Estudo da UFRJ estima que a cidade de Macaé, situada a norte do estado do Rio de Janeiro, registre mais de mil casos de infecção pela Covid-19 e Rio das Ostras, na Baixada Litorânea, mais de 400 casos antes do final de maio.
O estudo foi feito por pesquisadores do Grupo de Trabalho (GT) Multidisciplinar para Enfrentamento da Covid-19 no Campus Macaé. Eles analisaram os casos de infecção acumuladas, dia a dia, até 15 de maio, para Macaé e Rio das Ostras.
Até esta quarta-feira a secretaria de Saúde de Macaé já havia registrado 548 casos confirmados, sendo 21 mortes. Rio das Ostras registrou 200 casos, com 14 mortes e já tem 100¢ dos leitos ocupados.
O número de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) utilizados pode chegar a 50 e 20 leitos simultâneos nos dois municípios, respectivamente. No entanto, levando-se em conta a provável subnotificação de casos, tais números podem ser, pelo menos, dez vezes maiores.
Por isso, o GT da UFRJ aponta que as políticas de redução de contágio devem ser reforçadas nas duas cidades, considerando que os efeitos da mitigação seriam vistos, aproximadamente, 14 dias depois.
A notícia do avanço das infecções nestes municípios do norte do estado foi anunciada quando o estado do Rio de Janeiro chegou a quase 28 mil casos e mais de 3 mil mortes. Dados oficiais de quarta-feira, 20 de maio. No Brasil a pandemia alcançou nesse dia a triste marca de mais de 285 mil casos e mais de 18 mil mortes, isso registrados oficialmente. O país passou a ser o terceiro país no mundo em número de casos confirmados da Covid-19, atrás de Estados Unidos e Rússia.
GT UFRJ
O Grupo de Trabalho (GT) Multidisciplinar para Enfrentamento da Covid-19 no Campus Macaé conta com a participação de mais de 100 docentes, técnico-administrativos e alunos da UFRJ no campus Macaé e outras instituições regionais. Eles desenvolvem análises que acompanham o comportamento da pandemia no Norte Fluminense e na Baixada Litorânea.

Com informações da Assessoria de Imprensa do Gabinete da Reitoria da UFRJ e portal G1

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será adiado “de 30 a 60 dias em relação ao que foi previsto nos editais”, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em anúncio feito no fim da tarde desta quarta-feira, 20 de maio. A aplicação do exame impresso estava marcada para os dias 1º e 8 de novembro, e a versão digital para 22 e 29 de novembro.

A decisão foi tomada por Jair Bolsonaro, após uma reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) pela manhã. A Câmara, por sua vez, estava pronta para votar o adiamento – já aprovado pelo Senado por ampla maioria – mas o governo temia uma nova derrota.

Bolsonaro ficaria muito fragilizado com um possível derrota também na Câmara, o pior cenário para ele num momento em que precisa dos parlamentares para evitar o processo de impeachment, o qual aliás está sendo segurado pelo seu escudeiro Maia. Como presidente da Câmara é Rodrigo Maia quem aceita e abre o processo de impeachment para o presidente Jair Bolsonaro.

Senado votou pelo adiamento do exame

Sob pressão das entidades estudantis UNE, UBES (ensino médio) e ANPG (pós-graduandos), que chegaram a realizar um dia nacional de luta, o Senado federal aprovou, na terça-feira, 19, o adiamento do Nacional do Ensino Médio (Enem).

A votação a favor do adiamento foi esmagadora: 75 votos. O único voto contrário foi do filho do presidente da República, Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). A matéria segue agora para análise da Câmara dos Deputados. Os estudantes prometem manter a mobilização nacional de pressão ao Congresso.

Vitória de todos

“Foi uma grande vitória, fruto da mobilização dos estudantes e da sociedade civil, que aderiu ao nosso dia nacional de mobilização, em 15 de maio. E foi sob o efeito dessa pressão que o Senado colocou em votação essa pauta, que é tão cara para nós, e obtivemos uma votação majoritariamente expressiva a favor do adiamento”, comemorou a dirigente da UNE, Regina Brunet, aluna de Filosofia da UFRGS.

