Taxa é maior em estados do Nordeste. E também para mulheres e negros

Matéria retirada do site da CUT. 

O desemprego no país, que atingiu sua maior taxa em 2020 (média de 13,5%), também foi recorde em 20 das 27 unidades da federação. Segundo o IBGE, que nesta quarta (10) divulgou detalhes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, as maiores taxas foram registradas em estados do Nordeste e as menores, na região Sul. Além disso, em 15 estados o nível de ocupação ficou abaixo de 50%.

A taxa de desemprego mais alta em 2020 foi registrada na Bahia: 19,8%. Depois vêm Alagoas (18,6%), Sergipe (18,4%) e, já no Sudeste, Rio de Janeiro (17,4%). Em São Paulo, foi de 13,9%, também recorde. Já as menores foram apuradas em Santa Catarina (6,1%), Rio Grande do Sul (9,1%) e Paraná (9,4%).

Ocupação recua

Como o IBGE havia informado, em um ano o número de ocupados diminuiu em 7,3 milhões, caindo para 86,1 milhões, o menor número da série histórica, iniciada em 2012. “Com isso, pela primeira vez, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país”, diz o instituto. O nível de ocupação no ano passado foi de 49,4%.

E ficou abaixo da metade em 15 estados. Os nove do Nordeste, cinco da região Norte e o Rio de Janeiro (45,4%). “Em Alagoas, apenas 35,9% das pessoas em idade para trabalhar estavam ocupadas”, aponta o instituto. O maior nível de ocupação foi o de Mato Grosso (58,7%).

Variação regional

A queda da ocupação, que levou ao desemprego recorde, atingiu todos os setores, incluindo os informais. A taxa média de informalidade recuou para 38,7%, ante 41,1% no ano anterior. Nas regiões, essa média foi superada em 19 estados – de 39,1%, em Goiás, a 59,6% no Pará. Em sete desses estados, a taxa ultrapassou 50%. Abaixo de 30%, só São Paulo (29,6%), Distrito Federal (28,2%) e Santa Catarina (26,8%).

“A queda da informalidade não está relacionada a mais trabalhadores formais no mercado. Está relacionada ao fato de trabalhadores informais terem perdido sua ocupação ao longo do ano”, diz a analista Adriana Beringuy, do IBGE. “Com menos trabalhadores informais na composição de ocupados, a taxa de informalidade diminui”, acrescenta.

No último trimestre de 2020, a taxa de desemprego foi de 13,9%. Cai para 11,9% entre os homens e sobe para 16,4% entre as mulheres. É ainda maior entre pessoas pretas (17,2%), atingindo 15,8% no caso dos pardos – classificações usadas pelo instituto. A taxa de desemprego dos brancos foi de 11,5%, abaixo da média.

 

 

 

 

Polícia Federal convocou vice-presidenta da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural de Pernambuco a depor em inquérito criminal que apura manifestação de protesto

Matéria retirada do site da CUT.

A vice-presidenta da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (Aduferpe), professora Erika Suruagy, foi convocada a depor na Polícia Federal (PF) em inquérito criminal aberto para apurar manifestação de protesto, pacifica e democrática, realizada no fim do ano passado.

O inquérito aberto a pedido do presidente Jair Bolsonaro (ex-PLS) apura a colocação de outdoors com os dizeres “O senhor da morte chefiando o país. No Brasil, mais de 120 mil mortes por COVID-19″. #ForaBolsonaro, se referindo ao descaso do governo Bolsonaro no combate à pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 268 mil brasileiros.

Os outdoors fora colocados pela Aduferpe e outras entidades da sociedade civil em algumas cidades do Estado de Pernambuco.

Por meio de nota, a direção da Aduferpe reagiu à intimidação: “Trata-se de um brutal ataque à mais elementar liberdade de expressão garantida constitucionalmente”.

“É uma tentativa de calar opiniões e intimidar o legítimo e livre exercício da atividade associativa”, diz trecho da nota.

A direção da entidade reforça a crítica feita no fim de 2020 e afirma que a cobrança por ações para conter a pandemia pode ser estendida a outras esferas de governo neste momento de agravamento da pandemia, onde faltam leitos, medicamentos e a vacina chega em pequenos lotes.

Para a direção da Aduferpe, as afirmações que constam nos outdoors revelaram-se “desgraçadamente justas: à época eram 120 mil mortes a lamentar, hoje já são quase 300 mil”.

