O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Otávio Costa, fez o cálculo: a média de idade dos jovens envolvidos na resistência à ditadura egressos do movimento estudantil era de 25 anos. No evento Lembrar para não esquecer organizado pela UFRJ nesta sexta-feira (16) no auditório da associação de jornalistas um dos momentos mais marcantes foi a manifestação dos do estudantes do DCE da universidade que leva o nome de Mário Prata, vítima da sanha repressiva dos 21 anos (1964/1985)  de noite sombria que marcou a história do Brasil.

O coordenador do Sintufrj, Esteban Crescente, expressou no seu rápido mas incisivo discurso a repulsa ao arbítrio a serviço da classe dominante no país e a coragem e generosidade de quem expôs a vida para lutar contra as injustiças. Esteban trouxe para os dias de hoje o enfrentamento ao fascismo presente no ânimo golpista que ameaça a democracia e a liberdade de organização dos trabalhadores. Emociou a leitura dos 25 mortos e desaparecidos feita pelo reitor Roberto Medronho. Matéria completa na edição do Jornal do Sintufrj.

A gravação da manifestação dos estudantes do DCE, a fala de Esteban Crescente e a homenagem aos mortos e desaparecidos da UFRJ está no canal da universidade no Youtube.

NA ABI, representantes dos trabalhadores da UFRJ no evento Lembrar para não esquecer organizado pela universidade
ESTEBAN descatou a resistência ao facismo e a defesa da democracia na conjuntura de hoje

 

GRUPO DE CANTORES E MÚSICOS da Escola de Música da UFRJ relembraram canções da década de 1960 já na resistência ao golpe
MOMENTO MARCANTE da homenagens aos mortos e perseguidos da ditadura foi protaganizado pelos estudantes do DCE Mário Prata, da UFRJ

A maior universidade federal do país, a nossa UFRJ, realizará um censo para conhecer a sua comunidade. Como se sabe o corpo social da UFRJ vem mudando nas duas últimas décadas, resultado da implementação das cotas raciais, previstas na Lei nº 12.711/2012, com maior inclusão de estudantes pretos e pardos, mas com um contingente de servidores em proporções desiguais, quiçá de professores. Já sobre a população LGBTQIAPN+ e de pessoas com deficiência na universidade não há levantamentos.

O lançamento desse censo social da comunidade da UFRJ será no dia 19 de agosto, às 14h, no auditório Hertha Mayer, no Instituto de Biofísica. Participarão do evento o reitor Roberto Medronho, a vice-reitora Cássia Turci, o o decano do Centro de Ciências da Saúde, Luiz Eurico Nasciutti, o diretor da Biofísica, Robson Coutinho da Silva, a superintendente Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade (Sgaada), Denise Góes, e uma pesquisadora da Biofísica. Além de convidados – Sintufrj, Adufrj, DCE, movimento social, movimento negro e coletivos negros da UFRJ.

“Esse censo é para nos conhecermos e conhecermos a diversidade existente de toda a comunidade da UFRJ. Com isso, teremos a possibilidade de produzirmos políticas públicas de gênero, raça, orientação sexual, políticas socioeconômica, cultural e de acessibilidade. Conhecer nosso corpo social e a diversidade de nossa comunidade é importante para apresentarmos políticas de inclusão dos diversos grupos e que possam atender suas necessidades e expectativas”, declara Denise Góes.

O censo será feito através de um questionário que será sistematizado pela Superintendência Geral de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) e distribuído para todos os segmentos da UFRJ, estudantes de graduação e pós-graduação, funcionários técnico-administrativos, professores e trabalhadores terceirizados. A Diretoria de Acessibilidade da Sgaada, por exemplo, tem a tarefa de obter dados sobre a comunidade da UFRJ e com foco no seu público alvo promover ações e melhorias para a acessibilidade que forem apontadas no censo.

A ideia inicial era que o censo fosse feito no Instituto de Biofísica apenas e em contato com a Sgaada a proposta ampliou-se para toda a universidade. As Pró-Reitorias estarão envolvidas nesse processo que inicialmente calcula-se levar em torno de seis meses a depender da resposta da comunidade.

Denise Góes conta com o apoio das entidades da UFRJ, Sintufrj, Adufrj e DCE, para publicizar a iniciativa e incentivar a participação da comunidade universitária. Segundo ela, para que o censo tenha alcance e consequência a participação de todos é fundamental.