Regina disse que os estudantes contam com a mobilização social para continuar a pressionar os parlamentares, agora na Câmara federal. “Esperamos que a Câmara dos Deputados também se posicione como o Senado, a favor da demanda dos estudantes. Que eles (deputados) façam o que hoje o ministro da Educação e o governo Bolsonaro como um todo, não têm coragem de fazer, que é admitir que eles estavam errados em não mudar a data do Enem. Porque isso é o melhor para os estudantes do país”, afirmou.

“Manter o calendário do Enem, ignorando o calendário e a organização curricular do ano nas escolas públicas, principalmente, porque as particulares estão tendo aulas remotas,  é uma ignorância com o futuro de milhares de jovens no Brasil. A maioria deles estuda em escolas públicas e, assim é como ignorar a possibilidade de que no futuro eles entrem para uma universidade”, acrescenta a dirigente da UNE.

Desigualdade

Segundo Regina Brunet, manter a data do Enem – as provas estão marcadas para novembro – significa “sacralizar” por meio do governo federal uma desigualdade através desse exame que determina o futuro desses jovens.  “É uma desigualdade que tem um recorte de classe social muito nítido. As pessoas hoje têm menos condições de estudar, pois seus familiares dependem da sua colaboração para que a casa se sustente, tanto financeiramente quanto socialmente”, destacou.

Ela cita ainda as dificuldades estruturais resultante da desigualdade sócio-econômica da maioria dos estudantes de escolas públicas, como não ter computador em casa e celular com recursos de internet condizente para estudar remotamente, além de estarem sem acesso às bibliotecas públicas, como também não dispõem de tranquilidade para concentração pois dividem o espaço familiar com vários parentes.

Projeto de Lei

O Projeto de Lei (PL) 1.277 da senadora Daniella Ribeiro (PP-PB) prevê que, em casos de reconhecimento de estado de calamidade pelo Congresso Nacional ou de comprometimento do regular funcionamento das instituições de ensino do país, seja prorrogada automaticamente a aplicação das provas, exames e demais atividades de seleção para acesso ao ensino superior.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo Enem, marcou a aplicação do exame impresso para os dias 1º e 8 de novembro, e a versão digital para 22 e 29 de novembro.

O relator do projeto, Izalci Lucas (PSDB-DF), disse que levou em conta igualmente a nota técnica do Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed) apoiando o adiamento. Ele lembrou que a maioria dos candidatos que se submeteram ao exame já concluíram o exame médio e fizeram o Enem nos anos anteriores, enquanto outros não completaram dois meses de aula este ano.

Emendas

Texto dos senadores Paulo Paim (PT-RJ) e Jean Paul Prates (PT-RN) foi parcialmente incorporado ao projeto aprovado para estabelecer que o Enem não poderá ser aplicado antes do término do ano letivo pelas escolas públicas que ofertam e ensino médio.

Ainda foi aprovado destaque do senador Romário (Podemos-RJ) para que o Enem ofereça, às pessoas com deficiência, a acessibilidade necessária com as ferramentas requeridas para a realização da prova. A acessibilidade na versão impressa está assegurada, mas não na digital.

(Com Agência Senado)

O pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças, Eduardo Raupp, chamou atenção no Conselho Universitário, na quinta-feira, 14, para o fato de que, pela Lei de Diretrizes Orçamentárias, a UFRJ tem hoje apenas 49% do valor da folha de pagamento garantida.

Os outros 51% dependem de aprovação, pelo Congresso Nacional, de  projeto de lei para crédito adicional e autorização para o governo ultrapassar a regra de ouro, que ainda não foi votado. Segundo Raupp, a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) já está se mobilizando em relação à questão.

De acordo com o pró-reitor, a UFRJ já recebeu cerca de 65% do seu orçamento constante na LOA (Lei Orçamentária Anual), e a Reitoria tem feito grande esforço para pagar todos os contratos, com prioridade para os que envolvem mão-de-obra, como limpeza e segurança, “pelas necessidades da universidade e para manter empregos”. Ele também informou sobre os recursos extras (R$ 64 milhões) para aquisição de equipamentos, insumos e investimentos nos hospitais para o combate a Covid-19.

