Uma ex-professora apostou na diversidade ao lançar uma marca de artigos de papelaria e moda com temática afro. Mesmo com a pandemia do coronavírus, teve aumento de 25% na receita em 2020. Ela se reinventou e faturou mais de R$ 100 mil.
Ana Cláudia Silva era professora e, para complementar a renda, revendia bolsas para as colegas de trabalho, até que decidiu virar empreendedora. Com o valor do 13º salário – R$ 2,8 mil – comprou tecido, couro sintético e fez bolsas com estampa afro. Começou a vender e não parou mais.
“É possível começar com pouco, assim como eu comecei. Foi um investimento que fiz com um risco calculado, estudei o mercado, vi oportunidade, coloquei minhas poucas economias no que eu precisava e no que o mercado precisava e vi que o retorno seria possível”, conta a empresária.
Os produtos levam diversidade para alunos e professores. Além de bolsas, são mochilas, jalecos, cadernos e outros itens de papelaria.
“Você vai nas prateleiras de grandes papelarias, de armarinhos, e sempre vai achar os mesmos personagens. Mas você não vai achar nada que se identifique com o meu cabelo, com as tranças, com os dreads, com a pele mais escura”, diz.
Ana montou a empresa no começo de 2019 e vendeu muito durante todo o ano. Animada, investiu R$ 30 mil e fez um estoque grande no começo de 2020, mas a pandemia chegou. Quase 90% das vendas eram feitas em feiras e eventos, que pararam com o início da quarentena.
Em menos de um mês, Ana fez uma revolução digital na empresa. Chamou artistas negros, fez lives, alugou estúdio, tirou fotos de produtos, divulgou on-line.
Os produtos são criados pela empresária e a produção é terceirizada. Em 2020, o faturamento ultrapassou pela primeira vez R$ 100 mil. A empresária também colocou as contas em ordem, trocou fornecedores e reduziu os custos em 20%.
Para 2021, a expectativa é faturar R$ 150 mil e iniciar contatos para exportação.
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De cada quatro participantes da investigação, um informou ter adoecido por covid. Também preocupa a constatação de comorbidades entre os servidores da instituição, como hipertensão, diabetes e sobrepeso. Os resultados desse trabalho inédito realizado na universidade foram apresentados em primeira mão ao Sintufrj.
O estudo Epicovid UFRJ – levantamento realizado nos quatro primeiros meses deste ano – apontou que 26,5% da comunidade universitária da UFRJ (quase três mil pessoas) foram acometida pela covid-19. De cada quatro respondentes, um informou adoecimento pela doença. A pesquisa apontou também que a UFRJ refletiu o comportamento dos casos no Rio de Janeiro.
“A estimativa de 26,5% pode estar superestimada, mas ao observarmos o padrão da curva epidêmica que foi semelhante à do Rio de Janeiro, é o que se refletiu e está refletindo entre nós”, explicou o coordenador da pesquisa, Antônio José Leal Costa, professor de epidemiologia do Instituto de Estudos e Saúde Coletiva da UFRJ (Iesc) e atual diretor do instituto.
Trabalho inédito
“Esse é o único levantamento feito até agora sobre a covid-19 relacionada com o conjunto da universidade, a partir da participação voluntária em responder ao questionário do estudo, que permite descrever a ocorrência da pandemia na comunidade da UFRJ”, destacou o pesquisador.
Os resultados são preliminares e envolveram 11.250 pessoas, entre servidores técnico-administrativos e docentes, alunos de graduação e pós-graduação, pós-doutorandos, terceirizados, permissionários e aposentados. Os campi de Macaé e Caxias também tiveram participantes, mas a maior parte dos respondentes à pesquisa é oriunda da Cidade Universitária, na Ilha do Fundão, e da Praia Vermelha.
Fonte de consultas para uma política de saúde do trabalhador
De acordo com o epidemiologista, apesar de a comunidade universitária em seu conjunto reunir cerca de 80 mil pessoas e a pesquisa abranger somente 11.250 desses integrantes, o estudo aponta estimativas e indicadores importantes em relação ao adoecimento por covid-19 e em relação à saúde em geral da comunidade universitária.
Dentre os servidores, responderam 1.857 docentes e 1.254 técnicos-administrativos, reunindo 27,5% do total. Os alunos de graduação – 5.675 e pós-graduação – 2.223 concentraram 70% da pesquisa.
“Temos aqui estimativas que nos permitem, ainda que de maneira incompleta, termos um ponto de partida para pelo menos iniciar uma discussão a respeito da necessidade e da pertinência de políticas de saúde, que podem e devem ser pensadas internamente dentro da UFRJ, voltadas para a nossa saúde como comunidade acadêmica”, afirmou Leal Costa.
Na avaliação geral do professor, “por mais que possamos ter imprecisões, os resultados da pesquisa são de grande contribuição (para o estabelecimento de uma política de saúde na universidade)”. E acrescentou: “Porque permite não apenas se ter estimativas globais, como também estimativas por diferentes grupos que compõem a nossa comunidade. E, como já era esperado, identificamos desigualdades. Isso significa que a gente deve olhar para o conjunto da nossa comunidade e pensar políticas de intervenções que lidem com essas desigualdades”, propôs o diretor do Iesc.