Depois do Ato da Educação promovido pelo Fórum dos Segmentos da Educação Pública do Rio, na tarde da quarta-feira, 14, os estudantes foram para a Uerj e bloquearam as portas de entrada com mesas e bancos fechando o acesso ao campus no Maracanã. As salas da Reitoria já haviam sido ocupadas desde 26 de julho. Houve ocupação também nos campi de São Gonçalo e Duque de Caxias. Já na manhã desta quinta-feira, 15, com o acesso fechado pelos estudantes a segurança patrimonial da universidade reprimiu a ocupação.

Antes, no Ato da Educação, os estudantes já haviam protestado na Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) tendo conseguido ser recebidos e arrancar uma carta de compromisso da SECTI sobre os auxílios dos estudantes da Uerj e sobre as verbas da Faetec. Eles foram recebidos pelo secretário da Pasta, Anderson Moraes que se comprometeu a levar a pauta de suplementação orçamentária para o governador Cláudio Castro. Ficou também marcado uma audiência com o governo e reunião com as entidades da educação no dia 20 de agosto.

O principal motivo de toda essa movimentação é a luta pela revogação do Ato Executivo de Decisão Administrativa (Aeda) 038/2024 que mudou os requisitos para obtenção das bolsas estudantis da Uerj. Os estudantes que apelidaram a medida de “Aeda da Fome” afirmam que 5 mil universitários foram prejudicados de alguma forma. Eles reivindicam a revogação do Aeda.

Antes do Aeda:

– Auxílio-material: para pagar despesas com livros e impressões. Era pago 2 vezes ao ano, a cada semestre, no valor total de R$ 1,2 mil;

– Auxílio-alimentação e passagem: R$ 300 cada, por mês;

– Bolsa de apoio a vulnerabilidade social: R$ 706 por mês com duração de 2 anos para quem comprovasse renda bruta de até um salário mínimo e meio por pessoa da família, ou R$ 2.118;

– Auxílio-creche: para quem solicitasse.

Com o Aeda:

– A bolsa de vulnerabilidade agora exige renda bruta de meio salário mínimo por pessoa da família, ou R$ 706;

– Auxílio-material foi reduzido à metade;

– O auxílio-alimentação ficou restrito a quem estuda em campus sem restaurante universitário. Quem frequenta o Maracanã agora só tem o bandejão;

– O auxílio-creche será pago a apenas 1,3 mil estudantes.

Foto: Sintufrj

No dia 16 de agosto a comunidade da UFRJ e seus familiares têm um compromisso inadiável. Participar da solenidade na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), às 18h, que lembrará seus integrantes assassinados, desaparecidos e perseguidos pelo regime militar. São 60 anos da Ditadura que cometeu diversas atrocidades contra homens, mulheres e jovens, do campo e da cidade.

A UFRJ, que enfrentou um grande esvaziamento de seu quadro docente e a expulsão de muitos estudantes, lembrará as intervenções da Ditadura, como o Massacre da Praia Vermelha, a extinção da Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi) e a expulsão de estudantes pelo Decreto-Lei nº 477. Recordará a cassação de professores, como a que ocorreu na Faculdade Nacional de Direito (FND) e em outras unidades, a reconstrução do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e de Centros Acadêmicos.

Tropas da polícia invadem a Faculdade de Medicina, na Praia Vermelha, em 23 de setembro. Arquivo: Memória da Democracia

Vítimas

Cerca de 50 mil pessoas foram presas somente nos primeiros meses; 7.367 foram indiciadas e 10.034 atingidas na fase de inquéritos, em 707 processos na Justiça Militar por crimes contra a segurança nacional. Quatro condenados à pena de morte, 130 banidos, 4.862 cassados, 6.592 militares atingidos, milhares de exilados e centenas de camponeses assassinados e 426 mortos e desaparecidos políticos, entre os quais se encontram os homenageados da UFRJ.

São 23 estudantes e dois jovens professores da nossa universidade mortos e ou desaparecidos pela ditadura militar comprovados oficialmente, mas houve outros membros da universidade anônimos, alunos e ex-alunos não identificados ou funcionários, e servidores, os quais de difícil registro como membros efetivos da comunidade UFRJ em uma época em que não havia concurso para técnicos.