A assessoria Jurídica da Aduferpe ressalta que está segura de que não há nenhuma base legal para que um processo como esse seja instaurado. “O fato de a professora Erika Suruagy ter sido convocada e de ter que prestar depoimento na Polícia Federal é de inteira responsabilidade de Jair Bolsonaro”.

Bolsonaro, diz a direção da entidade, “está claramente tentando intimidar sindicalistas, cientistas, professores, servidores públicos, artistas, intelectuais e cidadãos que discordam da política do governo. Não conseguirá!”

“A unidade do conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras, com suas organizações sindicais e populares, vai barrar essas intimidações e ameaças de Bolsonaro. A democracia e o livre direito de opinião serão defendidos por todos e todas”, conclui a nota da direção da Aduferpe.

Com informações da assessoria da Aduferpe e da CUT-PE. 

 

 

 

 

O debate virtual sobre a destinação pela UFRJ do terreno onde funcionava a casa de shows Canecão, realizado no dia 8 de março, movimentou a comunidade do campus da Praia Vermelha e moradores do entorno.  A iniciativa partiu do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur).

O interesse do Ippur em debater o tema com a Reitoria foi o de esclarecer as dúvidas que ainda existem a respeito do projeto VivaUFRJ: as articulações interinstitucionais, os impactos para a comunidade universitária e as implicações urbanísticas e sociais para a região da Praia Vermelha.

Discussão acalorada

A posição da UFRJ e a proposta contida no projeto VivaUFRJ sofreram severas críticas dos participantes do evento on line –  “Praia Vermelha: um debate necessário” – , os professores Pedro Gabriel Delgado (Ipub), Carlos Vainer (Ippur), Regina Chiaradia (presidente da Associação de Moradores e Amigos de Botafogo) e Sônia Rabello (diretora de Urbanismo e Patrimônio Histórico da Federação das Associações de Moradores do Município do Rio de Janeiro). 

Eles alegam que não houve a participação da comunidade da Praia Vermelha e de seu entorno sobre a destinação do terreno, como também na elaboração do projeto VivaUFRJ. Também disseram que foram surpreendidos, no mês de fevereiro, com a notícia sobre a possível ajuda da Prefeitura do Rio para reabertura do Canecão. 

“A população tem o direito de discutir o projeto”, reivindicou Regina Chiaradia. Já Pedro Gabriel fez um apelo à reitora Denise Pires para que suspendesse o projeto: 

“Me surpreendeu a aceleração desse processo em plena pandemia e veiculado pelo RJTV. Na verdade, é uma invasão do espaço público e quero fazer um apelo à reitora Denise Pires para que suspenda o projeto. Falo como membro da comunidade da UFRJ para rediscutirmos os aspectos tanto do Canecão como o da Assistência Estudantil”, disse. 

 Carlos Vainer fez vários questionamentos sobre o projeto e cobrou respostas da Reitoria e também apresentou propostas, como a atualização do site do VivaUFRJ, mais transparência no tocante ao processo, divulgação dos contatos com as autoridades e que as entidades e especialistas na área de urbanismo da universidade e da sociedade civil sejam ouvidas. Por fim, ele endossou a proposta de suspensão do projeto e realização de amplo debate a respeito.

O representante da Reitoria, professor Vicente Ferreira, que integra o Grupo de Trabalho VivaUFRJ, respondeu aos questionamentos feito pelos debatedores reafirmando a posição que o grupo de trabalho  já vem expondo para a comunidade da UFRJ: 

“Não há privatização! Não há venda. (o que há) São estudos que ainda serão entregues à Reitoria que apresentará uma proposta final para debate com a comunidade”.

O projeto

O projeto VivaUFRJ consiste na parceria firmada pela UFRJ com o BNDES, na gestão do ex-reitor Roberto Leher, com o objetivo de utilizar os ativos imobiliários da universidade para negociar contrapartidas em obras de infraestrutura com empresas privadas.

Com isso, o terreno do antigo Canecão, na Praia Vermelha, é objeto de estudo encomendado pela UFRJ ao BNDES desde 2018, cujo resultado está para ser entregue a à universidade. 

O estudo inicial buscou identificar possíveis parcerias com empresas privadas para o uso do terreno do Canecão e de outros imóveis da instituição. Em contrapartida, os vencedores das licitações deverão assumir a reforma e a construção de restaurantes e moradias estudantis. A concessão está prevista para até 50 anos. 

