Pesquisa com as 162 inscritas no programa mostrou que mais de 80% são moradoras de favelas e ganham menos de um salário-mínimo

Cem mães de pessoas que foram vítimas letais da violência de Estado foram selecionadas para participar do programa de bolsas de pesquisa da Rede de Atenção a Pessoas Afetadas pela Violência do Estado (Raave) fomentado pelo Ministério da Justiça junto ao Instituto de Psicologia da UFRJ. O objetivo é desenvolver uma proposta de política pública para essas famílias a ser apresentada ao governo federal.

As mães bolsistas de extensão que tomaram posse no dia 16 de agosto atuarão nas atividades de acolhimento psicossocial de familiares atingidos por violações de direitos promovidas por agentes públicos no Estado do Rio de Janeiro.

Elas contribuirão com seus relatos e vivências para produzir dados, metodologias e fluxos de saúde mental, além de garantir direitos, visando ao aperfeiçoamento e fortalecimento da rede de assistência do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

Uma pesquisa com as 162 inscritas mostrou que mais de 80% são moradoras de favelas e ganham menos de 1 salário-mínimo. A maioria tem forte engajamento por direitos humanos, mas sofre com abandono do poder público. Do total, 94% têm outros filhos além do que foi assassinado, e mais de 60% possuem renda familiar inferior a 1 salário-mínimo. Apenas 9% têm algum vínculo empregatício. A maioria está desempregada, é dona de casa ou autônoma. A principal fonte de renda delas são programas sociais como o bolsa família.

Apesar das difíceis condições de vida, a maioria já participa de coletivos de familiares e movimentos de direitos humanos. Quase 60% têm experiência de atividades com instituições públicas para tratar de direitos. Esse trabalho para essas mulheres vai ajudar muito financeiramente. Elas ganharão uma bolsa de R$ 700 por mês, com duração de um ano e possibilidade de prorrogação por até dois anos.

Linha de frente

O defensor público e coordenador técnico da Raave, Guilherme Pimentel, explica que que as mulheres são a linha de frente do acolhimento das famílias que são afetadas pela violência de estado e que elas têm uma enorme contribuição para fazer avançar esse tipo de política pública.

“Quando acontece uma situação de violência de estado quem normalmente se apresenta e toma uma atitude e principalmente quem acolhe novas mães são as mães que já passaram por isso. Isso é observado como uma grande potência de um papel que é cumprido por essas mulheres e que muitas vezes é invisibilizado. Então quando a gente pensa na produção de uma política pública  de atenção psicossocial para famílias afetadas pela violência de estado nós precisamos reconhecer o papel que essas mulheres já cumprem. Por isso elas são as protagonistas desse programa e desse desenvolvimento como pesquisadoras e produtoras de uma proposta de política pública a ser apresentada ao governo federal”, diz.

Ele aposta no sucesso da proposta. “Temos certeza de que dessa experiência das mães que nós teremos a melhor proposta para apresentar para o Ministério da Justiça, o Ministério da Saúde, para o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social e todos os demais ministérios do governo federal que estão empenhados em fazer avançar essa retomada democrática brasileira.”

 

Raave

A Raave é fruto de uma articulação entre a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, através de sua Ouvidoria e de sua equipe psicossocial, com instituições de defesa dos direitos humanos, movimentos sociais de favelas, Movimento de Mães e familiares de vítima da violência de estado ligados aos mais diversos territórios da região metropolitana, e 12 grupos clínico-políticos que promovem atenção psicossocial através de atendimentos individuais e coletivos e outras atividades com pessoas afetada pela violência de Estado.

Um dos principais objetivos da Rede é fortalecer os movimentos de familiares vítimas da violência de estado, os movimentos de favela e os coletivos de território que tem lutado constantemente em defesa dos direitos humanos e contra a violência de estado que insiste em perdurar no nosso país.

Guilherme Pimentel conta que a Raave começou a surgir no dia 6 de maio de 2021, quando ocorreu a chacina do Jacarezinho que foi a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro que resultou em pelo menos 29 pessoas mortas a tiros ou com objetos de corte. Foi uma das maiores do estado, sendo comparável à chacina da Baixada de 2005. Naquele dia, diversas organizações de direitos humanos decidiram ir para o Jacarezinho atuar no território antes mesmo da operação acabar porque as denúncias eram muito grandes.