 

Espionagem

Nas universidades como um todo houve espionagem de agentes infiltrados pela polícia política. Eles buscavam se misturar aos estudantes nas assembleias e reuniões estudantis e certos casos eram de difícil identificação, outros eram facilmente apontados como “arapongas” nos relatos da época.

“Sabemos que funcionou na UFRJ uma Assessoria de Segurança e Informação (ASI), mas seus documentos não foram encontrados pela Comissão Memória e Verdade (CMV) da UFRJ. As ASIs eram braços do SNI dentro dos ministérios e acompanhavam todo o cotidiano dos órgãos públicos em relatórios e informes para a comunidade de informação da ditadura”, informa a historiadora Luciana Lombardo, integrante da CMV-UFRJ.

Informantes

Além das Asis havia os informantes. O mais famoso era Eremildo Vianna, a quem o jornalista Elio Gaspari batizou de idiota – Eremildo Luiz Vianna, catedrático de História Antiga e Medieval da então Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi) da Universidade do Brasil. Gaspari foi expulso do curso de História na FNFi em 1963 juntamente com outros colegas acusados de comunistas.

No dia seguinte ao golpe Eremildo assumira o microfone da Rádio MEC para declarar a vitória da “revolução.” Como diretor da Rádio, cargo que assumiu após o golpe, e também da FNFi, denunciou funcionários, colegas e alunos. Muitos foram presos.

Eremildo expulsou da faculdade 15 estudantes e entregou à Comissão de Investigação da Universidade do Brasil uma lista com o nome de 44 colegas considerados por ele subversivos. Sua mais conhecida vítima foi a catedrática de História Moderna e Contemporânea, a professora Maria Yedda Linhares, destituída por ele da direção da rádio em nome do “combate à subversão” e perseguida sistematicamente pelo regime após a denúncias de Eremildo. Ela sofreu sete Inquéritos Policiais Militares (IPMs).

Punições

Com a decretação do AI-5, em 13 de dezembro de 1968, houve a cassação de vários professores, e a aplicação do Decreto-Lei nº 477 de 26 de fevereiro de 1969, isto é expulsão, para vários alunos. Esse decreto chamado “AI-5 das universidades” definia infrações disciplinares praticadas por professores, alunos, funcionários ou empregados de estabelecimentos de ensino público ou particulares e as respectivas punições. Antes do Decreto 477 já vigia o Código Disciplinar 135, que regulamentava a aplicação de sanções disciplinares à comunidade da universidade.

Anistia e reparação

Já com a Anistia em 1979 os docentes cassados foram reintegrados. “Os presos políticos saíram das prisões, os exilados/banidos retornaram ao país, os clandestinos voltaram ao convívio social, embora não tenha havido nenhum esclarecimento por parte dos militares acerca do paradeiro dos mortos/desaparecidos. Até hoje, a nação ainda não conhece a verdadeira história do regime militar brasileiro de 1964”, relata a então diretora do Núcleo de Estudos de Políticas em Direitos Humanos (NEPP-DH), Mariléa Venâncio Porfírio na abertura do “Caderno de Biografias: Anistia, Reparação e Memória” de 2009.

A UFRJ, em especial,  o NEPP-DH, nos 30 anos da Lei da Anistia, em 2009, produziu esse Caderno de Biografias para lembrar de seus alunos, professores e técnico-administrativos que também lutaram pelo retorno da democracia, homenageando seus jovens estudantes e professores mortos e desaparecidos. O caderno, com pequenos fragmentos das vidas de jovens estudantes e professores da UFRJ, expõe, em breve narrativa, a luta que cada um empreendeu durante aqueles sombrios anos. Cada um deles será homenageado na ABI.