“Cabe pensar uma política global (de saúde) para a nossa comunidade, mas essa política de saúde deve atentar também para os padrões de desigualdades, tanto no que diz respeito ao adoecimento por covid e também em relação às condições crônicas de comorbidades que se mostram de forma diferenciada e desigual dentro da universidade. Precisamos entender essas desigualdades e atuar no sentido de pensar estratégias específicas para os diferentes grupos da nossa comunidade, com o objetivo de reduzir as desigualdades prevalentes entre nós”, complementa.
Planos futuros: “Esse estudo é uma contribuição importante. Estamos concluindo a análise e pretendemos divulgar os resultados para toda a comunidade universitária. Feito isso, pensamos na possibilidade de um segundo inquérito para continuar a pesquisa, não só para continuar acompanhando a frequência de adoecimento pela covid, como também os aspectos da vacinação, porque o estudo começou a ser feito no início da vacinação”.
Sexo, idade e cor da pele
Os participantes da pesquisa foram divididos também por sexo, idade e cor da pele.
Nos sexos masculino e feminino, as frequências de acometimento da doença foram as mesmas, em torno de 26%. Já o adoecimento pela doença foi maior entre as pessoas na faixa etária entre 25 e 39 anos, 28,8%. De 18 a 24 anos (26,5%) e de 40 a 59 anos (25,4%). A partir dos 60 anos diminui para 16%.
Segundo Leal Costa, o resultado apurado está muito relacionado com a distribuição etária das categorias na comunidade universitária. Em relação, por exemplo, ao acometimento dos mais jovens, está ligado ao universo dos alunos. Já na faixa etária de 60 anos, a incidência da doença está entre os servidores, técnicos-administrativos e docentes. E, por último, a interpretação para a menor frequência do acometimento da doença pode estar ligada ao isolamento social e ao trabalho remoto.
Pardos e pretos foram os mais atingidos
A característica cor da pele autodeclarada – branca, parda, preta, amarela e indígena – mostrou algumas variações em termos da frequência de acometimento da doença. Para a amarela e a indígena, a estimativa é imprecisa devido ao número reduzido de respostas.
Entre os que se declararam de cor branca, a frequência da doença foi de 25%; já a parda chegou a quase 30% (29,6%) e a de cor preta, 28,4%. A análise segundo a cor da pele autodeclarada em estudos epidemiológicos é algo muito comum, explicou o epidemiologista.
“Nós utilizamos (a característica cor da pele autodeclarada) com o interesse principalmente de estudar as desigualdades sociais existentes entre os grupos. É como um marcador de condição social e econômica mostrando como ocorre nos estudos epidemiológicos algumas desigualdades com essas características. (A pesquisa) sinalizou frequências maiores do adoecimento para as categorias parda e preta, que estão associadas de forma geral à nossa população como um todo em situações de maior vulnerabilidade”, aprofundou o estudioso.
Ele observou que, “ainda que estejamos falando da comunidade da UFRJ, muito provavelmente essas características entre nós também são indicativas de algum grau de vulnerabilidade”.
“Esses resultados”, continuou, “nos permitem um olhar um pouco mais detalhado para nós mesmos no sentido de perceber como esses processos de saúde e adoecimento, no que diz respeito à covid, estão ocorrendo entre nós. Como esperávamos, não nos surpreende essas variações em termos de desigualdades no padrão heterogêneo de adoecimento.”
Técnicos-administrativos
A pesquisa mostrou,com exceção da cor da pele, que as diferenças, quando analisados somente os técnicos-administrativos, são semelhantes às diferenças observadas para o conjunto da universidade.
Com relação ao sexo, a diferença entre os técnicos-administrativos é pequena – 24,6% das mulheres e 22,9% dos homens referiram adoecimento.
No que diz respeito à idade, há também uma pequena diferença. A idade mais acometida entre os técnicos-administrativos foi de 40 a 59 anos, 27,3%.
“Pode também estar refletindo a própria composição etária do corpo técnico. Mas chama a atenção. A idade com maior frequência de acometimento – 40 a 59 anos (27%) – é uma faixa etária mais envelhecida em relação ao conjunto da universidade, que foi de 25 a 39 anos.”
Olhando somente para os técnicos-administrativos, a cor da pele também chamou a atenção. Nos que se declararam de cor branca, a frequência de adoecimento foi de 22,5%, mais baixa que o conjunto da universidade, que foi de 25%. E as diferenças em relação às categorias pardas e pretas foram mais acentuadas.
Entre os técnicos-administrativos que se declararam de cor parda, 26,7% referiram adoecimento por covid, e entre os que se declararam de cor preta, 30,2% referiram o adoecimento. “Então, entendendo as categorias cor da pele autodeclarada como marcadores de condições socioeconômicas ou desigualdades sociais entre os técnicos, está aí uma diferença mais evidente em termos de frequência de adoecimento para as cores pardas e principalmente pretas em comparação à categoria autodeclarada como branca”, observou o pesquisador.
Comorbidades: hipertensão e diabetes preocupam
A pesquisa levantou também as condições de saúde que implicam maior risco no que diz respeito à covid-19. Chamaram a atenção a hipertensão e a diabetes. Leal Costa repete que todo o levantamento foi feito com base nas respostas dos participantes sem solicitação de quaisquer exames, uma metodologia mundialmente utilizada em estudos epidemiológicos.
Do total dos pesquisados, informaram saber ter hipertensão 11%, ou 1.241 pessoas. Em relação aos 1.254 técnicos-administrativos participantes, o percentual sobe para 27%. Ambos considerados elevados pelo pesquisador.