“Na época era ouvidor da Defensoria e acionei também outras organizações e junto com o movimento de mães, familiares e lideranças de favelas nós entramos no Jacarezinho com a operação em curso. Lá dentro flagramos uma série de provas do que tinha acontecido ali era uma chacina. Documentamos tudo e ao sairmos anunciamos numa coletiva de imprensa de que era uma chacina. O que tinha acontecido ali era gravíssimo. Não tínhamos a dimensão do número de mortos e não sabíamos que era a maior da história das operações policiais no Rio”, narra o defensor público.

Segundo Pimentel “isso gerou o maior atendimento de violência institucional da história da Defensoria Pública, feito de forma integrada, não só com os movimentos dos territórios mais com outras organizações, inclusive profissionais e clínicos de atuação em saúde psicossocial.”

Ele conclui informando que foi então um atendimento integrado jurídico e psicossocial. E muitos grupos que não participaram nos procuraram oferecendo ajuda, se disponibilizando a atender essas pessoas. “Foi aí que percebemos que nós tínhamos uma rede que não poderia se limitar apenas ao Jacarezinho, mais que deveria estar disponível a atender todas as pessoas em todas as situações de violência de Estado.”

ADVOGADO INFORMADA QUE Rede de Atenção a Pessoas Afetadas pela Violência do Estado (Raave) começou a surgir no dia 6 de maio de 2021, quando ocorreu a chacina do Jacarezinho (Foto: Internet)

Nesta quinta-feira, dia 29, aconteceram mais duas reuniões com os técnicos-administrativos em seus locais de trabalho, promovidas pelo GT Carreira do Sintufrj – no Salão Nobre da Decania do CT e no Instituto de Ginecologia – para discutir as conquistas da greve, como estas serão formalizadas e as questões em pauta na Comissão Nacional de Supervisão da Carreira (CNSC).

Com representantes da Fasubra, Sinasefe e MEC, a CNSC está encarregada de elaborar as alterações da Lei da Carreira (a minuta do projeto de lei já está pronta) e – no prazo máximo de 180 dias, a contar da assinatura do acordo de greve, em 27 de junho – regras e elementos de transição para a aplicação dos direitos conquistados.

O GT Carreira do Sintufrj tem se reunido sistematicamente, após a greve de 113 dias, para debater esse detalhamento e contribuir com propostas da categoria da UFRJ, com a formulação da proposta da federação.

Seminário local e nacional

A Fasubra organizou, para os dias 26 e 27 de setembro, o Seminário de Carreira, para aprofundar os pontos ainda sem deliberação de congresso ou plenária.

A próxima reunião dos subgrupos temáticos em que se dividiram os membros do GT do SINTUFRJ, como Desenvolvimento, Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC), Racionalização e Aglutinação dos Cargos, Reposicionamento dos Aposentados, acontece na segunda-feira, dia 2, na sede entre 9h e 13h. Trabalho que culminará com a realização de um seminário local, no dia 18 (os detalhes ainda serão definidos) para fechar a proposta local para a Fasubra.

O que está em debate

As reuniões locais têm sido uma tarefa importante da entidade e seus militantes, ao levar à base a importância do que representa, na Carreira, tudo que foi conquistado com os 113 dias de greve e mobilização (veja no box a seguir) e seus desdobramentos.

O coordenador de Comunicação da Fasubra e colaborador da direção, Francisco de Assis, que coordenou a reunião com trabalhadores da Escola Politécnica, decania e outros setores do CT (cerca de 30 trabalhadores, incluindo o pessoal on line), explicou que, no seminário local, o GT apresentará todo trabalho desenvolvido para debater com a categoria e finalizar as propostas a serem enviadas ao fórum da Fasubra. Por isso destacou a importância da participação de todos.

Francisco informou o resultado destes 113 dias de greve, os dobramentos que necessitam de estudo, avaliação e posicionamento para que as proposições se consolidem. “Parte já está bem adiantada no projeto de lei (que vai alterar a Carreira), mas tem outras partes que dependem de regulamentação, de debate com a base, que a gente está promovendo”.

