Procuradores reagem a notícia veiculada pelo Brasil 247, que denunciou a criminalização de organizações como o MST

Redação Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 22 de Novembro/2021 

Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM): aliados em 2018, estão rompidos desde 2020 – Alan Santos/PR/Agência Brasil

Cinco procuradores do Ministério Público Federal (MPF) em Goiás reagiram, na última sexta-feira (19), à denúncia veiculada pelo portal Brasil 247 de que o governo Ronaldo Caiado (DEM-GO) teria montado uma “central de espionagem de movimentos sociais”, especialmente o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 

Julio José Araujo Junior, Márcia Brandão Zollinger, Matheus de Andrade Bueno, Raphael Luis Pereira Bevilaqua e Sadi Flores Machado ressaltaram a gravidade da denúncia e encaminharam pedido para que Caiado e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se manifestem sobre o caso.

A reportagem do Brasil 247 cita o Despacho 595/2021-4º CRPM 06300, subscrito por Ênio José Carlos Hans, Comandante do 4º CRPM, na semana passada.

O documento pedia o mapeamento dos assentamentos e acampamentos inseridos na área da respectiva unidade, a identificação das lideranças locais desses movimentos e quantos vivem em cada área, além de levantar o histórico de invasões, conflitos, ou qualquer assunto de interesse da segurança pública na região.

Ao reagir a esse despacho, o MPF enfatizou “a necessidade urgente de esclarecimentos e da prevenção de medidas que possam acarretar a criminalização dos movimentos sociais que atuam na luta pela terra.”

Caiado e Bolsonaro foram aliados nas eleições de 2018, mas romperam relações há mais de um ano, no contexto da pandemia.

Apoiado por ruralistas, o governador de Goiás integrou a União Democrática Ruralista (UDR), fundada para coibir a atuação de organizações como o MST no final da ditadura militar (1964-1985).

O MST é o maior movimento social da América Latina e, durante a pandemia, se notabilizou pelas doações de mais de 5 mil toneladas de alimentos saudáveis e 1 milhão de marmitas nas periferias urbanas e rurais do país.

Edição: Leandro Melito

 

 

Em tempos de negacionismo e governo Bolsonaro, a série Incontáveis, produzida pela Comissão da Memória e Verdade da UFRJ, ganha importante dimensão. Dividida em seis partes, tematiza a violência da ditadura contra as mulheres, a população LGBTQIA+, a população negra e moradora de favelas, os povos indígenas, os estudantes e educadores e os trabalhadores do campo e da cidade. Cada episódio de até 15 minutos é narrado por uma pessoa que viveu os impactos da ditadura, representando os incontáveis sujeitos coletivos atingidos, mas nem sempre lembrados nas narrativas tradicionais.

“Oficialmente a Comissão Nacional da Verdade levantou 434 vítimas da ditadura, mas outras violações foram sofridas por sobreviventes no período, desde as prisões, as torturas, as demissões no trabalho, a censura, os projetos interrompidos. E setores específicos da população que sofreram violências coletivas que são difíceis individualizar”, declara o diretor da série, José Sergio Leite Lopes.

“Esse trabalho se torna mais premente nesse período em que o governo atual ganhou as eleições fazendo apologia da ditadura, da tortura, da disseminação de armas e da prática miliciana. Os seis episódios são todos precedidos de uma introdução comum que apresenta essa situação atual de negacionismo e faz a ponte para o que é tratado nos vídeos”, ressalta José Sergio.

“A expectativa da equipe é sair do lugar comum sobre a ditadura e fazer o enfrentamento no terreno onde as fakes news e o negacionismo têm ganhado mais espaço que são as redes sociais numa linguagem simples. Você pode mandar para o seu amigo que não entende nada de história, mas fica repetindo qualquer coisa que ouviu por aí. É oferecer um instrumento para que esse debate possa ganhar a esfera pública”, explica uma das roteiristas, Luciana Lombardo, historiadora e assessora da Comissão de Memória e Verdade da UFRJ.

Essa disputa, para Luciana, deve ultrapassar os muros da universidade.

“Os relatórios das comissões da verdade trouxeram novidades e importantes revisões do que tradicionalmente se falava da ditadura, mas foram pouco divulgados e não chegaram ao senso comum. Não saiu da universidade e estamos tentando fazer com que essas narrativas entrem na batalha das ideias”.

