No dia 22 de junho o Conselho Universitário (Consuni) da UFRJ aprovou, por unanimidade, a criação da Superintendência de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade (SGAADA), num auditório lotado pela comunidade universitária. Foi um dia histórico para a luta antirracista e para seus militantes. Nesta terça-feira (25) esse dia será celebrado com uma solenidade no Auditório Hélio Fraga /CCS às 14h.
Um desses militantes, a servidora técnico-administrativa Denise Góes, que dedicou sua trajetória na UFRJ pela luta antirracista na universidade, teve homenagem merecida no Consuni. Nesse dia significativo ela apresentou sua reflexão sobre o racismo:
“O racismo nos invisibiliza; tira a nossa capacidade de falar, de nos pronunciarmos. Ninguém vai falar por nós, como tem ou não tem que ser. Eu não estou sozinha, atrás de mim tem muitos homens e muitas mulheres. Eu quero destacar isso. As mulheres são maioria na Câmara de Políticas Raciais. Nossa luta é coletiva. É por isso que este auditório está cheio hoje. A gente, hoje, coloca essa luta no mais alto patamar dentro da UFRJ. Mas as articulações têm que estar dentro e fora da universidade, porque o racismo é mundial”.
Hoje superintendente da SGAADA, Denise Góes apresenta um sucinto balanço de um ano de trabalho.
Sintufrj – O que representou a criação da SGAADA?
Denise Góes – Representou consolidar a pauta racial com ênfase nas políticas de ações afirmativas no âmbito institucional, ou seja, é a universidade pensando com profundidade na implementação e controle das políticas públicas de democratização do acesso. Com a SGAADA também se potencializa a pauta da diversidade e da acessibilidade no contexto da garantia de direitos.
Sintufrj – Houve avanços?
Denise – Sim, o avanço maior está sendo o da mobilização efetiva da comunidade universitária na construção de um movimento antirracista. Estamos a frente e em defesa de pautas fundamentais que antes estavam silenciadas.
Sintufrj – O que ainda deve ser feito?
Denise – Uma universidade do tamanho e complexidade da UFRJ nos impõe uma pauta extensa de ações e políticas antes não consideradas importantes. A unidade da SGAADA com todos os movimentos internos, a unificação das pautas com outras universidades, tendo o Ministério da Igualdade Racial (MIR) como o polo de luta, são ações que nos fortalecem. Precisamos entre outras ações alterar o currículo ainda eurocêntrico pontuando a necessidade de assimilar outros saberes. A unidade nos fará avançar.
Sintufrj – Qual o balanço que você faz?
Denise – Balanço positivo! Muito trabalho neste 1 ano. Formação para nós é fundamental, formação incide diretamente na construção da consciência crítica que nos movimenta para sedimentar um espaço representativo, diverso e plural.
Dirigentes do Sintufrj e integrantes do Comando Local de Greve (CLG) Marli Rodrigues e Esteban Crescente estiveram na tarde desta sexta-feira (21) na Faculdade de Letras no Fundão para uma conversa com os estudantes de Gestão Pública sobre a greve dos técnicos administrativos, as razões do movimento e como essa jornada de luta tem pode ter impacto positivo no funcionamento da UFRJ.
Após a aprovação da tramitação do texto do Projeto de Lei 1904/2024, o PL do Estupro, em regime de urgência, manifestações tomaram as ruas de diversas cidades do país e nas redes sociais o repúdio também foi veemente.
Pressionado, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PL-AL), responsável pela manobra, foi obrigado a recuar pautando a matéria para o 2º semestre. O movimento de mulheres exige muito mais: arquivamento do projeto e organiza campanha acirrada pela descriminalização e legalização do aborto.
Plenária organizada pela Frente Estadual Contra a Criminalização das Mulheres e Pela Legalização do Aborto-Frente Rio e o 8MRJ, com 300 mulheres no Circo Voador, programou o início dessa campanha com caminhada em Copacabana nesse domingo, 23 de junho, às 10h, com concentração no Posto 4.