Dúvidas

“É verdade que, no incentivo à qualificação (IQ), toda formação acadêmica será considerada como relação direta?”; “O que fazer para garantir o reconhecimento de saberes e competências?”; “Como ficará a transposição para as tabelas de 2025 e 2026?”. Estas foram algumas das perguntas do grupo ao coordenador.

Segundo Francisco, no caso do IQ, a partir de janeiro, acaba a correlação indireta e todos que recebem a gratificação, passará a receber o percentual correspondente à correlação direta, o que representará aumento de até 23%. “Conquistas da greve que a gente também precisa valorizar”, destacou.

Quanto ao RSC, ele reiterou a importância do seminário para consolidar propostas, por exemplo, de como se pontuará as atividades do servidor para o reconhecimento, ou de como incluir a todos, entre os que podem vir a receber o RSC, inclusive doutores. Porém, como lembrou, tudo deve ser feito com segurança para não ser questionado pelos órgãos de controle. E que, embora o regramento ainda esteja em discussão, é preciso desde já reunir comprovantes de atividades além dos requisitos do cargo, como a participação em colegiados ou comissões, por exemplo, para reivindicar o direito.

Francisco explicou  que, para se encontrar na nova malha que será implementada, o servidor pode consultar o material publicado no Jornal do Sintufrj nº 1436, com as tabelas, disponível no site da entidade. Mas, abaixo, resumimos um passo a passo.

Reajustes foram importantes, mas conquistas não se resumem a tabelas

O crescimento do impacto financeiro do que o governo destinaria ao atendimento da pauta (que saltou de R$1,8 bi em fevereiro para R$ 4,1 bi em junho) – se refletem não apenas em percentuais nas tabelas e incentivos.

De fato, há o reajuste linear de 9% em 2025 e de 5% em 2026, o aumento no valor do step (para 4% em janeiro de 2025, e 4,1% em abril de 2026) e do aumento dos percentuais de correlação entre os níveis de classificação com relação em nível E (nível A, 36% do nível E; B, 40%; C, 50% e D, 61%.). O estepe vai para 4% em janeiro de 2025 e 4,1% em abril de 2026.

E tudo disso pode representar muito mais do que a simples soma dos reajustes nos próximos dois anos.

Como assim?

É que, na nova tabela, somando-se o reajuste de cada ano (aplicado no piso do nível E), ao aumento do percentual de correlação dos níveis com o nível E, ainda ao aumento do step, o aumento total pode chegar de 25% e 34 % em alguns níveis, respectivamente em 2025 e 2026.

Isso sem contar o aumento do auxílio alimentação de R$658 para R$1.000, da assistência pré-escolar (de R$321para R$484 e aumento variável do auxílio saúde suplementar (por faixa de idade e remuneração).

E tudo isso ainda pode aumentar, porque há outros elementos acordados que beneficiarão a categoria adiante, como a transformação da relação indireta do Incentivo a Qualificação (IQ) em relação direta, o que em alguns casos pode representar até mais 23% de reajuste. Ou Reconhecimento de Saberes e Competências (RCS, em abril de 2026, cujos percentuais podem se assimilar aos do IQ). Ou ainda a redução do intervalo para progressão por mérito de 18 para 12 meses.

Além dos resultados dos elementos em pauta na CNSC (que tem prazo até o fim do ano), como o Reconhecimento de Saberes e Competências, o reposicionamento de aposentados, entre outros.

 Ganhos no piso e no teto

 

Como se localizar na tabela reestruturada

Tabela 1 – Se localize na tabela atual (maio de 2023);

Tabela 2 – Alie seu padrão de vencimento ao nível de classificação e encontre, ao lado, o seu novo padrão reestruturado;

Tabela 3 – Encontre na tabela de 2025 (com índice de 9% e step de 4%), com base no novo padrão, o seu novo vencimento a partir de janeiro.

Tabela 4 – Da mesma forma, encontre na tabela de 2026 (com índice acumulado de 14,.45% e step de 4,1%), o vencimento a partir de abril de 2026.