No caso de diabetes, cerca de 5%, ou seja, 539 pessoas informaram saber serem diabéticos. Em relação aos técnicos-administrativos, 11%, ou 140 dos pesquisados, informaram saber da doença.
“Então essas prevalências de 27% com relação à hipertensão e 11% em relação à diabetes são frequências bastante elevadas e preocupam, considerando serem condições de risco para as formas mais graves de covid. Mas também preocupam por si só como morbidades que podem resultar em danos e limitações importantes para a saúde”, alertou o epidemiologista.
A composição corporal foi também outro indicador que chamou muito a atenção na pesquisa. Foram separados os com menos de 60 anos e os de 60 anos ou mais.
No conjunto da universidade, 28% informaram estar com sobrepeso. “Pedimos o peso e altura, e com isso calculamos o índice de massa corporal que é utilizado em estudos populacionais para indicar sobrepeso e obesidade.”
Estão com sobrepeso 35% dos técnicos-administrativos entrevistados, e 26% são obesos. Pouco mais de 60% dos técnicos-administrativos estariam na faixa de sobrepeso ou de obesidade.
“Pode haver erro e pode de algum modo estar refletindo o efeito da pandemia devido ao comportamento sedentário, mas chama a atenção, porque são frequências muito elevadas”, chamou a atenção Leal Costa.
A partir dos 60 anos, 43% responderam estar na faixa do sobrepeso. Em relação aos técnicos-administrativos, a frequência sobe para 49%. Ambas as frequências são altamente elevadas.
“Por si só, independente da covid, esses resultados chamam a atenção, enquanto comunidade universitária, para pensar estratégias e meios de lidar com essas condições físicas crônicas, como sobrepeso, obesidade, hipertensão e diabetes”, avaliou Leal Costa.
Estado de saúde em geral
A última pergunta, comum em estudos epidemiológicos, se refere à saúde como um todo da pessoa.
“Muito simples, subjetiva, porém de grande valor. É o que chamamos autoavaliação do estado geral de saúde. O que nos preocupa nas respostas são as avaliações tidas como negativas ou desfavoráveis. Em especial às categorias ruim e muito ruim”, disse o epidemiologista.
No conjunto da universidade, 2,1% (238 pessoas) responderam estar com a saúde ruim. Muito ruim, 21 pessoas (0,2%). “São referências relativamente pequenas, mas essas respostas são indicativas de um risco grande de adoecimento e até risco de morte. Isso por diversas condições e motivos de uma saúde física e mental deteriorada”, explicou.
O estado de saúde regular tende mais para uma avaliação negativa do que positiva. E as frequências são mais elevadas. Dos 19,5% do conjunto dos respondentes, 2.196 referiram um estado de saúde regular. E no caso dos técnicos-administrativos, 18,3% (ou 230) referiram o estado de saúde regular.
“Se juntarmos regular, ruim e muito ruim, temos para o conjunto da universidade de 21,5% e 22% referindo um estado de saúde de alguma maneira comprometido. Entre os técnicos-administrativos essa proporção fica em torno de 20%. Isso significa dizer que entre cada cinco, um está com a saúde comprometida.”
Segundo Leal Costa, nesse momento, ao avançar nas análises dos resultados, foi verificado que a resposta dos que disseram terem sido acometidos por covid coincide com suas respostas de avaliações negativas do seu estado de saúde.
“Essas respostas sinalizam um acompanhamento de alguma forma para que a gente destine uma atenção para o conjunto da nossa comunidade no que diz respeito ao nosso estado de saúde. Especialmente nesse momento de pandemia. E que seja um esforço conjunto de toda a universidade e dos grupos que a compõem”, concluiu.
Comissão especial que vai analisar a PEC 32 será instalada nesta quarta-feira. Futuro relator é favorável ao projeto do governo
Por Redação RBA – Publicado 8/6/2021- Câmara dos Deputados
São Paulo – Antes que a “reforma” administrativa continue tramitando na Câmara, líderes partidários afirmaram nesta terça-feira (8) que querem discutir o projeto dos chamados supersalários (PL 6.726), na Casa desde 2016. A discussão ocorreu durante reunião convocada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32, que terá comissão especial instalada amanhã. Lira afirmou que todos os partidos estarão representados no colegiado.
“Tem que ser tratado, não se pode começar um debate sobre reforma administrativa sem dar um recado à sociedade sobre o real combate a privilégios, que existem”, afirmou o líder da Minoria, Marcelo Freixo (Psol-RJ). “Ninguém defende um Estado ineficaz, ou Estado que não funciona. Defendemos carreira de Estado, defendemos que a estabilidade é estratégia e não privilégio. Privilégio é supersalário”, acrescentou.
Até o líder do Novo, Vinícius Poit (SP), defendeu a votação sobre o fim dos supersalários. “Vários líderes cobraram: precisamos do comprometimento do governo. O debate vai ter desgaste para um lado ou para outro, e o governo tem que ir até o fim”, declarou.
Presidente e relator
Segundo Lira, a comissão especial da PEC 32 será instalada nesta quarta, com indicação de integrantes, eleição do presidente e designação do relator, que será o deputado Arthur Maia (DEM-BA). O parlamentar é favorável à reforma, que vem sendo criticada pela oposição e pelo funcionalismo. Um abaixo-assinado contra o projeto deverá ser entregue amanhã.
