Documentos internos da Polícia Militar do Rio de Janeiro obtidos com exclusividade pelo UOL mostram que a corporação associa partidos de oposição ao presidente Jair Bolsonaro a atos de vandalismo. É com esse argumento que a corporação justificou a inclusão de aparatos de repressão em planos de policiamento para manifestações políticas no estado durante a pandemia da covid-19.

Os registros internos da PM —solicitações de policiamento, ordens de serviço e outros documentos relativos a mais de uma dezena de manifestações no Rio desde 18 de abril— revelam uma postura seletiva no tratamento de atos públicos (veja documentos a seguir).

Enquanto manifestações de oposição ao governo Bolsonaro são tratadas sempre como eventos com potencial de distúrbios, atos de apoiadores do presidente são vistos como inofensivos e até rendem elogios a bolsonaristas mesmo quando contrariaram normas de isolamento social.

Para a PM, as manifestações que justificam aparato de repressão variam de atos abertamente contra o governo a protestos como o de entregadores de aplicativos no dia 1º deste mês.

O uso de grande aparato policial, que envolveu inclusive batalhões de elite, é motivado segundo a PM pela “possibilidade de grande mobilização de manifestantes em virtude da convocação de adeptos dos partidos políticos opositores e anarquistas, com histórico em atos anteriores desse mesmo gênero, registros de confusões e depredação do patrimônio público”.

Partidos de oposição ao governo Jair Bolsonaro viram grave ameaça à democracia na associação com atos de vandalismo revelada pelo pelo UOL —um deles prometeu ir ao STF para questionar ações policiais parciais.

Por sua vez, protestos bolsonaristas nunca são associados pela corporação a riscos de distúrbio. A possibilidade de confrontos só é mencionada quando a PM especula a chance de manifestantes contra o governo dividirem espaço com bolsonaristas no mesmo local —sobretudo após atos contra e a favor do governo se encontrarem na avenida Paulista, em 31 de maio.

Para o sociólogo Renato Sérgio de Lima, presidente do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), a forma de atuação da PM do Rio é inconstitucional. “A medida da polícia do Rio é frontalmente ilegal, porque trata a mesma ação [a organização de atos públicos] de dois grupos políticos de forma completamente diferente. Está discriminando oficialmente um grupo por sua orientação política e ideológica”, critica.

Procurada, a PM do Rio afirmou que “dimensiona o planejamento das operações para acompanhar manifestações políticas com base em informações estratégicas e sigilosas, colhidas pelo setor de inteligência”. Os documentos listam contudo informações ao alcance de buscas nas redes sociais.

Ainda segundo a PM, “independentemente do objetivo das manifestações, as operações seguem orientação técnica, priorizando a segurança dos cidadãos e do patrimônio público e privado. Para tanto, são empregadas equipes dos batalhões de área, assim como das unidades especiais”.

A corporação classifica os resultados obtidos no patrulhamento de manifestações durante a pandemia como “bastante satisfatórios”.

Matéria retirada do site da UOL Notícias.

Próxima sexta, 24, você tem um compromisso marcado conosco!

A terceira edição do projeto “Arte de Ficar em Casa” contará com a participação de Darlene Duarte, técnica de laboratório da UFRJ e puxadora do samba-enredo do bloco Minerva Assanhada de 2020.

Será disponibilizado um QR Code na tela para que você possa contribuir diretamente para o artista.

NÃO PERCA!

“Sempre estivemos expostos a diversos fatores nos nossos ambientes de trabalho e muitas vezes levam ao adoecimento. Por imposição de um vírus agressivo e letal, fomos forçados a adotar o isolamento social. Há mais de quatro meses estamos com familiares ou sozinhos, mergulhados com nossas ansiedades, medos e inseguranças. Se anteriormente já convivíamos com esses problemas, eles aumentaram significativamente nesse período de quarentena. Nossa proposta orientar os nossos servidores sobre como lidar com essa situação, tentando manter o equilíbrio mental”, explica Marisa, coordenadora de Comunicação do Sintufrj, porque o tema foi pautado pelo Sintufrj para o Festival do Conhecimento.

Confira o time que conduzirá o debate nesta quarta-feira, 22:

 

“O momento é da gente propor desafios com rupturas, ser ousado na nossa vida cotidiana e institucional. De olhar mais para as relações universidade e sociedade”. Com esta perspectiva, João Eduardo Fonseca, autor do livro “Novos atores na cena universitária”– uma obra de 1996 que redimensiona o papel do técnico-administrativo nas universidades — e primeiro integrante da categoria a assumir um cargo de pró-reitor (à época, sub-reitor de Pessoal), iniciou sua participação no debate do Sintufrj na sexta-feira, 17, dentro da programação do Festival do Conhecimento da UFRJ.

