Já começaram as aulas do curso Pré-Encceja do Sintufrj, uma iniciativa da direção Ressignificar e que faz parte do Projeto Universidade para os Trabalhadores. Os 40 inscritos terão seis meses para se prepararem para o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). Quem marca a prova é o governo federal, e o aluno que alcançar a média (que deve ser 5 ou 6) obterá o certificado de conclusão do ensino fundamental ou médio emitido pela Secretaria Estadual de Educação.
Neste primeiro momento, o Pré-Encceja Sintufrj visou, principalmente, atender os servidores da UFRJ ludibriados pela direção anterior da entidade liderada pelo coletivo Tribo/Unir. Esses ex-diretores fizeram uma parceria com uma instituição obscura, cujo registro havia sido cassado pelo Conselho Estadual de Educação, e ofereceram à categoria o projeto PBase, que concedia diplomas sem validade e sem que a pessoa precisasse assistir às aulas.
Com toda a certeza os servidores que caíram nesse conto do vigário almejavam recuperar o tempo perdido e concluir sua formação escolar básica: o ensino fundamental ou o médio. Porém, muitos foram “aconselhados” a não aproveitar essa chance e deixaram de se inscrever nessa primeira turma do Pré-Encceja do Sintufrj. Tremenda maldade com os companheiros, que amargam a decepção do PBase das gestões Tribo/Unir.
A dinâmica do curso
O Pré-Encceja Sintufrj tem duração prevista de seis meses, podendo ser prorrogado, dependendo da data da prova – o curso começou na segunda-feira, 13 de dezembro, e deverá terminar em junho/2022. As aulas são on-line pela plataforma Zoom, das 14h às 15h30, de segunda a sexta-feira, ministradas por extensionistas da UFRJ das áreas de conhecimento do curso. Mas a assistência ao aluno continua das 15h30 às 17h, explicou a coordenadora pedagógica do projeto, professora Daniele São Bento.
“O curso tem quatro áreas de conhecimento: matemática, linguagens, ciências humanas e ciências da natureza e, além das aulas, oferece aos alunos a Tutoria. O que é isso? É um suporte personalizado oferecido aos alunos, com o acompanhamento de um monitor. Para rever exercícios, tirar dúvidas. O objetivo é melhorar a qualidade do aprendizado”, disse a coordenadora.
Segundo a professora, inicialmente o Pré-Encceja Sintufrj era voltado somente para o público interno, servidores, prestadores de serviços, terceirizados, mas foi aberto aos interessados em geral. “Da comunidade da UFRJ, incluindo servidores, são apenas um terço dos 40 inscritos. A maioria é de outras categorias e de desempregados”, disse Daniele.
Governo Bolsonaro reafirma seu desprezo à educação pública, à ciência, à pesquisa, à cultura
A conta não fecha entre o que a UFRJ precisa e o que está previsto na proposta de Lei Orçamentária Anual (PLOA). Isso ficou óbvio na exposição sobre a proposta de orçamento da universidade para 2022 feita pelo pró-reitor de Planejamento Orçamento e Finanças, Eduardo Raupp, na sessão extraordinária do Conselho Universitário (Consuni) desta quinta-feira, 16.
Ele apresentou uma estimativa de receitas e despesas da UFRJ com base na proposta Ploa. Mas, como o Orçamento da União de 2022 ainda não foi aprovado pelo Congresso Nacional, pode haver alteração dos valores. Inclusive em função da promessa da Comissão Mista de Orçamento do Senado de recomposição em 80% da dotação das universidades em 2019 no orçamento de 2022.
A Andifes (Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) pleiteia uma recomposição de 100% dos valores de 2019.
Encontro de déficits
Mesmo com um aumento de 7,5% no orçamento para as despesas discricionárias (que têm a ver com o funcionamento da universidade) vai faltar dinheiro. A demanda de gastos é da ordem de R$ 413 milhões, mas a Lei Orçamentária Anual prevê pouco mais de R$ 320 milhões. Há despesas que não podem mais sofrer cortes, como segurança e limpeza, e que ocupam boa parte das contas.
Portanto, a proposta orçamentária para a UFRJ foi apresentada ao Consuni com déficit em torno de R$ 93 milhões, “que vai se tentar administrar no dia a dia se não seria inviável manter as atividades (acadêmicas)”, segundo o pró-reitor.
Além disso, ele falou que o déficit deste ano deverá ficar em torno de mais de R$48 milhões. “O corte foi brutal nos anos anteriores e o reajuste não faz jus ao pleito das instituições”, disse Raupp.
Os números
A PLoa/2022 prevê um valor total de R$ 3.935.968.523,00, uma redução de R$ 44.697.929,00 (menos 1,14%) em relação ao valor de 2021 (R$ 3.980.666.452,00,).
Na parcela destinada à Pessoal, pela primeira vez (e sem explicação), houve redução de R$ 73.912.973,00 (-2,02%). De R$ 3.664.062.465,00 em 2021 caiu para R$ 3.590.149.492,00 em 2022.
Nas Despesas Discricionárias houve um aumento de R$ 21.625.859,00 (7,23%). Passou de R$ 299.193.172,00 em 2021 para R$ 320.819.031,00 em 2022.