Mas, parte da comunidade da Praia Vermelha desconfia da utilização dos espaços dos Institutos de Psiquiatria e Neurologia, Casa da Ciência e do antigo Canecão, assim como as associações de moradores. Já a UFRJ afirma que o projeto foi concebido para alçar alternativas ao orçamento da instituição, com prioridade para a assistência estudantil, e que o objetivo é viabilizar também um novo equipamento cultural em substituição a famosa casa de shows.  

O debate pode ser visto na íntegra no seguinte endereço:

 

 

Uma live cheia de firmeza e ternura – como bem traduziu uma das participantes – foi a atividade simultânea do Sintufrj e Sisejufe (Sindicato dos Servidores do Judiciário Federal do Rio de Janeiro), nesta quarta-feira, 10, transmitida pelas redes sociais das duas entidades, cujas direções são majoritariamente composta por mulheres. 

“Os direitos das mulheres – história e luta feminista no Brasil” foi o tema da roda de conversa, evento que fez parte da parceria firmada entre os dois sindicatos para celebrar o mês dedicado às trabalhadoras que lutam e lutaram por uma sociedade justa e igualitária para todos. 

Destaques  

A historiadora Glaucia Fraccaro, professora e pesquisadora da Universidade Estadual de Santa Catarina e autora de livros e artigos sobre o feminismo, trabalho e história do movimento sindical foi a debatedora convidada. A roda se completou com a participação da coordenadora do Sintufrj, Maria Angélica Silva, e a diretora do Sisejufe, Lucena Marins. 

Feminismo, política, trabalho doméstico, trabalho infantil, trabalhadoras e mulheres comuns, governo Bolsonaro, home office, exploração do trabalho feminino foram assuntos debatidos na roda de conversa on line. 

Glaucia enalteceu a luta cotidiana das mulheres comuns, as que não estão configuradas na história. “A consciência da ação não está nas universidades, está na nossa própria ação”, definiu ela.

Lucena Marins, do Sisejufe, acrescentou: “Nós estamos na luta ao longo da história, mas nossos nomes não estão lá. E são várias as formas de fazermos essa luta, mas fundamentalmente é preciso estarmos juntas para o enfrentamento”. 

“Nesse mês de março vamos falar das mulheres e das mulheres no mundo do trabalho que pouco se conhece e pouco se fala”, completou a dirigente. 

A historiadora destacou também a luta das trabalhadoras na história do feminismo:

 “Consideramos como expressiva a participação das mulheres trabalhadoras como parte da história feminista no Brasil”, afirmou.

Sobre o momento atual, ela alertou: “Temos um projeto de destruição em curso que envolve especialmente a exploração intensa das mulheres”.

A coordenadora do Sintufrj, Maria Angélica, lembrou da batalha das mulheres das periferias pela vida e por seus filhos, do prejuízo que o governo Bolsonaro tem causado às mulheres e o seu pouco apreço à vida humana:

“Na demissão, as mulheres são as primeiras a serem demitidas. Precisamos estar organizadas nos sindicatos, nos locais de trabalho, nas periferias. Temos hoje no governo um genocida que não se preocupa com a vida humana”. 

Maria Angélica ressaltou o vislumbre de esperança que se avizinha com a volta de Lula ao cenário político: “Desde ontem (dia em que o juiz do STF, Edson Fachin, anulou as condenações de Lula nos processos da Operação Lava-Jato) temos uma nova esperança aí surgindo”, afirmou.

A íntegra do debate está à disposição dos interessados no canal do Sintufrj no Youtube

 

 

Mais uma mulher que é exemplo de luta e inspiração: Tereza de Benguela. Ela foi uma líder quilombola que comandou a estrutura política, econômica e administrativa de uma comunidade de três mil pessoas. Unindo negros, brancos, ciganos e indígenas para defender o território onde viviam, resistindo bravamente à escravidão por mais de 20 anos.

Rainha Tereza, viveu no século XVIII e liderou o Quilombo de Quariterê, após a morte de seu companheiro, José Piolho, morto por soldados.

O Quilombo de Quariterê, localizava-se no Vale do Guaporé, no Mato Grosso e existiu de 1730 à 1795, tendo Tereza de Benguela liderado até 1770 quando foi presa e morta pelo Estado.

No I Encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas em Santo Domingos, na República Dominicana em 1992, definiu-se o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e criou-se uma rede para pressionar a Organização das Nações Unidas (ONU) a assumir a luta contra as opressões de raça e gênero.