Gustavo Cravo, técnico em assuntos educacionais com de anos de UFRJ e oito atuando na Pró-Reitoria de Pessoal, enriqueceu o debate, cujo tema não poderia ser outro senão “Novos atores na cena universitária”. Ele falou da sua vivência e de como sente a UFRJ, da Espanha, onde conclui seu doutorado. Na opinião do servidor, o movimento dos técnicos de se qualificarem é muito bem-vindo neste momento de expansão da universidade e só assim poderão ajudar ainda mais na qualificação discente.Tanto em termos acadêmicos como em projetos de extensão.

Agenda combinada
Segundo João Eduardo, três agendas combinadas e articuladas se impõe atualmente às universidades, que sofrem assédio conservador: 1) Resistência –“a pandemia mostrou como a nossa universidade, como essas instituições são importantes como patrimônio da sociedade”; 2) Diagnóstico – “Da crítica e da autocrítica. As instituições cometem erros, tem imperfeições; 3) Formulação estratégica – “Não basta apenas defender o que tínhamos antes do recrudescimento dos ataques ideológicos neofascistas. Temos que, a partir do diagnóstico das nossas contradições e erros, formular estratégias de defesa e resistência, e com imaginação sobre o que podemos construir de novo”.

Dossiê
Para Gustavo Cravo nestes 100 anos existência da UFRJ, o trabalho técnico-administrativo é uma história que precisa ser contada. E adiantou que a pró-reitoria de pessoal pretende lançar um dossiê para ser publicado na revista da PR-4 reunindo um bom número de textos de diferentes modelos, como artigos, relatos de experiência, entrevistas.

Muitos servidores, segundo ele, estão se aposentando ou já se aposentaram e junto com eles vai parte da história da universidade, do seu fazer técnico e isso não pode se perder: “Todos que estão ouvindo, sintam-se convidados a participara da revista”, disse, mas por enquanto os interessados devem aguardar mais informações a respeito.

“É preciso bater palmas para João Eduardo por ele saber contar sobre o cotidiano da academia, do qual pouco se teoriza. E abre uma porta ainda pouco explorada”, disse Gustavo. E concluiu afirmando que é necessário pensar em estratégias não apenas para tocar o barco, mas para o que chamou de uma utopia (que sempre ajuda no caminhar): “Como fazer para que as pessoas cheguem felizes para trabalhar? É uma pergunta que levo comigo na cabeça”.

“O relato do Gustavo é animador”, disse João Eduardo, mencionando o nível de ocupação dos espaços colegiados, a presença de técnicos nas estruturas de governo na universidade e uma cultura administrativa voltada para um perfil mais solidário na instituição. Segundo ele, os elementos relacionados por Gustavo, como a revista e o Sintae, indicam avanços importantes em quantidade e qualidade. Mas, a seu ver, falta um salto para a compreensão pelos técnicos-administrativos em educação da sua função social como trabalhadores de uma instituição pública, que o movimento sindical ainda pode e deve dar.

Reedição do livro
Gustavo Gravo sugeriu que o livro de João Eduardo, “um clássico” de interesse público, mas com poucos exemplares disponíveis, tivesse o seu acesso facilitado em PDF (formato para visualização). O autor explicou que a proposta foi conversada com a coordenadora de Comunicação do Sintufrj, Marisa Araújo, que se comprometeu a conversar com a Editora da UFRJ para a disponibilização do PDF, e também trabalhar numa edição revista e atualizada por João Eduardo.

“Acho que falo por todo mundo que estava ansioso para a nova edição do livro, vai ser muito bom ver, trinta anos depois, uma reflexão a releitura de um processo histórico”, disse Gustavo.

Ressignificar
Marisa Araújo foi a mediadora do debate. Além de coordenadora do Sintufrj, ela também compõe a atual direção da CUT-Rio. Ela abriu o evento apontando que, nos 100 anos da UFRJ, os técnico-administrativos em educação com muita luta foram deixando para trás a condição de alienação e subalternidade, adquirindo a consciência de que são essenciais para a organização e a realização das atividades acadêmicas.

“Precisamos discutir e ressignificar o papel dos servidores recém ingressos para novos desafios e lutas. Eles precisam estar preparados para dar continuidade às lutas por conquistas econômicas, sociais e por respeito e dignidade”, afirmou a coordenadora sindical, lembrando que vivemos um sistema de governo de extrema-direita que, desde o golpe de 2016, vem atacando servidores de várias maneiras: “Precisamos dar conta disso e buscar novos patamares”, convocou.

Segundo Marisa, o livro de João Eduardo, fruto de sua pesquisa de mestrado editado em 1996, aborda o perfil da categoria dos anos 1980, e as várias lutas da época da conquista do Plano Único de Classificação e Retribuição de Cargos em Emprego (Pucrce), sem chegar a fase do atual Plano de Carreira do s Técnicos Administrativos em Educação (PCCTAE), mas que revela a situação de alienação da categoria até então e a inserção dela , na década de 1990, nos órgãos colegiados, ainda que em números discretos.