Na quarta-feira, 20, em sessão extraordinária, o Conselho Universitário (Consuni) retomará a discussão a respeito da Portaria nº 3.188, da Reitoria, que trata sobre a organização do trabalho remoto durante a pandemia do coronavírus. O tema foi a pauta principal da primeira reunião em videoconferência da história do Consuni, realizada no dia 14 de maio.

Técnicos-administrativos, docentes e estudantes discordam do conteúdo da portaria, que foi baixada em 4 de maio pela reitora Denise Pires, sem discussão com as entidades representativas dos três segmentos na UFRJ. A pressão da comunidade universitária já surtiu efeito: a Reitoria estendeu de 15 para 22 de maio, o prazo para envio de sugestões à portaria.

Posição do Sintufrj

A coordenadora-geral do Sintufrj, Neuza Luzia, expôs no Consuni a proposta da entidade: constituição de um grupo de trabalho que sintetize as diferentes visões sobre as atividades realizadas na universidade, tanto administrativas como assistencial e acadêmica, para que o resultado final realmente reflita sobre o funcionamento da instituição durante a pandemia. O Sintufrj defende que o planejamento do trabalho remoto deve se dar com discussão em cada unidade.

Segundo a dirigente, a resposta eficiente que a UFRJ tem dado à sociedade, com o envolvimento do seu corpo social, desde o início da pandemia no país, também precisa ser dada para dentro da instituição. No caso da portaria em questão, Neuza Luzia apontou que, da forma como ela foi emitida, o conteúdo poderá resultar em prejuízo aos servidores, em particular aos técnicos-administrativos em educação. E isso causou insegurança à comunidade universitária. (Leia a nota da entidade).

Neuza também apontou que, a despeito da Reitoria ter afirmado que chamaria a comunidade para discussão, a Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4) manteve, nas unidades, a cobrança para que a portaria fosse seguida.

A presidente da Adufrj, Eleonora Ziller, defendeu no Consuni que é preciso aprimorar “modos” de deliberação e participação que envolvam a comunidade. “É necessário que haja uma adequação da orientação geral, pois se há um prazo para que a Reitoria receba contribuições para o aprimoramento do seu texto (na portaria), é urgente que tenhamos com isso a suspensão dos efeitos desta portaria até que seu conteúdo ganhe forma definitiva e seja aprovado nos colegiados superiores, caminho natural de uma deliberação desse porte”, afirmou a dirigente.

De acordo com Eleonora, as assessorias jurídicas da Adufrj e do Sintufrj impetraram mandado de segurança para suspender efeitos de instrução normativa que determina cortes de auxílio transporte e de adicionais.

Posição do Consuni

Vários conselheiros se manifestaram em favor de que até que haja uma deliberação definitiva sobre a portaria, a Reitoria não adote nenhuma medida administrativa que atinja a vida funcional dos servidores.

Denise Pires reitora que, embora queira que a portaria fique o mais clara possível para ser encaminhada aos Departamentos de Pessoal das unidades, a ampliação do prazo não invalida normas vigentes, mas. lembrou que a Reitoria emitiu nota sobre o tema.

A nota da Reitoria diz que a portaria normatiza o trabalho remoto amparando os servidores quanto ao registro da sua frequência neste momento crítico. “Nós temos lado e queremos estar junto com a UFRJ”, concluiu Denise.

Orientação de Paulo Guedes, ministro da Economia, é de que nenhuma categoria, nem mesmo profissionais da saúde que estão se sacrificando durante a pandemia, tenha qualquer aumento até o fim de 2021

Matéria retiradas o site da CUT.

Enquanto profissionais de saúde são exaltados por toda a sociedade por conta do trabalho heroico de cuidar e tentar salvar vidas de vítimas do novo coronavírus, o governo de Jair Bolsonaro despreza e penaliza servidores públicos, em especial os médicos e enfermeiros que atuam na linha do combate à Covid-19 e podem ter salários congelados por dois anos.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, sugeriu a Bolsonaro vetar qualquer reajuste salarial a servidores públicos, previsto no Projeto de Lei do Senado (PLP) 39/2020, de socorro financeiro a estados e municípios durante dois meses por causa da pandemia.