Em maio, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou a admissibilidade da proposta de emenda. À comissão especial cabe analisar o mérito do projeto, que restringe a estabilidade no serviço público. A exceção seriam os cargos “típicos de Estado”, que seriam especificados em outro projeto.
O Brasil registrou 2.693 novas mortes pela covid-19 nesta terça-feira, 8, e ultrapassou a marca dos 17 milhões de casos da doença desde o início da pandemia. A média semanal de vítimas, que elimina distorções entre dias úteis e fim de semana, ficou em 1.714, um pouco acima dos 1.664 registrados na véspera e estabilizada em patamar considerado “alto” por especialistas.
Nesta terça, o número de novas infecções notificadas foi de 52 691. No total, o Brasil tem 477.307 mortos e 17.038.503 casos da doença, a segunda nação com mais registros, atrás apenas dos Estados Unidos. Os dados diários do Brasil são do consórcio de veículos de imprensa iniciado há exatamente um ano e formado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL em parceria com 27 secretarias estaduais de Saúde, em balanço divulgado às 20h. Segundo os números do governo, 15.494.071 pessoas estão recuperadas.
O Estado de São Paulo continua registrando um número alto de mortes pelo coronavírus e, nesta terça-feira, teve 767 novas vítimas fatais da doenças. Outros seis Estados também superaram a barreira de 100 óbitos no dia: Ceará (409), Rio de Janeiro (325), Rio Grande do Sul (216), Paraná (181), Pernambuco (111) e Bahia (110).
O balanço de óbitos e casos é resultado da parceria entre os seis meios de comunicação que passaram a trabalhar, desde 8 de junho do ano passado, de forma colaborativa para reunir as informações necessárias nos 26 Estados e no Distrito Federal. A iniciativa inédita é uma resposta à decisão do governo Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia, mas foi mantida após os registros governamentais continuarem a ser divulgados.
Nesta terça-feira, o Ministério da Saúde informou que foram registrados 52.911 novos casos e mais 2.378 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas. No total, segundo a pasta, são 17.037.129 pessoas infectadas e 476.792 óbitos. Os números são diferentes do compilado pelo consórcio de veículos de imprensa principalmente por causa do horário de coleta dos dados.
Quase 3,5 milhões de trabalhadores batem recorde de tempo procurando emprego, segundo dados do IBGE. O chamado desemprego de longa duração aumentou 13,4% na pandemia
Mariayde Veloso, de 38 anos, separada, mãe de dois filhos, de 18 e 15 anos, com curso superior de pedagogia incompleto, teve de deixar sua casa, na zona leste da capital de São Paulo, para morar de favor num quarto de uma ONG, na zona sul, após as contas se acumularem e o aluguel deixar de ser pago por causa do desemprego.
O último emprego com carteira assinada de Mary, como é conhecida, foi como camareira do hospital Albert Einstein, em março de 2019. Assim como ela, outras 3,487 milhões de pessoas (23,6%) dos 14,805 milhões de desempregados estão há dois anos ou mais tentando se recolocar no mercado de trabalho sem êxito, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostragem em Domicílio (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No ano passado o Brasil tinha 3,075 milhões de pessoas procurando trabalho há mais de dois anos. Em 2021, 412 mil trabalhadores (13,4%) a mais passaram a fazer parte dessa triste estatística.
O recorde anterior havia sido registrado no segundo trimestre de 2019, quando 3,347 milhões de trabalhadores estavam desocupados havia pelo menos dois anos.
O recorde atual demonstra mais uma vez que, apesar da pandemia, os governos liberais que lideraram o golpe contra Dilma Rousseff ( PT) em 2016, não entregaram a promessa de criação de emprego. Ao contrário, de lá para cá o desemprego só aumenta, levando mais pobreza e miséria à população.
Foi o que aconteceu com Mary. Desempregada e com seus dois filhos precisando de cuidados médicos – o mais velho tem problemas neurológicos e o mais novo sofre de obesidade mórbida infantil e precisa de tratamentos fisioterápicos e de dieta para diminuir as sequelas da doença, ela não conseguiu este ano receber o auxílio emergencial e até agora não entende a recusa do governo federal.
“Eu não recebi este ano e não consegui recorrer. O aplicativo do Caixa TEM diz que minha conta está vinculada a dois aparelhos celulares que não sei quais são. Estou vivendo da caridade dos outros”, diz desolada.
Para ela sua situação é um reflexo das mudanças de governo e da própria sociedade brasileira que está menos sensível ao sofrimento alheio.
“Antes a gente tinha mais oportunidades e até a empatia das pessoas era melhor. Hoje está muito mais difícil e desafiador para quem está desempregada como eu”, afirma, completando: “Com a pandemia nem faxina me chamam pra fazer e nem dá pra vender bala e água na rua. Minha vida se resume em sobreviver e manter a resistência”, conta.
Sem investimento público e sem vacina não se gera emprego
A dificuldade em se colocar no mercado de trabalho de Mary e de outros milhões de brasileiros parece não ter solução a curto prazo. Segundo o economista do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Gustavo Monteiro, sem investimentos públicos, sem vacinação para a retomada da economia, o desemprego só tende a aumentar.
Por isso, o recorde de tempo em procura de uma nova vaga também não surpreende Monteiro. Segundo ele, a pesquisa do Índice da Condição do Trabalho (ICT-Dieese) , indicador que usa os índices de inserção ocupacional, desocupação e rendimento dos trabalhadores já demonstrava que o quadro de procura por um emprego aumentou .
