens da cesta básica

Publicado: 22 Março, 2022 – Escrito por: Rosely Rocha e Marize Muniz | Editado por: Marize Muniz

ARTE: EDSON RIMONATO / FOTO: RICARDO PARIZOTTI (SAPÃO)

Os aumentos nos preços dos alimentos, bebidas e produtos de higiene e limpeza estão, desde o ano passado, esvaziando os carrinhos de supermercados dos trabalhadores e trabalhadoras, cujos salários estão tendo reajustes menores do que a inflação. Menos compras ainda estão fazendo os  aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que não têm mais aumento real do benefício desde que Jair Bolsonaro (PL) assumiu a Presidência da República, em 2019.

A combinação de preços altos versus salários arrochados levou as famílias brasileiras a reduzirem em 5,6% o número de produtos de uma cesta de compras com 120 categorias, em 2021. E ainda assim aumentaram os gastos em 8,6%, em relação a 2020, segundo pesquisa da consultoria global Kantar.

A diminuição na lista de produtos comprados é uma regra que já vem sendo cumprida pela manicure Luciene Pinho e pelas aposentadas Maria Francisco e Marisa de Souza.

Casada com um filho adolescente, Luciene, que mora em Guarulhos e trabalha na capital, conta que sempre optou pelas marcas mais baratas para economizar e fazer o dinheiro render. Desde o ano passado, no entanto, começou a cortar o básico e essencial para a conta fechar, mas diz que mesmo assim está difícil. “Comecei cortando a carne, depois reduzi a quantidade de café, os produtos que mais subiram nos últimos meses. Depois fui reduzindo e até frango passei a comprar menos ou trocar por ovos”, diz.

“Também deixo de comprar legumes, como cenoura e tomate, quando sobem demais”, acrescenta a manicure que lamenta porque tem problemas de saúde e precisa de uma dieta rica em legumes e verduras, “algumas impossíveis de comprar por enquanto”, afirma. 


ROBERTO PARIZOTTI

Segundo ela, nem trabalhando mais horas e juntando o seu ganho com o do marido, que é pintor de carros, está dando para manter o padrão de vida de antes. “A gente nunca foi de sair para comer fora, até mesmo porque não tinha condições, mas uma pizza uma vez por mês, dava, agora nem isso”, diz Luciene.

As aposentadas Maria Francisco, de São Paulo, e Marisa de Souza, de Botucatu, que tinham um padrão de vida que permitia idas a restaurantes e a compra de supérfluos como geleia e salmão fizeram uma mudança mais profunda ainda na hora das compras, além de trocar marcas de produtos tradicionais pelas mais baratas.

“Na geladeira de casa já não tem mais iogurte, pudins, sucos de caixa, geleias e salmão. A despensa não tem mais nada ‘supérfluo’ como amendoins, nozes, bolachas e frutas secas como damasco. Também diminuímos o consumo de carne e a pizza, que antes era semanal, passou a ser mensal, e economizo diminuindo o uso de óleo, deixando a fritura de lado, e colocando menos alho e cebola na hora de cozinhar”, conta Maria.

Já Marisa diz que a churrasqueira em sua casa está lá praticamente de enfeite. “No lugar da carne, como frango quando quero algo grelhado. O tradicional vinho com queijos, nos finais de semana com amigos, foi deixado de lado. E as marcas de produtos comprados como sabão em pó e detergentes, por exemplo, dependem de ofertas.

“Está tudo muito caro e para o dinheiro da aposentadoria dar até o final do mês, troquei quase todas as marcas e não compro mais nada que considero supérfluo”, diz Marisa.

O perrengue por que passam a manicura e as aposentadas, assim como milhares de famílias brasileiras devem piorar ainda mais. As previsões para 2022 não são nada animadoras por causa dos reajustes nos preços dos combustíveis, praticados pela Petrobras, que impactam nas gôndolas dos supermercados.