O Sintufrj e mulheres da UFRJ participarão com a blusa “Lute como uma trabalhadora” e portando cartazes. É bom lembrar que o debate sobre o aborto no Brasil ocorre justamente em um momento em que a ONU cobra do país a descriminalização do aborto e seu acesso seguro, além de uma redução das taxas de mortes maternas.
Convocatória
“Convocamos todo mundo, população carioca, batuqueiras e músicos das escolas de samba e blocos de carnaval, famílias com suas crianças, a marchar conosco neste Domingo de sol na orla de Copa.
Diremos nas ruas que não vamos aceitar apenas um adiamento do PL dos estupradores. Lira tem que arquivar o PL 1904 já: ninguém pode ser obrigada a ter o filho do seu estuprador, ou pegar até 20 anos de cadeia criminalizando vítimas. O projeto é um escândalo, e vamos até o fim para proteger as vidas e os direitos das meninas, mulheres e pessoas que gestam. Defendemos a descriminalização e legalização do aborto! O Brasil precisa de educação sexual nas escolas para conscientizar crianças dos abusos que sofrem e descobrir gestações cedo, distribuição pública de contraceptivos para não engravidar, e aborto legal, seguro e gratuito pelo SUS para não morrer. Vamos à luta!”, diz a convocatória do 8MRJ.
Pressão das ruas
Segundo João Pedro Stedile, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), mesmo a direita se deu conta de que as ruas podem pautar o Congresso Nacional.
“Eu espero que o governo tenha juízo e entenda esse recado (das ruas). Ele precisa sair dessa encalacrada de que qualquer possibilidade de mudança depende do Congresso. Não é verdade. Então, o governo tem que ajudar para que haja um clima de participação e mobilização popular. Inclusive, para mudar a agenda econômica”, ressaltou Stedile.
Nos últimos anos, a bancada evangélica se consolidou como um dos grupos mais influentes no parlamento. Ela atua para pautar uma agenda baseada em valores conservadores. Essa estratégia se traduziu no PL do Estupro.
Moeda de troca
Segundo a CUT, “a discussão sobre o Projeto de Lei 1904/2024, que criminaliza meninas e mulheres que praticarem o aborto em casos de estupro, anencefalia (ausência parcial do cérebro e da calota craniana), e com risco de morte da gestante, após a 22ª semana de gravidez, colocou luz no debate de como a extrema direita, que tem no Congresso Nacional representantes conservadores, usa o corpo das mulheres como moeda de troca política. A bancada da extrema direita quer retroagir em 84 anos propondo o fim da lei que permite o aborto legal, nos casos citados, que remonta a 1940. Este ano ocorrerão eleições municipais, o que para analistas políticos será um teste para as próximas eleições presidenciais diante do embate entre progressistas x conservadores, e também a eleição que definirá o sucessor do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PL-AL).”
A manifestação em Brasília e em várias capitais do país será repetida domingo em Copacabana
. A manifestação foi quarta-feira, 19, em frente à Câmara dos Deputados, e não só em Brasília, mas atos foram realizados em várias capitais do país. No domingo, 23, é a nossa vez de protestar contra o PL do estuprador. Todas e todos em Copacabana! O PL 1904/24 propõe alteração do Código Penal e exigimos seu arquivamento imediato.
Com gritos de “arquiva já”, “criança não é mãe e estuprador não é pai”, os manifestantes fizeram discursos contrários ao texto e pediram o arquivamento do projeto de lei. A servidora pública Marta Batista, de 32 anos, que está grávida, diz que o PL representa um retrocesso para as mulheres. Marta Batista é dirigente do Sintufrj.
“Estão atacando os nossos direitos reprodutivos enquanto mulheres. Nenhuma mulher deveria ser obrigada a carregar uma gestação que ela não deseja e, principalmente, como é o caso desse PL, mulheres que já estão enquadradas na lei”, diz a servidora pública.
Todas na luta!
Mulheres, coletivos feministas e movimentos da sociedade civil protestaram em Brasília, na quarta-feira (19), contra o projeto de lei 1904/24 que altera o Código Penal e equipara o aborto a crime hediondo.
A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) acompanhou o protesto que ocorreu sem incidentes. Os manifestantes também criticaram o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL) por ter aprovado, em votação relâmpago, a tramitação em regime de urgência do projeto que equipara aborto a homicídio.