No PLOA/2022 foram incluídos dois valores destinados ao Complexo Hospitalar: o Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais/Rehuf e Enfrentamento da Covid-19 pelas Unidades Hospitalares. Só que menores do que nas transferências anteriores e aquém das necessidades dos hospitais, informou o pró-reitor de Finanças.
Aumento para capacitação
Entre as novidades está o aumento dos valores para Ação de Capacitação dos Servidores de 69% em relação ao valor de 2021 (de R$ 1.185.978,00 para R$ 2.000.000,00 em 2022, o maior da história); e o aumento do Orçamento Participativo de 136% em relação ao valor de 2020 (de R$ 7.620.671,00 para R$ 18.004.167,00).
“Isso é fruto da política de desmonte das universidades pelo governo”, disse a representante discente no Consuni, Júlia Vilhena. Segundo Raupp, “a luta agora é para a volta aos moldes (do orçamento) de 2019 (R$ 377 milhões) e corrigidos”.
A tragédia brasileira só terminará quando Bolsonaro deixar o governo e a reconstrução começará quando Lula assumir a Presidência. Por isso, 2022 será o ano das nossas vidas
A CUT foi fundamental para o Brasil em 2021. Dirigentes, bases e militantes, em todos os Estados, se superaram e fizeram esse ano entrar para a história do movimento sindical e do país tamanhas foram nossa resistência e luta no momento mais tenebroso da classe trabalhadora e do movimento sindical brasileiro.
Nossa luta impediu que o país fechasse 2021 ainda mais pobre, doente, desigual, injusto, isolado e menos democrático. Fomos exigidos à exaustão, como nunca, e correspondemos à altura. Enfrentamos os ataques e os desafios ocupando todos os espaços: ruas, internet, redes sociais e Congresso Nacional, mesmo sob a perseguição de um governo criminoso e apesar das restrições impostas pela pandemia de Covid-19.
ROBERTO PARIZOTTI
ROBERTO PARIZOTTISe em 2021 a CUT e todo o movimento sindical foram fundamentais, em 2022, teremos de ser ainda mais combativos e decisivos. Será o ano das nossas vidas. As eleições definirão como será o futuro da classe trabalhadora nas próximas décadas. A luta está posta, será difícil e tensa, mas venceremos.
A análise é do presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, e não se baseia em um balanço com lista protocolar de vitórias versus derrotas, porque, sim, as perdas foram profundas e inegáveis, mas as conquistas fizeram a diferença.
“Em 2021, a CUT, a unidade do Fórum das Centrais Sindicais e a ação conjunta e solidária com os movimentos sociais foram decisivas para empurrar esse presidente miliciano ao limbo da sua pior avaliação, mostrar ao mundo que Bolsonaro é um pária e que somente a eleição de Lula à Presidência da República recolocará o Brasil no rumo da democracia e do crescimento, com emprego de qualidade, igualdade e justiça social”, afirma Sérgio Nobre.
Ele resume o desafio da CUT, e do Brasil, para o 2022 que se aproxima: “A tragédia brasileira só terminará quando esse governo genocida acabar e a reconstrução começará quando Lula assumir a Presidência da República”. Porque, complementa, “se perdemos o pleito do ano que vem, o retrocesso e ataques aos trabalhadores e trabalhadoras seguirão por décadas. “Vamos lutar e vencer”, convoca.
Seguem alguns destaques da luta em 2021 e perspectivas para 2022, na visão do presidente nacional da CUT.
SUS salva
O Brasil encerrará 2021 triste e derrotado pelas mais de 617 mil vidas perdidas em consequência da pandemia de Covid-19. Um número que poderia ser ainda maior, não fosse a intensa luta por prevenção e vacina feita pelos movimentos sindical e sociais, a comunidade científica e a mídia. Combatemos o negacionismo criminoso de Bolsonaro, o responsável pela maior parte das mortes e dos milhões de casos e suas sequelas.
Na outra face dessa tragédia sanitária e social, que impactou a economia e os empregos no Brasil e no mundo, Sérgio Nobre destaca a ação vitoriosa do Sistema Único de Saúde (SUS) e o trabalho dos servidores e servidoras públicos em todo o país, que conseguiram imunizar mais de 65% da população brasileira com duas doses da vacina, apesar das decisões desastrosas do governo e da pregação eleitoreira de Bolsonaro.
Os crimes cometidos pelo presidente e seus cúmplices no governo (boicote à vacina, ao isolamento, denúncias de corrupção na compra do imunizante entre outros) foram revelados ao mundo pela CPI da Covid e cunharam ainda mais o título de pária nas costas de Bolsonaro.
A CUT foi protagonista nessa luta contra o negacionismo, em defesa da vida, da vacina, pelo respeito aos protocolos sanitários, na conquista de proteção aos trabalhadores em seus locais de trabalho, nas ações solidárias de suas bases, institucional junto aos governos estaduais e no Congresso Nacional. Exalto o SUS, o serviço público e lamento a perda de valorosos companheiros e companheiras de luta, dirigentes e militantes. A eles, todo o nosso respeito, reconhecimento e admiração. Farão falta”, afirma Sérgio Nobre.