“O combustível aumentou muito e é um insumo fundamental para a produção, escoamento e comercialização, e tem pesado demais sobre os preços dos alimentos”, diz Alexandre Ferraz, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que atua na subseção da Contag.

A coordenadora da pesquisa de preços da cesta básica do Dieese, Patrícia Costa, prevê uma piora nesse quadro econômico com a guerra entre Rússia e Ucrânia, impactando ainda mais nos preços dos alimentos, embora o consumidor brasileiro já sentisse o peso, por causa dos custos da energia, dos combustíveis e das tarifas das empresas.

“O cenário é preocupante. A gente tem de lidar com o tal ‘mercado futuro’ que ao sentir que os preços do commodities como o trigo, por exemplo, vão aumentar por algum fator, já reajusta sem antes mesmo de pagar mais caro pelo produto”, explica Patrícia.

Os reajustes nesses produtos já foram sentidos nos 12 primeiros dias de março, superando o mês de fevereiro inteiro. A farinha de trigo ficou, em média, 4,46% mais cara, o preço do macarrão com ovos subiu 4,24%, o de biscoitos, 2,62% e o do óleo de soja, 5,79%, de acordo com o levantamento feito, a pedido do jornal O Estadão, pela startup Varejo 360.

Embora a pesquisa mensal do Dieese do valor da cesta básica para o mês de março, nas capitais país ainda não tenha sido fechada (será divulgada em 6 de abril), Patrícia Costa, acredita que o impacto será sentido na coleta de preços.

“Por um lado, o Brasil depende em boa parte do trigo importado da Rússia. Já a Ucrânia é uma grande produtora de óleo de girassol. Havendo diminuição do produto à venda, o consumidor deve recorrer ao óleo de soja, que consequentemente poderá aumentar ainda mais”, conclui a supervisora da área de preços do Dieese.

Lula acusa golpe de 2016 pela carestia

Para o ex-presidente Lula toda a destruição econômica e consequentemente o aumento da inflação e dos preços dos alimentos no país são uma das consequências do golpe de 2016 contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), legitimamente reeleita pelo povo brasileiro.

“Inventaram uma tal ponte para o futuro, mas a ponte era só o buraco. Não tinha ponte”, disse ele se referindo a proposta do ilegítimo Michel Temer e seu MDB. “Seis anos depois do golpe, como está o preço do arroz, do feijão, da carne, da gasolina, dos pedágios, do óleo diesel?”, questionou.

 

 

Lançada por Residente, vocalista do Calle 13, “This is not America” também faz menção a Victor Jara e Lolita Lebrón

Gabriela Moncau/Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 22 de Março de 2022 

Em apenas 12 horas, o clipe teve duas milhões de visualizações – Reprodução

Se você não viu, já dê logo o play. O novo clipe de Residente, como é conhecido René Joglar, rapper porto-riquenho vocalista da banda Calle 13, foi lançado na última sexta-feira (18) e tem circulado com mais velocidade que a pólvora das invasões coloniais que ele retrata. Em cinco dias, This is not America já superou oito milhões de visualizações no youtube. 

Bradando que “América no es solo USA, papá”, a música tem participação da dupla franco-cubana Ibeyi, composta pelas gêmeas Lisa-Kaindé e Naomi Díaz que, em 2019, gravaram Libre com Emicida. 

Dirigido pelo francês Gregory Orel, o clipe combina cenas de protestos de rua, repressão militar e futebol, grandes metrópoles com monumentos pré-colombianos, e traz diversas referências às opressões e resistências latino-americanas.   

Jair Bolsonaro (PL) é o chefe de Estado cuja referência é a mais explícita. Observado por uma criança indígena, o homem de terno e gravata abocanha um pedaço de bife da refeição acompanhada por uma taça de vinho no gabinete presidencial. Em seguida, limpa a boca na bandeira brasileira. 

“Tratamos de encontrar alguém parecido com ele”, confirmou o rapper ao Globo. São muitos os governantes que “não se importam com seus países”, disse, mas na impossibilidade de retratar todos no clipe, “escolhemos o campeão”. 