 

1) Adriano Fonseca Filho – IFCS

2) Ana Maria Nacinovic Correa – Escola de Belas Artes

3) Antônio Pádua Costa – Instituto de Física

4) Antônio Sérgio de Matos – Faculdade Nacional de Direito

5) Antônio Teodoro de Castro – Faculdade de Farmácia

6) Arildo Airton Valadão – Instituto de Física

7) Áurea Eliza Pereira Valadão – Instituto de Física

8) Ciro Flávio Salazar Oliveira – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

9) Fernando Augusto da Fonseca – Instituto de Economia

10) Flávio Carvalho Molina – Escola de Química

11) Frederico Eduardo Mayr – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

12) Guilherme Gomes Lund. – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

13) Hélio Luiz Navarro de Magalhães – Escola de Química

14) Jane Moroni Barroso – Instituto de Biologia

15) José Roberto Spiegner – Instituto de Economia

16) Kleber Lemos da Silva – IFCS (Pesquisador)

17) Lincon Bicalho Roque – IFCS (Professor) 1

8) Luiz Alberto A. de Sá Benevides – Instituto de Economia

19) Maria Célia Correa – IFCS

20) Maria Regina Lobo L. Figueiredo – Faculdade de Educação 21) Mário de Souza Prata – Escola Politécnica

22) Paulo Costa Ribeiro Bastos – Escola Politécnica

23) Raul Amaro Nin Ferreira – Escola Politécnica

24) Sonia Maria de Moraes Angel Jones – Faculdade de Administração e Ciências Contábeis

25) Stuart Edgar Angel Jones – Instituto de Economia

 

 

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Na Manifestação da Educação promovida pelo Forum dos Segmentos da Educação Pública, nesta quarta-feira, 14, Dia Nacional do Estudante, eles foram o destaque denunciando o corte de verbas pelo governo de Cláudo Castro

A reitoria da Uerj está ocupada desde 26 de julho pelos estudantes  que reivindicam a revogação da medida que resultou  nos cortes, denominada por eles “AEDA da morte”.

Nesse protesto que reuniu funcionários técnico-administrativos e professores das universidades, trabalhadores da UFRJ organizados pelo Sintufrj estavam presentes sendo.

Esteban Crescente, coordenador-geral do sindicato,  deixou seu recado na manifestação durante a concentração. Na semana passada, como se sabe, R$ 60 milhões foram tirados do orçamento da UFRJ.

Após muitas falas de indignação e denúncias , o protesto seguiu em marcha  até a Secretaria de Ciência e Tecnologia do estado, na Avenida Erasmo Braga.

Os estudantes, por sua vez, revoltados com  o corte de verbas na UERJ romperam os portões e ocuparam a entrada exigindo que fossem recebidos pelo secretário de Ciência e Tecnologia do estado, o que aconteceu. Ficou acertado que nesta quinta-feira (15) haveria reunião com o governador.

ESTUDANTES indignados com o corte de verba do governador na UERJ romperam portões do prédio da secretaria de ciência e tecnologia. Devolvam as bolsas dos estudantes

Manifestação da Educação federal e estadual tomou as ruas do Centro nesta quarta-feira, dia 14. Entre os eixos do protesto está a crítica a restrição de recursos das instituições de ensino e a reivindicação de recomposição orçamentária.

Cortes na educação significam prédios caindo, obras inacabadas, falta de salas de aula, restrição de serviços importantes para o funcionamento, ameaça de cortes no abastecimento de luz e água. Crise que a UFRJ já vive. Mas que pode se agravar sem o desbloqueio no fim do ano, dos limites de empenho bloqueados no dia 30, da ordem de R$60 milhões. O bloqueio atende ao limite do chamado arcabouço fiscal, alvo de pressões dos banqueiros e parasitas do mercado financeiro e restringe recursos em áreas como Saúde e Educação.

Arcabouço

arcabouço fiscal é um mecanismo de controle do endividamento que substituiu o teto de gastos, mas engessa a política fiscal e, ao agradar o mercado financeiro, pouco provável estar a serviço do desenvolvimento econômico e social.

O contingenciamento dos recursos veio seguido do bloqueio de mais de R$4 milhões que seriam destinados a emendas parlamentares (de comissão e de relator), posterior à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, de suspensão das emendas (chamadas emendas pix)  pelo descumprimento dos requisitos de transparência e rastreabilidade. Só que, neste caso, a grita foi geral.

Emendas pix

E essas emendas pix, atraem interesses fisiológicos porque embora se saiba qual parlamentar mandou dinheiro para que município, por exemplo, não se sabe o que é feito com os recursos.

O noticiário foi farto nos últimos dias, em destacar a retaliação de congressistas ao governo, falando em chantagem e até impeachment de Lula, contra a decisão do ministro por falta de transparência.