Freio no desmonte
A CUT enfrentou todo tipo de ataques e ações desferidas diretamente contra a classe trabalhadora, via tentativa de desmonte das estatais, dos serviços públicos, da organização sindical, de instituições democráticas. Resistimos. A MP 1.045 foi rejeitada e arquivada, os Correios não foram privatizados nem a Petrobras, a Caixa ou o Banco do Brasil, como quer o ministro da Economia, Paulo Guedes. A PEC 32, da reforma Administrativa, não foi votada nem deverá ser. São vitórias da resistência, pressão e luta. É pouco provável que o Congresso Nacional queira mexer nesses temas em pleno ano eleitoral.
ROBERTO PARIZOTTI
“A rejeição e arquivamento da MP 1.045, que criava a famigerada carteira verde amarela, a da escravidão, é resultado e vitória do trabalho institucional muito bem feito e bem organizado pelo movimento sindical dentro do Parlamento”, afirma Sérgio Nobre.
Seguiremos resistindo, afirma Sérgio Nobre, porque “a iniciativa privada não tem, historicamente, condições de exercer o papel de indutor da economia e, nunca na história, o Brasil cresceu sem a ação do Estado e das empresas estatais”.
O presidente nacional da CUT destaca que “em dois anos e meio de governo, Bolsonaro não apresentou uma única proposta efetiva para geração de emprego e renda”. “Ao contrário, ele desmontou instrumentos de crescimento e desenvolvimento do país, em todos os setores e esferas, criou uma crise profunda e generalizada que levou o Brasil a cair de sexta economia do mundo, durante os governos de Lula e Dilma, para a 12ª posição, hoje”, compara o presidente nacional da CUT.
Solidariedade contra a fome
2021 foi marcado pela maior tragédia que pode acontecer a uma nação: a fome. O Brasil voltou ao Mapa da Fome seis anos após ter vencido esse pesadelo graças aos investimentos e políticas criadas nos governos petistas de Lula e Dilma, que elevaram a renda dos mais pobres.
Sérgio Nobre destaca que as bases responderam ao chamado da CUT e arrecadaram toneladas de alimentos, produtos de limpeza, máscaras e outros itens, que foram doados aos desempregados e à população vulnerável nas periferias das cidades, em todos os Estados. A CUT fez parcerias, com o MST, por exemplo, e campanhas para conseguir alimentos e doações, inclusive fora do Brasil.
“Está na eleição de Lula a nossa certeza de que os brasileiros voltarão a fazer três refeições por dia”, afirma o presidente nacional da CUT.
Dentro do Congresso, sim
“A agenda institucional foi decisiva em 2021 na defesa da classe trabalhadora. A ação da CUT e das centrais sindicais nas três esferas de poder foi fundamental. Fomos ao Supremo Tribunal Federal (MPF), ao Ministério Público, buscamos as lideranças e presidentes do Senado, da Câmara para levar a pauta da classe trabalhadora, denunciar, dialogar e pressionar”, resume Sérgio Nobre.
A CUT, o Fórum das Centrais Sindicais foram para dentro do Congresso Nacional enfrentar na raiz as medidas e propostas que atacam os direitos da classe trabalhadora.
“Como não existe governo federal, tivemos de ir para dentro do Parlamento, pressionar e atuar diretamente junto a deputados federais e senadores para debater e lutar contra as matérias que afetam diretamente o mundo do trabalho e atacam os direitos da classe trabalhadora”.
Para o presidente da CUT, em 2022, “cada vez mais esse trabalho institucional feito dentro do Parlamento terá de estar aliado às mobilizações de rua e lutas nos locais de trabalho, porque temos muitas medidas e propostas prejudiciais à classe trabalhadora e ao país tramitando no Congresso Nacional e precisamos derrotá-las no ano que se aproxima”.
PEC 32 – se votar não volta
“Nunca vi tamanha organização de uma categoria, um setor como no movimento dos servidores e servidoras públicos contra a PEC 32. Dirigentes e militância da CUT e de todas as centrais, em todos os estados, fizeram um calendário ousado e exitoso para pressionar os parlamentares, em Brasília e em suas bases eleitorais, e conseguiram. Foi de extraordinária importância”, afirma Sérgio Nobre.
REPRODUÇÃO
Organizamos grupos de trabalho em todas as regiões do País e, por meio da realização de encontros, tendo como referência a Agenda Legislativa das Centrais Sindicais 2021, conseguimos desenvolver um trabalho de acompanhamento sistemático dessa agenda no Congresso.
“Seguiremos em 2022 com a pressão: se votar, não volta”, avisa o presidente nacional da CUT.
Emprego
O Brasil enfrenta desemprego recorde e uma precarização sem precedentes, desde 2017, cenário que foi agravado pelo governo Bolsonaro. Segundo o IBGE (Pnad, novembro de 2021), há no país 177 milhões de pessoas em idade de trabalhar (com 14 anos ou mais), dos quais 93 milhões estavam ocupadas e 13,5 milhões desempregadas. Se considerada toda a mão de obra ainda subutilizada, está faltando trabalho para 30,743 milhões de brasileiros.
São dezenas de milhões de brasileiros e brasileiras fora da força de trabalho. Os empregos gerados neste ano são em sua maioria informais, de baixa remuneração e precários. Essa realidade da empobrecida classe trabalhadora brasileira não impede, porém, de ter a certeza que a situação estaria ainda pior não fosse a nossa luta.