 

 

“Ciência, arte e cultura são campos que já costumam travar algum tipo de batalha contra barreiras disciplinares para poderem dialogar, mas nos últimos anos passaram também a enfrentar o cerco e o assédio, digamos, de teses obscurantistas. Tudo isso se complica mais nesse cenário de pandemia. Como avaliam esse momento, que limites ele impõe e que janelas podem abrir para pensar novas formas de diálogo entre ciência, arte e cultura na escola pública?”

Com estes questionamentos Corynto Baldez, jornalista da universidade, abriu o debate sobre o tema “Escola pública: uma articulação necessária entre ciência, arte e cultura”, que fez parte da programação do Festival do Conhecimento da UFRJ, na quinta-feira, 16. Ele com Daniel Gallo foram os mediadores da mesa, que reuniu as docentes Ana Medeiros, do Instituto de Biologia da Unicamp, e Celeia Machado, aposentada do curso de Artes Cênicas do Colégio de Aplicação da UFRJ.

Além de integrar o Festival do Conhecimento da UFRJ, o debate fez parte também da programação do Ciclo Tempos Inéditos, um projeto do Complexo de Formação de Professores, que é um espaço da estrutura média da universidade responsável por sistematizar e desenvolver iniciativas voltadas à formação inicial e continuada de profissionais da educação básica.

 Leveza 

“Essa ideia de pensar a ciência com a arte acho que é uma das grandes possibilidades de a gente conseguir trabalhar a ciência de uma maneira mais próxima das pessoas, tornando-a mais leve, pois a gente pensa a ciência como uma coisa muito séria. E a arte estabelece diálogos. Trabalhar isso dentro da escola é trabalhar o ensino de uma maneira geral, mostrando que existe toda uma interlocução da academia entre o ensino formal escolar e a vida das pessoas. Então é trazer um pouco mais de significado para o mundo; o conhecimento como uma grande ferramenta cotidiana”, refletiu Ana Medeiros.

Blogsunicamp –A professora participa de um projeto de divulgação científica que se chama Blogs de Ciência da Unicamp, criado em 2015 e que ganhou projeção fora dos muros da universidade. É o maior portal de canais de blogs científicos do mundo e reúne 151 canais. O nome nas redes é blogsunicamp.

É um coletivo de autores da universidade ou que passaram pela instituição e trabalham com a divulgação do conhecimento produzido. “A divulgação científica trabalha um pouco com essa ideia de tirar a universidade dela mesma e dialogar socialmente”, explicou Ana.

Para a pandemia foi montado um blog especial há 120 dias com novidades quase que diárias de todas as áreas de conhecimento. Inclusive tem um setor voltado para as escolas com materiais didáticos específicos da Covid-19.

Resistência

“Acho que a escola pública é a linha de frente dessa batalha. Os professores trouxeram como problematização o que é o ensino, o que é a escola, o que é o espaço escola. E a pandemia trouxe uma questão que é muito importante: a escola não é só espaço do conhecimento. Ela é um espaço também social, de merenda, de atendimento, do acolhimento deste aluno, da comunidade”, definiu Celeia.

 

“Os professores da escola pública  são uma resistência, porque eles têm denunciado o perigo que é as crianças estarem juntas na escola nesse período de pandemia e porque se recusam em dar aula presencial nesse momento, apesar da grande pressão do capital, que quer ver o aluno lá como se fosse uma grande empresa. A escola é hoje uma grande resistência contra essa política e contra o negacionismo,  e vem bravamente lutando”, acrescentou.

 

Na avaliação de Celeia, quem precisa da escola pública é a universidade e não a educação básica. A universidade precisa muito da escola para poder pensar sua licenciatura, pensar o seu conhecimento, pensar o seu lugar de saber como forma de se ampliar. Precisa conversar com os professores e escutar os alunos, disse.

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Futuro

 

Apesar de todas as adversidades e políticas contrárias empreendidas para a educação, a ciência e a cultura pelo governo Bolsonaro, Celeia Machado vislumbra um futuro esperançoso pós-pandemia. “A arte, a ciência e a cultura, o que elas vêm colocar é que o riso, a curiosidade, a alegria é que movem o mundo. O afeto e as presenças movem o mundo. E acho que é isso o que pode ficar. Uma nova escola está se reinventando para o pós-pandemia”, acredita a professora.

 

 

Na faixa etária, mais de 10 milhões de jovens abandonaram os estudos, segundo dados da PNAD Contínua 2019, do IBGE

Matéria retirada do site da Carta Capital.

Mais de dez milhões de jovens de 14 a 29 anos não completaram alguma das etapas da educação básica, seja por  abandono da escola, seja por nunca a terem frequentado.