Exemplo

Tabela 1 – Nível D Padrão 13: vencimento R$ 4.221,24.

Tabela 2 – Se estiver no nível I de Capacitação, permanece no padrão 13 na tabela reestruturada.

Tabela 3 – Vencimento em janeiro de 2025, R$ 4,850,96.

Tabela 4 – Vencimento em abril de 2026, R$ 5.152,59.

Se tiver nível de capacitação II, III ou IV, o novo padrão será, respectivamente, 14, 15 ou 16, aumentando também o vencimento.

Fotos: Renan Silva

 

REUNIÃO NO Salão Nobre da Decania do CT

O ato unificado organizado pelo Fórum dos Segmentos da Educação Pública do Rio de Janeiro – que reúne entidades de todas as esferas da educação, de profissionais, estudantes e pesquisadores – realizado nesta quinta-feira, 29, exigiu o “Revogaço” – Revogação do Aeda na Uerj; Revogação do Nem (Novo Ensino Médio); Revogação das Escolas Cívico-Militares –  recomposição salarial dos trabalhadores da educação e recomposição orçamentárias das instituições de ensino públicas.

Da Secretaria Municipal de Educação (Seeduc), na Cidade Nova, onde se concentraram às 14h, eles fizeram uma caminhada até o Campus Maracanã da Uerj. A universidade estadual passa por uma série crise decorrente de corte de verbas e bolsas que vem atingindo toda a sua comunidade, inclusive os terceirizados.

Os três segmentos da Uerj (estudantes, técnico-administrativos e docentes) que estão juntos na luta para superar a crise engrossaram a manifestação. Eles lutam por mais verbas, buscam valorização dos profissionais que nela trabalham e condições de permanência estudantil.

Pressão arranca suplementação

No dia 26 de agosto completou um mês da ocupação da Reitoria da Uerj pelos estudantes que exigem a revogação da Aeda, ato administrativo que cortou bolsas e auxílios estudantis. Os técnico-administrativos e os professores da Uerj, por sua vez, fizeram paralisação de 48 horas dias 28 e 29 para participação ativa nos atos – realizado dia 28 no Palácio Guanabara, e o desta quinta-feira na Secretaria Municipal de Educação. Na sexta-feira, 30, haverá Festival da Ocupação da Uerj com artistas convidados com apoio do Sintuperj, Asduerj e DCE.

A pressão e os protestos da comunidade da Uerj resultaram na liberação pelo governador Cláudio Castro de R$ 150 milhões para a UERJ para que a universidade possa honrar os compromissos assumidos até o fim de 2024. A decisão foi tomada após uma reunião entre as secretarias de Governo, Planejamento e Gestão e Ciência e Tecnologia com a reitoria da UERJ, na manhã de 27 de agosto. Os estudantes da Uerj consideraram essa liberação como uma importante vitória do movimento.

O valor será dividido em duas parcelas, a serem disponibilizadas nos meses de agosto e setembro. A verba vai ajudar a universidade, até o fim do ano, a realizar a manutenção das bolsas estudantis e dos serviços, finalizar obras estruturais e conseguir efetuar o pagamento dos terceirizados, entre outras atividades.

Já a Reitoria da Uerj propôs aos estudantes algumas medidas de transição: os alunos que perderam o direito à Bolsa de Apoio à Vulnerabilidade Social (BAVS), receberão R$ 400 mensais até dezembro de 2024; a ampliação da gratuidade no Restaurante Universitário também para alunos que se enquadram nos novos critérios de BAVS até dezembro; e, a criação de um grupo de trabalho para rever casos de pessoas não contempladas com bolsa permanência e cuja documentação estava incompleta ou não cumpria condições à época de sua entrada na universidade. As propostas estão sendo analisadas pelos estudantes.

Violência policial

Durante a passeata foi denunciada a política genocida do governador Cláudio Castro que vem promovendo sistematicamente operações policiais nas favelas tendo como saldo vítimas inocentes e impedindo aos moradores de ir e vir. Há mais de 25 dias as crianças no Complexo da Maré, zona norte do Rio, seguem sem aula devido as operações policiais.