“Quando Bolsonaro assumiu, o número de desocupados que estava à procura por um emprego nos últimos cinco meses era de 53%. Hoje este índice chega a 61%. Para ser mais exato em dois anos de governo Bolsonaro, aumentou em 8,8% o número de trabalhadores que está há pelo menos cinco meses procurando uma nova oportunidade”, afirma Monteiro.
Outros dados do IBGE confirmam a tendência de mais tempo que o trabalhador passa em busca de um emprego. Segundo o órgão, existem1,8 milhão de pessoas em busca de uma vaga há menos de um mês; acima de um mês a menos de um ano são7,0 milhões; outras 2,6 milhões estão desempregadas, de um ano a menos de dois anos. Nesta última faixa a alta foi de 58,4% em relação a igual período de 2020 (1,614 milhão) – um aumento de 943 mil pessoas, durante a pandemia.
“Isto só mostra que antes mesmo da pandemia não estava havendo uma recuperação. A resposta para a crise, as reformas Trabalhista [2017] e da Previdência [2019], sequer resolveram a primeira crise de 2015”, afirma o economista do Dieese, Gustavo Monteiro.
Economia não dá sinais de que desemprego vá diminuir
Segundo Monteiro, a economia não estava se recuperando pois melhorava um lado, piorava outro, tanto que houve um aumento no número de desalentados. Segundo o levantamento PNAD Covid do IBGE, divulgado no final de maio, o número de trabalhadores que deixaram de procurar emprego é de seis milhões e é novo recorde.
“O número de vagas abertas teve um pequeno aquecimento, mas não o suficiente para empregar esses milhões de trabalhadores. Quando a gente olha de 2017, ano da reforma Trabalhista, para cá, teve alguns solavancos, mas se vê claramente que situação do trabalho piorou muito, ainda mais com pandemia. O ICT mostra que a fila do desemprego está só engrossando”, afirma Monteiro.
Trabalhadores com maior qualificação relatam desemprego
Embora acredite que o trabalhador possa se qualificar para ter mais chances de conseguir um novo emprego, o economista do Dieese, diz que o problema do mercado de trabalho está na falta de recuperação da economia.
“Tem gente pegando qualquer trabalho mesmo com uma alta qualificação. Isto é mais uma demonstração de que sem investimentos públicos para a retomada do crescimento, a crise para o trabalhador vai se estender por mais tempo”, avalia Monteiro.
É o que vem acontecendo com a assessora de imprensa Niobe Cunha, de 62 anos, que por ter trabalhado a maioria dos anos como pessoa jurídica (PJ) não contribuiu com a previdência por tempo suficiente para se aposentar e está desempregada há seis anos, apesar da sua vasta experiência profissional.
Sobrevivendo com a ajuda da aposentadoria da mãe e do auxílio emergencial, Niobe conta que antes do governo de Bolsonaro ainda conseguia trabalhos como free lance, que a ajudavam a se manter economicamente, mas nos últimos dois anos a situação só piorou.
“Antes eu era indicada por amigos que trabalharam comigo e ex-chefes. Hoje eles estão na mesma situação que eu e de certa forma estamos concorrendo pelas mesmas vagas que aparecem”, conta.
Para ela, essa situação que considera indigna só tem piorado porque as exigências profissionais são cada vez maiores e os salários cada vez mais baixos.
“As empresas estão pedindo inglês fluente até para estagiários, mas os salários oferecidos não pagam nem as prestações do curso do idioma”, diz indignada.
Diante da crise, Niobe afirma que tem feito planos A, B, C e D para sobreviver. Por enquanto faz da paixão pelo jornalismo um hobby ao ser apresentar um programa pelo YouTube e ser comentarista em outros.
“Exerço jornalismo por prazer porque os canais não são monetizados, é um trabalho voluntário “, diz Niobe.
O trabalho voluntariado é o que dá forças a Patrícia Alves de Almeida, 48 anos Sem filhos e solteira, ela mora num conjunto do CDHU em São Paulo, cujas prestações estão sendo pagas por outra pessoa, graças, segundo ela, pelo conhecimento que fez durante os seus 26 anos de trabalho voluntário.
Patrícia teve seu último emprego com carteira assinada de agosto de 2018 a maio de 2019, como auxiliar administrativa na empresa Chocolândia. Ela pediu demissão porque a sede mudou para a Via Anchieta, longe de onde mora na Mooca, zona leste de São Paulo.
Ela só não esperava que o tempo para conseguir uma nova oportunidade demoraria tanto, mesmo tendo diploma superior em Administração de Empresas e de ter estudado sem concluir o curso de Gestão Pública.
Patrícia que tem uma deficiência física chegou a trabalhar numa outra empresa, mas foi demitida em um mês. Ela acredita que sua vaga foi usada apenas para que a empresa cumprisse a cota de trabalhadores deficientes definida em lei.
Para piorar sua situação, o governo federal está cobrando dela a devolução dos R$ 1.800,00 que recebeu no ano passado de auxílio emergencial. Conta que ela contesta, já que o emprego que teve no período foi de apenas um mês.
“Quando eu pedi o auxílio eu não estava trabalhando. Infelizmente este governo não pensa nos mais carentes que precisam da ajuda do Estado. A maioria vai pro olho da rua, sem condições de pagar um lugar digno. É um mundo em que a ganância impera”, diz.