Isso representa 20,2% das 50 milhões de pessoas na faixa etária. Desse total, 71,7% eram pretos ou pardos.

Os dados são da PNAD Contínua 2019, divulgado nesta quarta-feira 15, pelo IBGE. Pela primeira vez, a pesquisa divulga dados sobre abandono escolar.

A pesquisa evidenciou que o abandono escolar se acentua na fase de transição entre o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, situação exposta pelo maior índice de abandono de acordo com a faixa etária relativa às etapas escolares.

Aos 14 anos, o percentual de estudantes fora da escola foi de 8,1%; aos 15 anos, de 14,1%, quase o dobro. O número é ainda maior a partir dos 16 anos, chegando a 18,0% aos 19 anos ou mais.

O estudo ainda identificou as principais razões para a evasão escolar. A necessidade de trabalhar aparece em primeiro lugar, com 39,1%. Depois vem a falta de interesse 29,2%. Entre as mulheres, destaca-se ainda gravidez (23,8%) e afazeres domésticos (11,5%).

O atraso ou abandono escolar atingia 12,5% dos adolescentes de 11 a 14 anos e 28,6% das pessoas de 15 a 17 anos. Entre os jovens de 18 a 24 anos, quase 75% estavam atrasados ou abandonaram os estudos, sendo que 11,0% estavam atrasados e 63,5% não frequentavam escola e não tinham concluído o ensino obrigatório.

Por outro lado, a taxa de frequência líquida das pessoas de 15 a 17 anos cresceu 2,1 p.p em relação a 2018, com mais de 70% dessa faixa etária na etapa escolar adequada.

Entre as pessoas de 15 a 17 anos de idade, ou seja, em idade escolar obrigatória, 78,8% se dedicavam exclusivamente ao estudo.

No entanto, considerando as 46,9 milhões de pessoas de 15 a 29 anos de idade, 22,1% não trabalhavam, não estudavam, nem se qualificavam, sendo que entre as mulheres esse percentual foi de 27,5% e entre pessoas pretas e pardas, 25,3%.

A pesquisa ainda mapeou o número de pessoas com 25 anos ou mais que não concluíram o Ensino Médio no País. Apesar da proporção de pessoas que concluíram a etapa da Educação Básica ter crescido – passando de 45,0% em 2016 para 47,4% em 2018 e 48,8% em 2019 -,  mais de 69 milhões (51,2%) dos adultos não concluíram essa etapa educacional.

No Nordeste, três em cada cinco adultos (60,1%) não completaram o ensino médio. Entre as pessoas de cor branca, 57,0% tinham concluído esse nível no país, enquanto essa proporção foi de 41,8% entre pretos ou pardos.

 

 

 

“A gente não discute racismo numa universidade totalmente branca. Mas, hoje, quando vou à UFRJ dar palestras vejo uma universidade preta. Mesmo por cotas, fico hiper feliz”, disse Vilma Piedade,  professora, escritora e colunista do Canal Pensar Africanamente e do Coletivo Putaria, uma das palestrantes de quinta-feira, 16, da mesa “Dororidade: feminismo, racismo e branquitude”, no terceiro dia do Festival do Conhecimento da UFRJ.

Ex-aluna da instituição, quando entrou em 1974 para cursar Letras — “um privilégio porque era preta, da classe média e filha única” –, ela saudou emocionada o evento: “Estou feliz pelos 100 anos da Universidade Federal do Rio de Janeiro viva e de excelência”, e acrescentou: “Precisamos ocupar a academia, sim, porque ela também é nossa”. Na apresentação da palestrante, Annyelly Nascimento destacou que Vilma é uma “intelectual que abrilhanta a cena literária nacional e internacional”.

Dororidade e Sororidade

“O conceito de dororidade não se contrapõe ao de sororidade, que  apresenta a ideia de irmandade. “Sororidade é um conceito que ancora o feminismo desde o surgimento. Dororidade veio dialogar com sororidade, um conceito não anula outro. Para mim, dororidade nasce da minha inquietude em relação à sororidade para contemplar as mulheres negras. Crio primeiro o vocábulo e queria saber o que é isso. O que acontece com a gente quando 56% da população brasileira é negra, mas a outra parte, 54%, fica com o dobro de oportunidades? Dororidade surge frente a sororidade não dar conta da nossa pretitude. Estou inaugurando o conceito”, constatou Rute Costa, professora do curso de Nutrição da UFRJ – Macaé, coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiro e Indígena e vice-coordenadora de Extensão daquele campus, palestrante e mediadora do debate.

Vilma é autora do livro “Dororidade”, publicado em 2018, portanto, foi ela a criadora desse novo conceito feminista, cuja centralidade está na luta antirracista. Segundo Rute, um novo e ampliado olhar para o feminismo a partir desta centralidade. “Dororidade carrega no seu significado a dor provocada em todas as mulheres pelo machismo. Mas nós, mulheres pretas, temos a dor provocada pelo racismo”, completa a escritora.