Unidade fez a diferença
A ação unitária das Centrais Sindicais foi decisiva à luta em defesa da classe trabalhadora, da democracia e soberania do país. Construímos propostas, no espaço do Fórum das Centrais, desenvolvemos ações para enfrentar a crise sanitária, garantir proteção aos trabalhadores e trabalhadoras. Articulamos com entidades, organizações e coalizões da sociedade civil para proteger a vida, por vacinas, por empregos, contra a carestia e em defesa do Estado Democrático de Direito, contra o ódio e a perseguição, que chegou ao extremo no governo Bolsonaro, contra mulheres, negros, indígenas, população LGBTQIA+.
Após um 1º de Maio histórico, voltamos às ruas com todos os cuidados exigidos para não contrair nem disseminar Covid-19, e juntamente com os movimentos populares, partidos progressistas e atores da sociedade passamos a realizar mobilizações e a ocupar as ruas, em defesa da vida, da vacina, conta a fome, pelo retorno do Auxílio Emergencial de R$ 600,00, pela proteção dos empregos e salários, contra a carestia, contra as privatizações, contra a PEC 32 e, principalmente pelo Fora Bolsonaro, como parte da campanha puxada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
Orientamos os nossos sindicatos e entes para realizar campanhas de solidariedade, distribuir alimentos e colocar à instalações dos sindicatos à disposição do SUS para que fossem usadas no combate à pandemia. Integramos a “Campanha Renda Básica que queremos”, movimento que reúne centenas de entidades, movimento sociais e coalizões que defendem a implementação de um programa permanente de renda básica que garanta condições de vida digna para as famílias mais pobres, fortaleça a economia e reduza as desigualdades. Propusemos a governadores e prefeitos medidas para complementar a renda de proteção, o que foi efetivado por muitos governos locais e estaduais. Falamos com movimento sindical internacional, demos e recebemos ajuda.
1º de Maio 2022
“Em 2021 fizemos um 1º de Maio Unitário virtual, e mesmo assim histórico, com o mote contra a fome, pela vacina e Fora Bolsonaro. 2022 exigirá do movimento sindical, se houver condições sanitárias, que façamos o maior ato dos últimos tempos, dessa vez, presencial”, convoca Sérgio Nobre.
ROBERTO PARIZOTTI
Organização
A 16ª Plenária da CUT avaliou os desafios e apontou rumos da Central e do movimento sindical frente à chamada “nova realidade” do mundo do trabalho, que mesmo antes da pandemia já apresentava transformações importante, aceleradas pela crise sanitária. “A plenária reforçou que um dos nossos principais desafios é estruturar a representação do conjunto de trabalhadores, independentemente das formas de contratação, e que tenham identidade com projeto de classe idealizado pela Central”.
“O novo mundo do trabalho pode ser considerado bom ou ruim e o que vai decidir isso será a nossa capacidade de organização para fazer esta disputa de sociedade por um país inclusivo, representativo e combativo na luta cotidiana na vida e no trabalho. O futuro do movimento sindical começa agora e este dia será histórico”, disse o presidente da CUT.
ROBERTO PARIZOTTI
Brigadas digitais
A necessidade de isolamento por conta da pandemia não paralisou as atividades da CUT. Ao contrário: dirigentes, funcionários, militantes multiplicaram seus olhos e tarefas para debater, propor, elaborar durante inúmeras reuniões, debates, seminários, lives, com maioria das atividades em formato virtual.
“Pudemos nos valer da tecnologia para seguir em contato com os sindicatos, as bases, o povo, ouvi-los e ser ouvidos. Temos de nos apropriar cada vez mais desse espaço”.
Por isso, a CUT se desafiou e lançou um projeto inédito na forma do Mutirão de Comunicação – Brigadas Digitais, porque, segundo Sérgio Nobre, “é prioridade e fundamental que a Central dialogue com milhões de pessoas, que amplie a voz da classe trabalhadora nas redes sociais e, assim, impacte nas decisões no Congresso Nacional e dos patrões.”
“Estamos nos preparando, formando a militância para a batalha nas redes sociais em 2022, que vai ajudar a construir um país mais justo para todos. Não podemos deixar que aconteça nas eleições de 2022 o mesmo que ocorreu em 2018, quando fomos derrotados pela fábrica de fake news de Bolsonaro”, afirma o presidente nacional da CUT Brasil.
Diplomacia sindical x pária mundial
O presidente nacional da CUT, em 2021, esteve na Venezuela e na Argentina onde se reuniu com as centrais sindicais e lideranças políticas dos dois países. Mas a ação internacional começou no final de 2020, com visita ao movimento sindical e ao presidente boliviano, Luis Arce, que retribuiu, em novembro passado, quando esteve na CUT e fez importante fala política.
ROBERTO PARIZOTTILuis Arce, na sede da CUT, em novembro
O principal objetivo das visitas de Sérgio Nobre aos países vizinhos foi pavimentar, junto às centrais sindicais daqueles países ações de cooperação, intercâmbio e solidariedade. Como resultado, já está sendo construído seminário sindical dos países da América Latina e Caribe, que deverá ser realizado no início de 2022, na Venezuela.
Em novembro passado, Sérgio Nobre se reuniu, em Caracas, com lideranças sindicais venezuelanas, onde nasceu a ideia do seminário regional. Foi ao país de Nicolás Maduro, com quem também se encontrou, para retribuir a solidariedade do povo venezuelano, que doou oxigênio hospitalar ao Brasil. As centrais brasileiras fizeram campanha de arrecadação e conseguiram doar uma tonelada de equipamentos a uma das usinas da Venezuela que produz oxigênio.
