A reitora eleita, Denise Pires, será empossada em Brasília no dia 2 de julho e levará na bagagem o estudo detalhado sobre a situação orçamentária da UFRJ. Ela pretende apresentá-lo à Secretaria de Ensino Superior, cujo canal de diálogo abriu em maio, e também ao ministro da Educação. A intenção é que seja revista a situação financeira da universidade.

Segundo Denise, na reunião em maio, o MEC se comprometeu a liberar a verba do projeto executivo para a execução da primeira etapa de  recuperação do Museu Nacional, cerca de R$ 900 mil, e cumpriu e liberou também cota de limite de empenho.

Valor da cota

Em nota, a Pró-Reitoria de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças (PR-3) informou que requereu, no dia 4 de junho, a liberação de R$23,5 milhões de cota de limite de empenho (autorização para uso do orçamento), “para que a UFRJ pudesse indicar os créditos orçamentários para a cobertura das despesas do mês de competência de abril”. No dia 10, a UFRJ e demais instituições receberam cerca de 8% de cota de limite de empenho que, “no nosso caso, correspondeu a R$ 25,7 milhões”, informou a PR-3.

Correção feita – Originalmente, esta matéria informou um valor maior tomando como base o montante reportado pela PR-3 em matéria anterior sobre a falta de autorização para uso da cota de limite de empenho.

Posse na UFRJ

Na quarta-feira, dia 19, seriam distribuídos os convites para a posse cerimonial, no dia 8 de julho, às 10h, no auditório do Centro de Tecnologia (CT). A equipe organizadora do evento estava preparando algumas surpresas para o público, como a apresentação do coral infantil da UFRJ cantando o Hino Nacional. “Queremos recuperar um pouco de nosso orgulho, da nossa autoestima”, disse o futuro vice-reitor Carlos Frederico Rocha.

Segundo Carlos Frederico, a gestão que assumirá pretende marcar para o dia 4 de julho a sessão do Conselho Universitário (Consuni) na qual serão submetidos os nomes dos  novos pró-reitores. Também serão apresentados aos conselheiros os programas de trabalho dos pró-reitores de Graduação; Pós-Graduação e Pesquisa e Planejamento, Desenvolvimento e Finanças. E no Consuni do dia 11 serão apresentados os programas das Pró-Reitorias de Pessoal; Extensão; Gestão e Governança; e  Políticas Estudantis.

Vejam quem são os indicados:

Pró-Reitoria de Graduação (PR-1):  Gisele Viana Pires, professora associada do Departamento de Clínica Médica e diretora adjunta de Graduação da Faculdade de Medicina. Ela foi superintedente e pró-reitora de Graduação na gestão de Carlos Levi.

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PR-2): Denise Maria Guimarães Freire, professora titular do Instituto de Química e ex-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica.

Pró-Reitoria de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças (PR-3): Eduardo Raupp de Vargas, professor da Coppead e pesquisador do Centro de Estudos em Gestão de Serviços de Saúde. Foi decano de Assuntos Comunitários e de Administração e Finanças (2011-2012) na UnB.

Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4): Luzia Araújo, técnica-administrativa da Divisão de Enfermagem do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho.

Pró-Reitoria de Extensão (PR-5): Ivana Bentes, professora titular e  pesquisadora do Programa de Pós Graduação em Comunicação e diretora da Escola de Comunicação da UFRJ. Foi secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura do Brasil, onde fez a gestão nacional do Programa Cultura Viva dos Pontos de Cultura do Brasil.

Pró-Reitoria de Gestão e Governança (PR-6): Permanece à frente da pasta o técnico-administrativo André Esteves da Silva. Antes de assumir a PR-6, em 2017, ele estava cedido ao Inmetro, onde coordenava a área de contratos e convênios.

Pró-Reitoria de Políticas Estudantis (PR-7): Roberto Vieira, técnico- administrativo, atual superintendente executivo da PR-1, com graduação em administração de empresas e mestrado em Avaliação pela Fundação Cesgranrio.