Segundo ela, o objetivo é falar dos muitos dos sujeitos coletivos atingidos pela ditadura, daqueles que não foram contabilizados nos relatórios das comissões da verdade e nem nas comissões de anistia e que são anônimos. “Embora tenham nome e sobrenome eles não são lembrados na história como personagens significativos. Então nosso objetivo era recuperar essas histórias não contadas dos sujeitos não contabilizados e mostrar que eles contam. O nome Incontáveis vem exatamente dos inumeráveis da violência da ditadura”, declara a historiadora.

Luciana cita como exemplo um dos episódios que marcou o regime que é a foto de Evandro Teixeira com os policiais agredindo um estudante. 

“Esse é um dos que não entraram na contagem das 434 vítimas oficialmente reconhecidas. Ninguém sabe o nome do estudante de medicina que tombou nessa passeata. Então fomos atrás de documentos. Essa é uma foto clichê que todos conhecem, mas poucos sabem que esse estudante morre ali com a cabeça na calçada e essa morte é dada como acidente. Quando está dada claramente a covardia policial. Essa queda do estudante é um dos motivos deles terem entrado no documentário como sujeitos atingidos pela ditadura, poque não temos os registros de todos que tiveram suas vidas destruídas pela ditadura na universidade”, explica.

Luciana revela também que a foto se tornou um caso emblemático de fake News. “Como as pessoas sabem pouco ou nada sobre a ditadura, muitos acreditam na montagem. A foto foi divulgada nos círculos bolsonaristas com o rosto do Lula como se fosse o estudante. Como muitos não conhecem a história, vão acreditar que foi o Lula”.

A série ficará disponível no canal YouTube do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ. São dois episódios por mês, sempre no horário das 14h. Em novembro, dia 9, a estreia foi o tema “Educação na ditadura” tendo como narradora a historiadora Dulce Pandolfi, torturada no DOI-Codi da Tijuca. No dia 16, o tema foi “Trabalhadores na ditadura, com narração de Jardel Leal, ex operário naval e estudante no Congresso de Ibiúna em 1968.

A direção é de José Sergio Leite Lopes, a edição de Rubens Takamine e o roteiro de cada episódio foi feito pelos pesquisadores Felipe Magaldi, Lucas Pedretti, Luciana Lombardo e Virna Plastino.

Em dezembro teremos:

Dia 7 – População negra e moradores de favelas na ditadura | Narração: Dom Filó

Dia 14 – População LGBTQIA+ na ditadura | Narração: Hércules Quintanilha

Em janeiro:

Dia 11 – Mulheres na ditadura | Narração: Lúcia Murat

Dia 25 – Povos indígenas na ditadura | Narração: Douglas Krenak

 

 

 

Fotos do 20N no Rio de Janeiro, em Madureira, no último sábado. Imagens capturadas pelo repórter fotográfico do Sintufrj, Renan Silva. FORA BOLSONARO RACISTA!

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Pretos e pardos foram os mais atingidos pela crise econômica

19/11/2021. Estadão conteúdo 

Imagem: Getty Images

Ao atingir em cheio o mercado de trabalho, a covid-19 afetou sobretudo as pessoas de pele preta e parda. Sob o choque da pandemia, 8,064 milhões de brasileiros deixaram de ter renda proveniente do mercado do trabalho em 2020, indicando que, na média do ano e já considerando as recolocações em meio à recuperação da economia no segundo semestre, esse contingente perdeu o emprego, incluindo formais e informais. Nesse grupo, 66% dos trabalhadores declaram ter a pele de cor preta ou parda.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) 2020 – Rendimento de todas as fontes, divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No total do mercado de trabalho, a queda no total de brasileiros que têm algum rendimento do trabalho foi de 8,7% na passagem de 2019 para 2020. Considerando apenas os trabalhadores de pele preta, o contingente com rendimento de algum trabalho tombou 16,8%, o dobro do total. Entre os trabalhadores de pele parda, a queda no número de pessoas com renda de algum trabalho foi de 9,0% em 2020 ante 2019.

Além disso, entre os trabalhadores que continuaram ocupados, em trabalhos formais ou informais, a discrepância de rendimentos entre brancos e pretos se manteve. O rendimento médio mensal de todos os trabalhos foi de R$ 2.447 em 2020, no agregado nacional. 