Dororidade, segundo Vilma, refere-se também a transformar a dor em potência: “é o que estamos fazendo, que é o que você faz na universidade. É isso o que eu faço, o que a juventude está fazendo, o que está acontecendo nesta academia, Nós vencemos. Quando transformamos a dor em potência é porque rompemos com o determinismo histórico que nos colocava na cozinha, por exemplo. Continuamos”.

“Somos silenciadas pela história pelo racismo, pelo sexismo. São 132 anos de abolição entre aspas e a gente luta por equidade. Nessa luta pós-abolição ainda temos os piores índices sociais, culturais e ambientais”, disse Vilma, que citou dados do IBGE de 2019: 13 milhões e meio vivem abaixo da linha de pobreza. Desses, 75% são negros. “Isso não é por acaso”, frisou.

Mais desigualdades

No Brasil, chama atenção Vilma, há outras situações e lugares ruins, como por exemplo, na pirâmide do emprego, em que mulheres negras estão com menores salários. “E ainda se diz que o Brasil não se considera um país racista. Não há racismo, mas nós sofremos racismo a toda hora, no cotidiano. Quando a gente diz vidas negras importam, quando vemos o episódio macabro do George Floyd (afro-americano morto sufocado em maio por policial branco nos Estados Unidos), e em São Paulo uma senhora negra com uma bota no pescoço, a gente tem dificuldade de respirar. Mas temos dificuldade de respirar há muito séculos, só que agora a coisa está mais escancarada”, afirmou, acrescentando que “não basta não ser racista, é necessário fazer a luta antirracista”.

A escrita, disse a escritora, também traz a marca das aberrações que o racismo imprime até hoje. O racismo se expressa também no arcabouço linguístico. No léxico, lembra ela, a palavra preto ainda é descrita como escravo liberto, apontando todo conceito que trazem outras expressões como mercado negro, situação preta. E cita sinônimos de preto como encardido, ladino, infeliz, enquanto ao conceito de branco é associado o de alegre, feliz. “Nossa língua é do colonizador”, constatou.

Ela lembrou autoras negras premiadas para demonstrar que publicar é um ato político e a produção que está surgindo é o que de mais importante há atualmente. “Nunca ocupamos tanto espaço de poder como agora, principalmente na literatura”, citando autores negros importantes no cenário nacional. “Quando somos sujeito da história, deixamos de ser objetos de estudo para ocupar estes espaços (fala se referindo a academia), como professora universitária no mestrado”, observou.

Um compromisso

Para ela, o antirracismo deve ser um compromisso de toda sociedade, lembrando que depois da morte de Floyd, muitos artistas estão abrindo espaço para essa luta. “Porque a branquitude precisa ouvir, se colocar como aliada, a gente tem que ter brancos aliado nessa luta”,  apontando que a educação é da maior importância para a desconstrução do racismo.

Dor e potência

“A gente tem que resistir e transformar a dor em potência, se virar e dizer: conseguimos! Você está dentro da universidade! Este Festival do Conhecimento da UFRJ é uma honra para mim. Eu consegui e me orgulho de ter estado na federal, de transformar. Não quero que seja só um privilégio, que as cotas ampliem e seja para essa juventude toda. A gente tem que resistir no transformar dor em potência!”, concluiu.

Vilma apresentou o vídeoclip com o Rap “Dororidade” (no Youtube https://youtu.be/fmJAWeXIhDUdo) do projeto #AfroGrafiteiras, da rede NAMI (rede de mulheres que usa artes para promover direitos), de formação em arte urbana com foco na expressão e promoção do protagonismo de mulheres afro-brasileiras. Mostrou Também imagens do lançamento do Mural Dororidade, da artista Panmela Castro, exposto na Rua do Lavradio, quando a Lei Maria da Penha completou oito anos.

A música e vídeo são uma homenagem a todas às mulheres brasileiras e onde a dor do racismo e machismo é transformada em luta e força. “Somos irmãs por dores, por perdas, somos irmãs de ideais, somos AfroGrafiteiras”, diz o verso. O painel com o mesmo nome (seu lançamento está no documentário Somos um só, exibido na Netflix), mostra a imagem de duas mulheres unidas pelos cabelos, ou seja, pelas ideias. A composição, explicou Vilma, não fala só sobre a dor, mas como esta se transforma em potência.

 

 

A necessidade de o trabalho remoto no serviço público ser regulamentado para que não haja perda de direitos deu o tom do debate que marcou o início da participação do Sintufrj no Festival do Conhecimento na UFRJ.

O assunto também foi abordado  numa perspectiva estratégica como nova engenharia capitalista de apropriação e precarização da força de trabalho.