Conselho e CPST

Em entrevista para o Jornal do Sintufrj em maio, a futura reitora confirmou a criação do Conselho de Administração, que será constituído dentro da Pró-Reitoria de Pessoal e funcionará como um fórum para discussão de políticas de pessoal, com câmaras para tratar de assuntos específicos, como assédio moral e acessibilidade. Também está em seus planos reformular a Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador (CPST), com olhar especial para a segurança e a saúde no trabalho, e com uma equipe envolvida com o projeto das Comissões Internas de Saúde do Servidor Público (Cissp).

 

Numa mesma mãozada, o governo Bolsonaro atacou a autonomia de duas universidades federais. No dia 18 de junho, foi publicado, no “Diário Oficial da União” (DOU), o decreto nomeando Ricardo Cardoso para reitor da Unirio e Luiz Fernando Resende para reitor da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).

Na Unirio, a nomeação desrespeita a decisão da comunidade universitária, que na consulta aberta (entre os dias 3 e 6 de abril) escolheu, por maioria dos votos, o professor Leonardo Castro para reitor e Maria do Carmo para vice-reitora. O nomeado nem participou da consulta. Na UFTM, Resende foi derrotado em todas as formas de eleição realizadas (na consulta e via conselho).

A situação repete outra intervenção: no dia 11 de junho, o governo designou a professora Mirlene Damázio como reitora temporária da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Ela não participou nem da consulta à comunidade nem do processo eleitoral nos colegiados da instituição.

A diretoria da Associação Docente da Unirio (Adunirio), da Associação dos Servidores da Unirio e do DCE convocaram assembleia comunitária para debater a resistência contra o golpe. Será no dia 25 de junho, às 16h, no jardim do Centro de Letras e Artes (CLA).

 

“Gestão de resíduos eletroeletrônicos: oportunidades e desafios na perspectiva de uma cooperativa de catadores” foi um dos temas discutidos no 12° Evento em Homenagem ao Dia Mundial do Meio Ambiente, realizado pelos Programas Ambientais do Centro de Tecnologia com sua Decania, na terça-feira, 18, no salão nobre da unidade.

Quem falou sobre o tema foi Hanna Rodrigues, técnica de projetos da Cooperativa Popular Amigos do Meio Ambiente (Coopama), uma organização sem fins lucrativos de reciclagem e gestão de resíduos, cujo objetivo principal é gerar trabalho, renda e inclusão social através das atividades de coleta, triagem, reciclagem, prestação de serviços e comercialização de materiais recicláveis.

Parceria

A intenção da Coopama é firmar uma parceria com a UFRJ que envolvesse estudantes. Para atrair o interesse da comunidade universitária, Hanna destacou o trabalho realizado pela cooperativa e seus propósitos. Um deles é o aprimoramento das  atividades profissionais por meio de uma organização coletiva, prestando serviços e atuando principalmente na área de coleta, transporte, triagem, reciclagem e comercialização de resíduos sólidos.

Segundo Hanna, a Coopama tem comprometimento com o recebimento de materiais recicláveis e com o seu encaminhamento adequado para as indústrias de recicláveis, de modo a não promover contaminação do meio ambiente ou gerar danos à saúde pública.

Trabalho

O contato com as comunidades e o objetivo social também são marcantes no dia a dia da cooperativa. É tarefa destacada a proteção ao trabalhador, ou seja, proporcionar aos associados da Coopama postos de trabalho mediante esforço pessoal e direto, além de a cooperativa ser propagadora da cultura de evitar desperdício de recursos naturais e da consciência ecológica.

Uma das metas de Hanna é profissionalizar cada vez mais a cooperativa, para que as pessoas deixem de pensar em coleta de resíduos recicláveis como uma ação de caridade, ignorando as condições precárias em que vive a categoria de catadores: na informalidade (sem carteira de trabalho assinada e outros benefícios trabalhistas) e sem seguridade social (não recolhem para a aposentadoria).