Só que os trabalhadores de pele preta receberam em média R$ 1.781 por mês, enquanto os trabalhadores de pele branca receberam em média R$ 3.166 por mês. É quase o dobro (1,8 vez a mais) da média dos pretos. Já os trabalhadores que declararam ter a pele parda receberam em média R$ 1.815 por mês.

Desde o início da série histórica da Pnad Contínua, em 2012, essa discrepância a mais no rendimento do trabalho das pessoas de pele branca se mantém no mesmo nível, praticamente inalterada entre 1,7 e 1,8 vez acima da renda das pessoas de pele preta e parda.

 

 

 

O IX ENAC acontece de 22 a 26 de novembro de 2021. O evento conta com interpretação em Libras e Legendas.

A transmissão de toda programação, exceto minicursos e apresentação artística ao vivo, será aberta pelo canal do YouTube Arte de Toda Gente. No entanto, somente previamente inscritos receberão certificados.

As inscrições para programação geral e minicursos estão abertas através do FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO.

PROGRAMAÇÃO:

22/11 | SEGUNDA-FEIRA
Manhã, Tarde e Noite
MINICURSOS

19:00 – 20:30 – Atividade artística: Só se fechar os olhos + Para além do gesto
Coletivo Desvio Padrão

23/11 | TERÇA-FEIRA
Manhã
9:30 – 10:30 – Mesa de Abertura
Representantes das instituições realizadoras e de apoio.
10:00 – 12:00 – Mesa 01: Arte, deficiência e criação anticapacitista.
Participantes:
Klícia Campos – UFPR e UFSC
Leandra Caleidoscópica – Coletiva Girassol, Portal Sem Barreiras e Museu Vozes Diversas
Luiz de Abreu – UFBA
Mediador: Ednilson Sacramento – UFBA e Rede PCD BAHIA

Tarde
14:00 – 16:00 – Mesa 02: Diversidade corporal, acesso à cultura e cultura do acesso.
Participantes:
Anahí Guedes de Mello – CODEA-ABA e Anis – Instituto de Bioética
João Paulo Lima – Centro Cultural do Bom Jardim (CE) e Universidade de Lisboa (Portugal)
Márcia Moraes – UFF
Olívia von der Weid – UFF e CODEA-ABA
Mediadora: Arheta Andrade – IBC
17:00 – 19:00 – Mesa 03: As experiências surdas na contemporaneidade: estudos culturais e étnicos.
Participantes:
Ronaldo Manassés – UNIFAP
Shirley Vlhalva – UFMS e UNICAMP
Weslei Rocha – INES e UFRJ
Mediador: Bruno Ferreira Abrahão – UFRJ

24/11 | QUARTA-FEIRA
Manhã
09:30 – 12:30 – Sessão de Comunicações Orais 01

A lista completa de trabalhos e autores pode ser acessada em COMUNICAÇÕES.
Mediadora: Débora Seger – UERJ

Tarde
14:30 – 17:30: Sessão de Comunicações Orais 02

A lista completa de trabalhos e autores pode ser acessada em COMUNICAÇÕES.
Mediador: Eduardo Cardoso – UFRGS

25/11| QUINTA-FEIRA
Manhã
10:00 – 12:00 
– Roda de conversa 01 – Experiências e reflexões de acessibilidade cultural em Portugal.
Participantes:
Célia Sousa – Instituto Politécnico de Leiria (Portugal)
Desirée Nobre – UFPel (Brasil) e Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (Portugal)
Graça Santa-Bárbara – Acesso Cultura (Portugal)
Ingrid Freitas – Universidade de Vigo (Espanha)
Mediadora: Roberta Gonçalves – Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (Portugal)

Tarde
14:00 – 16:00 – Roda de conversa 02 – Faço Festa, Faço Luta – Acessando com Mário.
Participantes:
João Pedro Fernandes de Melo – UFRJ
Karina Rubin – UFRJ
Layla Monçores – UFRJ
Márcia Medeiros – EDT (Associação de profissionais de edição audiovisual)
Mariana de Lima – UFF
Severa Paraguaçu – UFRJ
Mediadora: Virgínia Kastrup – UFRJ