Bolsonaro foi o único presidente explicitamente representado no clipe / Reprodução

De acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), as áreas de pasto para a pecuária já ocupam 75% das terras públicas desmatadas na Amazônia.  

Donald Trump também é criticado, como na cena em que uma mulher dá de mamar ao seu bebê por entre grades que os separam. A alusão à política estadunidense anti-imigrantes que em 2018 separou famílias e enjaulou ao menos 2.300 crianças é explícita. 

 

De acordo com o Centro para Estudos de Imigração, cerca de 1,2 milhões de imigrantes tentam chegar aos Estados Unidos a cada ano / Reprodução

O vídeo também faz menção a recentes revoltas populares que explodiram no continente. Entre elas, a de 2021 contra a reforma tributária que o presidente colombiano, Iván Duque, tentou emplacar; e a de 2019 no Chile, cujo estopim foi o aumento da tarifa dos transportes e que teve, entre suas consequências, uma nova constituinte. 

Quando canta “cinco presidentes em onze dias”, Residente lembra o feito realizado pelo movimento dos piqueteros na Argentina durante a crise econômica de 2001 que, sob a consigna “que se vayan todos”, derrubou esse tanto de chefes de Estado em tempo recorde.  

Do México, são retratadas as mulheres do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) e os 43 estudantes de Ayotzinapa que seguem desaparecidos desde setembro de 2014.  

O pingente de “machete”, um facão, que aparece pendurado no pescoço de Residente é como o símbolo do Exército Popular Boricua de Porto Rico, também conhecido como Los Macheteros.  

A organização militar clandestina socialista existe desde a década de 1970 e luta pela independência porto-riquenha em relação aos Estados Unidos. 

Lolita, Jara e Tupac Amaru

Mas o clipe não se limita a eventos históricos recentes. Os tiros para cima que dão a partida para os tambores com os quais a música começa são aqueles disparados por Lolita Lebrón.  

Ativista anti-imperialista porto-riquenha, Lolita protagonizou um ataque a tiros contra a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos em março de 1954. O atentado lhe rendeu 25 anos de prisão.  

Décadas depois, em 1997 e já presidindo o Partido Nacionalista de Porto Rico, Lebrón declarou ao congresso estadunidense que a ação armada não foi um ataque de ódio, mas o “grito de liberdade de um povo ameaçado de extinção”.  

O cantor chileno Victor Jara também é homenageado, em uma das cenas mais fortes do vídeo. Compositor de clássicas canções de protesto como Te recuerdo Amanda, Jara foi torturado e fuzilado poucos dias depois do golpe militar liderado pelo general Augusto Pinochet em 1973, que duraria até 1990. 

O Estádio Nacional em Santiago no qual foi morto e que serviu de campo de concentração do regime militar chileno leva, atualmente, o seu nome.  

Se referindo à figura de quem o rapper estadunidense Tupac Shakur pegou o nome emprestado, Residente fala do guerreiro indígena peruano que comandou uma insurreição contra a coroa espanhola durante o século 18.  

A cena no clipe em que uma mulher é puxada pelas pernas e braços pela polícia faz alusão ao desmembramento com partes do corpo amarradas a quatro cavalos, que foi a pena de morte decretada a Tupac Amaru II depois de capturado, em Cuzco.  

Um salve para Childish Gambino 

“Gambino, mi hermano, esto sí es América”. A frase cantada por Residente é para o rapper e ator estadunidense Childish Gambino, que em 2018 lançou a música This is America.  

O vocalista de Calle 13 não parece se contrapor a Gambino, que no clipe da canção referida faz, com cenas da escravidão à violência policial, uma crítica pesada ao intrínseco racismo estadunidense.  

Mas não deixa de, o chamando de irmão, apontar que a violência colonial dos Estados Unidos se manifesta também quando seus residentes insistem em se referir ao país com o nome de todo o continente. 

“Estamos aquí”, diz René logo no início da música. “Mírame, estamos aquí.” 

Edição: Rodrigo Durão Coelho