De janeiro a agosto desse ano, foram contabilizadas mais de 31 dias de operações policiais no Complexo da Maré. Além do medo, crianças e adolescentes sofrem na aprendizagem. Ao todo, as aulas nas escolas e creches foram suspensas 28 vezes neste ano.

Segundo dados do 8º Boletim Direito à Segurança Pública na Maré, o número de dias sem aulas é o maior em seis anos. De 2016 a 2023, foram 146 dias de aulas suspensas e escolas fechadas por conta de operações policiais, o que equivale a 73% de um ano letivo inteiro perdido.

“Uma das nossas pautas centrais e que viemos denunciando é a política genocida que permanece no estado do Rio de Janeiro. Vários estudantes não conseguiram ir para a universidade porque estavam acontecendo operações policiais, operações estas que estavam matando nossos familiares e nossos amigos. Essa denúncia não é de hoje. E a gente vem aqui novamente denunciar que várias escolas não estão tendo aula graças a essa política genocida de insegurança”, anunciou no microfone um dos organizadores do ato.

A UFRJ inicia nesta terça-feira, 27 de agosto, a versão 2024 do Festival do Conhecimento. O evento, que vai se estender até sexta-feira (30), tem este ano novo formato. Sob o instigante tema Inteligência Artificial para o Sul Global, a organização quer celebrar os encontros na forma presencial, o que é inédito na sua história.

O coordenador geral do Sintufrj, Esteban Crescente, faz uma saudação ao Festival, organizado com total dedicação de técnicos administrativos – principalmente dos profissionais da pró-reitoria de Extensão – e fala dos desafios a serem enfrentados pelos trabalhadores diante desta nova ferramenta digital.

“O tema é pertinente e provocativo. Provocativo porque tomando emprestado a crítica do neurocientista Miguel Nicolelis, inteligência artificial por si só é um termo que pode ser usado para submeter e subjugar trabalhadoras e trabalhadores a condições de trabalho de maior exploração, o que vem ocorrendo mundo afora”, observa o dirigente.

A Superintendente de Integração e Articulação da Extensão, Bárbara Tavela da Costa, explicou que cerca de 20 servidores estão envolvidos na produção do festival. “São servidores todos da pró-reitoria de Extensão, da Superintendência Administrativa e da Superintendência de Integração e Articulação, que é a minha Superintendência”.

“Esse ano” acrescentou Bárbara, enfrentamos o desafio de “fazer pela primeira o festival presencial. Na verdade, híbrido: pois terá transmissão online”.

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Decisões da Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4) sobre o plano de capacitação e eleição da Comissão Interna de Supervisão da Carreira (CIS) atropelam a construção coletiva dos técnicos-administrativos em educação

A maioria dos conselheiros (em particular docentes e da bancada da Reitoria), aprovaram, na sessão do conselho Universitário (Consuni) nesta quinta-feira, 22, o projeto original da PR-4 que institui e regulamenta a Política de Desenvolvimento, Capacitação e Formação Continuada na UFRJ.

Esses conselheiros ignoraram os argumentos de que foi decisão da assembleia da categoria, na terça-feira, 20, que fosse feita a defesa no Consuni desta quinta-feira, dia 22, da contraproposta elaborada pelo grupo de trabalho do Sintufrj ao projeto apresentado ao colegiado há algumas sessões.

Não consideraram nem mesmo os apelos para a retirada temporária do ponto da pauta do colegiado, para que as contribuições ao projeto fossem avaliadas.

Expectativa

“Uma disputa lamentável, que afeta nosso trabalho político amplo, feito com a categoria, e não reconhecido por essa Reitoria e pela pró-reitora de Pessoal, que é técnica-administrativa mas não foi sensível à decisão de assembleia da categoria”, apontou o coordenador da Fasubra, Francisco de Assis. “A nossa luta agora será garantir que a Reitoria cumpra o compromisso de que as nossas contribuições serão consideradas”, acrescentou, referindo-se a afirmação da vice-reitora, Cássia Turci, ao final da votação, que o projeto aprovado não poderia ser considerado um documento final, pois teriam que continuar trabalhando para que fosse aprimorado. “Essas considerações devem ser apreciadas para a gente ir melhorando nossa resolução”, falou Turci.