26/11 | SEXTA-FEIRA
Manhã
09:30 – 12:30 – Sessão de Comunicações Orais 03

A lista completa de trabalhos e autores pode ser acessada em COMUNICAÇÕES.
Mediador: Jefferson Fernandes Alves – UFRN

Tarde
14:30 – 17:30: Sessão de Comunicações Orais 04

A lista completa de trabalhos e autores pode ser acessada em COMUNICAÇÕES.
Mediador: Emerson de Paula – UNIFAP

 

 

 

18 de novembro de 2021, 17:40 – Brasil 247

Entre os temas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) censurados pelo governo Jair Bolsonaro, em 2019, estão questões sobre a ditadura militar brasileira, feminismo e a escravidão. Uma charge da Mafalda, personagem de quadrinhos criada pelo cartunista argentino Quino, foi retirada do exame daquele ano, pois, segundo a comissão do governo federal, “gera polêmica desnecessária”, informou a Piauí.

A charge em questão questiona a situação da mulher na sociedade. Mafalda vê sua mãe apreensiva ao vê-la entrar no jardim de infância e tenta tranquilizá-la: “Sabe, mamãe, eu quero ir para o jardim de infância e estudar bastante. Assim, mais tarde não vou ser uma mulher frustrada e medíocre como você!”. Enquanto a mãe fica desolada, Mafalda, feliz, comenta: “É tão bom confortar a mãe da gente!”

Em 2019, o então presidente do Inep, Marcus Vinícius Rodrigues, montou uma equipe para analisar ideologicamente as questões do exame, que se reuniu durante dez dias, carimbando “sim” e “não” para aprovar ou rejeitar questões. Ao final, 66 questões da prova inicial foram retiradas. “Numa planilha de Excel, os censores apresentaram justificativas sucintas – e mal explicadas – para suas escolhas”, informa a Piauí, que teve acesso a um documento até hoje não divulgado em que servidores do Inep pediram a reabilitação de parte das questões censuradas em 2019.

Censura

Além de Mafalda, também a cantora pop norte-americana Madonna foi censurada. Uma questão da área de linguagens usava a letra da música Papa Don’t Preach para falar de gravidez na adolescência. O argumento da comissão de censura: “gera polêmica desnecessária”. Segundo a reportagem, “essa foi a justificativa mais usada de todas: serviu para excluir 28 questões da prova”.

Também seis questões sobre a ditadura militar brasileira foram censuradas. “Uma delas citava o poema ‘Maio 1964’, escrito por Ferreira Gullar, que fala sobre a violência e as prisões políticas ocorridas nas semanas seguintes ao golpe”, destaca a Piauí, informando que nesse caso a comissão do governo Bolsonaro alegou “descontextualização histórica do texto”, motivo que foi usado contra poema de Paulo Leminski sobre a ditadura.

“Uma outra questão, que citava uma letra de música escrita por Chico Buarque (não se sabe qual), foi censurada com a seguinte explicação: ‘Leitura direcionada da história / Sugere-se substituir ditadura por regime militar’”, informa. “Também foi censurada uma questão sobre a prática de tortura pelos militares. Ao consentir com a exclusão da pergunta, os servidores comentaram: ‘Um instrumento que apresente itens que se refiram apenas a um lado da história se mostraria inadequado e polêmico’”, continua.

Charges e poemas abordando religião, mesmo que não fosse o tema da pergunta, também foram censuradas. Até mesmo na prova de matemática, os censores do Inep disseram que um item “gera polêmica desnecessária em relação à ideia de casal”. Da mesma forma, numa pergunta sobre cuidados com relação ao vírus HIV que afirmava que o uso de camisinha é “o meio de prevenção mais barato e eficaz” contra a Aids, a comissão do governo censurou e justificou: “gera polêmica desnecessária / Direcionamento do controle de saúde”.

“Na mesma toada, foi excluída uma questão que falava sobre a proliferação de doenças. O item explicava que a hanseníase tende a se espalhar com facilidade em presídios no Brasil, devido à superlotação e às condições precárias em que vivem os presos. ‘Gera polêmica desnecessária em relação ao sistema penal’, disse a comissão”, informa a reportagem.