No Brasil, o dia 25 de julho foi reconhecido, em 2014, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra pela Lei nº 12.987, em homenagem à líder quilombola. #21dias

 

Foram 1.972 óbitos nas últimas 24 horas; média móvel de mortes também bateu novo recorde e mostra que país está longe de superar o momento mais agudo da pandemia

Matéria retirada do site da Revista Fórum. 

A demora do governo de Jair Bolsonaro em adquirir vacinas contra a Covid-19 e constantemente incentivar o desrespeito aos protocolos contra o contágio do vírus está custando caro aos brasileiros. A pandemia, que já se encontrava em seu momento mais crítico no Brasil, segue tomando proporções ainda mais assustadoras.

Balanço feito pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) nesta terça-feira (9) mostra que as últimas 24 horas foram as mais mortais desde o início da crise sanitária. Foram registrados 1.972 novos óbitos em decorrência da Covid-19, recorde de registros em um dia. Com essas novas mortes, o país atinge a marca macabra de 268.370 óbitos acumulados.

Além das mortes, foram confirmados nas últimas 24 horas 70.764 novas infecções, o que totaliza, desde o início da pandemia, 11.122.429 casos acumulados.

A média móvel de óbitos por Covid também bateu novo recorde, chegando a 1.572, alta de 39,9% com relação ao último período (duas semanas atrás).

Somente no estado de São Paulo foram registradas, nas últimas 24 horas, 517 novas mortes – mais um recorde. O cientista Miguel Nicolelis, que desde janeiro vem pedindo um lockdown nacional para conter o avanço do coronavírus, fez um novo apelo.

“Futebol tem que parar Já! Escolas tem que fechar Já! Igrejas e Cultos tem que fechar Já! SP está na iminência de um colapso sanitário sem precedentes na sua história”, escreveu.

 

 

Fachin e Carmen Lúcia votaram a favor de Moro e Kassio Nunes pediu vistas, o que adia o fim do julgamento.

Matéria retirada do site da CUT. 

Em um voto duro e histórico, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes acatou a ação de suspeição do ex-juiz Sérgio Moro movida pela defesa do ex-presidente Lula. Mendes, que preside a Segunda Turma do STF, responsável pelo julgamento do habeas corpus, decidiu ainda que Moro deve pagar as custas do processo.

Após o voto da ministra Carmen Lúcia, que discordou de Mendes e votou a favor de Moro, acompanhando o ministro Edson Fachin, o ministro Kassio Nunes Marques, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL), pediu vista do processo que analisa a suspeição do ex-juiz que comandou a Operação Lava Jato no Paraná. Com essa decisão, o julgamento pode não terminar nesta terça-feira (9).

Ainda faltam votar Ricardo Lewandowski e o próprio Kassio, ambos da linha garantista, que respeitam o devido processo penal, o Estado de Direito. 

O voto de Gilmar Mendes

O voto de Gilmar Mendes, que durou cerca de duas horas, listou fatos e apontou provas de que Moro cometeu crimes, agindo de acordo com interesses pessoais, para perseguir o ex-presidente Lula e tirá-lo do processo eleitoral de 2018 e apontou os métodos adotados por Moro como semelhantes aos dos regimes autoritários.

O ministro chegou a relacionar a conduta do ex-juiz com as práticas da época do Ato Institucional n° 5 (AI-5), de 1968, editado durante a ditadura militar no Brasil, que endureceu a perseguição a adversários políticos do regime.

Ao longo de sua justificativa para a decisão sobre a suspeição de Moro, Gilmar Mendes citou ações que foram determinadas pelo ex-juiz como a condução coercitiva de Lula para prestar depoimentos em 2016, a autorização de interceptação em telefones, que atingiram inclusive o escritório dos advogados de defesa de Lula, e ainda as trocas de mensagens entre Moro e a força tarefa da Lava Jato, da qual fazia parte o procurador Deltan Dallagnol, que cjefiava o grupo.

Citou ainda a intervenção e articulação de Moro para que não fosse cumprida uma ordem de soltura do ex-presidente Lula, expedida pelo desembargador Rogério Favretto, do Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF-4), em julho de 2018.