“É preciso compreender a ação das cooperativas como um serviço  à comunidade e não como uma (ação) voluntarista que acaba em si mesma. As ações precisam ser remuneradas e esses trabalhadores, assegurados”, defende Hanna.

 

O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar analisou mudanças apresentadas à PEC 6/2019 proposta na comissão especial da Câmara

“Há aspectos positivos no substitutivo, mas as melhorias são insuficientes para que mereça aprovação. Pelo contrário, há apenas, em alguns aspectos, a manutenção da situação vigente, como no caso do benefício de prestação continuada (BPC) e dos segurados especiais (trabalhadores rurais), mas as regras permanecem extremamente prejudiciais aos segurados do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e servidores públicos”, afirmou o consultor legislativo do Senado Luiz Alberto dos Santos na síntese que elaborou sobre o substitutivo apresentado e lido pelo relator da reforma da Previdência (PEC 6/2019), deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), na comissão especial da Câmara dos Deputados, no dia 13 de junho.
Segundo ele, “há grandes obstáculos a serem enfrentados pelo governo para obter a aprovação da PEC”. Além disso, chamou a atenção, o governo promete restabelecer, em plenário, a autorização para o “regime de capitalização” a ser instituído por lei complementar, que é, efetivamente, o que mais interessa ao mercado financeiro e traduz a “Nova Previdência”, que o ministro da Economia, Paulo Guedes, defende, substituindo o regime de repartição por um regime baseado em contribuições individuais”, destaca o consultor.
O consultor do Senado acrescentou, ainda, que “o grau de ‘desconstitucionalização’ da PEC é [foi] reduzido [no substantivo], mas permanece elevado, notadamente no caso dos RPPS [regimes próprios de Previdência Social], cujas regras são totalmente remetidas a legislação ordinária, tornando a situação ainda pior do que a originalmente prevista”.

Os retrocessos

1) Desconstitucionalização de regras previdenciárias: embora anunciado que o relator teria abandonado a proposta de desconstitucionalização ampla das regras dos RPPS e regimes próprios, trata-se de uma meia verdade. Em alguns aspectos, o texto constitucional atual é preservado, com a manutenção de regras permanentes, mas, no caso dos RPPS, em lugar de remeter as regras sobre aquisição de direitos para lei complementar, o substitutivo passa a permitir que sejam objeto de lei ordinária, e até mesmo medida provisória, quanto a idades mínimas, carência e tempo de contribuição e cálculo dos proventos. Nesse aspecto, o substitutivo é ainda pior do que a PEC original;
2) Exclusão dos RPPS de estados e municípios das regras a serem fixadas para a União sobre aposentadoria e pensão. Regras de transição também serão fixadas por lei de cada ente;
3) Lega a cada ente dispor sobre aspectos essenciais dos direitos previdenciários de seus servidores, rompendo o equilíbrio e paridade de regimes e comprometendo a unidade do Ministério Público e da magistratura nacional;
4) Explicita que a aposentadoria de empregado público acarreta a extinção do vínculo empregatício, criando regra anti-isonômica; e
5) Suprime a vedação de tratamento favorecido para contribuintes, por meio da concessão de isenção, da redução de alíquota ou de base de cálculo das contribuições sociais ou das contribuições que as substituam.
Tramitação – Nessa nova fase pós-apresentação do parecer em forma de substitutivo, não são admitidas emendas ao novo texto, exceto emendas aglutinativas em plenário, as quais, porém, dependem da existência de “destaques sobre emendas apresentadas” que lhes deem sustentação.

Começou, na manhã desta terça-feira, dia 11, e segue até o dia 13, mais uma edição do Conhecendo a UFRJ, maior evento de extensão da universidade que abre as suas portas para estudantes do ensino médio de escolas públicas e particulares para que conheçam seus cursos e a produção em ensino, pesquisa e extensão.