Enquanto não consegue uma nova colocação, Patrícia não desiste de se qualificar e já fez seis cursos voltados à tecnologia para ter melhores oportunidades.
“ Continuo mandando currículos apesar do Brasil passar por uma fase difícil, sem resultados positivos na economia, mas não posso me dar ao luxo de desanimar, de escolher serviço”, finaliza Patrícia.
Ao longo de junho, quando comemora-se mundo afora o Mês do Orgulho LGBT, as cores do arco-íris estão em toda parte – de perfis de redes sociais a logotipos temporários de empresas que posam como inclusivas. Ao longo das últimas décadas, a bandeira colorida se tornou uma marca conhecida universalmente.
“Arrisco dizer que seja, excetuando as de países fortes como os Estados Unidos, a bandeira mais conhecida do mundo. É reconhecida do sertão do Cariri, região pobre do Nordeste do Brasil, a Bangladesh”, afirma o jornalista e ativista Welton Trindade, coordenador do coletivo Brasília Orgulho. “Que outra bandeira tem esse poder?”
Criada pelo designer Gilbert Baker (1951-2017), por encomenda do político e ativista gay Harvey Milk (1930-1978), a bandeira arco-íris foi para as ruas pela primeira vez em São Francisco, nos Estados Unidos, em 1978. E de lá ganhou o mundo.
Em sua primeira versão, eram oito faixas. Às sete cores tradicionais do arco-íris — vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta — somava-se o rosa. A primeira alteração reduziu a representação de oito para seis cores: e foi assim, com apenas seis faixas, que a bandeira LGBT se tornou um ícone mundial.
Professor na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e autor do livro A Cor Como Informação, o jornalista Luciano Guimarães conta que essa alteração teve explicação “exclusivamente econômica e fabril”. “Era bem mais fácil encontrar os tecidos nas cores que permaneceram, consequentemente, a valores mais baixos”, contextualiza.
“Depois, por um certo tempo, a bandeira teve uma faixa em preto em referência às vítimas da aids, como luto. As faixas nas cores vermelho, laranja, amarelo, verde, anil e violeta formam a bandeira que hoje é universalmente reconhecida como símbolo do orgulho LGBT+ e, fora uma ou outra tentativa comercial de definir com precisão os matizes como correlacioná-los a cores de alguma escola de padronização, como a Pantone, as pequenas variações não enfraquecem o símbolo”, prossegue. “A ordem das cores na sequência das faixas é determinante, a precisão do matiz, não.”
Afirmação positiva
Antes do arco-íris, houve uma ideia dentro do movimento de se apropriar do triângulo rosa que os nazistas utilizavam para marcar os prisioneiros classificados como homossexuais nos campos de concentração. Com a inversão do triângulo, colocando o vértice para cima e, assim, dando ao sentido original, negativo, uma “afirmação positiva”.
A referência ao passado de perseguição, porém, pesou contrariamente. “Alguns veem como equívoco esse resgate do triângulo rosa, mas eu acho que não. A cruz na qual Cristo foi martirizado até hoje é símbolo [do cristianismo], de modo que eu acho que o triângulo rosa pode ser mantido como ícone, lembrando de um episódio dramático na história LGBT”, afirma o sociólogo e antropólogo Luiz Mott, professor da Universidade Federal da Bahia e fundador da organização não governamental Grupo Gay da Bahia.
Quando criou a bandeira, Baker atribuiu um significado positivo a cada uma das faixas — sexualidade, vida, cura, luz do sol, natureza, magia e arte, harmonia, espírito humano. Guimarães analisa que, incorporado como símbolo, o sentido produzido é o do conjunto das faixas coloridas.
“Com cores de matizes básicos, intensos e vivos, cada uma carregada de simbologia e expressão próprias, essa bandeira consegue passar tanto uma mensagem de intensidade e alegria quanto de lugar de todos, mais como lugar de direito do que busca pela inclusão, no sentido de reconhecimento da diversidade em si”, comenta.
“A sexualidade é um oceano, e não adianta queremos fazer dela um aquário. Somos 8 bilhões de pessoas, 8 bilhões de orientações sexuais, 8 bilhões de identidades e expressões de gênero. O arco-íris mostra isso: você pode ser verde, pode ser amarelo — temos de estar juntos, todos somos humanos”, reflete o pedagogo e ativista Toni Reis, diretor-presidente da organização Aliança Nacional LGBTI+. “É a diferença na diversidade. E o arco-íris passa essa harmonia: cada um com seu jeito, sua forma, todos se respeitando.”
Antes dos LGBT, os hippies já haviam utilizado essa paleta de cores do arco-íris, em “oposição à sobriedade monocrática que regia a ordem moral vigente”, lembra Guimarães. Enquanto os primeiros queriam romper o status quo, os ativistas LGBT passaram a buscar reconhecimento, respeito e direitos.
A simbologia do arco-íris
O arco-íris, como fenômeno da natureza que sempre fascinou o homem, faz parte de mitologias ancestrais. No folclore irlandês, um leprechaun pode levar a um pote de ouro no final do arco-íris. Depois do dilúvio, segundo a Bíblia, Noé viu um arco-íris.