A contrapartida a essa ajuda financeira estipulada pelo banqueiro Guedes é o congelamento de salários dos servidores das três esferas: federal, estadual e municipal, um desejo quase obsessivo do ministro. Ele articulou a maldade com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Bolsonaro, que havia apoiado a ampliação das categorias que ficaram de fora do congelamento durante votação do projeto na Câmara, disse depois que vetaria para apoiar Guedes e na noite desta quinta-feira (14) disse que deverá fazer uma videoconferência com governadores para tratar do projeto e só depois decidirá se vetará ou não trecho da proposta que permite reajuste salarial a categorias do funcionalismo.

Apesar do acordo de Alcolumbre com Guedes, o texto original, aprovado no Senado no dia 2 de abril, abriu exceção para que algumas categorias como trabalhadores e trabalhadoras em segurança pública, educação pública, Forças Armadas e, em especial, os profissionais da saúde, ficassem de fora do congelamento e pudessem ter reajustes salariais.

Na Câmara, o projeto foi aprovado no dia 5 de abril com uma emenda que estendia a exceção, ou seja, o direito ao reajuste dos salários, para outras categorias como agentes socioeducativos, de limpeza urbana, policiais federais, policiais legislativos e professores.

A estimativa de economia que era de R$ 130 bilhões, baixou para R$ 43 bilhões. Missão nada difícil, Paulo Guedes convenceu Bolsonaro a mudar de ideia sobre os reajustes permitidos às categorias de servidores a qual o próprio havia dado aval nos bastidores.

Agora, em mais um recuo, ao sancionar o projeto, Bolsonaro deve vetar toda e qualquer reposição de salários a esses trabalhadores até dezembro de 2021, inclusive os profissionais da saúde. Ou não, já que ontem ele disse que só decide depois de se reunir com governadores.

Nas contas do governo…

A economia de R$ 130 bilhões seria em dois anos. Aos estados e municípios seriam repassados R$ 60 bilhões. O restante (R$ 70 bilhões) voltariam ao Tesouro Nacional para abater o déficit fiscal da União.

Pedro Armengol, diretor executivo da CUT e secretário de Finanças da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), afirma que a conta da crise econômica causada pelo coronavírus é mais uma que o governo Bolsonaro quer colocar no bolso dos servidores.

“Estão tirando dinheiro dos servidores para pagar a conta da pandemia. Mas servidor não é parasita, como diz o Guedes, também não é vírus e não está causando problemas. Pelo contrário, muitos estão sendo expostos riscos”, diz o dirigente.

Na manhã desta quinta-feira (14), durante coletiva à imprensa, em Brasília, Bolsonaro afirmou que “vai faltar dinheiro para pagar servidores públicos” e que “tem servidor que quer ter a possibilidade de ter aumento neste ano e ano que vem e não tem cabimento”.

Mas Armengol lembra que, em março deste ano, o governo liberou R$ 1,2 trilhão para bancos abrirem crédito para pequenas e médias empresas.

“Se o governo socorreu bancos e empresas, porque penalizar os trabalhadores? São 12 milhões de servidores em todo o país. Tem que sair dinheiro das reservas da União também para os trabalhadores”.

O dirigente lembra também que, desde de 2018, os servidores federais estão sem reajuste.

“Bolsonaro não ‘tá nem aí’, nem para crise econômica nem para crise da saúde causada pelo coronavírus, nem para crise nenhuma. O que ele e Guedes querem é penalizar servidor público”, diz Pedro Armengol.

 

 

NOTA DO SINTUFRJ SOBRE A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO REMOTO

Na sessão do Consuni do dia 14/05 a reitora, Profa. Denise Pires, reafirmou que a portaria 3188 está suspensa e estendeu o prazo para o envio das propostas para a construção de uma nova portaria. Com isso pôs fim a confusão causada pela cobrança da PR 4 para que as unidades respondessem aos formulários da portaria 3188 até o dia 15/05.