O conselheiro técnico-administrativo André Salviano, considerou que o fato demonstra um problema na composição do conselho (com 70% de docentes). “No final das contas, este é um assunto muito pertinente aos técnicos-administrativos. Fica, portanto, um recado para categoria de que a gente precisa batalhar para mudar esse entendimento votado hoje”, disse.

O conselheiro Fernando Pimentel também da bancada dos técnicos-administrativos, explicou que a resolução da PR-4 tinha pontos positivos, mas precisava ser reformulada, e que deveria ser elaborada coletivamente e não de cima pra baixo.

“A votação que a gente teve no Consuni reafirma que não há um debate coletivo, não importa se houve aprovação em assembleia ou se havia resolução alternativa. Importa a pressa ou a vontade de legislar. Talvez para marcar uma posição de que o que a categoria traz não tem valor, ou do que é debatido democraticamente não tem valor”, ressaltou Pimentel.

Lenilva da Cruz, aposentada que fez parte da comissão do Sintufrj, saiu da sessão desestimulada e desacreditando no Consuni. A conselheira técnica-administrativa Gilda Alvarenga fez uma avaliação negativa: “A proposta poderia ser amadurecida, inclusive com a colaboração de alguns docentes. Mais uma vez, a composição desequilibrada do Consuni evidencia a nossa desvantagem em todas as votações. Sempre prevalece as diretrizes da própria instituição, e no caso de um assunto tão relevante para a nossa categoria, a nossa visão fica em segundo plano, em detrimento da opinião daqueles que são sempre maioria”.

Outra deliberação sem discussão com a entidade

A PR-4 anunciou, no Consuni, que está publicando edital para eleição da Comissão Interna de Supervisão da Carrera Técnico Administrativa (CIS). É  uma eleição institucional, mas viabilizada pelo Sintufrj.

A notícia surpreendeu os representantes da categoria, porque,  segundo a direção da entidade, a PR-4 não notificou formalmente o sindicato sobre a questão de grande importância para a categoria. E também porque a discussão sobre encaminhamentos do acordo de greve (como as mudanças na Carreira e que deverá ser concluída até dezembro), está em curso no MEC.

“As lideranças organizadas na base do sindicato estão fazendo esse debate cotidianamente, inclusive no GT Carreira Sintufrj. A PR-4 pegou a todos de surpresa lançando a questão da CIS sem nenhuma discussão com a entidade. Começamos mal. Quem realiza a eleição é o sindicato junto com a PR-4. Não foi, portanto, a forma mais democrática”, disse o coordenador-geral  Esteban Crescente.

Em que pese esse quadro, informa o coordenador, o sindicato não se furtará de participar, e vai encaminhar seus entendimentos sobre o andamento do processo eleitoral, o regimento. “Ainda que haja essa dificuldade de diálogo, o sindicato se vê na obrigação de se colocar, de se posicionar, e vai fazer isso sobre o regimento eleitoral e o processo em si”, reiterou.

O mesmo se dá com relação à deliberação sobre a capacitação: “Lamentamos (a maneira como foi decidido) porque nossa proposta foi uma construção coletiva. Nós vamos continuar o processo de discussão, mas a direção do sindicato se sentiu extremamente excluída da oportunidade de fazer algo que gerasse acúmulo positivo para a comunidade acadêmica”, avaliou o dirigente.

Foto: Renan Silva

CONSUNI debate e delibera sobre plano de capacitação

 

REPRESENTANTE TAE, Fernando Pimentel apesenta proposta da categoria

 

Avaliações de conselheiros e militantes que acompanharam a deliberação

André Salviano, representante técnico-administrativo no Consuni

Fernando Pimentel, conselheiro e integrante da Comissão de Desenvolvimento do GT Carreira

Francisco de Assis, coordenador da Fasubra

Lenilva da Cruz, integrante da Comissão de Desenvolvimento do GT Carreira

Gilda Alvarenga, representante técnica administrativa no Consuni

O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Otávio Costa, fez o cálculo: a média de idade dos jovens envolvidos na resistência à ditadura egressos do movimento estudantil era de 25 anos. No evento Lembrar para não esquecer organizado pela UFRJ nesta sexta-feira (16) no auditório da associação de jornalistas um dos momentos mais marcantes foi a manifestação dos do estudantes do DCE da universidade que leva o nome de Mário Prata, vítima da sanha repressiva dos 21 anos (1964/1985)  de noite sombria que marcou a história do Brasil.