“Questões sobre escravidão, violência policial ou movimentos sociais foram parar na gaveta em 2019. Três questões que falavam de ‘conflitos sociais’ foram excluídas do Enem com a alegação de que faziam ‘leitura direcionada da história’ (essa justificativa foi usada para censurar 19 itens). Um item que falava sobre a abolição da escravatura e a ‘persistência das condições precárias dos pobres negros no Brasil’ foi excluída da prova porque, segundo a comissão, houve uma ‘descontextualização histórica do texto’. Uma outra questão que falava sobre segurança pública mencionava, em uma das alternativas de resposta, a violência da polícia na Bahia. Também foi censurada. ‘Ofensivo à força policial baiana’, explicou o trio de censores”, destaca.

Nem mesmo a produção agrícola passou batido pelos censores, que censuraram uma charge sobre a produção de milhos transgênicos, declarando que ela “gera polêmica desnecessária em relação à produção no campo”.

Questão sobre a Marcha das Vadias, mostrando uma foto de mulheres de sutiã durante uma manifestação do grupo, foi barrada por gerar “polêmica desnecessária”.

“Outra questão que debatia a maioridade penal foi excluída do exame. ‘Gera polêmica desnecessária a favor da não redução da maioridade penal’, escreveu a comissão de censura, alinhada com o presidente. Naquele ano, Bolsonaro pressionava o Senado para aprovar um projeto que reduzisse a maioridade penal para crimes hediondos, uma velha bandeira de campanha”, lembra o repórter Luigi Mazza.

“Uma questão da área de ciências humanas que falava sobre as relações entre o governo Donald Trump e Israel foi cortada do exame. A justificativa da comissão de censura foi a seguinte: ‘Leitura direcionada da história / Interferência desnecessária na soberania de outro país’”, destaca.

Segundo Mazza, também uma pergunta sobre a Liga das Nações e a “implantação da sociedade judaica na Palestina do início do século XX” foi excluída porque fazia “leitura direcionada de geografia / história”, de acordo com os censores.

Os censores ainda excluíram da prova uma questão de ciências da natureza sobre o canibalismo entre animais, porque “induz o jovem a comportamento antissocial”, segundo a comissão do Inep.

Mantendo alinhamento com Bolsonaro sobre a questão do armamento, a comissão também proibiu um texto falava sobre uma tragédia ocorrida em 2013, na cidade de Burkesville, nos Estados Unidos, em que um menino de 5 anos disparou acidentalmente um fuzil que havia ganhado de presente e matou sua irmã mais nova dentro de casa.

‘Enem com a cara do governo’

“Os registros de 2019 talvez ajudem a elucidar o que o presidente Jair Bolsonaro quis dizer, na última segunda-feira (15), quando afirmou que o Enem deste ano terá ‘a cara do governo’”, lembra Mazza.

O Enem 2021 será realizado nos próximos dois domingos, dias 21 e 28 de novembro. A entidade responsável pelo exame, o Inep, no entanto, se encontra numa grande crise após a demissão de 37 servidores, que denunciam o atual presidente do órgão, Danilo Dupas, de assédio moral, desrespeito às decisões técnicas dos servidores e interferência indevida no exame.

Segundo reportagem do jornal O Estado de S.Pauloo Inep fez impressão prévia da prova do Enem para que Bolsonaro possa escolher as questões.

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad disse que é ilegal a iniciativa de Jair Bolsonaro de deixar o Enem “com a cara de governo” e fez um alerta sobre a tentativa da administração federal em tirar a credibilidade acadêmica.

 

 

 

A Comissão Interna de Eventos da Decania do Centro de Tecnologia (CT) da UFRJ realiza no dia 24 de novembro, às 14 horas, a roda de conversa Cais do Valongo: celebração da herança africana. O evento faz parte das atividades em comemoração ao Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro, e terá transmissão ao vivo pelo Facebook/@ufrjct e pelo canal do CT no YouTube: https://bit.ly/youtubedoct

Nossos convidados serão Nilcemar Nogueira, Coordenadora do Programa de Educação Patrimonial Samba na Escola; Fábio Conceição, professor de História da rede privada de ensino e mestrando do Programa de Pós-Graduação em Relações Étnico Raciais do CEFET/RJ, Eliana Cruz, roteirista, jornalista, colunista do site UOL e autora dos livros Água de Barrela e O crime do cais do Valongo. Cecília Izidoro, professora da Escola de Enfermagem Anna Nery e membro da Câmara de Políticas Raciais da UFRJ ficará responsável pela moderação do encontro.