Para Mendes é um flagrante de um “consórcio entre juiz e procuradores” em que havia uma combinação sobre o jogo processual para que o resultado fosse a cassação dos direitos políticos e a prisão de Lula. Mendes lembrou que as partes não podem manter diálogos sobre o processo, como era prática habitual, fato comprovado pelas denúncias que ficaram conhecidas como Vaza Jato, e apontou Moro como um revisor das denúncias que era apresentadas no âmbito da operação, para que fossem dirigidas a prejudicar o ex-presidente Lula.

Ainda de acordo com o ministro, era claro que Lula “era monitorado o tempo todo por Sérgio Moro“.

Ao justificar o seu voto pela suspeição de Morto, Mendes citou situações de ilegalidade praticadas pelo ex-juiz. Uma delas é fato de um ‘julgador definir os limites da acusação e selecionar pessoas a serem julgadas’, para explicar que Moro agia como um maestro da perseguição ao ex-presidente.

“O que se deve perguntar de forma simples e direta diante de todo o conjunto de ações de Moro é se ainda se pode ter a percepção de um juiz despido de todo e qualquer preconceito em relação ao acusado”, questionou o magistrado durante o plenário virtual.

Gilmar Mendes ainda citou a imprensa como cúmplice na estratégia de Moro, afirmando que a divulgação dos fatos e etapas da Lava Jato eram combinadas com jornalistas para que produzissem o efeito que Moro queria.

O ministro citou parte de sua própria fala, em 2019, no Senado Federal, sobre o autoritarismo do ex-juiz, para reafirmar seu posicionamento sobre a parcialidade de Moro.

Tenho a impressão de que estamos vivendo um momento singular. Esses falsos heróis vão encher cemitérios e cada um terá seu tamanho na história. Portanto, tenham modéstia, calcem a sandália da humildade- Gilmar Mendes


Em sua conclusão, Mendes citou trecho de um documento apresentando por 17 juristas, nacionais e internacionais que criticaram duramente a atuação do ex-juiz.

Lula não foi julgado, foi vítima de perseguição política e é indispensável que as autoridades brasileiras tomem as providências- Documento assinado por 17 juristas

Mendes concluiu determinando a nulidade do processo, da denúncia e da condenação, em razão de o juiz Sérgio Moro ter agido por interesses próprios, mas preservou os demais processos contra outras réus.

Mendes ainda afirmou que a decisão não impede a abertura de qualquer outro processo que seja julgado por juiz parcial.

 

 

 

“Notícias da pacificação: outro olhar possível sobre uma realidade em conflito” é o título do livro do jornalista Pedro Barreto Pereira, e a primeira obra produzida por um técnico-administrativo da instituição que será lançada pela Editora UFRJ, nesta quinta-feira, 11, às 17h, em live pelo canal no Youtube do Fórum de Ciência e Cultura da universidade.  

Participarão do evento junto com Pedro Barreto, a jornalista Claudia Santiago, do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), e Márcio de Souza, professor da UFF e autor do livro “Sob o império do arbítrio: Prêmio Esso, imprensa e ditadura” (Editora Alameda, 2019).

O autor 

O técnico-administrativo Pedro Barreto Pereira atua como jornalista no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) e coordena o curso de extensão Mídia, Violência e Direitos Humanos. Com doutorado em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação da UFRJ é pesquisador no pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação Mídia e Cotidiano da UFF.

Pedro Barreto ingressou na UFRJ em 2008 e já no ano seguinte passou a conciliar o seu trabalho no CFCH com a qualificação. Iniciou pelo mestrado, cuja dissertação foi sobre as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), quando analisou a cobertura jornalística de O Globo na área de segurança pública. Ele concluiu sua tese de doutorado em 2017 e a submeteu à Editora UFRJ, mas devido aos cortes do MEC no orçamento da UFRJ, o livro foi publicado somente no ano passado.

Trabalho de pesquisa que resultou no livro

 “Hoje vivemos outra realidade da segurança pública, mas a questão do discurso fica como um registro de como a gente pegou, neste momento que vive hoje, esta exaltação da violência exacerbada, da importância da segurança que legitima muitas vezes a morte de pessoas pobres e negras de favelas e de moradores de periferias”, chama a atenção o autor de “Notícias da pacificação: outro olhar possível sobre uma realidade em conflito”. 

O jornalista analisou a cobertura feita pelo O Globo de 2008 a 2016, ou seja, desde o início das UPPs até o seu término, na prática. Segundo Pedro, as “UPPs existem hoje somente na formalidade. Não foram extintas no papel, mas não há investimentos e a lógica que predomina é o tiro na cabecinha e o modelo de ‘segurança presente’ nos bairros de comércio”. 