REPRODUÇÃOSérgio Nobre com Maduro, na Venezuela
“A luta sindical e popular, cada vez mais globalizada, exige ainda mais unidade e solidariedade, porque temos pautas e desafios que exigem luta conjunta”, afirma o presidente nacional da CUT ao destacara que a vitória de Arce na Bolívia, após o golpe da direita sofrido por Evo Morales, é um exemplo mundial de retomada da democracia.
Livro desmente Moro e Lava Jato
2021 marcou suspeição de Sérgio Moro, ex-juiz que comandou a parcial e suspeita Operação Lava Jato de Curitiba, que perseguiu, mentiu, condenou e prendeu, sem crimes nem provas, o ex-presidente Lula. O STF considerou Moro parcial e suspeito, como a CUT sempre denunciou. Os processos estão sendo anulados, um a um.
Visionária, a CUT se antecipou ao Supremo e, em parceria com o Dieese, lançou estudo inédito profundo para revelar como a Lava Jato destruiu empregos e afundou a economia do Brasil, com suas práticas parciais e ilegais. Foram 4,3 milhões de postos de trabalho não gerados e R$ 172 bilhões que deixaram de ser investidos no Brasil por conta da Operação que tentou destruir a Petrobras para beneficiar o capital estrangeiro.
O estudo virou livro: “Operação Lava Jato: Crime, devastação econômica e perseguição política “ e já roda o Brasil e o mundo, desmascarando Sérgio Moro, que agiu ao arrepio da lei e da Constituição Federal, para depois virar ministro de Bolsonaro. Não podemos esquecer, jamais, que Lula liderava todas as pesquisas eleitorais em 2018 e, por isso, foi preso. Moro foi determinante para a vitória de Jair, tanto que virou seu ministro. Hoje, posa de candidato sob a bandeira do combate à corrupção.
Quem é Moro, senão ele mesmo um corrupto, como analisam e denunciam seus próprios companheiros de magistratura.
“A Lava Jato se apropriou do discurso do combate à corrupção, para criar um projeto de poder, perseguição política e destruição da maior empresa brasileira, beneficiando economias estrangeiras, que estariam incomodadas com a presença crescente do país”, explica o presidente nacional da CUT.
A corrupção, diz Sérgio Nobre, tem “efeito devastador” sobre os trabalhadores e trabalhadora e o combate à prática é bandeira do movimento sindical. “Mas a Lava Jato, além de não combater a corrupção, contribuiu de forma decisiva para a crise brasileira e o desemprego”, afirma Sérgio Nobre.
“Ninguém melhor que a CUT pode fazer esse debate contra a pré-candidatura de Sérgio Moro e os efeitos perversos da Lava Jato de Curitiba na economia e na vida da classe trabalhadora. O estudo é profundo, robusto e ajudará nossas bases e militância a disputar narrativa e a desmascarar esse ex-juiz”.
Lula, presidente
Lula provou sua inocência. Na Justiça, o ex-presidente conquistou 22 vitórias até agora. Lula é inocente. Lula voltou a ser elegível, poderá disputar a presidência em 2022. Lula, como em 2018, lidera todas as pesquisas de intenção de voto. Vence todos os demais pré-candidatos no primeiro e segundo turnos. Enquanto seu principal adversário em 2022 é visto como pária mundial e renegado pelas principais lideranças mundo afora, Lula é recebido como estadista.
Ela mostrou que o feminismo é para todos, que educação é transgressão, que o amor não é privilégio só de alguns. Uma parte dessa senhora negra de letras miúdas findou hoje. Mas a grandeza de bell hooks não cabe no tempo.
Lembro perfeitamente a primeira vez que ouvi falar em bell hooks. Eu já era uma mulher adulta, mestre, versada nos estudos da escravidão no Brasil, querendo dialogar com o restante das Américas. Lembro também, que antes de tudo, antes de toda a mudança que ela trazia, pensei: por que as letras miúdas?
Vinha de um universo no qual o feminismo que me era apresentado não fazia sentido algum. As mulheres da minha família, todas elas, nunca tiveram a opção de não trabalhar. Nunca precisaram reivindicar por um direito, que na verdade era um dever que garantia a existência delas mesmas e de sua prole. Uma condição que não era exclusiva da minha família, e que era, e ainda é, a realidade de grande parte das mulheres deste país, sobretudo as mulheres negras. O feminismo que se dizia universal, mas que na verdade era branco, não me comportava. E, por isso, eu fechei as portas para ele.
Nessa mesma vida adulta, muitas amigas e colegas negras já tinham me dado a real, anunciado que eu precisava ler e estudar o feminismo negro e as feministas negras. Posterguei por um tempo, confesso. Mas aquele nome e sobrenome em letras minúsculas me intrigaram. Por que uma das maiores referências do feminismo negro mundial apresentava a si mesma daquela forma.
E foi numa espécie de puxão de orelha afetuoso, desses que as irmãs mais velhas dão, que bell hooks me ensinou que o feminismo, aquele que realmente importa, é para todo mundo. E ao redimensionar a própria ideia de feminismo, ela também lembrou, com a força dos que sabem e aprendem, o que Paulo Freire dizia há tanto, para tantos: ensinar também pode ser transgredir. Se a educação foi uma ferramenta amplamente utilizada na manutenção do sistema racista e de suas práticas excludentes, essa mesma educação pode transformar tudo o que está ao seu redor, contanto que a liberdade seja o norte dessa relação de ensinar-e-aprender.