Em 2011, durante as escavações realizadas para revitalizar a zona portuária do Rio de Janeiro, o Cais do Valongo foi descoberto e no local encontrado uma grande quantidade de artefatos originários do Congo, de Angola e Moçambique. Durante o regime escravagista que durou mais de três séculos, o Brasil recebeu perto de quatro milhões de escravos, sendo que cerca de um milhão de africanos desembarcaram no Cais do Valongo, o que o tornou o maior porto receptor de escravos do mundo.

Em 2017, o Cais do Valongo recebeu o título de Patrimônio Histórico da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) por ser o único vestígio material da chegada dos africanos escravizados nas Américas e um reconhecimento à inestimável contribuição da herança africana para a formação e desenvolvimento cultural, econômico e social do Brasil.

O Cais do Valongo integra o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, que estabelece marcos da cultura afro-brasileira na região portuária, ao lado do Jardim Suspenso do Valongo, Largo do Depósito, Pedra do Sal, Centro Cultural José Bonifácio e Cemitério dos Pretos Novos.

 

 

 

O Quilombo IFCS/UFRJ, uma iniciativa da comunidade universitária do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais articulada por docentes, estudantes e técnicos-administrativos(as), será lançado nesta quinta, 18 de novembro. O objetivo é organizarnegros e negras da universidade e fomentar debates acerca das relações raciais presentes na UFRJ.

A ideia surgiu a partir da comissão de sindicância instaurada para apurar o caso envolvendo o professor Wallace de Moraes, do Departamento de Ciência Política (DCP/IFCS), impedido de compor uma banca de concurso para preenchimento de vaga para professor adjunto do departamento, sob a justificativa de que “para ele, tudo é racismo”. O professor Wallace é o único docente negro do DCP e um dos dois únicos professores negros dos setenta e oito professores do IFCS.

A criação do Quilombo IFCS/UFRJ surge em um momento de grande polarização no país, onde as pessoas se sentem à vontade para serem racistas.  O Quilombo pretende ser um espaço de organização, debate e formulação para a universidade, para acabar com o argumento de que “não há racismo na UFRJ”, como explica a técnica-administrativa Sonia Reis, secretária executiva do Programa de Pós-graduação em Filosofia (PPGF): “Tenho 34 anos de universidade e sempre vivenciei as experiências dediscriminação sozinha e, conversando com os outros membros mais novos na UFRJ, reconheci o que sofri neles. Muitas vezes precisamos chegar ao limite para que alguma atitude seja tomada. Queremos interromper esse ciclo”.

O Quilombo, composto em igualdade de representação entre técnicos, docentes e discentes, pretende formar comissões para atuar no IFCS como núcleos permanentes de promoção de debates, seminários e acolhimento, além de formular disciplinas e demais atividades acadêmicas para a graduação e pós-graduação. “A gente quer conversar sobre isso, queremos ser ouvidos. A gente quer que o IFCS seja antirracista. Quanto mais esse assunto é debatido, mais resistência ele fomenta. A importância é de resistir, de continuar, de seguir em frente”, diz Sonia.

SERVIÇO

O lançamento do Quilombo IFCS/UFRJ será transmitido pelo canal do YouTube do Coletivo de Pesquisas Decoloniais e Libertárias (CPDEL/UFRJ)e contará com a participação do professor e idealizador da iniciativa, Wallace de Moraes, da técnica-administrativa Sonia Reis, da diretora do Sintufrj e integrante da comunidade do IFCS, Damires França, além de lideranças e intelectuais dos movimentos sociais e de negritude. Confira a programação abaixo e não perca!

O sábado, 20 de novembro (20N), Dia da Consciência Negra será celebrado em todo o país com atos de protestos articulados pelo movimento Convergência Negra e o Comitê Nacional Fora Bolsonaro. No Rio de Janeiro a programação começa às 7h, com a lavagem do busto de Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas, culminando com a tradicional Marcha da Periferia em Madureira, às 13h.

Para mais informações acesse CT Comunicação/atividade https://chat.whatsapp.com/BRHDdF8ERsLG0KkXohN3m3