Sua pesquisa aponta que, na época em que foram criadas, “as UPPs foram apresentadas como grande solução para a questão da segurança pública, que atingia o asfalto, os bairros da zona sul, Barra da Tijuca, onde  aconteceriam os megaeventos. Então, Eduardo Paz e Sérgio Cabral (prefeito do Rio, na época, e governador do estado do Rio, respectivamente) precisavam passar a sensação de segurança para vender a cidade para os grandes patrocinadores das Olimpíadas e da Copa do Mundo”. 

Ele utiliza como ilustração e exemplo de como era (e continua sendo) a cobertura jornalística sobre conflitos nas favelas e periferias, exibindo uma página da edição do jornal O Globo do final de 2008: uma das matérias mostra, de forma tímida, o protesto no Morro Santa Marta, já outra, com destaque, um tiroteio que fechou uma das vias da cidade por cinco horas. 

A pesquisa de Pedro Barreto mostra que as UPPs foram apresentadas como a grande solução para a questão da segurança pública no Rio de Janeiro, e  o secretário de Segurança da época, Mariano Beltrame, “como o grande salvador da pátria”. O servidor observa que “era sempre um cara do Sul, policial federal, durão, incorruptível”. “Beltrame”, diz, “teve durante muito tempo essa fama e isso agradou muito a classe média, leitores de O Globo, à esquerda e a academia, inclusive, acreditando que a UPP era a solução, por incrível que pareça”.

A realidade

“Depois de 2013, caíram os investimentos privados e isso começou a ter impacto na opinião pública. O apoio às UPPs começou a diminuir. Mas o O Globo seguiu com seu discurso de apoio até o fim. O último editorial do jornal dizia que era preciso reformar as UPPs, mas não acabar com seu legado”, revela a pesquisa do autor. 

“A grande questão que coloco no livro é como isso era vendido. O ponto era a promessa de pacificação, enquanto os efeitos colaterais eram ocultados ou diminuídos. Morreram jovens moradores do Alemão, Babilônia, Pavão, Rocinha, mas isso era visto como efeito colateral. A minha conclusão quantitativa é a seguinte: 60% das matérias sobre UPPs reivindicavam maior lei e ordem nas favelas; 80% de todas as matérias legitimavam as UPPs, apesar dos efeitos colaterais: morte, violação de direitos de moradores de favelas e das periferias”, diz ele.

 “Acabei de ler o livro A República das Milícias” (de Bruno Paes Manso), que conta que as milícias têm uma gênese muito anterior, nos esquadrões da morte, do Tenório Cavalcanti, na década de 1950, que eram figuras que nos seus bairros, na Baixada Fluminense, pretendiam levar a lei e a ordem aos moradores, a estabilidade para essas pessoas. Ninguém aguentava viver seu cotidiano em meio a tiroteios. Esse discurso da lei e da ordem e de previsibilidade é muito sedutor. É legítimo que se queira segurança. É óbvio que o Estado deveria dar isso para a gente. No entanto, o discurso que chega é “como o Estado não foi capaz”o que tem para hoje são as milícias”, analisa Pedro Barreto.  

A lógica que legitima as milícias, segundo o pesquisador, é a mesma que legitimava as UPPs: a da lei e da ordem, da segurança e da previsibilidade. Só que por vias tortas, como, por exemplo, aceitar que uma quadrilha faça a segurança de seu bairro ao custo da retirada de direitos ou ameaças. “O discurso da legitimidade pouco se alterou”, compara. 

Um dos conceitos trabalhados por Pedro Barreto e a do agendamento: “ uma estratégia de longo prazo não é algo que faça efeito de um dia para o outro, são décadas produzindo o discurso de que a segurança é um valor muito mais importante do que outros, como a liberdade de jovens e negros, e diretos humanos”. 

Feito inédito 

O livro de Pedro Barreto é o primeiro totalmente escrito por um técnico-administrativo em educação a ser lançado pela Editora da UFRJ: “Não são só docentes que produzem conhecimento, nossa categoria é muito qualificada e muitas vezes mal aproveitada dentro de uma lógica elitista da universidade. Espero que este trabalho estimule outros técnicos a também publicarem seus trabalhos”, conclui.  