“O arco-íris pode tanto ser apenas o próprio arco-íris, independente do número de cores, como na bandeira do estado de Pernambuco, como pode representar algum conceito, como paz ou nova era, como na bandeira verde do Greenpeace e na bandeira PACE, surgida em 1961 na Itália, provavelmente inspirada na bandeira da paz mundial desenhada em 1913 pelo pacifista americano James William van Kirk, na qual as sete faixas de cores do arco-íris aparecem conectadas a um globo”, diz Guimarães.
Na heráldica, o arco-íris costuma ser tratado como aquele que agrega em vez de separar. “A ideia de paz não é a religiosa, mas a política”, afirma o professor. “O simbolismo também pode ter origem em uma cultura material rica em pigmentos, como a bandeira Wiphala e a bandeira da cidade de Cuzco, ambas inspiradas na artesania de povos originários indígenas.”
A criação de Baker para o movimento LGBT, por sua vez, tem o significado semelhante ao da primeira bandeira criada pelo movimento cooperativista, nos anos 1920: convivência, compartilhamento, harmonia.
Novas versões
Ao mesmo tempo em que o movimento LGBT passou a incorporar sistematicamente novas letras em sua sigla, com o objetivo de abranger o máximo de minorias — já foi chamado de GLS, hoje, além da consolidada LGBT, há LGBTI, LGBTI+ ou LGBTQIA+ — há quem defenda a inclusão de cores representativas desses grupos na bandeira.
“Surgem com alguma frequência propostas para o redesenho da bandeira original do orgulho gay”, comenta Guimarães. Ele cita duas como sendo as de maior destaque: a formulada pelo ativista Michael Page, uma bandeira LGBTQIAP+ Racial, com uma faixa preta e uma marrom antes da vermelha; e a obra do designer Daniel Quasar, em que faixas em branco, rosa, azul, marrom e preto formam um grafismo em “v”, como se fosse uma seta da esquerda para a direita.
“As novas cores nessas bandeiras, no entanto, seguem outra lógica de simbolização: não designam mais valores naturais e espirituais da humanidade, como na versão original de Baker, mas apontam diretamente para representações raciais e de gênero: branco para pessoas não binárias; rosa, que na bandeira original representava sexualidade, nesta representa a mulher; azul para os homens; marrom para pessoas não brancas; e preto para pessoas pretas”, explica o professor.
De acordo com levantamento realizado por Trindade, analisando imagens de cerca de 300 eventos de orgulho LGBT de todo o Brasil, o uso de variações da bandeira não chega nem a 1%.
Entre os ativistas, a discussão está aberta. Mott, por exemplo, considera que a clássica de seis faixas, “pelo significado histórico e simbólico, abarca todo mundo” e que “todas as letras dessa sopa de letrinhas deveriam se sentir contempladas”.
Trindade é radicalmente contra o redesenho da bandeira, afirmando que representações diferentes enfraquecem o movimento, “tanto do ponto de vista simbólico quanto de valores”.
“Tem sido causa de rachas internos e desagregação”, comenta. “Defender a bandeira arco-íris não é apego a uma questão estética. Trata-se de valores. Somos um movimento plural, que abarca muitas identidades. A bandeira arco-íris está nesse espírito porque não representa só uma parte dessa diversidade.”
Para Reis, por sua vez, mudanças são bem-vindas. “A única questão permanente na nossa vida é a mudança. Tem mudanças que ficam, outras que não ficam. Pessoalmente, eu uso a bandeira arco-íris original, mas se querem mudar, que mudem. Se pegar, pegou”, diz ele.
“Ainda acho a bandeira de seis faixas o mais forte símbolo para todas as inclusões e variações nas lutas da comunidade LGBT porque, desde o início, a representação não está no que cada cor simboliza, mas no uso da bandeira em si”, comenta Guimarães.
“Apesar disso, as faixas que apontam para a pauta racial podem ser interpretadas como uma camada a mais na defesa dos direitos LGBT, particularmente em países como o Brasil, em que pretas e pretos gays, lésbicas, transgêneros e não binários sofrem mais violência física e moral.”
Reunião marcada para esta terça é para “discutir mérito, ritos e procedimentos de tramitação” da Proposta de Emenda à Constituião (PEC) nº 32, disse o presidente da Câmara no Twitter
Servidores já estão mobilizados nas redes sociais levantando a hasthag #LiraPEC32Não, apesar do tuitaço contra a reforma estar programado para começar às 19h. E entre os sindicatos tem desde os que representam os profissionais da educação até os da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que estão na linha de frente do combate a pandemia do novo coronavírus.
A proposta está na comissão especial, depois que deputados da base do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) aceleraram votação da PEC na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida pela deputada bolsonarista Bia Kicis (PFL).
Em duas postagem em sua página no Twiter, Lira falou sobre a reunião e, mais uma vez, disse que a reforma não atingirá direitos dos atuais servidores e que as mudanças serão conduzidas com “cuidado e responsabilidade”.
O governo diz que quer modernizar, reduzir custos e outras defesas inconsistentes da propostas, mas ninguém diz, nem o presidente da Câmara que a PEC não prejudica juízes, procuradores, deputados e senadores, além dos militares, os altos salários do país e os cargos onde os servidores têm mais penduricalhos para aumentar os vencimentos.
O fato é que a PEC 32 retira a estabilidade dos servidores, com exceção dos “cargos típicos de Estado”, que aquelas que existem somente na administração pública, como auditor da Receita Federal, diplomata, policiais federais, auditores fiscais e técnicos do Banco Central (BC). O detalhamento desses grupos não consta na PEC 32, primeira etapa da reforma Administrativa. Segundo o governo, as carreiras típicas de Estado serão definidas em um projeto de lei específico.