“Para manter farra das emendas, Centrão faz chantagem e ameaça inviabilizar governo”, anunciou o jornal do Instituto Conhecimento Liberta, explicando que, em represália, chegou a ser adiada, no dia 13, a leitura do relatório preliminar do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). O que coloca em risco o planejamento orçamentário do Executivo.

Sequestro da governabilidade

O Centrão anuncia retaliações ao governo Lula, por acreditar que estaria usando o STF para retomar o controle do orçamento, perdido desde que o ex-presidente Jair Bolsonaro permitiu a prática do chamado orçamento secreto. Jornais anunciam ameaças: ‘Parlamento dará resposta à altura’ ao STF”; e alguns falam em guerra contra Lula, emperrando o andamento de medidas importantes: ou tem orçamento secreto ou tem governo.

O Congresso Nacional deveria fazer “esforço concentrado” para analisar algumas pautas prioritárias para o governo no segundo semestre, às vésperas do início do período de campanhas para as eleições municipais. Mas as pautas agora correm risco de não serem aprovadas.

Indignação seletiva

Ou seja, tamanha indignação na defesa desta espécie de sequestro do orçamento com o consequente descontrole das contas públicas não causa tanto constrangimento quanto os cortes na Educação para garantir os limites do arcabouço fiscal, aqueles mesmos que afetam o funcionamento das universidades públicas, por exemplo.

“O melhor antídoto contra deputado chantagista é o povo saber o que está acontecendo e esse tipo de político ser exposto”, disse o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) ao ICL.

Nas ruas

Uma situação que só irá mudar com a luta organizada dos trabalhadores brasileiros: “Vamos denunciar as emendas Pix. Enquanto o Centrão gasta no Pix, a Educação fica sem dinheiro para funcionar. Temos que exigir a recomposição do orçamento a universidade tem que se manter de pé e depende de nossa mobilização!”, convocou o coordenador-geral do Sintufrj Esteban Crescente, junto com militantes e demais coordenadores integrantes do Comitê Local de Mobilização.

Assembleia no dia 20, simultânea em  três campi (Fundão, Macaé e Praia Vermelha) também vai pautar a necessidade de recomposição orçamentária.

CHEFE DO CENTRÃO. Arthur Lira comanda a super tropa fisiológica que transformou o Congresso num ambiente de chantagem

Reunião faz parte da maratona de encontros para explicar detalhes do acordo de greve assinado com o governo e destacar suas conquistas

Na terça-feira, 13, o GT Carreira Sintufrj realizou mais uma reunião setorial, desta vez atendendo ao chamado dos técnicos administrativos do Instituto de Biologia. Francisco de Assis, coordenador da Fasubra, esclareceu dúvidas sobre o acordo de greve, destacando os ganhos conquistados pela categoria com a pressão das bases, que vão além dos percentuais de reajustes de 9% e 5% (2025 e 2026, respectivamente) e no step.

“Agora o piso da classe E é referência para as outras classes e a progressão por mérito passou de 18 para 12 meses” – citou como exemplo o dirigente. “Defendemos a assinatura desse acordo porque víamos outros elementos positivos na proposta, e se a gente não valoriza nossas conquistas nos desmoralizamos”, refletiu Francisco.

Na mesa em negociação

O coordenador da Fasubra explicou que muitas questões contidas no termo de acordo dependem de estudos para formalização de regras e leis específicas para vigorarem, e o prazo dado pelo governo de 180 dias (a partir da assinatura do documento) para que haja entendimento entre a Comissão Nacional de Supervisão da Carreira/Fasubra e os ministérios da Educação da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos Gestão está se esgotando.

“O GT Carreira Sintufrj se reúne toda segunda-feira no sindicato e seria importante que vocês participassem dessas reuniões de estudo e trabalho”, propôs Francisco. Ele informou que o GT criou quatro subcomissões para aprofundar os pontos em discussão na mesa com o governo para regramento, que são: Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC), Aglutinação e Reestruturação de Cargos, Reposicionamento de Aposentados e Desenvolvimento.

“Essa iniciativa de ir até a categoria expor o que está ocorrendo e ouvir os trabalhadores sobre suas dúvidas e o mais importante: recolher propostas para serem debatidas no GT sobre as pendências do acordo é uma obrigação nossa”, disse Francisco. Mas, acrescentou que a participação das companheiras e companheiros nas subcomissões de estudo é uma necessidade. “Afinal, trata-se da nossa vida quanto trabalhador em educação na universidade”, observou.