A questão está na ordem do dia das preocupações dos trabalhadores da universidade na qual servidores, técnico-administrativos e docentes, enfrentaram batalha recente para neutralizar instrução normativa do governo Bolsonaro que subtrai direitos e benefícios.

A mesa reuniu a coordenadora-geral do Sindicato, Neuza Luzia, a técnica em assuntos educacionais Ana Maria Ribeiro e o ex-pró-reitor de Pessoal, Roberto Gambine (os dois já foram dirigentes do sindicato).

Joana de Angelis, coordenadora de Educação do Sintufrj, apresentou o tema “Trabalho Remoto: balanço e perspectiva” e mediou o debate que ofereceu um aprofundamento incomum sobre as variáveis que envolvem o exercício de atividades nesta nova forma que foi acelerada com a crise sanitária.

Protagonismo

“A gente precisa envolver a categoria nessa discussão”, disse Neuza Luzia. “O trabalho remoto já é desenvolvido em muitas empresas e está regulamentado no setor privado como opcional”, informou Ana Maria Ribeiro. “Eu proponho uma reflexão profunda: quais são os limites do trabalho remoto, do uso pelo trabalhador do seu próprio equipamento, a relação com as chefias”, disse Roberto Gambine.

O Sintufrj, garantiu Neuza Luzia, está colocando a discussão do trabalho remoto na ordem do dia. “A categoria precisa acordar e se juntar  com essa perspectiva. Eu já estou aqui e isso não vai me atingir é uma visão errada. Tudo é novo e pela diversidade do fazer da categoria, se faz necessário que os técnico-administrativos se informem, se organizem e construam suas propostas de forma unitária, sem abandonar os fundamentos da carreira. Devemos ser protagonistas desse processo e cabe a nós, sindicalistas, associar essa discussão ao movimento sindical, fazer um link”, afirmou a coordenadora.

Questionamentos

Roberto Gambine que é atualmente um dos representantes da categoria no Conselho Universitário, expôs vários questionamentos sobre a imposição do trabalho remoto para os técnicos-administrativos pelo menos durante o período da crise sanitária no país.

“Precisamos começar a tratar destas questões relacionadas aos direitos trabalhistas e aos limites do trabalho remoto, já. Tem que ser objeto de preocupação imediata dos docentes e dos técnicos-administrativos. Em que dimensão se dará o trabalho remoto? Em que limite? Poderemos combinar trabalho presencial com trabalho remoto? Teremos a mesma jornada em trabalho remoto que temos presencialmente?”, questionou Gambine.

“Ao fazer um pacto de funcionamento, quais serão as contrapartidas trabalhistas de servidores docentes e técnico-administrativos para que possam realizar suas atividades em suas residências ou afastados de seu local de trabalho? Quais os limites das relações com os dirigentes para não haver um processo incontrolável de subordinação ao trabalho remoto?”, concluiu ele a lista de perguntas ainda sem respostas.

Quantidade x qualidade

Ana Maria, que já foi coordenadora do Sintufrj e atualmente faz doutorado em Ciência da Informação, alertou que é preciso estar atento com a forma com que o governo estabelecerá a normatização do trabalho remoto, já que este tem como política a imposição às universidades de instruções normativas e comunicados, ignorando e passando por cima das leis existentes.

“Está se planejando uma instrução normativa para determinar como será o trabalho remoto no serviço público. O Ministério da Economia está se espelhando numa prática já realizada pela Controladoria Geral da União (CGU)”, disse.

Ela ilustrou sua participação no debate apresentando parte do estudo que está realizando no doutorado sobre o trabalho informacional. O objetivo foi facilitar o entendimento das pessoas sobre os problemas que acompanham o trabalho remoto para quem utilizar seu próprio equipamento ou manipular dados sigilosos fora do ambiente universitário. “Meu computador pode ser objeto de auditoria”, exemplificou.

“O trabalho remoto traz outro tipo de visão. É a produtividade quantificada em detrimento da qualificada. O que vai importar é a quantidade”, acredita.

Segundo Ana Maria, não há acúmulo no serviço público sobre a mudança do papel do trabalhador e a precarização do trabalho, o que reforça a necessidade de a categoria ser convocada e estimulada a mergulhar nesse debate.

“Há uma mudança no papel do trabalhador e que está levando à precarização. Hoje é uma das discussões mais importantes da sociedade em nível internacional. O mundo todo está vivendo essa pressão, que é levar a população ao subemprego. À precarização completa. E essa discussão não tem acúmulo no serviço público. E a gente precisa responder a isso”, finalizou.

Mesas do Sintufrj

O Sintufrj organizou mais três mesas de debates para o Festival do Conhecimento.  Confira:

▪️”Novos atores na cena universitária” – dia 17 (sexta-feira), das 11h30 às 13h30.