Segundo lançamento – De acordo com a diretora adjunta da Editora UFRJ, Fernanda Ribeiro, já houve anteriormente um livro organizado por três docentes e uma técnica- administrativa: “Além das fronteiras: literatura, ensino e interdisciplinaridade”. São eles: Georgina Martins (técnica administrativa da Faculdade de Letras), Rosa Gens, Ana Crelia Dias e Armando Gens (docentes).

E, no dia 25 de março, a Editora da UFRJ lança a segunda obra produzida por um técnico-administrativo da UFRJ: “Bitcoin e criptomoedas: a utopia da neutralidade e a realidade política do dinheiro”, de Daniel Kosinski. Ele é assistente em administração e doutor em Economia Política Internacional (PEPI-IE-UFRJ), mestre em Ciência Política (PPGCP-UFF), especialista em Políticas Públicas (IE-UFRJ).

Daniel é diretor de Relações Institucionais do Instituto da Brasilidade (IB) e pesquisador do Laboratório da Conjuntura de Políticas Públicas de Direitos Humanos à Cidade (LDC/NEPP-DH/UFRJ). O servidor é autor de dois outros livros: “O Governo JK” e  “As raízes getulistas da orientação do capitalismo no Brasil” (Ed. Prismas, 2015).

 

 

 

No 9º dia da campanha de ativismo contra o racismo, enaltecemos Maya Angelou (1928-2014). Ela foi uma notável poetisa, atriz e ativista norte-americana. Nascida Marguerite Ann Johnson, Maya era o apelido de infância e Angelou foi o sobrenome de um de seus maridos. Maya atuou nos movimentos de Martin Luther King e Malcolm X. Nos anos 60, viveu no Egito e em Gana, trabalhando para os movimentos de direitos civis.

Publicou dezenas de coletâneas de poemas. Sua consagração literária, no entanto, veio com o livro de memórias “I Know Why the Caged Bird Sing” (Eu Sei por que o Pássaro Canta na Gaiola), de 1969, no qual narra a infância no sul racista de seu país natal. No livro, relata a infância traumática após sofrer um estupro aos oito anos, pelo namorado de sua mãe. A violência a deixou muda durante anos. O livro se tornou o primeiro best-seller de não ficção escrito por uma afro-americana.
#21dias

 

Na segunda-feira, 8, todos os 32 leitos de CTI do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) destinados a  pacientes com a Covid-19 estacam ocupados, e também cinco leitos da enfermaria Covid, informou a assessoria de imprensa da unidade.

O recrudescimento da pandemia do coronavírus em todas as regiões do país, expõe um problema grave para a população do Rio de Janeiro que necessita de internação para se tratar da Covid-19: leitos impedidos em hospitais federais, na maior parte por falta de médicos, enfermeiros ou técnicos de enfermagem. 

Situação do HU

O Hospital Universitário da UFRJ também convive com o drama de falta de pessoal, mas, segundo a assessoria, isso ocorre em consequência do afastamentos de servidores amparados por resoluções internas da universidade para proteção à vida. São os profissionais com autodeclaração por comorbidades de doenças crônicas, idade acima de 60 anos, gestantes e coabitação com idosos e crianças menores.

Além disso, não há reposição de servidores equivalentes ao número dos que se aposentaram ou faleceram.  

Segundo a assessoria de imprensa do HUCFF, a Prefeitura do Rio tem mantido os contratos atuais dos profissionais que já estão atuando na unidade desde o começo da pandemia. E o Ministério da Saúde destinou meios para a contratação de profissionais pela Fiotec (Fundação de apoio à Fiocruz), para a reativação de leitos – os leitos são habilitados à medida que estes profissionais estão chegando.

Situação atual

O HUCFF possui 321 leitos ativos. Destes, 66 estão habilitados para a Covid-19, sendo 32 leitos de CTI e 34 de enfermaria, e 30 estão bloqueados. 

Leitos bloqueados ou impedidos são aqueles que não podem ser utilizados por qualquer razão (características de outros pacientes que ocupam o mesmo quarto ou enfermaria, manutenção predial ou de mobiliário, falta de recursos humanos).

Capacidade

Com recursos humanos e equipamentos, o HUCFF tem capacidade para até 350 leitos ativos, podendo chegar a 80 leitos para atendimento de pacientes com a Covid-19. E, segundo a assessoria, mesmo com a pandemia viral, o hospital tem conseguido manter sua rotina de cirurgias eletivas e os atendimentos ambulatoriais, realizando em média 25cirurgias por dia e 800 consultas.