Entenda projeto polêmico que equipara aborto a crime de homicídio
O PL 1904/24 propõe a alteração do Código Penal e estabelece a aplicação de pena de homicídio simples nos casos de aborto em fetos com mais de 22 semanas nas situações em que a gestante:
Provoque o aborto em si mesma ou consente que outra pessoa lhe provoque; pena passa de prisão de 1 a 3 anos para 6 a 20 anos
Tenha o aborto provocado por terceiro com ou sem o seu consentimento; pena para quem realizar o procedimento com o consentimento da gestante passa de 1 a 4 anos para 6 a 20 anos, mesma pena para quem realizar o aborto sem consentimentos, hoje fixada de 3 a 10 anos
A proposta também altera o artigo que estabelece casos em que o aborto é legal. Conforme o texto, só poderão realizar o procedimento mulheres com gestação até a 22ª semana.
Após esse período, mesmo em caso de estupro, a prática será criminalizada. Vale lembrar que a lei brasileira não prevê um limite máximo para interromper a gravidez de forma legal.
A legislação brasileira que trata do aborto foi criada há mais de 80 anos. O Código Penal Brasileiro, de 1940, tipifica o aborto como crime e prevê que mulheres e médicos sejam punidos penalmente se provocarem um aborto. Há, no entanto, algumas exceções na legislação: estes são os casos de aborto legal.
O aborto legal é um procedimento de interrupção de gestação autorizado pela legislação brasileira e que deve ser oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
No Brasil, o aborto é permitido em três situações:
Gravidez decorrente de estupro
Gravidez coloca em risco a vida da gestante
Anencefalia fetal, ou seja, má formação do cérebro do feto
A gravidez decorrente de estupro engloba todos os casos de violência sexual, ou seja, qualquer situação em que um ato sexual não foi consentido, mesmo que não ocorra agressão. Isso inclui, por exemplo, relações sexuais nas quais o parceiro retira o preservativo sem a concordância da mulher.
. Com Fernanda Bastos, Paloma Rodrigues, g1 DF e TV Globo
Cristas conscientes de todas regiões do país assinam manifesto contra o PL que equipara aborto a homicídio
Publicado em 19/06/2024 – 20:16 Por Gilberto Costa – Repórter da Agência Brasil* – Brasília
Além dos atos, também foi escrito um manifesto contra a proposta assinado por cerca de 150 mulheres cristãs, inclusive pastoras e diáconas, de igrejas diferentes – Luterana, Anglicana, Presbiteriana, Batista, Neopentecostais e Católica – e de todas as regiões do país. O documento foi redigido para ser entregue no Congresso Nacional, no Supremo Tribunal Federal e na Presidência da República.
Contrário à Constituição
O texto foi articulado por lideranças femininas dessas igrejas, entre elas a pastora Lusmarina Campos Garcia, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Para a religiosa -e também advogada com doutorado em Direito -, o PL é “um mecanismo para criminalizar as meninas e as mulheres. É absolutamente contrário à Constituição, que tem as garantias todas estabelecidas no Artigo 5º. É também absolutamente contrário aos tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário.”
Na avaliação de Lusmarina, a “proposta não prospera”, mas foi apresentada – e ganhou regime de urgência na tramitação – como “modo de pressionar o governo para a aprovação de outras pautas. Para que o governo libere outros tipos de votação, relativas aos direitos trabalhistas, aos direitos educacionais, aos direitos dos povos indígenas, à questão ambiental.”
“Eu penso que na verdade o aborto e as questões da saúde reprodutiva das mulheres acabaram se tornando tipo uma moeda de troca, uma barganha, por parte dos grupos mais fundamentalistas”, opina a religiosa, que critica a “exploração da boa fé das pessoas, especialmente aquelas em vulnerabilidade social”, disse à Agência Brasil.