Desta vez, com um novo formato. Em vez de um megaevento concentrado num só lugar, como nas outras edições, as palestras e estandes se dividem em quatro pontos: no Centro de Ciências da Saúde (CCS), no Centro de Tecnologia (CT), no Centro de Ciências Matemáticas e na Natureza (CCMN) e Faculdade de Letras.

Assim, desde o início da manhã até o fim da tarde, cerca de 1800 estudantes do ensino médio (público médio previsto por dia) agitam corredores tomados por estandes com professores e estudantes que se esmeram em explicar cada curso onde atuam.

 Onde é o quê

No CCS, há palestras nos auditórios do Quinhentão e Hélio Fraga, e estandes sobre cursos como Ciências Biológicas, Odontologia, Medicina, Nutrição, Gastronomia, Educação Física e Dança.

No CCMN, há palestras nos auditórios auditórios Roxinho, Novos Ventos e Pangea e estandes no corredor da Geologia sobre cursos como Arquitetura e Urbanismo, Psicologia, Ciências Sociais, História e Astronomia.

No CT, as palestras (no auditório Horta Barbosa, no bloco A) e estandes abordam os cursos das Engenharias, Administração e Comunicação Social.

Na Faculdade de Letras, há  nos auditórios G2 e E3 sobre Música, Música, Belas Artes, Letras e Artes Ciência.

O evento também contou com apresentações de dança e música, oficinas para o teste de habilidade específica (THE), visitas guiadas a laboratórios e exposições.

 

Informamos que não haverá expediente no Sintufrj, dia 21 de junho, sexta-feira, em virtude do feriado de Corpus Christi celebrado em 20 de junho.

Via Sintufrj – Gestão Ressignificar

 

I Encontro de Arte e Cultura da UFRJ abre espaço para ato acadêmico-político diante dos ataques do governo à educação e cultura

“Arte e cultura na universidade em tempos de cólera” foi o tema do I Encontro de Arte e Cultura da UFRJ, organizado pela Superintendência de Difusão Cultural do Fórum de Ciência e Cultura (FCC), realizado no dia 3 de junho, no campus da Praia Vermelha. A reitoria eleita Denise Pires participou da mesa de abertura do evento, ao lado do reitor Roberto Leher e do coordenador do FCC, Carlos Vainer.

Ato simbólico de assinatura de convênio para intercâmbio de ações culturais entre as instituições públicas de ensino no Estado do Rio de Janeiro, consolidou uma iniciativa antiga, que é o Fórum Interuniversitário de Cultura. Representantes de universidades federais e estaduais e institutos federais, entre os quais o Cefet, transformou o momento em um ato acadêmico-político diante dos ataques do governo à educação e cultura.

 

 

Quebrar barreiras

Segundo Denise, durante séculos a universidade se encastelou para evitar ataques, e acrescentou: “No século 21 não é mais o momento de nos encastelarmos e, sim, nos abrirmos para a sociedade. E o Fórum de Ciência e Cultura é o órgão de nossa estrutura com o qual a gente pode quebrar essas barreiras e fazer pontes diretas com a sociedade num caminho de mão dupla, interagindo mais com a sociedade, com a produção artística e cultural da cidade do Rio de Janeiro”.

“Sabemos que universidades sem cultura não são universidades e por isso a institucionalização e a formalização no estatuto (da UFRJ) e todo esse trabalho árduo que o FCC fez”, destacou o Roberto Leher. Segundo Carlos Vainer, o evento é um marco importante na trajetória da institucionalização da cultura na universidade, com previsão de recursos no Orçamento de 2019. “Uma grande conquista da arte e da cultura da UFRJ”, afirmou.

Além das equipes de trabalho do FCC, participaram do encontro  produtores culturais, grupos artísticos da UFRJ, como as Companhias de Dança Contemporânea e de Dança Folclórica da UFRJ e o Quinteto Experimental de Sopros da UFRJ, que se apresentou na abertura.