No diálogo transnacional, que atravessou rios e oceanos, a senhora negra das letras miúdas conseguiu fazer quase o impossível: ver, falar e escrever sobre amor. Ao fazer isso, bell hooks subverteu a lógica do mundo que insiste em dizer que o amor é para alguns, os mesmos de sempre. Ela revelou possibilidades, acarinhou tristezas, limitou a solidão. Uma mulher que é teoria e prática, algo tão difícil nos dias de hoje.
E tudo isso, todos esses chamamentos e anunciações foram tecidos por essa mulher que sabia o tamanho que temos no mundo. Ao insistir em ser letra minúscula, bell hooks ampliou suas palavras (escritas e faladas), bem como as palavras que vieram antes dela, ajudando a pavimentar esse caminho que estamos percorrendo – e sobre o qual ainda há muito o que dizer.
Ao se fazer pequena, bell hooks deu a justa medida dos seres e das coisas. Do indivíduo, do coletivo, da comunhão, do mundo a ser mudado. E mais. Lembrou que a justa medida pode e deve ser múltipla, complexa, diversa, heterogênea.
Uma parte de bell hooks findou hoje. Mas permanece o olhar atento para as coisas miúdas – aquelas que doem, aquelas que alegram, aquelas que educam, aquelas que amam, aquelas que revolucionam.
A miudeza e a grandeza de bell hooks não cabem no tempo. Ainda bem.
Petista tem 51% dos votos válidos na disputa pela Presidência da República em 2022, segundo levantamento – Mídia NINJA
Uma pesquisa feita pela Instituto MDA encomendada pela Confederação Nacional de Transporte (CNT), divulgada nesta quinta-feira (16), mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) poderia ganhar no primeiro turno se as eleições presidenciais de 2022 fossem hoje, com 50,6% dos votos válidos.
Considerando os brancos, nulos e indecisos, o petista soma 42,8%, superando o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que aparece com 25,6%, o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro (Podemos), com 8,9%, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 4,9%, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com 1,8%.
Intenções de voto no 1º turno da eleições presidenciais de 2022, segundo CNT/MDA / Reprodução
Luiz Felipe D’Ávila (Novo) e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), têm menos de 1% das intenções de voto. Os eleitores que disseram que votarão em branco, nulo ou que estão indecisos correspondem a 15,3%.
Em relação ao levantamento anterior feito pela mesma empresa, em julho, o único pré-candidato que variou acima da margem de erro, de 2,2 pontos percentuais, foi Moro. Ele tinha 5,9% e chegou a 8,9% na nova pesquisa.
Na pesquisa espontânea, Lula tem 30,1% e Bolsonaro, 20,1%. Moro e Ciro tem 1,9% cada, enquanto os outros postulantes não marcam mais de 1%. Nesse cenário, são 37,4% os que se definem como indecisos.
A CNT/MDA também testou cenários de segundo turno. Lula venceria todos os candidatos, sendo a disputa com Bolsonaro a mais acirrada: 52,7% para o petista contra 31,4% para o atual presidente. Em um cenário Lula x Moro, os percentuais de intenção de voto são, respectivamente, 50,7% a 27,4%.
Intenções de voto no 2º turno da eleições presidenciais de 2022, segundo CNT/MDA / Reprodução
O levantamento foi realizado de 9 a 11 de dezembro. Foram realizadas 2.002 entrevistas presenciais, em 137 municípios de 25 unidades da federação. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, com 95% de nível de confiança.
O sambista foi compositor, cantor, diretor de harmonia, agregador e personagem único na história do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela – Arquivo/EBC
O Parque Madureira, localizado na zona Norte do Rio de Janeiro, agora se chama Parque Mestre Monarco. O decreto de mudança do nome partiu do prefeito Eduardo Paes (PSD) e foi publicado no Diário Oficial do município desta quinta-feira (16).
O novo nome do parque, um dos maiores da capital, é uma homenagem ao compositor Hildemar Diniz, o Monarco, falecido no último sábado, aos 88 anos. Ele estava internado desde o dia 21 de novembro no Hospital Federal Cardoso Fontes, onde foi submetido a uma cirurgia no intestino e passou por complicações.
O sambista foi compositor, cantor, diretor de harmonia, agregador e personagem único na história do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, a mais vitoriosa das escolas cariocas. Ao todo, foram oito décadas de dedicação ao samba.
Monarco fez diversos shows no Parque Madureira. Em 2015, ele dividiu o palco com Paulinho da Viola para fazer uma homenagem a Cartola em uma apresentação do bloco Timoneiros da Viola, que reuniu cerca de 50 mil pessoas. A festa também contou com a presença de Tia Surica e de baluartes da Velha Guarda da Portela.
É possível adotar uma cartinha da campanha no site dos Correios até sexta-feira (17) – Divulgação
“Querido Papai Noel”, é assim que todas as cartinhas escritas por crianças começam no final do ano. Com desenhos coloridos e letrinhas recém-alfabetizadas, meninos e meninas de até dez anos enviaram seus desejos de Natal para a campanha “Papai Noel dos Correios” deste ano.