“Há pastores que precisam que essa gente esteja em vulnerabilidade social e precisam que o Estado não cumpra o seu papel de responder a essa vulnerabilidade, para poder ter um papel mais importante na vida dessas pessoas. Acho que é uma infelicidade profunda que nós não tenhamos uma política social forte que consiga dar conta de responder às necessidades do povo. Com isso deixamos aberta a possibilidade para que alguns grupos explorem a necessidade das pessoas com uma linguagem de fé”, lamentou a pastora.
Esta quinta-feira (20) amanheceu em alta temperatura com o protesto do movimento Não à Demissões articulado por trabalhadores extraquadros do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) e da Maternidade Escola – as unidades de saúde da UFRJ que estão sendo entregues à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
São 800 profissionais que podem ter o futuro imediato como servidores de saúde sequestrados e jogados ao desemprego no processo de implantação da empresa. O Sintufrj – que se colocou contra a adesão à Ebserh – participou da manifestação com a presença de dirigentes e militantes de base que vivem no momento uma jornada de greve pressionando o governo em busca de bandeiras específicas e recomposição orçamentária da UFRJ.
A coordenadora-geral, Laura Gomes, expressou a indignação em relação à situação dos extraquadros que vivem a incertezas de serem demitidos sem que seus direitos sejam reconhecidos. Laura explicou que o sindicato quer marcar reunião com o reitor e diretores das unidades de saúde envolvidas. Uma nova manifestação foi marcada para quinta-feira (27) na sessão do Conselho Universitário. A concentração dos trabalhadores será novamente em frente ao HUCFF.
Atenção, companheiros, vamos fazer em outra data próxima esta importante reunião de esclarecimento sobre a ação judicial dos 26,06%. Estamos neste momento em greve com as energias voltadas para as negociações com o governo em busca de reestruturação da Carreira, reajuste salarial e orçamento para universidade.
Enquanto reinava um clima festivo na cerimônia de posse da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, no auditório do Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), na Ilha do Fundão, do lado de fora estudantes e funcionários da UFRJ em greve realizavam ato pela recomposição orçamentária da universidade.
O presidente Lula, que foi acompanhado da primeira-dama Janja e ministros como Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) entre outros, driblou o protesto que durou a tarde inteira nas imediações do Cenpes e chegou a ocupar meia pista da Avenida Horácio Macedo.
A manifestação, com muitas faixas e cartazes, foi motivada pela situação de calamidade estrutural e orçamentária da UFRJ (que não se resolve com o PAC das universidades) e para também sensibilizar Lula ao atendimento das principais reivindicações dos técnico-administrativos das universidades federais.
Protesto
Trabalhadores da UFRJ juntaram-se ao protesto após assembleia que aprovou a continuidade da greve com vistas a melhorar a última proposta feita pelo governo, e trabalhadores da Petrobras que cobram uma solução para pôr fim ao Plano de Equacionamento do Déficit (PED) e o pagamento da dívida que a Petrobras tem como o fundo de previdência.
O coordenador-geral do Sintufrj, Esteban Crescente, ao lado dos companheiros da Petrobras, fez sua cobrança a Lula.
“Nos trabalhadores da educação, hoje aqui trabalhadores da UFRJ, estamos aqui para dizer para o governo que nos contemple no combate ao uma desigualdade histórica. Nós temos a pior média salarial do Executivo Federal, somo 18% da força de trabalho, em greve há três meses e graças ao nosso esforço já arrancou conquistas, mas está distante do que defendemos como uma melhoria concreta que altere essa situação. Somos fundamentais para o funcionamento da universidade. Queremos nova mesa de negociação e posição favorável do presidente Lula no que diz respeito a luta para que seja investido orçamento público na nossa categoria, enfrentando os banqueiros que levam metade do orçamento da União, enfrentando o Centrão que está levando R$ 50 milhões frente o que a Educação levou esse ano”.
“É isso aí pessoal. Unidade na luta entre todas as categorias. Temos muito a conquistar”, completou um dirigente do Sindipetro-RJ.
“O que viemos cobrar hoje é orçamento para a UFRJ”, anunciou ao megafone a diretora do Diretório Acadêmico da Escola de Química, Lais Brasil. Fotos: Alisângela Leite
A greve dos técnicos-administrativos chegou nesta semana a momentos decisivos. É hora de a categoria avaliar o que conquistou até aqui, para deliberar sobre os próximos passos. Em torno disso, girou a assembleia simultânea desta quarta-feira dia 19.