O evento segue até 7 de junho com mesas-redondas, reuniões públicas e rodas de conversas. O objetivo é reunir e mapear propostas artísticas e culturais desenvolvidas pela instituição no âmbito da pesquisa, ensino e extensão ou desenvolvidas por universitários, através de coletivos autônomos, iniciativas sindicais e de técnicos-administrativos. Mais detalhes em https://arteeculturaufrj.wordpress.com/.

ROBERTO LEHER, que deixa a Reitoria em julho, faz exposição no encontro que discutiu educação e cultura que contou com a presença da futura reitora Denise Pires

Reforma: para implantar capitalização, Bolsonaro vai gastar quase R$ 1 trilhão

Custo da transição do atual sistema de aposentadoria para o regime de  capitalização será de cerca de R$ 954 bilhões, diz técnico do governo. Mercado estima que “economia” com a reforma seja de R$ 600 bilhões

via: CUT Brasil

A migração do sistema de aposentadoria atual, de repartição, mantida com  contribuições mensais dos trabalhadores e dos empresários, além de recursos da União, para o de capitalização, sistema onde só o trabalhador contribui, vai custar ao Brasil R$ 954 bilhões em 20 anos.

A informação foi divulgada três meses depois da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 006/2019 da reforma da Previdência chegar ao Congresso Nacional, pelo secretário de Previdência do Ministério da Economia, Leonardo Rolim, em uma audiência na Câmara dos Deputados. Na mesma audiência, o secretário especial de Previdência e trabalho, Rogério Marinho, que não gostou de ver os números divulgados, foi flagrado pela imprensa dando um puxão de orelhas em Rolim.

O motivo é simples. O dado derruba a tese do governo de Jair Bolsonaro (PSL) de que a reforma, que acaba com o direito de aposentadoria de milhões de trabalhadores e trabalhadoras, gera uma economia de quase R$ 1 trilhão. O mercado já havia jogado um balde de água fria nesta previsão. Alguns analistas de mercado, segundo a imprensa, acreditam que a reforma vai economizar ao governo metade do previsto, R$ 600 bilhões. Portanto, menos do que o governo vai gastar para implementar a capitalização que será entregue aos bancos.

Para o economista da Unicamp, Marcio Pochmann , esses números demonstram que a reforma da Previdência não é necessária. O que o mercado financeiro quer com o apoio do governo Bolsonaro é privatizar a Previdência Social. Por isso, o mercado pressiona pela aprovação da reforma, que é o primeiro passo para o governo seguir com a proposta de capitalização.

Segundo ele, o ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes, não é transparente em relação a informações sobre a reforma. Os cálculos de quanto o governo vai economizar não levam em consideração o déficit que virá com a capitalização, porque o número de pessoas aposentadas no regime atual de repartição ainda será bem maior do que o de jovens que entrarão no regime de capitalização.

“Se os mais jovens e as empresas não contribuírem com uma parte da aposentadoria dos mais velhos, o déficit na Previdência pública será muito maior”, afirma Pochmann.

A professora de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Denise Gentil, também diz que o governo precisa mostrar os cálculos que fez para chegar a essa “economia” de um trilhão e dos gastos com a transição entre o atual sistema e a capitalização.

“Os brasileiros estão cansados de receber números sem o governo dizer qual a base de dados, as equações para chegar a esse resultado porque esses números, não têm credibilidade, não têm fundamentos”, critica a economista.

Capitalização só interessa aos bancos

Denise Gentil também critica o discurso oficial do governo de que o valor economizado com a reforma da Previdência vai para a educação e a saúde.

É uma falácia de que esses recursos serão apara atender a área social. O sistema que eles estão criando é para beneficiar os bancos. Vamos retirar recursos das pessoas mais carentes, de quem recebe o Benefício de Prestação Continuada {BPC}, para que os bancos possam lucrar ainda mais”, diz.