▪️”Saúde mental do trabalhador(a) na pandemia” – dia 22 (quarta-feira), das 17h às 19h.

▪️”Recortes raciais da sociedade em debate” – dia 24 (sexta-feira), das 17h às 19h.

Aplausos

A iniciativa e o trabalho em equipe da pró-reitoria de Extensão na proposta e organização do evento, que está sendo um sucesso de público ouvinte e de participações, foi muito elogiada pelos três debatedores da mesa do Sintufrj, como também a atuação eficiente dos tradutores de libra Laisa e Marcos, e o profissional do Departamento de Comunicação Sindical do Sintufrj (Decos), Jamil Malafaia, que colaborou para a transmissão do debate nas redes sociais.

 

Sindicato faz alerta

Durante a transmissão do debate, alguns técnicos-administrativos se  manifestaram informando ao Sintufrj que após a divulgação do  calendário de início das aulas remotas, chefias de algumas unidades estariam pressionando para que retornassem ao trabalho presencial. A orientação da direção sindical é a seguinte: Quem estiver sofrendo qualquer tipo de pressão deve informar imediatamente ao Sindicato, e também deve procurar a entidade para esclarecer dúvidas. 

“Estamos nos orientando pela resolução do Conselho Universitário e pelo GT Covid da UFRJ, que determina que não é para realizar trabalho presencial na universidade. Vamos fazer todas as movimentações necessárias para mostrar que precisamos ser coerentes. O que a UFRJ diz para a sociedade deve aplicar aqui dentro também”, explicou Neuza Luzia, coordenadora-geral do Sintufrj.

 

 

 

A união de unidades, do corpo social e de instituições permitiu que a UFRJ se destacasse no enfrentamento à Covid-19 e também na construção de um legado de avanços na ciência, além da tão almejada integração de saberes em resposta às demandas da sociedade. Foram essas conclusões que ficaram evidentes na palestra dos pesquisadores e dirigentes, no segundo dia de atividades do Festival do Conhecimento.

“A pandemia serviu de lição, inclusive que a união faz a força. A UFRJ mostrou o quanto pode ser diferenciada, o quanto esta universidade pode ser exemplo. Em nenhum momento vi esta universidade tão unida. Este é o exemplo que deve ficar daqui para frente”, destacou Renata Alvim, professora da Faculdade de Farmácia e pesquisadora da Coppe. “A pandemia serviu de lição para muita coisa; inclusive que a união faz a força”, completou Marcos Freire, diretor do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho.

Testes

Amilcar Tanuri, professor do Departamento de Genética e chefe do Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia, e integrante do Grupo de Trabalho da Covid-19 na UFRJ, ressaltou a importância dos milhares de testes realizados pela universidade desde o início da pandemia para as pesquisas sobre a Covid-19. No primeiro momento a testagem foi feita nos profissionais de saúde da UFRJ e nos de fora da universidade e em pacientes do Hospital Universitário. Trabalho que contou, segundo ele, com 80 voluntários. Eles explicou os métodos utilizados e sobre os estudos em andamento para saber se o vírus permanece após a doença (estudo da Inglaterra indica que não) e se quem adoeceu uma vez fica suscetível ou não ao novo coronavírus. 

Ele defendeu a continuidade do trabalho no laboratório, inclusive para servir de base para a retomada de atividades presenciais na UFRJ com segurança.

15 mil atendidos 

Terezinha Marta Castanheiras, professora e chefe do Departamento de Doenças Infecto Parasitárias da Faculdade de Medicina também está à frente da pesquisa sobre o vírus, a partir dos testes realizados no Centro de Triagem e Diagnóstico para a Covid- 19, e faz parte do GT Coronavírus da UFRJ. A parceria entre a Faculdade de Medicina, onde é professora e chefe do Departamento de Doenças Infecto parasitárias, e o Laboratório de Virologia Molecular ocorre desde o início da pandemia no país, contou. Os testes são realizados nas pessoas (incluindo estudantes e todos os trabalhadores da UFRJ) em salas no bloco N do Centro de Ciências da Saúde. 

Segundo a professora, não teria sido possível dar conta do trabalho se não fosse à adesão maciça principalmente de estudantes. E graças a eles foram realizados até agora mais de 15 mil testes.

“O mais significativo de toda esta experiência é que de fato houve uma integração muito valiosa. Pode-se dizer que realmente foi muito produtivo. Nós entendemos que conseguimos criar dentro do bloco N um espaço para diagnóstico com a perspectiva de dar elementos para pesquisa com a possibilidade de respostas concretas a tantas perguntas ainda em abertas, seja da esfera virológica como imunológica”, disse Teresinha. Ela reivindicou que a grande rede que se criou continue viva na UFRJ e propôs que o bloco N passe a se chamar Pavilhão Carlos Chagas com a continuidade do centro de triagem.