Coordenadores e CLG explicam
A coordenadora do Sintufrj Carmen Lúcia, detalhou o informe de greve da Fasubra, sobre o que foi proposto pelo governo na mesa de negociação do dia 11 de junho, como pontos importantes no atendimento à pauta que passaram a ser considerados.
– Step de 4% em 2025 e de 4,1% em 2026;
– Aceleração na capacitação permitindo chegar ao topo da carreira em 15 anos;
– Adoção do Reconhecimento dos Saberes e Competências – RSC, a partir de 2026;
– Reposicionamento dos aposentados;
– Todas as correlações do Incentivo à Qualificação passarão a ser diretas. A correlação indireta será extinta;
– Temas relacionados com as reivindicações dos trabalhadores dos Hospitais Universitários, tais como horas de plantão noturno, hora ficta e plantão de 12×60, entre outros.
Segundo Carmen, entendendo que houve respostas favoráveis a pautas importantes, mas diante das dúvidas e discordâncias, a Fasubra orientou a manutenção da greve e solicitar ao governo nova reunião de negociação para avançar na proposta de forma que contemple ativos, aposentados e pensionistas.
O coordenador do Sintufrj Esteban Crescente explicou a proposta apresentada ponto a ponto, mostrando o novo enquadramento e não apenas a repercussão financeira, como os efeitos de mudanças como a aceleração da trajetória na carreira, as progressões por capacitação e o Incentivo à Qualificação. O representante do Comando Local de Greve, Fernando Pimentel, detalhou a avaliação da Comissão Nacional de Supervisão da Carreira (CNSC) sobre as reivindicações atendidas ou não.
Entenda os principais pontos
Entenda os principais pontos
Reestruturação da carreira, com a verticalização (matriz única) e redução dos intervalos das progressões de 18 para 12 meses.
Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) será implantado a partir de abril de 2026 (a regulamentação será definida em GT coordenado pelo MEC, com as entidades, em até 180 dias).
Aceleração por progressão de capacitação (se dará a cada 5 anos); extinção da correlação indireta do Incentivo à Qualificação.
O Piso de referência passa a ser o do nível de classificação “E”, com as seguintes correlações com os demais níveis:
A – 36% do Piso do E
B – 40% do Piso do E
C – 50% do Piso do E
D – 61% do Piso do E
Esta reestruturação gera impacto econômico indireto, na medida que há esta nova correlação entre as classes. Além disso:
– A Recomposição Salarial será de 9% em janeiro de 2025 e 5% em abril de 2026, com elevação dos steps (diferença entre padrões de vencimento) para 4% em janeiro de 2025 e 4,1% em abril de 2026.
– Os 9% de janeiro próximo incidem, portanto, no novo padrão de referência (o piso do nível E). Assim, por exemplo, quem está no nível A, receberá 36% do piso do E que já terá reajuste de 9%, somados aos efeitos em cascata na tabela da diferença de 1% do antigo para o novo step entre cada padrão (era 3,9% e passou para 4%).
– O reposicionamento dos aposentados que estavam no final da carreira, por ocasião da criação do PCCTAE, e que foram reposicionados considerando o tempo de serviço, será tratado em GT MGI/MEC. Constatada a viabilidade a medida será implantada em 2025.
– Compromisso de que o Vencimento Básico Complementar (VBC) não será absorvido por força da implementação dos novos valores e estruturas remuneratórias.
– Normatização da “hora ficta” (trabalho noturno que equivale a 52 minutos e meio) para os servidores dos hospitais universitários. A institucionalização do plantão de 12×60 será objeto de GT no MGI
– O Plano de capacitação nos termos do Acordo de 2015 será tratado em GT no MEC.
Na prática, o que significa
Em 2025, a tabela (conforme consta na página 3 do Jornal do Sintufrj), exibe a nova remuneração de cada nível com base em três novos parâmetros conquistados pela greve: índice de 9%, step de 4% em janeiro e a nova correlação dos níveis A e D com o piso do nível E.