A mesma visão de que a capitalização só é boa para os bancos, tem Marcio Pochmann. Segundo ele, os bancos querem operar o dinheiro arrecadado, e agora, ainda mais, com a recessão econômica batendo a porta do país, o mercado financeiro não quer perder suas taxas de lucro.

“O que o Estado arrecadaria com tributos vai para o setor privado, para os bancos. Vamos acabar vivendo num país onde será cada um por si, porque a Previdência pública pressupõe contrapartidas de quem trabalha.”

 Marcio Pochmann
Segundo o professor da Unicamp, “as pessoas que estão aposentadas e as que já estão contribuindo com a Previdência pública terão uma trajetória de vida de mais alguns anos, e o Estado é que vai pagar as pensões, sem ter a contrapartida dos demais trabalhadores e das empresas”.

Já Denise Gentil, explica ainda que o Estado é que sempre paga pelo sistema de capitalização, porque ao transferir a arrecadação da Previdência para os bancos, essas instituições financeiras aplicam o dinheiro da capitalização no tesouro público, que por sua vez remunera os bancos.

“É um ciclo vicioso. É a União que paga a aplicação que o banco faz com o dinheiro do trabalhador, que, por sua vez, aplicou seu dinheiro na capitalização. O dinheiro sai do bolso do cidadão brasileiro para privilegiar bancos, e não para atender os mais pobres, como afirma o governo Bolsonaro.”

 Denise Gentil
Reforma Trabalhista piora as contas da Previdência

Segundo Marcio Pochmann, a reforma Trabalhista, de Michel Temer, acabou praticamente com o emprego de carteira assinada, e reduziu os ganhos dos trabalhadores e será quase impossível alguém contribuir por conta própria.

“Metade da população vai ficar sem aposentadoria”, critica o professor da Unicamp.

Para Denise Gentil, a reforma Trabalhista aumentou o tamanho da informalidade e o desemprego, e sem carteira assinada para que os trabalhadores da ativa possam contribuir com a Previdência, o rombo será muito maior.

“Querem implantar um sistema alternativo, que é o caso da carteira verde amarela, que na verdade, se transformará no sistema principal meio de contratação, e com o atual o tamanho da informalidade e do desemprego, só vai restar o regime de capitalização”, afirma a professora de economia da URFJ.

Ela explica ainda que ao retirar da sociedade um fundo público, como a Previdência, restará apenas a insegurança do mercado financeiro e o isolamento do trabalhador porque o capitalismo não quer mais contribuir com a Previdência.

“É um salve-se quem puder. Não vai mais existir o regime de solidariedade e vai aumentar a exploração da classe trabalhadora e o governo vai ter de complementar a renda da população com benefícios assistenciais para a pobreza não se alastrar mais”

Segundo ela, a perspectiva de empobrecimento aumenta muito para os mais pobres. “Não só apenas uma pequena parcela da população conseguira poupar, como haverá uma enorme perda de patrimônio, o que deixará a todos com uma renda extremamente baixa”.

Novo parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) permite o acúmulo de cargos na administração pública, cuja jornada seja acima de 60 horas semanais, desde que comprovada a compatibilidade da carga horária.

A Constituição de 1988, em seu parágrafo 37, inciso XVI, alínea “c”, já garantia esse direito. E caiu o parecer da AGU que o impedia.

Procure o Sintufrj

Se você técnica-administrativa e técnico-administrativo que acumula funções em instituições públicas totalizando 60 horas semanais com carga horária compatível e esteja com suas conquistas trabalhistas bloqueadas (como férias, direito à progressão, entre outros, e até impedido de se aposentar), ou que e está encontrando dificuldades na sua unidade para obter esses benefícios, procure imediatamente a direção do Sintufrj na sede da entidade ou nas subsedes no Hospital Universitário e na Praia Vermelha.