Entre pedidos de brinquedos e tablets, uma cartinha de São Gonçalo, município da região metropolitana, chama atenção para o ponto de vista das crianças sobre a violência policial. Antes de fazer seu pedido, Micaela, de 8 anos, descreve como a operação policial que deixou nove mortos no Complexo do Salgueiro marcou a rotina.
“Hoje o dia amanheceu muito triste aqui em Itaúna no Complexo do Salgueiro em São Gonçalo, os policiais mataram 20 pessoas e jogaram no mangue e meus amigos não tem mais papais. Aqui não temos com o que nos divertir, por isso eu quero te pedir nesse natal um patins de 4 rodas”, escreveu.
Em outro trecho, ela conta sobre a situação de desemprego dos pais e estende o pedido do presente também a sua irmã, Nicole, de 11 anos. “Minha irmã também quer um patins mas não pode escrever cartinha porque já tem 11 anos [idade limite da campanha]”, desabafa.
Cartinha de Nova Iguaçu (RJ) pede que não falte o que comer no final do ano / Divulgação
Em outra carta, Karol, de 10 anos, moradora de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, pede que não falte o que comer no Natal. Ela fala também sobre a situação de desemprego do pai e pede um colchão para dividir com o irmão na hora de dormir.
“Também um tablet e um celular para estudar online”, pede a menina.
Esta é a última semana para participar da campanha, a partir do acesso ao blog dos Correios ou nas 23 agência no estado do Rio de Janeiro. As cartinhas são manuscritas e no site é possível escolher qual criança “adotar”, para doar o presente, por município.
A campanha “Papai Noel dos Correios” acontece há 30 anos e tem como objetivo incentivar o interesse pela escrita e estimular o desenvolvimento de habilidades cognitivas e emocionais nas crianças. O presente deve ser entregue em uma agência dos Correios até sexta-feira (17).
É importante instrumento à formulação de propostas e ações de representação e luta contra a precarização da categoria, diz Sérgio Nobre, presidente da Central. Estudo será divulgado na sexta (17)
Nove de cada dez trabalhadores para plataformas de aplicativos de entrega são homens (92%), a maioria é jovem (até 30 anos), preta ou parda (68%) e tem, em média, renda mensal de R$ 1.172,63, o que representa um ganho líquido de R$ 5,03 por hora trabalhada.
Esses e muitos outros dados constam da pesquisa Condições de Direitos e Diálogo Social para Trabalhadoras e Trabalhadores do Setor de Entrega por Aplicativo em Brasília e Recife, realizada por meio de projeto de cooperação e parceria da CUT e Organização Internacional do Trabalho (OIT). O documento com o levantamento completo será oficialmente divulgado nesta sexta-feira (17), às 10h, via live no Facebook da Central.
A pesquisa da CUT-OIT foi realizada por pesquisadores do Instituto Observatório Social, da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), durante 18 meses. Abrange entregadores do Recife (PE) e de Brasília (DF), com base comparativa nos dados nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O objetivo da pesquisa é construir instrumentos para que as entidades envolvidas nesse projeto de cooperação possam nortear o fortalecimento de espaços de diálogo social e desenvolver propostas, ações e campanhas de conscientização desses trabalhadores sobre seus direitos humanos, sociais e trabalhistas.
O estudo ratifica que nenhum princípio de trabalho decente se aplica a essa categoria, que cresceu durante a pandemia de Coronavírus e reflete o desemprego recorde no país.
“Esse cenário local, que está inserido em um processo nacional e global de avanço das plataformas, levou ao aumento de uma categoria que trabalha jornadas extensas, sem direitos trabalhistas e previdenciários”, destaca o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre.
“Garantir que esses trabalhadores e trabalhadoras por aplicativo tenham condições de trabalho decente é um desafio importante para a nossa Central já colocado antes mesmo da pandemia de Coronavírus, no 13º Congresso Nacional da CUT, em 2019. Por tudo isso, a pesquisa CUT-OIT representa instrumento essencial à compreensão desse cenário, para que possamos formular propostas e ações de representação dessa categoria tão precarizada”, afirma Sérgio Nobre.
O secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa, destaca que na contramão do Brasil, vários países europeus estão buscando caminhos para barrar e reverter essa precarização da categoria. “A pesquisa mostra que há trabalhadores para aplicativos que, apesar das longas jornadas, ainda têm de fazer bicos em outras atividades para complementar a renda”, antecipa o dirigente.
Perfil
Além de apontar a existência de uma relação de subordinação, ou seja, empregado-patrão, o estudo mostra o perfil dos entregadores, perfil sociodemográfico, as condições de trabalho, o poder das empresas de aplicativos e a precária logística do trabalho da categoria.
Os dados sobre rendimentos e jornada de trabalho apurados pela pesquisa permitem, segundo os pesquisadores, dissecar um dos aspectos mais relevantes do atual processo de precarização das relações de trabalho nas atividades relacionadas a plataformas digitais. A pesquisa ajudou a identificar o quanto o processo de erosão do trabalho assalariado foi acelerado nas últimas décadas, configurando uma das questões-chave para o que é chamado de “uberização do trabalho”.