O RSC, um benefício até então só concedido aos docentes, como tem ocorrido em outras reuniões setoriais, foi o item em estudo que mais suscitou debate com a categoria presente na reunião no Instituto de Biologia. “Essa conquista significa que nós, trabalhadores da instituição, vamos poder fazer valer ações que desempenhamos que não constam do termo de posse no cargo. Como participação em comissões, em projetos, representando o coletivo nos colegiados. Tudo isso queremos que seja pontuado para recebermos como RSC”, explicou Francisco.

Ele recomendou que cada um começasse a preparar seu memorial e também reivindicasse das chefias que tarefas extras desempenhadas por eles constassem em atas, portarias ou fossem publicadas no boletim da UFRJ. Segundo Francisco, o Sintae é uma porta para o RSC, porque é um espaço para a categoria apresentar seus projetos.

FRANCISCO DE ASSIS, coordenador da Fasubra, na reuniãp com trabalhadores do Instituto de Biologia para esclarecer detalhes do acordo com o governo

Funcionários da estatal em nove estados estão parados desde o dia 7 de agosto por reajuste de salários, em resposta a proposta da empresa e do governo federal de reajuste zero para a categoria. Eles lutam também por redução nos custos do plano de saúde, além de concurso já para suprir a grande falta de pessoal, que leva à precarização do serviço e à superexploração, e contra o sucateamento da empresa.

Os trabalhadores dos Correios não são a primeira nem a única categoria a se deparar com a proposta de 0% de reajuste pelo governo esse ano. Foi assim com os trabalhadores das universidades federais, que protagonizaram uma greve dura de três meses, bem como servidores do INSS, IBAMA e ICMBio, que neste momento lutam também por reajustes.

 

Ato e solidariedade

No quinto dia da greve dos trabalhadores dos Correios do Rio de Janeiro, 12 de agosto, a mobilização iniciou com força total, paralisando diversos setores e demonstrando a determinação da categoria.

Desde as primeiras horas da manhã, a greve ganhou corpo, com um crescente número de adesões que reforçam a importância das reivindicações dos trabalhadores.

Houve ato em frente ao Edifício Sede, na Cidade Nova, e a direção do Sintufrj manifestou seu apoio através de seu coordenador-geral, Esteban Crescente. O dirigente falou da greve dos trabalhadores das universidades que também lutaram contra o reajuste zero e por melhorias salariais e investimentos nas instituições de ensino, e cuja mobilização logrou vitórias.

“Viemos de uma greve de três meses que se encerrou no dia 2 de julho. Nós enfrentamos o arroxo em cima do trabalhador principalmente nos últimos sete anos do governo Temer e Bolsonaro. Nosso salário foi congelado e teve seu poder de compra muito corroído. As universidades sofreram com a falta de investimento. Trabalhadores terceirizados ficaram sem pagamento. Mas com a nossa greve conquistamos melhorias salariais e conquistamos recomposição de parte do orçamento as universidades. Por isso estamos aqui, porque entendemos a luta das trabalhadoras e trabalhadores dos Correios.”

O dirigente discorreu sobre a ausência de concursos, o advento do e-commerce, a sobrecarga dos trabalhadores dos Correios e o lucro das multinacionais, manifestando o apoio do Sintufrj à greve.

“O pior é que desde 2011 não tem concurso e muita gente do povo não sabe que nesse mesmo período explodiu o negócio do e-commerce, serviço de entregas, e a sobrecarga aumentou para os trabalhadores dos Correios. Várias agências Brasil afora foram fechadas tendo que se trabalhar por três. Já as multinacionais que fazem as transações de e-commerce ganharam bilhões. Quanto o trabalhador dos Correios ganhou desse lucro? Inclusive um lucro que a empresa ganhou parte dele. Por isso nós do Sintufrj nos solidarizamos com a luta das companheiras e companheiros dos Correios nos somando a esse enfrentamento.”

Esteban Crescente chamou os trabalhadores dos Correios para somar ao ato da educação nessa quarta-feira, 14, informando que o governo contingenciou parte do orçamento da educação, fruto do Arcabouço Fiscal, e que isso vai estourar no funcionamento das universidades.