Proteina S

A pesquisa sobre uma proteína que compõe o novo coronavírus para checar a novos testes sobre a Covid-19, que está sendo desenvolvida pelo Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares (LECC) da Coppe, sob a coordenação da professora Leda Castilho, foi explicada ao público por Renata Alvim. Segundo a pesquisadora, a equipe está produzindo e purificando a proteína S (inicial da palavra spike, espícula, em português) e esse trabalho integra a rede de ações emergenciais no combate aos efeitos da Covid-19, coordenada por Amilcar Tanuri.  

A proposta é aumentar a escala de produção do laboratório para atender a demanda. A meta da equipe é chegar a uma produção de proteína S suficiente para a fabricação de cerca de cinco milhões de testes por mês. A pesquisadora apontou outras aplicações da proteína S, como em estudos desenvolvidos em conjunto com o Instituto Vital Brazil para criação de um soro hiperimune, como os usados contra a raiva a partir do plasma de cavalos.

Hospital Universitário 

Marcos Freire, diretor do HUCFF fez um balanço das mudanças ocorridas na unidade para o atendimento dos pacientes com a Covid-19, com recursos de doações do Movimento União Rio e de outras instituições da sociedade civil e da Pró-Reitoria de Gestão e Governança. Ele citou a abertura de novos 60 leitos de CTI, obras no 9 º andar, reformas e aquisição de equipamentos, além de compra de equipamentos de proteção individual e pagamento de profissionais contratados. 

O diretor agradeceu o empenho dos profissionais da unidade para o sucesso das ações neste período crítico. Freire acredita que o hospital talvez tenha sido a  unidade de saúde que mais se preparou para a pandemia, não apenas com as obras e abertura de leitos, mas com equipamentos de proteção e até com projetos inovadores, como a constante comunicação com familiares, contando com a participação de alunos, e as visitas virtuais aos pacientes através de tablets. E adiantou que estão em andamento a instalação do circuito interno e a reforma de ambulatórios.

 

 

A voz rascante da mulher e artista do milênio, acompanhada do músico J P Silva, Elza Soares foi a grande atração musical do Festival do Conhecimento da UFRJ, na terça-feira, 14. “Universidade vive” é um evento organizado pela Pró-Reitoria de Extensão em comemoração ao centenário da instituição, as atividades gravadas e ao vivo acontecem até o dia 24 de julho. Veja a programação completa pelo site festivaldoconhecimento.ufrj.br.

O show “100 anos de UFRJ, 90 anos de Elza teve duração de 50 minutos e 5,7 mil visualizações. Em 1999, Elza foi eleita a “melhor cantora do milênio” pela BBC, sendo descrita como “uma mistura de Tina Turner e Celia Cruz” pela Time Out . Essa ilustre, vibrante, talentosa e militante brasileira é sobrevivente da pobreza, da fome e do racismo, aniversaria na sexta-feira, 23.

Nascida em 1937 na favela Maria Bonita, no Rio de Janeiro, a filha de um operário e de uma lavadeira precisou aprender desde cedo a sobreviver: aos 12 anos foi obrigada pelo pai a casar, aos 13, teve seu primeiro filho e, aos 15, viu o segundo falecer.

Ao longo da vida, gerou nove filhos, mas cinco faleceram – sendo três de fome. Aos 20 anos, Elza conciliava sua vida de cantora com outras profissões, como encaixotadora e conferente. Aos 21 ficou viúva de seu primeiro marido e aos 32 conheceu o segundo, o astro do futebol Garrincha.

Nesse momento, já reconhecida como um dos nomes do samba brasileiro, a cantora sofreu com os holofotes: foi chamada de “vadia” pelo país, ao se envolver com o jogador, que largou a esposa para se casar com Elza. Era xingada de “bruxa” pelos amigos do marido, que não aceitavam sua relutância em deixá-lo beber (tentando protegê-lo de seu alcoolismo). Em 1969 precisou lidar com a morte da mãe, Rosária Maria Gomes, em um acidente de carro provocado pela embriaguez de Garrincha.

Hoje, com 60 anos de carreira, a cantora continua surpreendendo. Em 2015 , aos 79 anos, lançou seu primeiro álbum com músicas inéditas, o A Mulher do Fim do Mundo. O disco, que discute racismo, machismo e feminicídio, ganhou no ano passado o Grammy Latino de melhor álbum de Música Popular Brasileira; ocupou a décima colocação na lista do editor de artes Jon Pareles, do jornal The New York Times e ficou entre os 50 melhores discos da lista do Pitchfork, um site independente de crítica musical. Por conta desse trabalho, Elza Soares foi eleita personalidade Cultural de 2016 nos Prêmios Bravo!

Elza gravou o primeiro clipe da carreira somente em 2017, que atingiu a marca de milhão de visualizações no YouTube há dois dias.