O compromisso assumido pela reitora é que os efeitos da portaria estão suspensos e o prazo para a entrega das contribuições será até o dia 22/05.

A direção do Sintufrj questionou alguns dos elementos do texto que trazem prejuízos aos trabalhadores da UFRJ.

– A portaria pressupõe que é o servidor ou servidora que pede para fazer o trabalho remoto, e não uma contingência imposta pela pandemia;

– No texto da portaria está colocado ”afastamento do servidor à disposição da direção em sua residência”. Esse é o instituto jurídico para a disponibilidade que implica redução na remuneração. Na realidade que vivenciamos, o trabalho remoto deve ser considerado como efetivo exercício, sem conotação de afastamento.

– Inadmissível a diferença de tratamento apontada na portaria. Apesar de citar docentes e técnico-administrativos em educação, ela só regula o trabalho dos TAE.

No nosso entendimento, a portaria deve ser abrangente e garantir que a organização do trabalho seja gerida pelas unidades locais contendo apenas as diretrizes ao trabalho remoto e sem a criação de novos modelos de avaliação, tendo em vista que já há modelo implementado na UFRJ, bastando para tal as devidas adaptações à situação vigente.

Estaremos contribuindo com o debate no sentido de garantir a preservação dos direitos dos trabalhadores, associado ao melhor funcionamento da UFRJ.

Direção do Sintufrj
Gestão Ressignificar

Na sexta-feira, 15 de maio de 2020, completa um ano do movimento da educação, puxado pelos estudantes, que paralisou o país e marcou o maior ato de massa contra o governo Bolsonaro. O motivo foi o corte de verbas nas universidades federais e os ataques à educação pública. Foram às ruas 1,5 milhão de pessoas.

De lá para cá, a conjuntura econômica, política e social brasileira mudou e foi agravada com a pandemia do Covid-19, a maior crise sanitária da história mundial. A dirigente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Regina Brunet, e o ex-diretor da Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF), professor titular Wilson Madeira Filho, fazem um balanço do 15M.

 “Tsunami estudantil”, segundo Regina Brunet

“Acreditamos que toda a movimentação que a gente traça desde o início do governo Bolsonaro, tem uma marca muito forte da manifestação da educação de maio de 2019. Ela começou com uma resposta firme da juventude e dos estudantes a um projeto de desmonte do ensino público do Brasil por parte do ministro da educação do governo Bolsonaro, Abraham Weintraub, e parte também de uma resposta dos estudantes sobre o que deve ser a universidade pública e o ensino público no Brasil.

Na época, o presidente e o ministro da Educação chamaram os estudantes de idiotas úteis, manipulados e sem capacidade para saber o que é uma universidade. Nossa resposta se deu tanto nas assembleias de cada curso realizadas nas universidades, quanto nos grandes atos que conseguimos construir no primeiro semestre. Foram muito contundentes, o que inclusive nos deu forças para no segundo semestre continuar os tsunamis da educação e desmontar o projeto Future-se – de privatização e sucateamento da universidade e da pesquisa públicas – em todos os conselhos universitários nos quais o projeto foi colocado. Mas, nós, da UNE, pela tradição de nossa organização que têm 83 anos, consideramos que esse movimento dos estudantes não se iniciou em maio.

Acho que durante o último ano nós tivemos uma força incrível do movimento estudantil que, com certeza, veio de nossas bases, dos centros acadêmicos e dos DCEs, que atuam hoje diretamente nas universidades, com uma participação grande para dar uma resposta ao que para nós é o mais importante: a defesa da universidade pública. Muita coisa mudou, mas com certeza o balanço que fazemos é que a organização dos estudantes tem um potencial muito grande para a mudança de nossa realidade, do nosso cotidiano. E a partir dessa organização e da participação dos estudantes que a gente consegue promover mudanças sociais.