A parir de 2026, a tabela apresenta, já aplicada a nova correlação entre os níveis, o índice acumulado de 14.45% (por causa dos juros compostos) no piso do E, o step de 4,1%.
Repercussão e qualificação direta
Além de tudo isso, há as tabelas para 2025 e 2026 (esta, também publicada no jornal do Sintufrj) que expressam, além da repercussão financeira, como ficará o salário de quem tem Incentivo à Qualificação. Lembrando que aqueles cuja formação tinha correlação considerada indireta, que será extinta, passam agora a receber tal qual tem a correlação direta, com aumento nos percentuais que variam de 10% a 25%.
Alguns exemplos
O coordenador do Sintufrj citou vários casos de repercussão financeira destas mudanças, exemplificados na tabela final da página 3 do Jornal do Sintufrj, explicando que, no caso do teto do nível A, por exemplo, o percentual de aumento em 2026 (34,41%) chega a recompor as perdas salariais desde o governo Temer.
No A, em 2026 aumento de 34%
Um servidor no inicial do nível A (fundamental incompleto), que ganha R$ 1.446,12, terá em 2026, um vencimento de R$1877,50, portanto um aumento de R$ 431,4 ou 28,3%.
Se ele tem, por exemplo, nível técnico com correlação indireta, ganhará um Incentivo à Qualificação de 20% (antes era de 10%), e vai passar a ganhar R$ 2.253,10.
No teto do nível A, o vencimento atual é de R$ 2.879,28 e com as mudanças, em 2026 ficará R$ 3.869,9, ou seja R$990,6 a mais, ou 34,41%.
No D, em torno de 20%
Um servidor do nível D (nível médio), que ganha R$ 2.667,19, passará a ganhar em 2026, R$ 3.181,40: um aumento de R$ 514,2, ou 19,28%.
Se tem graduação, mesmo com correlação indireta (que passou de 15% para 25%), ganhará R$ 3.976,70.
No teto do nível D, o vencimento atual é de R$ 5.310,48 e passa para R$ 6.557,40, com aumento de R$ 1.246,90, ou 23,48%.
Debate intenso no auditório do Quinhentão abordou vários aspectos desta jornada de lutas iniciada já há 100 dias
Os técnicos-administrativos em educação da UFRJ não rejeitaram a proposta do governo, mas querem uma nova mesa de negociação para avançar nas proposições de forma que elas contemplem todo o conjunto da categoria e respeitando a isonomia entre ativos e aposentados, conforme orientação do Comando Nacional de Greve/Fasubra. Portanto, a greve na universidade continua até que todos os pontos destacados sejam formalizados pelo governo em uma minuta, para que então os trabalhadores aprovem a assinatura do acordo.
Essa decisão foi aprovada na assembleia de quarta-feira, 19, com cerca de 400 pessoas presentes no auditório Quinhentão (CCS/Fundão) e mais de 200 pessoas acompanhando pelas redes sociais do Sintufrj (Youtube, Instagram e Facebook). A assembleia teve transmissão simultânea garantindo a participação da categoria (com voz e voto) nos campi Macaé e Praia Vermelha. O debate sobre a proposta do governo durou mais de 50 minutos e cada inscrito se manifestou a respeito por dois minutos.
O DEBATE INTENSO
Aceitar o proposto pelo governo e reivindicar uma nova rodada de negociação, com o objetivo de avançar mais no que foi oferecido e mantendo a greve, foi defendido por quase todos que se inscreveram. “O Comando Local de Greve (CLG/UFRJ) se reuniu na segunda-feira. Não votou pela continuidade ou não da greve, mas defendeu que o CNG/Fasubra solicitasse nova mesa com o governo para avançar nesse debate. Ganhou não rejeitar a proposta”, informou na assembleia o coordenador-geral do Sinjtufrj, Esteban Crescente.