A reforma Adminsitrativa prevê ainda o fim do Regime Jurídico Único, responsável por regulamentar o vínculo entre os servidores e o poder público. Se a reforma for aprovada, cada cargo público será regido por normas distintas a depender de cada exercício, ou seja, de acordo com o governo de plantão. O resultado dessas mudanças é que os servidores públicos poderão ser demitidos com mais facilidade, caso investiguem e denunciem uma autoridade que cometeu um crime.
A PEC também estipula que sejam aplicadas avaliações periódicas de desempenho. As mudanças valerão para quem for admitido depois de eventual entrada da proposta em vigor.
O texto coloca na Constituição um ano de período de experiência para os cargos com vínculo de prazo indeterminado e uma avaliação ao final do período para efetivação. Para os “cargos típicos de Estado” ,o período de experiência é de ao menos dois anos.
A proposta proíbe a concessão de mais de 30 dias de férias por ano e de aposentadoria compulsória de servidor público como forma de punição. A prática é comum entre juízes e procuradores do Ministério Públicos, mas esses não serão afetados pela PEC.
O texto também veda aumentos motivados apenas por tempo de serviço, aumentos retroativos, licenças decorrentes de tempo de serviço (exceto para capacitação), entre outras restrições.
O projeto estabelece parâmetros para contratação de servidores por prazo determinado. Podem ser admitidos para atender a:
Necessidade temporária decorrente de calamidade, emergência, paralisação de atividades essenciais ou acúmulo transitório de serviço;
Atividades, projetos ou necessidade temporários ou sazonais, com indicação da duração dos contratos;
Atividades ou procedimentos sob demanda (não explica quais).
A proposta determina que uma lei estabeleça regras para cooperação entre órgãos e entidades públicas e privadas para executar serviços públicos.
Houve registro de alta em 18 estados na comparação com o mesmo mês do ano passado. A média mensal de casos fatais, desde a chegada da doença ao Brasil, é de cerca de 28,7 mil. Em maio, o número de falecimentos por causa do coronavírus ficou acima de 49 mil.
Os números só estão abaixo do que foi registrado em março e abril desde ano, pior período da pandemia no Brasil. Os meses anteriores tiveram mais de 70 mil mortes. Apesar do declínio observado em maio, o total de óbitos por semana segue superior a 10 mil.
No ano passado, o recorde registrado em uma semana foi de 7,7 mil, entre os dias 19 e 25 de julho. O Brasil também observa a manutenção de um patamar muito alto de novos casos, são mais de 50 mil a cada sete dias desde fevereiro, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde.
Panorama das regiões
A situação é mais alarmante nos estados em que a pandemia demorou mais para chegar. Entre os 18 que apresentaram aumento de mortes na comparação com maio do ano passado estão o Mato Grosso do Sul, com alta de 4.526% e o Mato Grosso, em que o aumento foi de 2.472%.
Ainda na região Centro-Oeste, Goiás e Distrito Federal também apresentaram alta nos óbitos, com índices de 664% e 293% respectivamente. No Sul do país, todos os três estados registraram escalada considerável de casos fatais. No Paraná o ritmo subiu 947%, em Santa Catarina 945% e no Rio Grande do Sul 932%.
Na região Sudeste, somente o Rio de Janeiro teve números mais baixos na comparação com maio de 2020, a queda foi de 17,9% no total de óbitos. Minas Gerais observou aumento de 1.014%, São Paulo de 114% e Espírito Santo de 91%.
A desaceleração foi registrada com mais força na região Norte. Houve queda no Amazonas (81,7%), no Amapá (79,6%), no Pará (78,1%) e no Acre (18%). Por outro lado, foi observado aumento em Tocantins (296%) e Rondônia (156%).
No Nordeste, o movimento de aceleração dos óbitos foi notado em Sergipe (261%), Piauí (106%), Rio Grande do Norte (114%), Bahia (89%), Paraíba (29%) e Pernambuco (7%). Por outro lado, houve declínio de casos fatais no Maranhão (46%), em Alagoas (31%) e no Ceará (49%)
Farmacêutica enviou 53 e-mails cobrando posição do governo Bolsonaro sobre compra de 70 milhões de doses da vacina a US$ 10. EUA e Reino Unido pagaram US$ 20
Além de retardar a decisão sobre a compra de vacinas, Jair Bolsonaro recusou comprar os imunizante a um custo cerca de 50% menor do que foi oferecido aos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia.
Segundo reportagem de Fernando Canzian e Natália Cancian, na edição desta segunda-feira (7) da Folha de S.Paulo, até 70 milhões de doses da Pfizer poderiam ter sido entregues a partir de dezembro por US$ 10 cada.
No entanto, os imunizantes foram considerados caros pelo então ministro, Eduardo Pazuello, em agosto de 2020.
Segundo o jornal, países como EUA e Reino Unido pagaram US$ 20 dólares a dose da vacina, o dobro do valor recusado pelo Brasil durante vários meses em 2020. Na União Europeia, as doses do laboratório norte-americano custaram US$ 18,60.
Vice-presidente da CPI da Covid, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirma que há 53 emails enviados pela Pfizer ao governo a partir de agosto cobrando resposta sobre a oferta dos 70 milhões de doses.