“Infelizmente continuamos nossa luta. Chamamos os companheiros para o nosso ato contra o contingenciamento de parte do orçamento da educação que consequentemente reduz o orçamento das universidades para poder cumprir o chamado Arcabouço Fiscal que serve aos interesses dos banqueiros. A mesma política que a gente enfrentou na gestão Temer e Bolsonaro. Queremos acabar com essa política de vez. E para enterrar essa política não podemos esperar as coisas acontecerem, é ir para a rua, com luta diária, fazendo greve. Parabéns as trabalhadoras e trabalhadores dos Correios”, finalizou Esteban.

 

Reivindicações

A greve dos trabalhadores dos Correios vem após se mobilizarem contra as ameaças de privatização durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). São Paulo e Rio concentram cerca 40% do efetivo de quase 80 mil funcionários da estatal e 60% do fluxo postal do país, de acordo com a Federação Interestadual dos Sindicato dos Trabalhadores dos Correios (Findect).

Douglas Melo, diretor de Comunicação da Findect, disse que a paralisação foi a última alternativa para os trabalhadores, após meses de negociação e 14 reuniões com representantes da empresa e governo. “Chegamos no limite”, resumiu.

Os trabalhadores reivindicam 5% de reajuste salarial pago ainda neste ano, mais R$ 300 de aumento igualitário para todos os funcionários. “Esse aumento linear é para reduzir a diferença salarial entre os que menos e os que mais ganham na empresa”, explicou Melo. “Nos Correios, o maior salário é 30 vezes o menor.”

Segundo ele, outra reivindicação diz respeito a mudanças no plano de saúde corporativo da estatal. Os trabalhadores pedem que o desconto do salário mensal referente ao plano seja recalculado e que a coparticipação por consultas e exames caia de 30% para 15%.

“Cerca de 20 mil funcionários já deixaram o plano de saúde”, relatou. “São quase 1 mil desligamentos do plano por mês.”

 

Proposta do governo

Os Correios propõem um reajuste de 6,05% nos salários dos funcionários, mas só em janeiro de 2025. Além disso, reajuste de 4,11% nos benefícios a partir deste mês.

Outra proposta inclui o aumento de 20% na função dos empregados “motorizados” – ou seja, motociclistas e motoristas.

A empresa informou ainda que o plano de saúde dos funcionários está em processo de alteração para redução da coparticipação, conforme o solicitado pelos trabalhadores.

Os Correios lembraram que, até o final do governo Bolsonaro, a empresa estava em processo de privatização “o que gerou incerteza e insegurança para empregadas e empregados”. “Além disso, o governo anterior havia retirado mais de 50 cláusulas do acordo coletivo dos Correios, extinguindo direitos históricos”, acrescentou.

Os Correios lembrou também que Lula retirou a empresa do programa de desestatização. Também “reabriu as portas para os sindicatos, retomou o diálogo, resgatou mais de 40 cláusulas do acordo coletivo e fechou um acordo em mesa de negociação, o que não ocorria há sete anos”.

 

Posição dos trabalhadores

Melo, do Findect, reconheceu os avanços promovidos pela nova gestão da empresa. Segundo ele, eles ocorreram principalmente no ano passado. Este ano, porém, eles cessaram. A empresa e os trabalhadores sentiram isso.

No ano passado, os Correios tiveram prejuízo de R$ 597 milhões. No primeiro trimestre deste ano, esse prejuízo chegou a R$ 800 milhões.

“Isso tem a ver com a demora da empresa em expandir atividades para novas áreas, como comércio eletrônico e telecomunicações, e com a terceirização de serviços”, avaliou Melo.

Os Correios informaram que, entre 2023 e 2024, a atual gestão está investindo R$ 580 milhões em obras para melhoria das unidades, mais R$ 430 milhões em segurança para empregadas e empregados e mais de R$ 850 milhões na compra de novos veículos.

A Associação dos Profissionais dos Correios (Adcap) declarou que está acompanhando com apreensão “a falta de rumo da empresa, a falta de perspectiva de investimentos para melhorias das condições de trabalho, necessidades urgentes de modernização e também o conflito com as representações dos trabalhadores neste momento”.


Com matéria do site do Brasil de Fato