Nesta sexta-feira, 15 de maio, faremos uma ação conjunta da UNE, UBES (secundaristas) e ANPG (pós-graduandos). Será  um dia nacional de mobilização pelo adiamento do Enem. É o “Adia Enem”. E organizaremos também o “Tsunami da Solidariedade”. Em cinco regiões do país, inclusive no Rio de Janeiro, entregaremos máscaras nas filas da Caixa Econômica Federal para as pessoas que estão necessitando do auxílio emergencial, mas que o governo está sendo incapaz de viabilizar. Educação, saúde, alimentação é um direito de todos. E a solidariedade é um dever nosso, daqueles que podem criar esses laços, essas redes.”

 

“Mensagem de resistência”, diz Wilson Madeira

“Um ano do 15M que paralisou o país de forma expressiva e nas principais cidades levando uma mensagem de resistência dos estudantes, professores e servidores, sobretudo das universidades públicas. A avaliação que faço é que dali foi ganhando robustez um pensamento crítico e uma resistência a um governo que não tem compromisso algum com a educação!

Na UFF isso ficou simbolizado no ano passado, quando, em outubro, nós pela Faculdade de Direito junto com a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, realizamos um evento chamado “Moro Mente”. Esse evento foi ajuizado pelo Ministério Público quanto por um deputado do PSL. Conseguimos liminar na Justiça para garantir o evento que foi um sucesso. Foi televisionado, mais de 40 juristas do país teceram comentários a época do envolvimento do então ministro Sérgio Moro, enquanto ainda era juiz, com o Ministério Público na figura do procurador Deltan Dallagnol.

Enfim, essa universidade que é uma universidade crítica ela estava se fortalecendo por ações cada vez mais robustas. Mas o isolamento social causado pelo coronavírus, na prática, fez com que não tivéssemos o início do primeiro semestre letivo de 2020. Ele ainda nem iniciou. E migrou-se então para as redes sociais – não houve outra alternativa – uma série de ações que eu acredito que teriam movimentado todo o corpo estudantil, pesquisadores, servidores novamente.

Aliás, já estava marcado o 8M desse ano, depois haveria o 15 de março, enfim todo um calendário que teve que ser desmobiliza do em razão do isolamento social. Mas uma série de outras questões ficam patentes. Então, o protesto que tem sido feito nas redes sociais é pelo adiamento do ENEM. Porque nenhuma estrutura, aonde as aulas, sobretudo da rede privada, passam necessariamente por computador, ele não pode se dar na universidade pública que tem que garantir a acessibilidade universal. Sabemos que boa parte dos alunos não tem condições de acompanhar por computador pelo simples fato de não ter computador!

E agora, com a fragmentação do governo federal, distribuindo cargos para o Centrão para se manter no poder e evitar o impeachment, só revela a ausência completa de política em todas as áreas. Na área da saúde está patente. Porque é escandaloso tudo o que tem ocorrido, para não dizer que é criminoso, o motivo de que estaremos consignando apoio a medidas de impeachment ao presidente da República.

E mais. Na Educação se revela simplesmente que o objetivo não é levar educação de forma plural para todos os cidadãos brasileiros. Mais uma vez se trata de fazer um trabalho voltado à elite, voltado aos grupos empresariais que procuram privatizar toda a educação.

Por isso, entendo que cada estudante, cada pesquisador desse país, cada servidor crítico e atento está se mobilizando pelas redes sociais, está batendo panela nas janelas. Enfim, que num momento de solidariedade como esse a gente tem que entender de onde não vem o apoio. E lutamos para que a gente volte a ter um governo minimamente consequente.”

🗣 Nesta quinta-feira, 14, a edição do programa ao vivo Sintufrj Linha Direta contará com a participação de quatro enfermeiros de diferentes unidades da UFRJ para debater o tema dos “Desafios da Enfermagem no Combate à Pandemia”.

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Os terceirizados, mas não só, testados no Centro de Triagem Diagnóstica da Covid-19 da UFRJ são os principais beneficiados com a doação de 200 máscaras pelo Sintufrj. Com salários atrasados, sem auxílio-alimentação e auxílio-transporte, fica difícil para esses chefes de família gastarem pagarem por esse equipamento básico de proteção ao coronavírus.