A maioria é homem, jovem e preto ou pardo, segundo estudo que consumiu 18 meses Pesquisados ganham, em média, R$ 5,03 por hora trabalhada
Entre os pesquisados, há casos de entregadores que trabalham sete dias por semana, 13 horas por dia para ter uma renda líquida/hora de R$ 0,59. E pode ser ainda pior: há relatos de entregador que trabalha sete dias por semana, de 12 a 18 horas por dia, e sua renda líquida é de (menos) -R$ 0,86, ou seja, rendimento negativo.
O levantamento foi feito por meio de entrevistas realizadas em campo, virtualmente e por telefone e se baseia em dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), do IBGE, especialmente a Pnad-COVID, realizada durante período da pandemia.
Serviço
O que Lançamento da pesquisa “Condições de Direitos e Diálogo Social para Trabalhadoras e Trabalhadores do setor de entrega por aplicativo em Brasília e Recife”
Participarão do lançamento da pesquisa Sérgio Nobre, presidente nacional da CUT, Antônio Lisboa, secretário de Relações Internacionais da CUT, Graça Costa, secretária nacional de Organização e Política Sindical; Lucilene Binsfeld, do Instituto Observatório Social; Ricardo Festi (UNB), Roberto Veras (UFPB) Rafael Grohman (UNISINOS). Da OIT: Martin Hahn, diretor do Escritório no Brasil; Amanda Villatoro, responsável pelas Américas OIT/ACTRAV, e Maribel Batista, especialista sênior de atividades para os trabalhadores OIT/ACTRAV América Latina e Caribe.
Câmara não tem mais tempo para votar ‘Reforma’ administrativa que desfigura o funcionalismo público no país
Faltando menos de duas semanas para o encerramento dos trabalhos no Congresso Nacional a proposta de ‘reforma’ administrativa (a PEC 32) não entrará em pauta. “Não há clima e eles não vão conseguir aprovar essa PEC por que não tem os 308 votos necessários”, disse ao Jornal do Sintufrj o deputado Rogério Correia (PT-MG), um dos coordenadores da Frente Parlamentar Mista do Serviço Público.
As expectativas em relação ao tema se voltam, agora, para 2022. Ex-diretor do Dieese e consultor sindical no parlamento, Vladimir Nepomuceno acredita que são poucas as possibilidades de a matéria ser votada antes das eleições do próximo ano, em outubro.
“O mais provável é que essa PEC não seja apresentada ao plenário da Câmara antes das eleições de 2022. Isso não quer dizer que logo após as eleições a proposta não vá a voto. Lembremos que a atual legislatura vai até 31 de janeiro de 2023”, observa Nepomuceno.
A Proposta de Emenda Constitucional encaminhada ao Congresso pelo governo desfigura as relações de trabalho na estrutura do funcionalismo público e abre caminho para a privatização ou terceirização de serviços. Com isso, os setores mais vulneráveis da população seriam os mais atingidos, além dos servidores.
A PEC 32, como ficou mais conhecida, provocou uma mobilização sem precedentes dos servidores que desde o início do segundo semestre pressionam parlamentares em Brasília e nos estados, para votar contra a proposta.
Quem votar, não volta
A campanha “quem votar, não volta” ganhou as galerias da Câmara e as ruas em Brasília e em algumas capitais, fator definitivo para que o governo e o presidente da Câmara, Arthur Lira, não obtivessem os 308 votos necessários para aprovação da ‘reforma’ no plenário. Isso depois da aprovação de um relatório desfavorável aos servidores na Comissão Especial.
No Rio de Janeiro, o Sintufrj foi um dos sindicatos que se engajaram na campanha produzindo matérial impresso e digital, lives e artigos denunciando o caráter da ‘reforma’.
“A principal razão do impedimento da tramitação da PEC 32 foi a inédita atuação das entidades de servidores públicos, unindo, real e efetivamente, as representações de servidores dos três Poderes e das três esferas de governo. O resultado foi um movimento organizado que soube, articulado com os partidos de oposição, postergar o andamento do projeto na Câmara com vista a aproximação máxima do calendário eleitoral de 2022, pressionando os deputados em suas bases eleitorais”, avaliou Nepomuceno.
Apesar da vitória do movimento, ele alerta para a manutenção das mobilizações contra a proposta e a busca de nova estratégia para 2022. “É necessário que as entidades pensem em outras formas de pressão contra a aprovação da PEC. Afinal, o “quem votar não volta” não caberá mais se ela entrar em pauta depois das eleições”, observa Nepomuceno.
Cut denuncia nova ameaça
O governo Bolsonaro engatilha mais um ataque à classe trabalhadora ao acenar com uma nova reforma trabalhista, apesar de o país sofrer com desemprego recorde e enfrentar crise econômica e social sem precedentes na história recente.
Dessa vez, Bolsonaro quer basear seu projeto em estudo encomendado na medida para satisfazer somente patrões e precarizar ainda mais a vida da classe trabalhadora e as relações no mundo do trabalho.
“Toda a lógica dessa proposta é voltada a dar a máxima proteção e segurança jurídica apenas às empresas e nada aos trabalhadores, legalizando a precarização do trabalho e até protegendo a fraude trabalhista”, afirma o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, para definir o relatório elaborado pelo GAET (Grupo de Altos Estudos do Trabalho), criado pelo governo (por meio da portaria 1.001, de 4 de setembro de 2019) e entregue, ao governo Bolsonaro, em 29 de novembro, para subsidiar uma nova proposta de reforma trabalhista.