“Devemos continuar em greve até que se assine o acordo”, propôs uma companheira técnica de enfermagem. “É necessário mais uma rodada de mesa com o governo para amarrar o acordo, que deve ser analisado por nós com tranquilidade”, disse um servidor da Praia Vermelha. “Essa é uma greve forte e histórica, e temos condições de arrancar mais”, analisou uma técnica presente no Quinhentão. “É preciso que o governo corrija a distorção que existe com os níveis CB em relação aos níveis A e D”, reivindicou um servidor do Colégio de Aplicação. “O que temos hoje de avanço são propostas de GTs e mesas. Temos que ir para as ruas”, acrescentou uma companheira.
“Devemos votar pela aceitação da proposta e terminar a greve depois de tudo amarrado”, falou outro participante da assembleia no Quinhentão. “Ontem estive em duas plenárias importantes de mulheres, fui a assembleia dos estudantes e participo dessa greve antes mesmo dela começar. Mas, não vejo quem vem para cá distribuir papelzinho e fazer propostas nas ações de greve”, desabafou uma companheira militante.
“Concordo com a orientação do CNG depois dessa última mesa. E pergunto: de onde tiraram que o governo vai dar mais. A gente tem que conseguir nova mesa de negociação para amarrar o que conseguimos até agora”, opinou um companheiro. “A força e a organização do movimento garantiram avanços históricos. Mas isso porque temos um governo progressista que nos recebe. Devemos aceitar a proposta, porém, com um acordo assinado”, acrescentou uma técnica-administrativa.
“Não tem uma minuta na mesa e o CNG apontou para mais uma rodada de negociação e só depois assinar o acordo”, lembrou outro companheiro. “Não podemos mentir para a categoria para continuar tendo palanque. Houve aumento, sim. Não deixem mentir para vocês”, opinou um companheiro.
“O que obtivemos até agora foi fruto do esforço da nossa luta. Os banqueiros recebem R$ 4 trilhões de remuneração da dívida pública, enquanto para nós só tem R$ 3.7 bilhões. Precisamos unificar o movimento com as forças políticas para exigir a auditoria da dívida pública. Não rejeitamos a proposta do governo, mas continuaremos a greve para pressionar por mais. Vamos encerrar a greve com unidade e coesão”, defendeu um companheiro.
Destaques aprovados para serem levados à mesa de negociação
Aprovada a orientação do IG Fasubra: solicitar ao governo nova reunião da mesa de negociação para avançar nesta proposta ofertada da forma que realmente contemple toda nossa categoria (ativos, aposentados e pensionistas).
Continuidade da greve.
Após assembleia se dirigir para a entrada dos trabalhadores do Cenpes com ato às 14h30 estendendo faixas de greve.
Insistir para que as classes B e C precisam ser contempladas, igualmente como as classes A e D, com mais 1% na correlação.
Afirmar a necessidade de alteração na lei garantindo o posicionamento em nível médio da classe C. Precisamos deste debate em plenária a nível nacional para debater esta reparação. Levar o tema para mesa de negociação.
Realizar agenda hibrida na sexta-feira para construção de contraproposta á política de capacitação e desenvolvimento apresentada pela PR-4 no Conselho Universitário (Consuni).
Criação de uma mesa de negociação pra os pontos em abertos, quanto aos GTs propostos pelo governo, que conste do termo de acordo com prazo de no máximo seis meses para apresentarem as propostas se a categoria não concordar, retornaremos a greve.
Colocar na agenda de greve o ato unificado do movimento de mulheres no Rio para domingo, 23 de junho, às 10h. Concentração no Posto 4, com caminhada até o Posto 1.
Garantir na próxima mesa com o governo isonomia para os aposentados.
Quinta-feira, 20 de junho: protesto com os extraquadros dos hospitais e repúdio à Ebserh.
Mulheres exigem respeito
A assembleia foi encerrada com um grupo de companheiras dirigentes do Sintufrj e militantes da base se manifestando contra abuso de poder e desrespeito por parte de servidores presentes na assembleia do Quinhentão. “Basta! Exigimos respeito quando estivermos falando. Não importa de que força política sejamos!
O Circo Voador atraiu dezenas de companheiras na noite desta terça-feira, 18 de junho, na manifestação contra o PL dos Estupradores. Trabalhadoras da UFRJ estiveram presentes. A primeira foto registra mulheres trabalhadoras da UFRJ. Salve a luta!