Desde o início da pandemia, o Sindicato tem doado máscaras à comunidade universitária, que são confeccionadas por costureiras autônomas, bem como cestas de alimentos. A solidariedade neste momento de aflição a quem ajuda a construir a universidade pública é uma exigência!

DIRETORA DO SINTUFRJ, NOEMI DE ANDRADE, entrega máscara no CCS/UFRJ, no Fundão.

 

Muita gente não tem ideia de como tem sido difícil o dia a dia dos profissionais de saúde que estão à frente do combate ao novo coronavírus. Como qualquer um de nós, eles temem pela vida deles e pela da família. Sofrem e têm medo. Mas todos os dias se enchem de coragem e, durante horas seguidas, lutam contra a morte.

A técnica de enfermagem Marília Barreiro, que atua na linha de frente da Emergência Covid, no Hospital Universitário, fala da sua rotina diária desde o momento em que acorda.

“Amanheço com o coração cheio de expectativas, dúvidas e ansiedade. Mas saio para o plantão com fé e a certeza de que venceremos mais um dia”, inicia Marília seu relato.

Os plantões de Marília são das 19h às 7h. Residente no município de Resende – a 160 Km de distância do HUCFF – as três da tarde ela inicia sua jornada até o hospital. E que batalha para chegar ao trabalho!

Como foram suspensas as linhas de ônibus intermunicipais pelo governo estadual, em função do isolamento social, Marília depende de carona até para chegar ao Rio. “Tem dias que consigo com certa facilidade; outros não”, disse.

Ao fim de duas horas de viagem, às 18h30 a técnica de enfermagem chega ao setor de trabalho. “Pegamos nossos kits de pijama (peças para duas trocas) e iniciamos a jornada. Por volta das 21h, uma equipe sai para jantar, beber água e ir ao banheiro. Nesse momento, retiramos a primeira troca e tomamos banho.  Jantamos e vestimos a segunda troca.

Quando retornamos para o setor, a segunda equipe sai para jantar, tomar banho e descansar.  Retorna a cerca das 3h da manhã, com o segundo kit recebido. E, nós, que ficamos trabalhando, saímos para o banho, descanso e não retornamos para o setor, porque já usamos os dois kits fornecidos. Essa tem sido a nossa rotina com  o hospital cheio, muito trabalho e o coração pesado por ver tantas pessoas dependendo de respirador para sobreviver”, lamenta a profissional.

Isolamento em casa  

Em casa, segundo Marília, todo cuidado é pouco para preservar a família. “Dentro da minha casa, eu me isolo dos meus filhos e do meu marido, que precisa de cuidados porque não tem parte do pulmão. E ainda estou com uma sobrinha grávida”.

“Tenho muitas dúvidas e, às vezes tristeza. Porque por mais que a gente tome os cuidados necessários na paramentação e na desaparatametação, esse vírus é invisível. Podemos ser contaminados no trajeto para casa. Estou sempre me questionando: “Estou contaminada ou não?” Na incerteza, prefiro me afastar das pessoas que amo”.

Várias vezes, conta Marília, ela prefere ficar no alojamento colocado à disposição dos trabalhadores da saúde pelo Exército, no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva, em Bonsucesso,  para evitar o contato com a família.

Angústia e fé

“No mesmo momento em que bate essa tristeza e angústia, tenho alegria de saber que sou mais uma que pessoa a somar na vida daqueles que estão doentes, daquela família que muitas vezes não tem notícias sobre o paciente, por não poder entrar no setor. Eu posso estar lá, ajudando com ética, moral e amor. Acho que isso não tem preço”, consola-se.

A técnica de enfermagem Marília Barreiro (a primeira à esquerda) com um grupo de profissionais da saúde que atua na linha de frente da Emergência Covid,-19 no Hospital Universitário,

“Um lado ganha e outro perde. Isso é a vida. Mas confio em Deus que isso vai passar, que as coisas vão melhorar. Se não tivermos essa fé e essa certeza, a gente cai num mar de tristeza, depressão e angústia. A gente tem que lutar e não permitir que isso aconteça”, conclui Marília.