O coordenador do Sintufrj, Esteban Crescente, expressou no seu rápido mas incisivo discurso a repulsa ao arbítrio a serviço da classe dominante no país e a coragem e generosidade de quem expôs a vida para lutar contra as injustiças. Esteban trouxe para os dias de hoje o enfrentamento ao fascismo presente no ânimo golpista que ameaça a democracia e a liberdade de organização dos trabalhadores. Emociou a leitura dos 25 mortos e desaparecidos feita pelo reitor Roberto Medronho. Matéria completa na edição do Jornal do Sintufrj.

A gravação da manifestação dos estudantes do DCE, a fala de Esteban Crescente e a homenagem aos mortos e desaparecidos da UFRJ está no canal da universidade no Youtube.

NA ABI, representantes dos trabalhadores da UFRJ no evento Lembrar para não esquecer organizado pela universidade
ESTEBAN descatou a resistência ao facismo e a defesa da democracia na conjuntura de hoje

 

GRUPO DE CANTORES E MÚSICOS da Escola de Música da UFRJ relembraram canções da década de 1960 já na resistência ao golpe
MOMENTO MARCANTE da homenagens aos mortos e perseguidos da ditadura foi protaganizado pelos estudantes do DCE Mário Prata, da UFRJ

A maior universidade federal do país, a nossa UFRJ, realizará um censo para conhecer a sua comunidade. Como se sabe o corpo social da UFRJ vem mudando nas duas últimas décadas, resultado da implementação das cotas raciais, previstas na Lei nº 12.711/2012, com maior inclusão de estudantes pretos e pardos, mas com um contingente de servidores em proporções desiguais, quiçá de professores. Já sobre a população LGBTQIAPN+ e de pessoas com deficiência na universidade não há levantamentos.

O lançamento desse censo social da comunidade da UFRJ será no dia 19 de agosto, às 14h, no auditório Hertha Mayer, no Instituto de Biofísica. Participarão do evento o reitor Roberto Medronho, a vice-reitora Cássia Turci, o o decano do Centro de Ciências da Saúde, Luiz Eurico Nasciutti, o diretor da Biofísica, Robson Coutinho da Silva, a superintendente Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade (Sgaada), Denise Góes, e uma pesquisadora da Biofísica. Além de convidados – Sintufrj, Adufrj, DCE, movimento social, movimento negro e coletivos negros da UFRJ.

“Esse censo é para nos conhecermos e conhecermos a diversidade existente de toda a comunidade da UFRJ. Com isso, teremos a possibilidade de produzirmos políticas públicas de gênero, raça, orientação sexual, políticas socioeconômica, cultural e de acessibilidade. Conhecer nosso corpo social e a diversidade de nossa comunidade é importante para apresentarmos políticas de inclusão dos diversos grupos e que possam atender suas necessidades e expectativas”, declara Denise Góes.

O censo será feito através de um questionário que será sistematizado pela Superintendência Geral de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) e distribuído para todos os segmentos da UFRJ, estudantes de graduação e pós-graduação, funcionários técnico-administrativos, professores e trabalhadores terceirizados. A Diretoria de Acessibilidade da Sgaada, por exemplo, tem a tarefa de obter dados sobre a comunidade da UFRJ e com foco no seu público alvo promover ações e melhorias para a acessibilidade que forem apontadas no censo.

A ideia inicial era que o censo fosse feito no Instituto de Biofísica apenas e em contato com a Sgaada a proposta ampliou-se para toda a universidade. As Pró-Reitorias estarão envolvidas nesse processo que inicialmente calcula-se levar em torno de seis meses a depender da resposta da comunidade.

Denise Góes conta com o apoio das entidades da UFRJ, Sintufrj, Adufrj e DCE, para publicizar a iniciativa e incentivar a participação da comunidade universitária. Segundo ela, para que o censo tenha alcance e consequência a participação de todos é fundamental.